quarta-feira, 24 de maio de 2017

Arqueólogos procuram pelo 'navio da orgia' de Calígula

Embarcação monstruosa pode estar num pequeno lago da Itália

Thiago Lincolins


Visão moderna sobre o navio e seu dono | Crédito: Wikimedia Commons/Reprodução

Autoridades italianas estão atrás de um espetacular barco de mais de 120 metros de comprimento e quase 2 mil anos, criado por um capricho de um dos mais odiados governantes de Roma. 
Reinando entre 37 e 41, Caio Júlio César Augusto Germânico, mais conhecido como Calígula ("botinha"), foi o terceiro imperador. E o segundo a ser assassinado - ascendeu ao trono após matar seu antecessor, seu tio-avô Tibério, enquanto esse se tentava se recuperar de uma doença. Um completo lunático. Foi acusado de cometer incesto com cada uma das suas três irmãs, torná-las prostitutas, forçar as mulheres de seus oficiais a deitar-se com ele, matar prisioneiros ao final de orgias e transformar seu cavalo em senador. 
Talvez não seja assim, ou ao menos nem tudo assim: a história foi escrita por seus inimigos. Mas ao menos uma dessas extravagâncias foi certamente real: ele mandou construir barcos ridiculamente luxuosos. Neles, satisfaria seus apetites exóticos. Para evitar mais escândalos, os "iates" circulavam no Lago Nêmi, que fica há cerca de 30 quilômetros de Roma. Postos num laguinho de pouco mais de um quilômetro quadrado, tinham mais de 70 metros - o tamanho dos maiores navios que cruzavam oceanos na época das Grandes Navegações. 
+ Leia mais sobre como Calígula possivelmente não era esse monstro todo
Sabemos que eles são reais porque foram achados: foram avistados da superfície já no século 15. Muito depois, em 1931, o ditador Benito Mussolini ordenou que fosse feita uma drenagem do lago. Dois barcos foram recuperados e expostos num museu feito só para eles em Roma. Mas o incrível achado não durou muito tempo. Durante a Segunda Guerra, o  museu foi atingido pela artilharia dos EUA. Num desastre para a arqueologia, os navios acabaram incinerados. 
Mussolini, porém, pode ter feito o favor à História de deixar o mais impressionante submerso. O projeto de drenagem de 1931 teve de ser parado às pressas porque a terra em torno do lago se tornou instável, causando desabamentos. 
O que nos traz de volta ao presente. Para resolver o mistério de uma vez, as autoridades da Itália montaram uma grande busca no lago, envolvendo pesquisadores da Agência de Proteção ambiental da Calábria, mergulhadores e autoridades portuárias de Fiumicino. ''Pode parecer bizarro o fato de um grande barco ter naufragado em um pequeno lago como esse, mas o fato de ter pertencido a Calígula faz essa cena ser provável'', diz Luigi Dattola, da Agência de Proteção Ambiental da Calábria, em entrevista ao Seeker.
O que ele quer dizer com "pertencido a Calígula" é pelo fim que os barcos levaram. Numa tentativa de damnatio memoriae (remover as lembranças de alguém da História), foram afundados propositalmente após o assassinato de seu dono. Para facilitar a busca, o time de Dattola conta com a ajuda de equipamentos que conseguem detectar objetos que estejam enterrados abaixo do fundo do lago. Apesar de ter encontrado algumas anomalias que não são relacionadas ao barco, a busca ainda está num estágio preliminar. ''Caso o barco seja encontrado o mundo terá novas informações sobre as técnicas de construções navais dos Romanos'', diz Alberto Bertucci, prefeito local.  
Não é brincadeira, aliás: relatos falam desse terceiro barco tendo ridículos 120 metros de comprimento. O mundo só veria novamente embarcações tão grandes assim na metade do século 19*. É cruzar os dedos para o que pode ser um dos mais impressionantes achados deste século.

*Os navios do almirante chinês Zheng He, feitos no século 15, supostamente teriam mais de 130 metros. Mas isso é considerado improvável por boa parte dos historiadores atuais, que colocam suas medidas por volta dos 60 metros.
 

domingo, 14 de maio de 2017

Brasil: Uma História Inconveniente

Além das comemorações que estão acompanhando o "Brasil 500 anos", esse
momento deve ser também, uma oportunidade de reflexão histórica,
principalmente por parte de setores que nesses 5 séculos se
fortaleceram, em detrimento da maioria da população, ontem indígena,
negra-escrava e hoje representada por uma imensa camada de miseráveis e
excluídos da "democracia" e do "Estado de Direito".
Uma das
principais instituições ao longo de nossa história é a Igreja Católica.
Presente no Brasil desde os primórdios do período colonial, a Igreja
quase sempre esteve ao lado do poder, quer na Colônia, no Império ou na
República.
Os primeiros representantes da Igreja Católica, os padres
jesuítas, chegaram ao Brasil em 1549, com o primeiro Governador Geral,
Tomé de Souza, e fundaram o primeiro bispado na cidade de Salvador,
então capital da colônia.
A expansão da Igreja acompanhou a própria
expansão da colonização na medida em que, a cada nova Vila fundada, uma
capela era erguida.
No entanto, a principal ação dos jesuítas deu-se
frente aos indígenas, que deveriam ser catequizados como parte do
movimento de Contra Reforma, que seguindo as decisões do Concílio de
Trento, procurava expandir o catolicismo para os vários povos de todos
os continentes. A ação de catequese junto aos índios foi possível na
medida em que a
Igreja de Roma havia chegado a conclusão de que os silvícolas possuíam alma, portanto poderiam ser salvos.
A
partir de então, os jesuítas preocuparam-se em levar aos povos
indígenas os ensinamentos cristãos e para isso foram organizadas as
missões ( ou reduções) onde os indígenas aprendiam a língua portuguesa,
os costumes e a moral católica, aprendiam ainda a trabalhar com os
instrumentos trazidos pela nova cultura, apresentada como superior e
responsável pela desagregação de várias tribos.
A força e influência
política dos jesuítas e os interesses no tráfico de escravos negros, fez
com que o Estado proibisse a escravidão indígena, permanecendo porém
essa possibilidade a partir da "guerra justa", responsável pela
escravidão do índio, mesmo que em menor número quando comparado com a
escravidão negra.
A presença do jesuíta também teve grande
importância nas cidades coloniais, onde as poucas escolas que existiam
eram controladas por eles. Dessa forma, os filhos dos fazendeiros eram
educados pelos padres e em parte essa situação reproduzia o que ocorria
na metrópole, homens que ocupariam cargos públicos, explicando a atitude
do Marquês de Pombal em 1759, que expulsou os jesuítas de Portugal e de
todas as suas
colônias.
Durante o Primeiro Reinado (governo de D.
Pedro I entre 1822 e 1831), a Constituição outorgada de 1824,
determinou o catolicismo como religião oficial, ou seja, imposta e
controlada pelo Estado, sendo que esta situação foi mantida até a
Proclamação da República.
No dia 20 de março o jornal Folha de São
Paulo conseguiu uma cópia de um documento guardado sob sigilo pela
Igreja Católica no Brasil. Trata-se de uma carta de 21 páginas que
circula desde o começo de março entre os bispos que formam o episcopado
brasileiro

