quinta-feira, 27 de outubro de 2016

       JUDEUS

 

Um judeu (em hebraico: יְהוּדִי, transl. Yehudi, no singular; יְהוּדִים, Yehudim, no plural; ladino: ג׳ודיו, Djudio, sing.; ג׳ודיוס, Djudios, pl.; iídiche: ייִד, Yid, sing.; ייִדן, Yidn, pl.) é um membro do grupo étnico e religioso originado nas Tribos de Israel ou hebreus do Antigo Oriente. O grupo étnico e a religião judaica, a fé tradicional da nação judia, são fortemente inter-relacionados, e pessoas convertidas para o judaísmo foram incluídas no povo judeu e judeus convertidos para outras religiões foram excluídos do povo judeu durante milênios.

 

 Os judeus foram palco de uma longa história de perseguições em várias terras, resultando numa população que teve frequentemente seus números e suas distribuições alteradas ao longo dos séculos. A maioria das autoridades coloca o número de judeus entre 12 e 14 milhões, representando 0,2% da atual estimada população mundial. De acordo com a Agência Judia para Israel, no ano de 2007 havia 13,2 milhões de judeus mundialmente; 5,4 milhões (40,9%) em Israel, 5,3 milhões (40,2%) nos EUA, e o resto distribuído em comunidades de vários tamanhos no mundo inteiro. Esses números incluem todos aqueles que se consideram judeus se ou não se afiliaram, e, com a exceção da população judia de Israel, não inclui aqueles que não se consideram judeus ou que não são judeus por halachá. A população total mundial judia, entretanto, é difícil para medir. Além das considerações haláhicas, há fatores seculares, políticos e identificações ancestrais em definindo quem é judeu que aumentam o quadro consideravelmente.

História

 

 Os hebreus eram um povo de origem semita (os semitas compreendem dois importantes povos: os hebreus e os árabes), que se distinguiram de outros povos da antigüidade por sua crença religiosa. O termo hebreu significa "gente do outro lado do rio”, isto é, do rio Eufrates.

 

 Os patriarcas

 

 Os hebreus eram inicialmente, um pequeno grupo de pastores nômades, organizados em clãs ou tribos, chefiadas por um patriarca. Conduzidos por Abraão, deixaram a cidade de Ur, na Mesopotâmia, e se fixaram na Palestina (Canaã a Terra Prometida), por volta de 2000 a.C.
A Palestina era uma pequena faixa de terra, que se estendia pelo vale do rio Jordão. Limitava-se ao norte, com a Fenícia, ao sul com as terras de Judá, a leste com o deserto da Arábia e, a oeste com o mar Mediterrâneo.
Governados por patriarcas, os hebreus viveram na palestina durante três séculos. Os principais patriarcas hebreus, foram Abraão (o primeiro patriarca), Isaac, Jacó (também chamado Israel, daí o nome israelita), Moisés e Josué.
Por volta de 1750 a.C. uma terrível seca atingiu a Palestina. Os hebreus foram obrigados a deixar a região e buscar melhores condições de sobrevivência no Egito. Permaneceram no Egito, cerca de 400 anos, até serem perseguidos e escravizados pelos faraós. Liderados então, pelo patriarca Moisés, os hebreus abandonaram o Egito em 1250 a.C., retornando à Palestina. Essa saída em massa dos hebreus do Egito é conhecida como Êxodo.

                                                                  Os juízes

De volta à Palestina, sob a liderança de Josué, os hebreus tiveram de lutar contra o povo cananeu e , posteriormente, contra os filisteus. Josué (sucessor de Moisés), distribuiu as terras conquistadas entre as doze tribos de Israel. Nesse período os hebreus, passaram a se dedicar à agricultura, a criação de animais e ao comércio, tornavam-se portanto sedentários.


No período de lutas pela conquista da Palestina, que durou quase dois séculos, os hebreus foram governados pelos juízes. Os juízes eram chefes políticos, militares e religiosos. Embora comandassem os hebreus de forma enérgica, não tinham uma estrutura administrativa permanente. Entre os mais famosos juízes destaca-se Sansão, que ficou conhecido por sua grande força, conforme relata a Bíblia. Outros juízes importantes foram Gedeão e Samuel.

 

                                                              Os reis 

 

A seqüência de lutas e problemas sociais criou a necessidade de um comando militar único. Os hebreus adotaram então, a monarquia. O objetivo era centralizar o poder nas mãos de um rei e, assim, ter mais força para enfrentar os povos inimigos, como os filisteus.


O primeiro rei dos hebreus foi Saul (1010 a.C.). Depois veio o rei Davi (1006-966 a.C.), conhecido por ter vencido os filisteus (segundo a Bíblia, ele derrotou o gigante filisteu Golias). Com a conquista de toda a Palestina, a cidade de Jerusalém tornou-se a capital política e religiosa dos hebreus.


O sucessor de Davi foi seu filho Salomão, que terminou a organização da monarquia hebraica e seu reinado marcou o apogeu do reino hebraico. Durante o reinado de Salomão (966-926 a.C.), houve um grande desenvolvimento comercial, foram construídos palácios, fortificações, a construção do Templo de Jerusalém, criou um poderoso exército, organizou a administração e o sistema de impostos. Montou uma luxuosa corte, com muitos funcionários e grandes despesas.
Para poder sustentar uma corte tão luxuosa, Salomão obrigava o povo hebreu a pagar pesados impostos. O preço dessa exploração foi o surgimento de revoltas sociais.


Com a morte de Salomão, essas revoltas provocaram a divisão religiosa e política das tribos e o fim da monarquia unificada.
Formaram-se dois reinos: ao norte, dez tribos formaram o reino de Israel, com capital em Samaria e, ao sul, as duas tribos restantes formaram o reino de Judá, com capital em Jerusalém.


Em 722 a.C., os reinos de Israel foram conquistados pelos assírios, comandados por Sargão II. Grande parte dos hebreus foi escravizada e espalhada pelo Império Assírio.


Em 587 a.C., o reino de Judá foi conquistado pelos babilônios, comandados por Nabucodonosor. Os babilônios destruíram Jerusalém e aprisionaram os hebreus, levando-os para a Babilônia. Esse episódio ficou conhecido como o Cativeiro da Babilônia.


Os hebreus permaneceram presos até 538 a.C., quando o rei persa Ciro II conquistou a Babilônia, e puderam então à Palestina, que se tornara província do Império Persa e reconstruíram então o templo de Jerusalém.
A partir dessa época, os hebreus não mais conseguiram conquistar a autonomia política da Palestina, que se tornou sucessivamente província dos impérios persa, macedônio e romano.


Em 332 a.C. os persas foram derrotados por Alexandre, o Grande, e os macedônios e gregos passaram a dominar a Palestina.
Em 323 a c Alexandre morre deixando um grande legado helenístico. Enquanto isso, uma contenda pelo poder deixado por Alexandre irrompeu entre seus generais, resultando no desmembramento de seu império e no estabelecimento dum número de novos reinos.
Os Reinos Helenísticos foram: Reino Selêucida, Reino Ptolomeu, Reino de Pérgamo e o Reino Antigônido.

A Palestina ficou sob o domínio dos ptolomeus de 321 a C a 198 a C sendo anexado ao domínio Selêucida em 198 a C até 167 a C quando se inicia a revolta dos Macabeus. 

 

 DINÁSTIA HASMONEANA  

 

Os Macabeus eram uma família judaica que encabeçou a revolta contra as forças Sírias de AntiocoIV e rededicou o Templo a Jeová, pois este havia sido violado e dedicado a Zeus. Um dos líderes foi Judas, que recebeu a alcunha de Macabeu (martelo) por sua força e determinação. Mais tarde toda a família ficou conhecida por Macabeus.Deu-se em 135 a.C. e foi a chamada revolta Hasmoniana (Hasmonean). Acabaria por ser vitoriosa, terminando na separação dos judeus do reino Selêucida (a potência anterior) e assegurando a independência até 63 a.C., ano da invasão Romana sob o comando do general Pompeu em nome da República Romana.