sexta-feira, 12 de maio de 2017

FOTOS REAIS DE ESCRAVOS DO SÉCULO XIX

Ecos da Escravidão - Caminhos da Reportagem





















Fosse nos engenhos de açúcar, nas lavouras de café ou na mineração, o
serviço pesado estava nas mãos dos cativos. E em homenagem aos 127 anos
da Lei Áurea, o Caminhos da Reportagem traça o longo e difícil caminho
do cativeiro à abolição, a luta pela liberdade, as formas de alforria,
os principais abolicionistas. Ainda analisa uma polêmica: é possível ou
não reparar os males deixados à população negra por anos e anos de
trabalho escravo?

A escravidão no Brasil poderia ter sido abolida antes de 1888?

A escravidão no Brasil poderia ter sido abolida antes de 1888? 
 


  • Abolição atrasada
Nunca é inoportuno ressaltar que o Brasil foi o último país do continente americano a abolir a escravidão. A Lei Áurea (Lei Imperial n. 3.353), sancionada em 13 de maio de 1888, foi um gesto importante por parte do Império, mas além de ter sido uma medida bastante demorada, veio desacompanhada de um novo projeto de nação que assimilasse a massa de negros libertos na atividade econômica e na esfera social.
Para piorar a situação, a República, instituída por meio de um golpe militar um ano após a abolição, também não apresentou nenhum projeto de Estado que integrasse a massa de negros libertos à nova realidade político-econômica da nação. Mas será que em algum momento da história do Brasil, antes da Lei Áurea, houve algum projeto de Estado que planejasse essa transição?
Sim, e esse projeto foi apresentado pelo estadista José Bonifácio de Andrada e Silva na Assembleia Constituinte de 1823.
  • José Bonifácio e o projeto de extinção gradual da escravidão
José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838) foi um dos principais “arquitetos” do Império Brasileiro, tendo trabalhado desde 1820 para que o Brasil se tornasse independente e tivesse um regime imperial constitucional, o que ocorreu em 1822. Com o advento da Independência, restava ao Brasil conceber uma Constituição para definir que estrutura institucional seguiria.
Bonifácio era o primeiro-ministro de Dom Pedro I quando foi organizada a primeira Assembleia Nacional Constituinte do Brasil, em 1823. Foi em uma das reuniões da Constituinte que ele apresentou uma Representação, seguida de um Projeto de Lei, que tratava da gradual extinção do regime escravista no Brasil. Em sua representação, Bonifácio tentou convencer os outros parlamentares – representantes da aristocracia rural – dos benefícios econômicos e sociais que o país teria se, progressivamente, os negros fossem libertados e inseridos em um sistema de trabalho livre.
O projeto de Bonifácio tinha como objetivos principais:
  • Acabar com o tráfico negreiro em, no máximo, cinco anos;
  • Facilitar as condições de compra de alforria por parte dos escravos;
  • Acabar com os castigos físicos;
  • Conceder pequenas faixas de terras para que os negros libertos (por compra de alforria ou por outros meios) pudessem produzir e prosperar, etc.
Em um dos trechos de sua representação, podemos ler o apelo do estadista:
Se os negros são homens como nós, e não formam uma espécie de brutos animais; se sentem e pensam como nós, que quadro de dor e de miséria não apresentam eles à imaginação de qualquer homem sensível e cristão? Se os gemidos de um bruto nos condoem, é impossível que deixemos de sentir também certa dor simpática com as desgraças e misérias dos escravos; mas tal é o efeito do costume, e a voz da cobiça, que veem homens correr lágrimas de outros homens, sem que estas lhes espremam dos olhos uma só gota de compaixão e de ternura. Mas a cobiça não sente nem discorre como a razão e a humanidade.
  • Dissolução da Constituinte de 1823 e o “engavetamento” do projeto
O projeto de Bonifácio, contudo, não foi aprovado por uma razão muito específica: a Assembleia Constituinte de 1823 foi dissolvida pelo imperador D. Pedro I. Bonifácio, que protestou contra a medida, foi preso e depois exilado, só retornando ao país anos depois, mas sem a força e o prestígio que tivera antes. Seu projeto caiu no esquecimento porque, além de tudo, não despertava nenhuma simpatia na aristocracia rural escravista do Brasil da época, sobretudo porque não havia interesse pleno em um projeto de Estado ou em um projeto de Nação.
Nas décadas que se seguiram, o império, antes da Lei Áurea, apenas sancionou leis sob pressão internacional, principalmente dos ingleses, como a Lei Eusébio de Queirós, de 1850, que extinguiu o tráfico negreiro transatlântico, a Lei do Ventre Livre, de 1871, que impediu os filhos nascidos de escravas de serem também escravos, e a Lei dos Sexagenários, de 1885, que libertava todos os escravos com mais de sessenta anos de idade. Ainda assim, tais leis não apresentavam amparos institucionais reivindicados por José Bonifácio em 1823.

Por Me. Cláudio Fernandes
 

terça-feira, 9 de maio de 2017

INDICAÇÕES DE LIVROS ( PEDAGOGIA )

Pedagogia e Ensino de História da Educação (Português)

A eterna peleja do general Abreu e Lima

Por Paulo Santos Oliveira, publicado originalmente na Revista de História da Biblioteca Nacional, ano 6, nº 6, em novembro de 2010
Abreu e Lima foi um defensor implacável das liberdades civis. Por elas, arriscou a vida e até a alma





Quando o jovem capitão de artilharia José Inácio de Abreu e Lima (1794-1869) fugiu do cárcere da Fortaleza de São Pedro, em Salvador, em outubro de 1817, seu futuro era mais do que incerto. A revolução que deveria libertar o Brasil do domínio português, pela qual tanto havia trabalhado, acabara de ser sufocada, ao custo de mais de 1.500 mortos e feridos e cerca de 800 degredados, em Pernambuco, na Paraíba, no Ceará e no Rio Grande do Norte. Centenas de outros patriotas também estavam presos, sua rica família tivera os bens sequestrados, e ele e seu irmão Luís foram obrigados a assistir ao fuzilamento do pai, o advogado e ex-sacerdote apelidado de “Padre Roma” (1768-1817), na Bahia, para onde fora enviado como agente secreto do Governo Provisório pernambucano.


Aos 23 anos, José Inácio tinha apenas uma certeza: jamais deixaria de lutar pela liberdade e pelo direito dos cidadãos de fazerem suas próprias escolhas, inclusive as religiosas. E depois de arriscar a vida em dezenas de batalhas pela América do Sul, ele, um católico praticante, ainda enfrentaria a ira da Igreja por estas mesmas causas, aos 74 anos, pondo em risco sua alma imortal.

Após a fuga da prisão, os irmãos Abreu e Lima embarcaram clandestinamente para a Filadélfia, nos Estados Unidos, onde, no início de 1818, se abrigavam muitos combatentes pela liberdade nas Américas, e de lá partiram para a Venezuela. Luís ficou pelo caminho, pois conseguiu emprego em Porto Rico. José Inácio seguiu adiante, e no começo de 1819 chegou a Angostura, cidade erguida no meio da selva amazônica, às margens do Rio Orenoco, onde Simón Bolivar (1783-1830) havia montado o seu quartel-general. Lá, o pernambucano se tornou colaborador do Correo del Orinoco, porta-voz dos rebeldes bolivarianos, e polemizou com o jornalista Hipólito da Costa (1774-1823), que, de Londres, editava mensalmente o Correio Braziliense, no qual defendia uma monarquia constitucional no Brasil e atacava a revolução nordestina de 1817.

Em Angostura, o capitão também assistiu ao congresso de fundação da Terceira República venezuelana. Em seguida, engajado no Estado-Maior de um exército de dois mil homens comandado por Bolívar, atravessou a América do Sul numa marcha duríssima: primeiro, cruzando a Amazônia; depois, a vasta região pantanosa dos llanos debaixo de chuva; e, finalmente, escalando os Andes em pleno inverno. Em cinco meses chegou ao altiplano boyacaense com uma tropa desfalcada, doente e desarmada. Mas com o auxílio da população local, o Libertador derrotou a Terceira Divisão, um dos melhores corpos militares da Espanha, e libertou o vice-reino de Nova Granada — o Panamá e a Colômbia atuais.

Abreu e Lima acompanhou Bolivar nessa jornada épica, participando de todas as batalhas e ganhando várias condecorações, além da fama de valente. Também esteve nas campanhas dos três anos seguintes, que decretaram a libertação de Quito, atual Equador; da Venezuela e do antigo Peru, que se dividiria nos atuais Peru e Bolívia. Mas, consolidadas as independências, explodiram as intrigas e as disputas pelo poder. À maior parte das elites venezuelanas, granadinas e quitenses não interessava que suas nações permanecessem unidas numa só, a Grã-Colômbia, como queria Bolívar, e também não aprovavam vários de seus projetos, como abolição da escravatura, reforma agrária, educação popular, etc.

Em 1825, o já coronel Abreu e Lima se viu envolvido em outros confrontos de natureza política. Passou a ser atacado por gente que queria atingir o Libertador, de quem era fiel escudeiro, e o fato de ser estrangeiro – pior ainda, brasileiro – fazia dele um alvo fácil. Ora, o Brasil acabara de se separar de Portugal, mas, ao contrário dos seus vizinhos, transformara-se em império, não em república. E o imperador D. Pedro I era tido como um absolutista ferrenho, ligado às monarquias europeias mais conservadoras, inclusive pelo casamento com uma princesa austríaca, D. Leopoldina. Caluniado pela imprensa por Antônio Leocadio Guzmán (1801-1884), o coronel, de temperamento exaltado, feriu o rosto do desafeto com o sabre em plena rua. Por esse gesto foi submetido a Conselho de Guerra e enviado para o deserto de Bajo Seco, onde ficou encarcerado por seis meses.

No final de 1826, Abreu e Lima deu baixa do exército, mas Bolívar o chamou de volta, em 1828, e o incumbiu, junto com o abade Dominique Dufor de Pradt (1759-1837) de defendê-lo, no Courrier Français, dos ataques que o filósofo Benjamin Constant (1767-1830) lhe fazia em outros jornais franceses. A guerra política declarada contra as ideias bolivaristas havia cruzado o Atlântico.

Desgastado pelas campanhas difamatórias e sofrendo de tuberculose já em estágio avançado, o Libertador renunciou à Presidência dois anos depois, e saiu de Bogotá rumo ao litoral colombiano, de onde pretendia partir para o exílio na Europa. Abreu e Lima, promovido a general, também o acompanhou nesse derradeiro trajeto.

Bolívar morreu em Santa Marta, na Colômbia, no dia 17 de dezembro de 1830. Poucos meses depois, o pernambucano e outros militares estrangeiros foram expulsos de lá por inimigos políticos do antigo líder que haviam ocupado o poder. Depois de uma viagem pela Europa, onde se encontrou com o rei Luís Felipe, da França, e com D. Pedro I, que já havia abdicado do trono brasileiro em 1831, o general voltou para o Brasil no ano seguinte. Estabeleceu-se no Rio de Janeiro e alinhou-se aos conservadores do Partido Caramuru, abraçando as mesmas ideias de Hipólito da Costa, com quem polemizara na juventude. Decepcionado com o esfacelamento da Grã-Colômbia, Abreu e Lima passou a ver na monarquia constitucional o único sistema capaz de manter a nação brasileira coesa. Por isso, pós de lado seus ressentimentos com os Bragança, que tanto mal haviam causado à sua província e à sua família. Para ele, o estabelecimento de uma República no Brasil levaria ao poder os donos de terras, que também eram donos da maioria dos votos. E esses “senhores feudais” – como Abreu se referia aos grandes proprietários de terras – certamente não se preocupariam com o bem-estar das massas.

Essas convicções fizeram com que Abreu e Lima entrasse em conflito com vários liberais, como o jornalista Evaristo da Veiga (1779-1837), de quem recebeu injúrias e até ameaças de morte, e o cônego Januário da Cunha Barbosa (1780-1846), um dos fundadores do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, em 1838. Em 1836, ele lançou um jornaleco, O Raio de Júpiter, para defender a regência de D. Januária, irmã do futuro imperador Pedro II. Em 1843, publicou uma História do Brasil e foi novamente atacado pelo cônego Januário, dessa vez como “plagiador”. Desencantado com a Corte, o general voltou para Recife, onde fundou o jornal A Barca de São Pedro, e em 1848 se envolveu em outra das muitas revoltas libertárias pernambucanas, a Praieira. Considerado um dos cabeças do movimento, Abreu e Lima passou dois anos preso na ilha de Fernando de Noronha. Anistiado, ele se retirou da política, mas não se afastou das polêmicas. Em 1855, publicou O Socialismo, no qual criticava os principais defensores dessa linha de pensamento anteriores a Karl Marx (1818-1883), que não foi citado. Embora reconhecesse o conflito de classes, ele não defendia a superioridade de nenhuma delas. Para ele, “o socialismo não era uma ciência, nem uma doutrina, nem uma religião, nem uma seita, nem um sistema, nem um projeto, nem uma ideia”, mas “um desígnio da Providência”.