Por fim Roma por meio de seu general Cneu Pompeu tomou Jerusalém em 63 A.C, após um sítio de três meses.E em 39 A.C, o senado romano nomeou Herodes para ser rei da Judéia, acabando com o domínio macabeu.

Durante o domínio romano na Palestina a partir de 63 a.C.., o nacionalismo dos hebreus fortaleceu-se, levando-os a se revoltar contra Roma.


                                                            

 No ano 70 da nossa era, o imperador romano Tito, sufocou uma rebelião hebraica e destruiu o segundo templo de Jerusalém. Os hebreus, então, dispersaram-se por várias regiões do mundo. Esse episódio ficou conhecido como Diáspora (Dispersão).


No ano de 136, sofreram a Segunda Diáspora, no reinado de Adriano (imperador romano), os judeus foram definitivamente expulsos da Palestina.
Dispersos pelo mundo, o povo israelita, organizou-se em pequenas comunidades. Unidos, preservaram os elementos básicos de sua cultura, como a linguagem, a religião e alguns objetivos comuns, entre eles voltar um dia à Palestina. Assim, os hebreus se mantiveram como nação, embora não constituíssem um Estado.


Somente em 1948, os judeus puderam se reunir num Estado independente, com a determinação da ONU (Organização das Nações Unidas), que criou o Estado de Israel. Decisão que criou sérios problemas na região do Oriente Médio, pois com a saída dos judeus da Palestina, no século I, outros povos, principalmente de origem árabe ocuparam e fixaram-se na região. A oposição dos árabes à existência do Estado de Israel, tem resultado em continuados conflitos na região.

 

Economia e Sociedade

A vida socioeconômica dos hebreus pode ser dividida em duas fases: a nômade e a sedentária.
A princípio, os hebreus eram pastores nômades (não tinham habitação fixa), que se dedicavam à criação de ovelhas e cabras. Os bens pertenciam a todos do clã.
Mais tarde, já fixados na Palestina, foram deixando os antigos costumes das comunidades nômades. Desenvolveram a agricultura e o comércio, tornaram-se sedentários.
Nos primeiros tempos a propriedade da terra era coletiva, depois foi surgindo a propriedade privada da terra e dos demais bens. Surgiram as diferentes classes sociais e a exploração de uma classe pela outra. A conseqüência dessas mudanças foi que grandes proprietários e comerciantes exibiam luxo e riqueza, enquanto os camponeses pobres e os escravos viviam na miséria.

                                                              Cultura

A religião é uma das principais bases da cultura hebraica e representa a principal contribuição cultural dos hebreus ao mundo ocidental.
A religião hebraica possui dois traços característicos: o monoteísmo e a idéia messiânica. A maioria dos povos da antigüidade era politeísta (acreditavam na existência de vários deuses), enquanto os hebreus adotaram o monoteísmo, acreditavam em um único Deus, criador do universo.


A idéia messiânica foi divulgada pelos profetas. Acreditavam na vinda de um messias, um enviado de Deus para conduzir os homens à salvação eterna. Para os cristãos esse messias é Jesus Cristo, o que os judeus não aceitam. Assim, continuam aguardando a vinda do messias.


A doutrina fundamental da religião hebraica (o Judaísmo) encontra-se no Pentateuco, contido no Velho Testamento da Bíblia. O Pentateuco é composto pelo: Gênesis, Êxodo, Deuteronômio, Números e Levítico. Os hebreus chamam esse livro de Torá.