Mesmo tendo se assumido politicamente como conservador, continuou a ser um defensor de todas as liberdades – inclusive a religiosa -, o que lhe acarretou novos transtornos. Ao distribuir entre amigos algumas Bíblias que ganhara de protestantes ingleses, ele enfureceu o monsenhor Joaquim Pinto de Campos, um sertanejo bravo e extremamente reacionário, que passou a atacá-lo violentamente no Diário de Pernambuco ao longo de 1868. E o velho artilheiro disparava seus obuses de volta pelo Jornal do Recife.

 Túmulo de Abreu e Lima no Cemitério dos Ingleses, Recife


 Em meio a esse debate, José Inácio de Abreu e Lima morreu, no dia 8 de março de 1869, sem abjurar suas ideias, e isso fez com que o bispo de Olinda, D. Francisco Cardoso Ayres, lhe negasse sepultura em campo-santo brasileiro. Seus restos só puderam ser inumados em terras estrangeiras, no Cemitério dos Ingleses de Recife, debaixo de uma cruz celta. Mas o “General das Massas” não perdeu sua última batalha. A repercussão desse caso criou tanta polêmica em âmbito nacional que, dois anos depois, a administração dos cemitérios públicos foi retirada da Igreja, e o país deu mais um passo rumo às liberdades civis defendidas por ele ao longo de toda a vida.



 

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

indicações de livros

Livro: A História do Catolicismo

O Livro: A História do Catolicismo, de Michael Kerrigan e Mary Frances Bukzik, traça a História da Igreja Católica a partir das primeiras comunidades cristãs do século I, passando pela consolidação dos dogmas da Igreja, até sua ação no século XXI.

O livro foi lançado em 2016 e contém 232 páginas. Ao ler, você vai conferir
  • A história dos padres que fundaram a Igreja Católica, as heresias medievais que foram duramente combatidas e os Papas que contribuíram para exaltar ou denegrir a imagem da igreja.
  • Uma linha do tempo completa com os principais fatos relacionados à História do Cristianismo e a História da Igreja Católica, do século I ao século XXI.
  • O livro está dividido em duas partes: a primeira parte trata da cronologia da História da Igreja Católica; a segunda parte trata dos dogmas, rituais e a influência da Igreja no mundo.

 30 papas que envergonharam a Humanidade


Sinopse


Esta é uma obra polêmica e reveladora, fruto de anos de pesquisas junto a fontes de mais alta competência, um primoroso livro de cabeceira para o verdadeiro cristão, aquele que almeja ingressar no anúncio do Novo Milênio seguramente liberto do pesado fardo de mentiras e hipocrisias seculares.



Muito bom livro,conta muito bem a história suja dos 30 piores papas que guiaram os destinos da Igeja Católica da fora mais ridicula possível,sempre com prostituição,dinheiro sujo e mentiras seculares!!!
Jeovah Mendes aborda muito bem a tematica historica desses 30 Papas!

O Histórico Papal (Dos Porões Sombrios do Vaticano... 30 Papas que Envergonharam a Humanidade)

Uma leitura agradável e um tanto tendenciosa, tendo em vista que o autor é pastor evangélico e formado em Teologia e Filosofia. Mesmo sendo produzido em função de uma rivalidade ideológica, o livro deixa claro muitos aspectos comportamentais presentes nos primeiros tempos da Igreja e outras atividades mais recentes, como, por exemplo, no período da Segunda Grande Guerra Mundial.

O primeiro capítulo inicia com o caso da papisa Juana, que foi morta depois de descoberta. Do segundo capítulo em diante, o comportamento dos papas é de completa hipocrisia em relação as normas comportamentais estabelecidas pela Igreja.

Acredito que uma boa sugestão para quem deseja ler o livro, seria se colocar como um indivíduo do período medieval, desprovido dos códigos comportamentais do século XXI. Refiro-me a isso, pois do período medieval ao século XXI, houve profundas mudanças estruturais da nossa sociedade. Se o leitor não possuir uma profunda maturidade histórica, poderá ficar perplexo com os casos de estupros e outras "atividades
papais".

É uma boa leitura. Entretanto, que fique claro que o livro "Dos Porões Sombrios do Vaticano... 30 Papas que Envergonharam a Humanidade", foi motivado por rivalidade entre igrejas cristãs, com o objetivo de se obter maior número de fiéis.

Boa Leitura! ;)



OBS: Destaquei o estupro, no final do penúltimo parágrafo, devido ao fato de o que nós entendemos como luxúria e atividades ilegais relacionados a sexualidade (coisas repulsivas, segundo os códigos comportamentais do século XXI), na Idade Média era um pecado ou atividade de menor importância moral. Um exemplo do que estou falando está na obra: A Divina Comédia, Quando Dante estabelece a Luxúria no Segundo Círculo do Inferno junto com outros pecados menores e leves, no livro Inferno.



A História  Reveladas dos Papas




Por que a Igreja Católica é detentora de um Estado independente, equiparando-se mais a um reino que a uma república? Essa história milenar do poder temporal do papado, com todas as vicissitudes e desdobramentos, é analisada por este livro que, além de descrever a formação e o desenvolvimento do Estado do Vaticano através dos séculos, ressalta a atuação de muitos papas, (desde Pedro até Bento XVI) que, de uma forma ou de outra, constribuíram para a implantação e a manutenção desse Estado Teocrático.



  Livro Mitos Papais

MITOS PAPAIS - POLITICA E IMAGINAÇAO NA HISTORIA





Sinopse

'Mitos papais - Política e imaginação na história' é um livro sobre a força dos mitos na busca contemporânea pela verdade. As relações entre poder e religião protagonizadas pelo Vaticano ainda hoje são analisadas através de cinco histórias fabulosas - o reencontro arqueológico com o Apóstolo Pedro, a pureza e a corrupção do Cristianismo Primitivo, a salvação pública pela Reforma Gregoriana, a tirania familiar do Papa Bórgia e a suspeita da cumplicidade entre a Santa Sé e Hitler. A mitologia guarda alguns dos nossos dilemas mais reais.


O Martelo das Feiticeiras 




Descrição

'O Martelo das Feiticeiras' (Malleus Maleficarum) é um dos livros mais importantes da cultura ocidental, tanto para os leitores que se interessam pela história quanto para aqueles que estudam a história do pensamento e das leis. Documento fundamental do pensamento pré-cartesiano, bem como um dos mais importantes depositórios das leis que vigoravam no Estado teocrático, revela as articulações concretas entre sexualidade e poder, e por isso é uma peça única para todos aqueles que estudam a profundidade da psique humana e o funcionamento das sociedades. Durante quatro séculos este livro foi o manual oficial da Inquisição para caça às bruxas. Levou à tortura e à morte mais de 100 mil mulheres sob o pretexto, entre outros, de 'copularem com o demônio'. Esse genocídio foi perpetrado na época em que formavam as sociedades modernas européias. Uma das conseqüências, apontadas pelos especialistas, foi tornar dóceis e submissos os corpos das mulheres posteriormente. 
 
 
A verdadeira bíblia da misoginia, um livro que potencializou ódio contras as mulheres que entre 1600 a 1800 mais da 40.000 mulheres foram levadas a morte na fogueira...a inquisição católica já assassinava milhares de mulheres antes deste livro...porém esse livro incendiou ainda mais esse genocídio jogando milhares de litros de gasolina na fogueira.

Livro A Papisa Joana


Papisa Joana
Autora: Donna Woolfolk Cross
Tradutor: Paulo Schmidt
Gênero: Romance Histórico
 
 

Sinopse:

No ano de 814, Idade Média, que ficou conhecida como a Idade das Trevas, as mulheres eram impedidas de estudar, podiam ser estupradas e até mortas pelos maridos. O conhecimento estava sufocado, os países hoje conhecidos na Europa não existiam, nem os idiomas modernos. Cada região tinha o seu dialeto e a lingua culta era o latim, herdada do Império Romano, que já havia sido derrubado pelas invasões bárbaras. Foi neste período sombrio que uma mulher passou a maior parte de sua vida vestida de homem, estudou medicina, foi médica do papa e tornou-se ela mesma papisa – durante dois anos. A história da Papisa Joana foi conhecida até o século XVII, quando o Vaticano resolveu apagá-la da história da Igreja. Não adiantou. Dona Woolfolk Cross pesquisou, descobriu os arquivos e achou a história tão fascinante que a transformou num romance, em que aventura, sexo e poder cruzam-se com maldições, guerras e heresias. O livro foi transformado num grande filme que estréia até o final do ano no Brasil.

A mulher Papa: um segredo que o Vaticano esconde há séculos!

Geração Editorial lança no Brasil “Papisa Joana”, o romance da escritora Donna Woolfolk Cross que conta a história da mulher que se disfarçou de homem e chegou a governar a Cristandade por dois anos

Há muitos anos a Igreja Católica tenta negar sua existência, mas as evidências não deixam dúvidas: existiu uma mulher que ocupou o trono papal. Esse mistério do passado e a veracidade sobre a Papisa Joana foram desenterrados pela escritora Donna Woolfolk Cross e transformados num grande romance histórico, que põe por terra a argumentação da Igreja de que essa mulher enigmática seria apenas uma lenda. A pesquisa, que durou mais de sete anos, reuniu todos os fatos conhecidos da vida de Joana, extraídos de documentos raros em inglês, espanhol, francês, italiano e latim. Além disso, num brilhante esforço de reconstituição de época, a autora retrata em “Papisa Joana” como era o século IX, o estilo de vida das pessoas, o preconceito contra as mulheres e a forma de funcionamento do clero.

Joana nasceu em 814, na aldeia de Ingelheim, no mesmo dia da morte do lendário Carlos Magno. O período era conhecido como Idade das Trevas, uma época brutal, de ignorância, miséria e superstição sem precedentes. Não existiam ainda os países europeus modernos, nem seus idiomas, apenas dialetos locais, sendo a língua culta o latim.

Com a morte do imperador Carlos, o Sacro Império Romano degenerou num caos de economia falida, pestes, guerras civis e invasões por parte de viquingues e sarracenos. A vida nesses tempos conturbados era particularmente difícil para as mulheres, que não tinham quaisquer direitos legais ou de propriedade.

A lei permitia que seus maridos batessem nelas, o estupro era encarado como uma forma menor de roubo. A educação das mulheres era desencorajada, pois uma mulher letrada era considerada não apenas uma aberração, mas também um perigo. Não havia para as mulheres outra alternativa a não ser se conformar com as limitações impostas ao seu sexo.

Foi nesse “meio” que Joana cresceu, aprendendo que apenas os homens poderiam conquistar um espaço na sociedade. Decidida, ela corajosamente se disfarça de rapaz quando adolescente, e ingressa num mosteiro beneditino, sob o nome de “irmão” João Ânglico. Graças à sua inteligência e determinação, ela rapidamente se destaca como erudita e médica, até que, sob a ameaça de ter seu disfarce revelado, parte para Roma, onde se torna médico do próprio papa.

Antes, porém, de cumprir seu destino e ocupar ela mesma o mais glorioso trono do Ocidente, Joana precisa superar obstáculos tremendos, como o seu amor pelo conde franco Gerold e as armadilhas do maquiavélico cardeal Anastácio, seu arquirrival.

O livro “Papisa Joana” foi transformado em filme
pelo cineasta alemão Sönke Wortmann 

Constantin Film, a mesma produtora que fez “O Nome da Rosa”, terminou de filmar “Papisa Joana” em janeiro. O roteiro é baseado no livro “Papisa Joana” da escritora Donna Woolfolk Cross, que vai figurar nos créditos do filme como “consultora criativa”. Donna também assistiu às gravações, que ocorreram na Alemanha e no Marrocos. “Eles precisavam me tirar à força do set no final de cada dia de filmagem. Foi extraordinário observar tanta gente — atores, operadores de câmera, maquiadores, extras, até animais — reconstituindo cenas e diálogos que eu havia escrito na solidão do meu pequeno escritório”, declara a escritora.

Personagem fascinante
 
A papisa Joana é um dos personagens mais formidáveis de todos os tempos, e um dos menos conhecidos. Embora hoje negue a existência dela e de seu papado, a Igreja Católica reconheceu ambos como verdadeiros durante a Idade Média e a Renascença. Foi apenas a partir do século XVII, sob crescente ataque do protestantismo incipiente, que o Vaticano deu início a um esforço orquestrado para destruir os embaraçosos registros históricos sobre a mulher papa. O desaparecimento quase absoluto de Joana na consciência moderna atesta a eficácia de tais medidas.