A religião hebraica prescreve uma conduta moral orientada pela justiça, a caridade e o amor ao próximo. Entre as principais festas judaicas, destacam-se: a Páscoa, que comemora a saída dos hebreus do Egito em busca da Terra Prometida; o Pentecostes, que recorda a entrega dos Dez Mandamentos a Moisés; o Tabernáculo, que relembra a longa permanência dos hebreus no deserto, durante o Êxodo.
Na literatura, o melhor exemplo são os livros bíblicos do Velho Testamento, dentre os quais destacam-se os Salmos, o Cântico dos Cânticos, o Livro de Jó e os Provérbios.
A Bíblia é um conjunto de livros escritos por vários autores ao longo de vários séculos.

                                                                Etimologia

A palavra "judeu" originalmente era usada para designar aos filhos de Judá, filho de Jacó, posteriormente foi designado aos nascidos na Judéia. Depois da libertação do cativeiro da Babilônia, os hebreus começaram a ser chamados de judeus. A palavra portuguesa "judeu" se origina do latim judaeu e do grego ioudaîos. Ambas palavras vêm do hebraico, יהודי, pronuncia-se "iehudí". O primeiro registro do vocábulo em português foi no ano de 1018.

Palavras etimologicamente semelhantes são usadas em outras línguas, tais como jew (inglês), jude (alemão), jøde (dinamarquês), يهودي ou yahudi (árabe). No entanto, variações da palavra "hebreu" também são usadas para designar um judeu, como acontece em ebreo (italiano), еврей ou yevrey (russo), εβραίος ou εvraios (grego moderno) e evreu (romeno). Em turco, a palavra usada é musevi, derivada de Moisés.

                                                     Judeus e judaísmo

A tradição judaica defende que a origem deles dá-se com a libertação dos filhos de Israel da terra do Egito pelas mãos de Moisés. Com a fundamentação e solidificação da doutrina mosaica, um grupo de hebreus passou a ser conhecida como "Filhos de Israel" (Bnei Israel). É deste evento que surge a noção de nação, fundamentada nos preceitos tribais e na crença monoteísta.

No entanto, a história demonstra que os antigos israelitas valorizavam a sua linhagem tribal e a nação, que só viria a ser construída com o início das monarquias de Saul e Davi, que, todavia, oculta mesmo assim um choque entre as tribos que compunham o antigo reino de Israel. Com a morte do filho de Davi, Salomão, ocorre a crise que leva à separação das tribos de Israel em dois reinos distintos: dez tribos formam o reino de Israel, enquanto a tribo de Judá, Benjamim e Levi constituem o reino de Judá que continua a ser governada pelos descendentes de Davi. Aqui, pela primeira vez, os israelitas do sul são chamados de judeus devido à sua conexão com o reino de Judá e posteriormente por todos aqueles que aderissem à doutrina religiosa deste reino, que passou a ser conhecida como judaísmo.

Com a extinção do reino de Israel, o reino de Judá permanece, e mesmo com a sua destruição, o termo "judeu" passa a designar todos aqueles que descendessem dos antigos israelitas, não importando a sua tribo. A ênfase do judaísmo da separação entre judeus e não judeus, deu à comunidade judaica um sentido de povo separado e religioso, embora, segundo pesquisadores judeus anti-sionistas, este sentido de separação tenha sido impulsionado e exarcebado pelo movimento sionista, com objetivos políticos, durante o século XX.

                                                  Quem são os judeus?

A pergunta "quem são os judeus?" gera um debate político, social e religioso entre os diversos grupos judaicos sobre quem pode ser considerado como tal.

                                                                 
                                                                  
O Muro Ocidental em Jerusalém é o que
resta do Segundo Templo de Salomão.
 

O povo judeu não pode atualmente ser reduzido a sendo somente religião, raça ou cultura, porque ultrapassa seus limites conceituais aceites. Reduzi-lo a qualquer um desses pontos seria mero reducionismo, pois ele é na verdade uma miscelânea das três, dando espaço a várias interpretações do que é ser judeu e, especialmente, quem é judeu. Interpretações essas que dependem muitíssimo de qual a sua tradição religiosa (ortodoxa, conservadora, reformista, caraíta) e do espaço geográfico onde se encontram (sefaraditas, asquenazitas, persas, norte-africanos, indianos etc. (ver etnias judaicas).