 Mídia internacional

“O primeiro romance de Cross, baseado na vida da controversa figura histórica da papisa Joana, é um relato fascinante e comovente sobre uma mulher determinada a aprender, apesar da oposição da família e da sociedade. A autora recria vividamente o mundo do século IX; acima de tudo, ela dá vida a uma mulher brilhante e cheia de compaixão, que precisa renegar o seu sexo para satisfazer o seu desejo de aprendizado. Altamente recomendado”. – Library Journal
Cativante… ‘Papisa Joana’ tem todos os elementos: amor, sexo, violência, duplicidade, e segredos enterrados de um passado imemorial.” – Los Angeles Times

 
 
 

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

       JUDEUS

 

Um judeu (em hebraico: יְהוּדִי, transl. Yehudi, no singular; יְהוּדִים, Yehudim, no plural; ladino: ג׳ודיו, Djudio, sing.; ג׳ודיוס, Djudios, pl.; iídiche: ייִד, Yid, sing.; ייִדן, Yidn, pl.) é um membro do grupo étnico e religioso originado nas Tribos de Israel ou hebreus do Antigo Oriente. O grupo étnico e a religião judaica, a fé tradicional da nação judia, são fortemente inter-relacionados, e pessoas convertidas para o judaísmo foram incluídas no povo judeu e judeus convertidos para outras religiões foram excluídos do povo judeu durante milênios.

 

 Os judeus foram palco de uma longa história de perseguições em várias terras, resultando numa população que teve frequentemente seus números e suas distribuições alteradas ao longo dos séculos. A maioria das autoridades coloca o número de judeus entre 12 e 14 milhões, representando 0,2% da atual estimada população mundial. De acordo com a Agência Judia para Israel, no ano de 2007 havia 13,2 milhões de judeus mundialmente; 5,4 milhões (40,9%) em Israel, 5,3 milhões (40,2%) nos EUA, e o resto distribuído em comunidades de vários tamanhos no mundo inteiro. Esses números incluem todos aqueles que se consideram judeus se ou não se afiliaram, e, com a exceção da população judia de Israel, não inclui aqueles que não se consideram judeus ou que não são judeus por halachá. A população total mundial judia, entretanto, é difícil para medir. Além das considerações haláhicas, há fatores seculares, políticos e identificações ancestrais em definindo quem é judeu que aumentam o quadro consideravelmente.

História

 

 Os hebreus eram um povo de origem semita (os semitas compreendem dois importantes povos: os hebreus e os árabes), que se distinguiram de outros povos da antigüidade por sua crença religiosa. O termo hebreu significa "gente do outro lado do rio”, isto é, do rio Eufrates.

 

 Os patriarcas

 

 Os hebreus eram inicialmente, um pequeno grupo de pastores nômades, organizados em clãs ou tribos, chefiadas por um patriarca. Conduzidos por Abraão, deixaram a cidade de Ur, na Mesopotâmia, e se fixaram na Palestina (Canaã a Terra Prometida), por volta de 2000 a.C.
A Palestina era uma pequena faixa de terra, que se estendia pelo vale do rio Jordão. Limitava-se ao norte, com a Fenícia, ao sul com as terras de Judá, a leste com o deserto da Arábia e, a oeste com o mar Mediterrâneo.
Governados por patriarcas, os hebreus viveram na palestina durante três séculos. Os principais patriarcas hebreus, foram Abraão (o primeiro patriarca), Isaac, Jacó (também chamado Israel, daí o nome israelita), Moisés e Josué.
Por volta de 1750 a.C. uma terrível seca atingiu a Palestina. Os hebreus foram obrigados a deixar a região e buscar melhores condições de sobrevivência no Egito. Permaneceram no Egito, cerca de 400 anos, até serem perseguidos e escravizados pelos faraós. Liderados então, pelo patriarca Moisés, os hebreus abandonaram o Egito em 1250 a.C., retornando à Palestina. Essa saída em massa dos hebreus do Egito é conhecida como Êxodo.

                                                                  Os juízes

De volta à Palestina, sob a liderança de Josué, os hebreus tiveram de lutar contra o povo cananeu e , posteriormente, contra os filisteus. Josué (sucessor de Moisés), distribuiu as terras conquistadas entre as doze tribos de Israel. Nesse período os hebreus, passaram a se dedicar à agricultura, a criação de animais e ao comércio, tornavam-se portanto sedentários.


No período de lutas pela conquista da Palestina, que durou quase dois séculos, os hebreus foram governados pelos juízes. Os juízes eram chefes políticos, militares e religiosos. Embora comandassem os hebreus de forma enérgica, não tinham uma estrutura administrativa permanente. Entre os mais famosos juízes destaca-se Sansão, que ficou conhecido por sua grande força, conforme relata a Bíblia. Outros juízes importantes foram Gedeão e Samuel.

 

                                                              Os reis 

 

A seqüência de lutas e problemas sociais criou a necessidade de um comando militar único. Os hebreus adotaram então, a monarquia. O objetivo era centralizar o poder nas mãos de um rei e, assim, ter mais força para enfrentar os povos inimigos, como os filisteus.


O primeiro rei dos hebreus foi Saul (1010 a.C.). Depois veio o rei Davi (1006-966 a.C.), conhecido por ter vencido os filisteus (segundo a Bíblia, ele derrotou o gigante filisteu Golias). Com a conquista de toda a Palestina, a cidade de Jerusalém tornou-se a capital política e religiosa dos hebreus.


O sucessor de Davi foi seu filho Salomão, que terminou a organização da monarquia hebraica e seu reinado marcou o apogeu do reino hebraico. Durante o reinado de Salomão (966-926 a.C.), houve um grande desenvolvimento comercial, foram construídos palácios, fortificações, a construção do Templo de Jerusalém, criou um poderoso exército, organizou a administração e o sistema de impostos. Montou uma luxuosa corte, com muitos funcionários e grandes despesas.
Para poder sustentar uma corte tão luxuosa, Salomão obrigava o povo hebreu a pagar pesados impostos. O preço dessa exploração foi o surgimento de revoltas sociais.


Com a morte de Salomão, essas revoltas provocaram a divisão religiosa e política das tribos e o fim da monarquia unificada.
Formaram-se dois reinos: ao norte, dez tribos formaram o reino de Israel, com capital em Samaria e, ao sul, as duas tribos restantes formaram o reino de Judá, com capital em Jerusalém.


Em 722 a.C., os reinos de Israel foram conquistados pelos assírios, comandados por Sargão II. Grande parte dos hebreus foi escravizada e espalhada pelo Império Assírio.


Em 587 a.C., o reino de Judá foi conquistado pelos babilônios, comandados por Nabucodonosor. Os babilônios destruíram Jerusalém e aprisionaram os hebreus, levando-os para a Babilônia. Esse episódio ficou conhecido como o Cativeiro da Babilônia.


Os hebreus permaneceram presos até 538 a.C., quando o rei persa Ciro II conquistou a Babilônia, e puderam então à Palestina, que se tornara província do Império Persa e reconstruíram então o templo de Jerusalém.
A partir dessa época, os hebreus não mais conseguiram conquistar a autonomia política da Palestina, que se tornou sucessivamente província dos impérios persa, macedônio e romano.


Em 332 a.C. os persas foram derrotados por Alexandre, o Grande, e os macedônios e gregos passaram a dominar a Palestina.
Em 323 a c Alexandre morre deixando um grande legado helenístico. Enquanto isso, uma contenda pelo poder deixado por Alexandre irrompeu entre seus generais, resultando no desmembramento de seu império e no estabelecimento dum número de novos reinos.
Os Reinos Helenísticos foram: Reino Selêucida, Reino Ptolomeu, Reino de Pérgamo e o Reino Antigônido.

A Palestina ficou sob o domínio dos ptolomeus de 321 a C a 198 a C sendo anexado ao domínio Selêucida em 198 a C até 167 a C quando se inicia a revolta dos Macabeus. 

 

 DINÁSTIA HASMONEANA  

 

Os Macabeus eram uma família judaica que encabeçou a revolta contra as forças Sírias de AntiocoIV e rededicou o Templo a Jeová, pois este havia sido violado e dedicado a Zeus. Um dos líderes foi Judas, que recebeu a alcunha de Macabeu (martelo) por sua força e determinação. Mais tarde toda a família ficou conhecida por Macabeus.Deu-se em 135 a.C. e foi a chamada revolta Hasmoniana (Hasmonean). Acabaria por ser vitoriosa, terminando na separação dos judeus do reino Selêucida (a potência anterior) e assegurando a independência até 63 a.C., ano da invasão Romana sob o comando do general Pompeu em nome da República Romana.

Por fim Roma por meio de seu general Cneu Pompeu tomou Jerusalém em 63 A.C, após um sítio de três meses.E em 39 A.C, o senado romano nomeou Herodes para ser rei da Judéia, acabando com o domínio macabeu.

Durante o domínio romano na Palestina a partir de 63 a.C.., o nacionalismo dos hebreus fortaleceu-se, levando-os a se revoltar contra Roma.


                                                            

 No ano 70 da nossa era, o imperador romano Tito, sufocou uma rebelião hebraica e destruiu o segundo templo de Jerusalém. Os hebreus, então, dispersaram-se por várias regiões do mundo. Esse episódio ficou conhecido como Diáspora (Dispersão).


No ano de 136, sofreram a Segunda Diáspora, no reinado de Adriano (imperador romano), os judeus foram definitivamente expulsos da Palestina.
Dispersos pelo mundo, o povo israelita, organizou-se em pequenas comunidades. Unidos, preservaram os elementos básicos de sua cultura, como a linguagem, a religião e alguns objetivos comuns, entre eles voltar um dia à Palestina. Assim, os hebreus se mantiveram como nação, embora não constituíssem um Estado.


Somente em 1948, os judeus puderam se reunir num Estado independente, com a determinação da ONU (Organização das Nações Unidas), que criou o Estado de Israel. Decisão que criou sérios problemas na região do Oriente Médio, pois com a saída dos judeus da Palestina, no século I, outros povos, principalmente de origem árabe ocuparam e fixaram-se na região. A oposição dos árabes à existência do Estado de Israel, tem resultado em continuados conflitos na região.

 

Economia e Sociedade

A vida socioeconômica dos hebreus pode ser dividida em duas fases: a nômade e a sedentária.
A princípio, os hebreus eram pastores nômades (não tinham habitação fixa), que se dedicavam à criação de ovelhas e cabras. Os bens pertenciam a todos do clã.
Mais tarde, já fixados na Palestina, foram deixando os antigos costumes das comunidades nômades. Desenvolveram a agricultura e o comércio, tornaram-se sedentários.
Nos primeiros tempos a propriedade da terra era coletiva, depois foi surgindo a propriedade privada da terra e dos demais bens. Surgiram as diferentes classes sociais e a exploração de uma classe pela outra. A conseqüência dessas mudanças foi que grandes proprietários e comerciantes exibiam luxo e riqueza, enquanto os camponeses pobres e os escravos viviam na miséria.

                                                              Cultura

A religião é uma das principais bases da cultura hebraica e representa a principal contribuição cultural dos hebreus ao mundo ocidental.
A religião hebraica possui dois traços característicos: o monoteísmo e a idéia messiânica. A maioria dos povos da antigüidade era politeísta (acreditavam na existência de vários deuses), enquanto os hebreus adotaram o monoteísmo, acreditavam em um único Deus, criador do universo.


A idéia messiânica foi divulgada pelos profetas. Acreditavam na vinda de um messias, um enviado de Deus para conduzir os homens à salvação eterna. Para os cristãos esse messias é Jesus Cristo, o que os judeus não aceitam. Assim, continuam aguardando a vinda do messias.


A doutrina fundamental da religião hebraica (o Judaísmo) encontra-se no Pentateuco, contido no Velho Testamento da Bíblia. O Pentateuco é composto pelo: Gênesis, Êxodo, Deuteronômio, Números e Levítico. Os hebreus chamam esse livro de Torá.


A religião hebraica prescreve uma conduta moral orientada pela justiça, a caridade e o amor ao próximo. Entre as principais festas judaicas, destacam-se: a Páscoa, que comemora a saída dos hebreus do Egito em busca da Terra Prometida; o Pentecostes, que recorda a entrega dos Dez Mandamentos a Moisés; o Tabernáculo, que relembra a longa permanência dos hebreus no deserto, durante o Êxodo.
Na literatura, o melhor exemplo são os livros bíblicos do Velho Testamento, dentre os quais destacam-se os Salmos, o Cântico dos Cânticos, o Livro de Jó e os Provérbios.
A Bíblia é um conjunto de livros escritos por vários autores ao longo de vários séculos.

                                                                Etimologia

A palavra "judeu" originalmente era usada para designar aos filhos de Judá, filho de Jacó, posteriormente foi designado aos nascidos na Judéia. Depois da libertação do cativeiro da Babilônia, os hebreus começaram a ser chamados de judeus. A palavra portuguesa "judeu" se origina do latim judaeu e do grego ioudaîos. Ambas palavras vêm do hebraico, יהודי, pronuncia-se "iehudí". O primeiro registro do vocábulo em português foi no ano de 1018.

Palavras etimologicamente semelhantes são usadas em outras línguas, tais como jew (inglês), jude (alemão), jøde (dinamarquês), يهودي ou yahudi (árabe). No entanto, variações da palavra "hebreu" também são usadas para designar um judeu, como acontece em ebreo (italiano), еврей ou yevrey (russo), εβραίος ou εvraios (grego moderno) e evreu (romeno). Em turco, a palavra usada é musevi, derivada de Moisés.