Na história recente ocidental, e consequentemente na história judaica, uma revolução conceitual levou o judaísmo e o povo judeu a um tempo de grandes mudanças estruturais. A essa revolução, a história deu o nome de iluminismo (Hebraico: השכלה; Haskalá). Nesse período histórico, os antigos grupos religiosos detentores de tradições milenares observaram o nascimento de uma geração que via na criação de grupos com novas formas de pensar a possibilidade de saída de seus guetos milenares, não somente no plano físico, mas também mental e filosófico. Por vezes esses novos grupos distanciaram-se da velha ligação do judeu com a religião judaica-mãe, porém sem nunca perder a sua chama interna de identidade, sentimento esse que é o ponto de aproximação de todos os judeus e a mais importante linha para complexa continuação da nação que é, hoje, esse povo.

Assim, com a inserção de novas filosofias no seio do judaísmo, dispares concepções surgiram sobre as questões básicas da tradição judaica. E obviamente cada grupo desenvolveu suas discussões de como pode-se definir uma resposta sensata à pergunta constante: "Quem é judeu?". Essa definição de resposta se deu, em sua maioria, sob duas linhas gerais: Pessoa que tenha passado por um processo de conversão ao judaísmo ou pessoa que seja descendente de um membro da comunidade judaica.

Contudo, esses dois assuntos são repletos de divergências. Quanto às conversões, existe divergências principalmente sobre a formação dos tribunais judaicos responsáveis pelos atos. Isso faz com que pessoas conversas através de um tribunal judaico reformista ou conservador não sejam aceitas nos círculos ortodoxos e seus rabinos que exigem um tribunal formado somente por rabinos ortodoxos, pois entendem serem outros rabinos incapazes de fazer o converso entender a grandeza da lei que está tomando sobre si. Por outro lado, o judaísmo reformista e conservador, acusa os ortodoxos de fazerem exigências absurdas, não mais se preocupando com a essência do ser judeu e sim, com regras e rigidez desnecessária.

Já quanto a descendência judaica, a divergência aparece na definição de quem viria a linha judaica, se matrilinearmente, patrilinearmente ou ambas as hipóteses. A primeira é a majoritária, sendo apoiada pelo judaísmo rabínico ortodoxo e conservador. Essa tese têm força e raio de ação maiores por ser adotada pelo Estado de Israel, além de grande parte das comunidades ao redor do mundo. Porém, a patrilinealidade é defendida pelo judaísmo caraíta e os judeus Kaifeng da China, grupos separados dos grandes centros judaicos e que desenvolveram sob tradições diferentes com base em costumes que remontam a vários séculos passados. Por último, existe a tese que ambos os pais podem dar ao filho a condição de judeu que é defendida pelo judeus reformistas que em março de 1983 por três votos a um reconheceu a validade da descendência paterna mesmo que a mãe não seja judia desde que a criança seja criada como judeu e se identifique com a fé judaica.

Questões, como se os atos podem abalar a identidade judaica, também entram na discussão, como por exemplo um judeu que faz tatuagens ou até mesmo nega seu próprio judaísmo, pode continuar sendo considerado como tal? Apesar de um judeu necessariamente não ter que seguir o judaísmo, as autoridades religiosas geralmente enfatizam o risco da assimilação do povo judeu ao se abandonar os mandamentos e tradições do judaísmo. Porém defende-se que não importa a geração ou ações futuras de pai ou mãe, o judaísmo e o consequente "ser judeu" é um direito natural da criança.

Atualmente, estima-se que exista, ao redor do mundo, uma população judaica de aproximadamente 13 milhões de pessoas, concentradas principalmente nos Estados Unidos e em Israel.

Fonte: Wikipédia / Historia Mais

OBS:  Antes da tomada da terra por parte dos Hebreus o nome da região era Canaã. Depois disso se tornou o reino de Israel, depois se dividiu e também apareceu o reino de Judá.

O local só pode ser chamado de "Palestina" depois de 135 d.e.c, quando os romanos, sob o comando de Adriano, mudaram o nome do local para punir os hebreus/judeus pela revolta de Bar Kokhbá, renomeando seu país usando o nome de seus inimigos (filisteus). Daí o nome Palestina, que não deve ser usado antes desta data. 

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  A Arte Trácia





 A Bulgária está situada na parte mais oriental da Península Balcânica. Desde as épocas mais remotas aí se estabeleceram povos de origem e cultura muito diversas. Nestas terras passavam as ondas de grandes tribos que migravam de um continente para o outro. Até que, por volta do segundo milênio a.C. surgiu um povo que se fixou na parte oriental do país – os trácios, uma gente estranha que acreditava na imortalidade da alma e numa vida que se prolongava além da morte. Seus reis e os mais notáveis das tribos eram, por isso, enterrados em túmulos nos quais se colocavam todas as riquezas que haviam acumulado. E assim os trácios puderam deixar uma lembrança – a de sua arte, em muitos momentos inigualável, por sua originalidade e pelo fim que almejava: a eternidade.

Inúmeros historiadores do mundo antigo escreveram sobre os costumes, os hábitos e a agressividade das tribos que povoaram as partes central e norte da Península Balcânica já nos fins da Idade do Bronze. Segundo os seus vizinhos, os gregos, elas deram origem ao deus do vento, Bóreas, e ao deus da guerra, Ares. No entanto, estas criaturas divinas revelam somente uma parte do espírito trácio, livre e indomável, pois nas suas terras tiveram berço também as Musas e nas suas montanhas cantava o doce Orfeu. Mas deve-se considerar que esses dados sobre a cultura trácia poderiam ter chegado até nós apenas como belas lendas se não tivessem o apoio dos ricos achados que revelaram ao mundo uma arte estranha, excepcional, primitiva, porém de força inigualável.

Apesar dessa profusão de ouro, o material mais utilizado na Trácia – como no restante do mundo antigo – era o bronze. Com ele se elaboravam os enfeites, as armas, os utensílios em geral. As formas desses objetos eram simplificadas, e a maioria dos ornamentos composta de figuras geométricas. Encontram-se também com muita freqüência, principalmente nos machados de culto, figuras de animais domésticos: bois, carneiros, galos, etc.


Ainda não foram escavadas todas as sepulturas trácias. Pode-se imaginar o que esconde o restante das colinas espalhadas por toda aquela região. Mesmo assim, é possível afirmar que apenas dois países rivalizavam em riqueza com a Trácia: a Pérsia ocidental e a Cítia. E isto não é uma casualidade. Os povos desses países encontravam-se em níveis de desenvolvimento social, político e econômico bastante semelhantes, assim como também eram semelhantes sua religião e sua ideologia. Além disso, mantinham relações diretas, pois os persas passavam constantemente pelo território dos trácios em suas viagens para a Cítia e para a Grécia, e acabaram mais tarde por estabelecer-se definitivamente no país.

Os soberanos trácios e citas estabeleciam entre si casamentos dinásticos, o que, aliás, não os impedia de freqüentemente se combaterem. Estes laços, que se aprofundaram com o passar do tempo, acabaram por influir positivamente na arte dos três povos. Foi a Trácia o primeiro país europeu a adotar os estilos artísticos orientais, para mais tarde difundi-los pelos mestres dos outros países bárbaros. E desde tempos imemoriais que as terras búlgaras representavam uma ponte entre o Oriente e o Ocidente, pelo qual passavam inúmeros povos e culturas. Em razão disso, a arte trácia adotou muitos elementos estrangeiros, fixou-os e acabou por torná-los parte de sua tradição. Um exemplo desse fenômeno é o denominado estilo animalesco, tão difundido na arte torêutica (arte de cinzelar, de esculpir em metal, madeira ou marfim) da Trácia. O leão, o grifo, o touro foram aí introduzidos graças aos contatos com a arte persa. E os paralelos entre a torêutica trácia e a cita são ainda mais evidentes, levando alguns pesquisadores a considerarem a arte trácia como uma variante local da arte dos citas.