                                                     Judeus e judaísmo

A tradição judaica defende que a origem deles dá-se com a libertação dos filhos de Israel da terra do Egito pelas mãos de Moisés. Com a fundamentação e solidificação da doutrina mosaica, um grupo de hebreus passou a ser conhecida como "Filhos de Israel" (Bnei Israel). É deste evento que surge a noção de nação, fundamentada nos preceitos tribais e na crença monoteísta.

No entanto, a história demonstra que os antigos israelitas valorizavam a sua linhagem tribal e a nação, que só viria a ser construída com o início das monarquias de Saul e Davi, que, todavia, oculta mesmo assim um choque entre as tribos que compunham o antigo reino de Israel. Com a morte do filho de Davi, Salomão, ocorre a crise que leva à separação das tribos de Israel em dois reinos distintos: dez tribos formam o reino de Israel, enquanto a tribo de Judá, Benjamim e Levi constituem o reino de Judá que continua a ser governada pelos descendentes de Davi. Aqui, pela primeira vez, os israelitas do sul são chamados de judeus devido à sua conexão com o reino de Judá e posteriormente por todos aqueles que aderissem à doutrina religiosa deste reino, que passou a ser conhecida como judaísmo.

Com a extinção do reino de Israel, o reino de Judá permanece, e mesmo com a sua destruição, o termo "judeu" passa a designar todos aqueles que descendessem dos antigos israelitas, não importando a sua tribo. A ênfase do judaísmo da separação entre judeus e não judeus, deu à comunidade judaica um sentido de povo separado e religioso, embora, segundo pesquisadores judeus anti-sionistas, este sentido de separação tenha sido impulsionado e exarcebado pelo movimento sionista, com objetivos políticos, durante o século XX.

                                                  Quem são os judeus?

A pergunta "quem são os judeus?" gera um debate político, social e religioso entre os diversos grupos judaicos sobre quem pode ser considerado como tal.

                                                                 
                                                                  
O Muro Ocidental em Jerusalém é o que
resta do Segundo Templo de Salomão.
 

O povo judeu não pode atualmente ser reduzido a sendo somente religião, raça ou cultura, porque ultrapassa seus limites conceituais aceites. Reduzi-lo a qualquer um desses pontos seria mero reducionismo, pois ele é na verdade uma miscelânea das três, dando espaço a várias interpretações do que é ser judeu e, especialmente, quem é judeu. Interpretações essas que dependem muitíssimo de qual a sua tradição religiosa (ortodoxa, conservadora, reformista, caraíta) e do espaço geográfico onde se encontram (sefaraditas, asquenazitas, persas, norte-africanos, indianos etc. (ver etnias judaicas).

Na história recente ocidental, e consequentemente na história judaica, uma revolução conceitual levou o judaísmo e o povo judeu a um tempo de grandes mudanças estruturais. A essa revolução, a história deu o nome de iluminismo (Hebraico: השכלה; Haskalá). Nesse período histórico, os antigos grupos religiosos detentores de tradições milenares observaram o nascimento de uma geração que via na criação de grupos com novas formas de pensar a possibilidade de saída de seus guetos milenares, não somente no plano físico, mas também mental e filosófico. Por vezes esses novos grupos distanciaram-se da velha ligação do judeu com a religião judaica-mãe, porém sem nunca perder a sua chama interna de identidade, sentimento esse que é o ponto de aproximação de todos os judeus e a mais importante linha para complexa continuação da nação que é, hoje, esse povo.

Assim, com a inserção de novas filosofias no seio do judaísmo, dispares concepções surgiram sobre as questões básicas da tradição judaica. E obviamente cada grupo desenvolveu suas discussões de como pode-se definir uma resposta sensata à pergunta constante: "Quem é judeu?". Essa definição de resposta se deu, em sua maioria, sob duas linhas gerais: Pessoa que tenha passado por um processo de conversão ao judaísmo ou pessoa que seja descendente de um membro da comunidade judaica.

Contudo, esses dois assuntos são repletos de divergências. Quanto às conversões, existe divergências principalmente sobre a formação dos tribunais judaicos responsáveis pelos atos. Isso faz com que pessoas conversas através de um tribunal judaico reformista ou conservador não sejam aceitas nos círculos ortodoxos e seus rabinos que exigem um tribunal formado somente por rabinos ortodoxos, pois entendem serem outros rabinos incapazes de fazer o converso entender a grandeza da lei que está tomando sobre si. Por outro lado, o judaísmo reformista e conservador, acusa os ortodoxos de fazerem exigências absurdas, não mais se preocupando com a essência do ser judeu e sim, com regras e rigidez desnecessária.

Já quanto a descendência judaica, a divergência aparece na definição de quem viria a linha judaica, se matrilinearmente, patrilinearmente ou ambas as hipóteses. A primeira é a majoritária, sendo apoiada pelo judaísmo rabínico ortodoxo e conservador. Essa tese têm força e raio de ação maiores por ser adotada pelo Estado de Israel, além de grande parte das comunidades ao redor do mundo. Porém, a patrilinealidade é defendida pelo judaísmo caraíta e os judeus Kaifeng da China, grupos separados dos grandes centros judaicos e que desenvolveram sob tradições diferentes com base em costumes que remontam a vários séculos passados. Por último, existe a tese que ambos os pais podem dar ao filho a condição de judeu que é defendida pelo judeus reformistas que em março de 1983 por três votos a um reconheceu a validade da descendência paterna mesmo que a mãe não seja judia desde que a criança seja criada como judeu e se identifique com a fé judaica.

Questões, como se os atos podem abalar a identidade judaica, também entram na discussão, como por exemplo um judeu que faz tatuagens ou até mesmo nega seu próprio judaísmo, pode continuar sendo considerado como tal? Apesar de um judeu necessariamente não ter que seguir o judaísmo, as autoridades religiosas geralmente enfatizam o risco da assimilação do povo judeu ao se abandonar os mandamentos e tradições do judaísmo. Porém defende-se que não importa a geração ou ações futuras de pai ou mãe, o judaísmo e o consequente "ser judeu" é um direito natural da criança.

Atualmente, estima-se que exista, ao redor do mundo, uma população judaica de aproximadamente 13 milhões de pessoas, concentradas principalmente nos Estados Unidos e em Israel.

Fonte: Wikipédia / Historia Mais

OBS:  Antes da tomada da terra por parte dos Hebreus o nome da região era Canaã. Depois disso se tornou o reino de Israel, depois se dividiu e também apareceu o reino de Judá.

O local só pode ser chamado de "Palestina" depois de 135 d.e.c, quando os romanos, sob o comando de Adriano, mudaram o nome do local para punir os hebreus/judeus pela revolta de Bar Kokhbá, renomeando seu país usando o nome de seus inimigos (filisteus). Daí o nome Palestina, que não deve ser usado antes desta data. 

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