Mas a Trácia não possuía fronteiras somente com a Pérsia e a Cítia. Ao sul ela tinha como vizinha a Grécia, que por volta do século V a.C. havia assumido a hegemonia cultural do mundo, a ponto de criar entre helenos e bárbaros uma divisão que expressava bem mais uma diferença cultural do que étnica. Mas os altivos gregos gostavam de comerciar com os ricos bárbaros, com os quais trocavam o seu trigo, produtos alimentícios e couro por objetos como enfeites, armas e utensílios. Mas esse intercâmbio não se ateve somente ao comércio. Muitos mestres gregos trabalharam para soberanos trácios, adaptando o estilo clássico grego ao gosto oriental de seus clientes.

Os melhores exemplos encontrados hoje são os dos tesouros de Russe e Panaguiurishte. Sobre os vasos de Russe vemos os mistérios da figura de Dionísio, a quem toda a antiguidade aceitava como um deus trácio. À primeira vista o mestre mantinha-se fiel às formas antigas, mas, diante de um estudo mais detalhado, as figuras se apresentam um pouco mais pesadas, e os seus recursos não são aparentemente muito convincentes no que diz respeito ao ideal clássico de beleza. No entanto, esta beleza encontra-se nos elementos da arte bem mais exigente dos orientais.

De todos esses objetos, o mais belo é a ânfora encontrada em Panaguiurishte. Por sua forma, ela pode ser considerada um dos vasos mais raros existentes em todo o mundo. Apesar de em sua elaboração se sentir claramente a habilidade de um artista helênico, sua forma é tipicamente persa e representa a continuação de uma velha tradição aquemênida. Todos os vasos conhecidos que possuem esse formato e têm duas aberturas no fundo são originários da Ásia Menor.

Tendências artísticas semelhantes às existentes nos tesouros de Russe e de Panaguiurishte encontram-se, também, no tesouro de Letnitza, que sem dúvida alguma é obra do artesanato trácio e data da mesma época que os dois citados anteriormente, isto é, fins do século III a.C. Sua elaboração é, no conjunto, bárbara, embora apresente uma série de particularidades que a aproximam da arte da Ásia Menor. A reprodução de todas as figuras reflete as mesmas características de estilo. Os homens são representados com barba e recordam muito as esfinges da arte aquemênida (dinastia persa fundada por Ciro em 550 a.C.) tardia, da metade do século IV a.C. A figura humana, da mesma forma como era vista pelos artistas da Ásia Menor, apresenta-se sempre vestida, já que, em vez de reproduzir as formas do corpo e a musculatura, o mestre prefere ocupar-se dos detalhes do vestuário e do tecido.

Outra faceta interessante de examinar nos tesouros da Trácia é a que diz respeito aos adornos. Sua confecção é tradicionalmente atribuída a artistas gregos. Todavia, o problema relacionado ao lugar em que foram elaborados ainda não está totalmente resolvido. Isso se deve ao fato de terem encontrado em várias ilhas gregas adornos semelhantes aos achados nos túmulos de Duvanli e Mezek. Antes da segunda metade do século VI a.C. eram raros os adornos de ouro nas colônias gregas das costas do mar Negro. A partir, porém, da segunda metade do século III a.C., começaram a proliferar as oficinas especializadas na confecção de adornos de ouro. Por essa época surgiram, ao lado dos adornos gregos típicos, constituídos de brincos e anéis, adornos trácios com as mesmas características. Em cada uma das épocas posteriores encontra-se um grande número de adornos em ouro cuja origem não é tão clara. Exemplos disso nos são trazidos pelos tesouros de Nicolaevo – da época romana – e de Varna, que provavelmente tiveram sua origem na própria Trácia. Mais recentemente esses adornos típicos surgem com os dois componentes do povo búlgaro – os eslavos e os protobúlgaros. Mais tarde a eles se juntam também inúmeros adornos de caráter mais variado, como medalhões e ícones cristãos, em cuja criação aparece, com mérito indiscutível, a influência da Bizâncio cristã.

Quando falamos das relações e das influências da arte trácia com as de outras civilizações, não devemos de maneira alguma menosprezá-la por ela não possuir um caráter nacional definido. Antes de tudo o termo nacional, no sentido artístico, não existia naquela época. A arte era um meio de expressar as idéias religiosas ou político-ideológicas e não uma forma de dar dimensão a um espírito nacional.

 Se tentarmos descobrir o que, para um nobre trácio, tinha valor numa obra de arte, chegamos a algumas conclusões interessantes. Antes de tudo ela deveria ser feita de um material precioso porque dessa forma demonstrava a riqueza do seu possuidor. O trácio rico tinha uma predileção pelos objetos de ouro, tais como peitilhos, capacetes, pulseiras e anéis. Dessa maneira ele se distinguia dos mais pobres, demonstrava sua origem nobre, sua situação privilegiada. Provavelmente é por essa razão que os trácios nobres eram chamados de dzibitides – brilhantes. Eles brilhavam de tanto ouro que carregavam sobre si. Aqueles que não tinham suficiente riqueza para adquirir objetos de ouro usavam adornos de bronze, mas com um pequeno artifício: mandavam prateá-los, a fim de brilharem tanto quanto os outros.

Os motivos mais frequentemente encontrados nos objetos dos tesouros trácios são os animais. Muitas vezes representados durante uma luta entre si: é o leão que ataca o veado ou o touro; é o grifo devorando o veado; são dois ursos em posição de combate. Geralmente a posição do animal está combinada com a forma do objeto. Muitas vezes surgem figuras fantásticas, como leões com bico de águia ou veados alados.

Comumente se afirma que o estilo animalesco determina a arte trácia. Mas, na realidade, do ponto de vista artístico as obras mais preciosas são aquelas em que os homens se acham representados. É difícil afirmar se esta última foi uma etapa subseqüente ou contemporânea ao estilo animalesco. O exemplo mais antigo e figura humana é o que se encontra em um cinto datado provavelmente do século V a.C., mas o verdadeiro florescimento do estilo antropomorfo data do século IV a.C., que foi, sem dúvida, a época mais brilhante de toda a arte trácia.

Até os dias atuais, já foram descobertas mais de cem sepulturas onde se encontraram objetos em que aparece a figura humana. Do ponto de vista iconográfico, a imagem quase totalmente dominante é a do cavaleiro-guerreiro-caçador. E quem é esse cavaleiro misterioso que passa cavalgando, através dos séculos, como um símbolo eterno do espírito trácio? Durante a época da dominação de Roma foram dedicados a ele mais de dois mil relevos em mármore. Dele aprendemos o nome – Heros. Mas será este um nome ou simplesmente a palavra herói? Por ser um deus universal, os trácios apelavam para ele em todos os casos, fosse para defender as portas da cidade ou simplesmente para curá-los da mordida de um cão raivoso.

Os trácios criaram uma arte com finalidade. Uma arte que conservou a lembrança de um povo, que, segundo Heródoto, era “o mais numeroso depois do hindu” e que ficou conhecido por sua fé na imortalidade. Por acreditarem na permanência da vida, os trácios levavam consigo para a sepultura suas relíquias mais preciosas. E, em verdade, graças a elas, conseguiram a imortalidade tão desejada. Não, talvez, a espiritual; mas com certeza a cultural. Pois hoje, guardadas em museus, estas relíquias tornaram-se os testemunhos de um povo desaparecido. Mensageiras entre mundos, como Hermes o foi entre o dos deuses e o dos homens; e, como Orfeu, mensageiras do entendimento entre os próprios homens.

.:: Amador Outerelo
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