Erguendo-se na entrada do porto de Nova York, este cartão-postal foi
projetado e esculpido nos Estados Unidos para comemorar o centenário da
independência do país, certo? Errado!
por Olivier Tosseri
Wikimedia Commons | |
A Estátua da Liberdade, monumento cujo
nome oficial é “A Liberdade Iluminando o Mundo”, na verdade é uma obra
francesa. A ideia de sua construção partiu de Édouard Lefèbvre de
Laboulaye, historiador e político francês que era grande admirador dos
Estados Unidos. Depois do fim da Guerra de Secessão, em 1865, ele propôs
ao governo de seu país enviar aos americanos um presente para celebrar o
centenário da independência da ex-colônia inglesa, comemorado em 1876. O
projeto, confiado ao escultor alsaciano Frédéric Auguste Bartholdi,
deveria simbolizar a amizade entre os dois países.
No entanto, em 1870 eclodiu a Guerra Franco-Prussiana, e a construção da
estátua precisou ser interrompida. Mesmo com a volta da paz, novos
obstáculos continuaram surgindo. A simpatia que os americanos
demonstravam pelos alemães, por exemplo, decepcionava os franceses. Além
disso, o futuro da recém-fundada III República francesa ainda era uma
incógnita, e muitos deputados achavam inoportuno oferecer um presente
daqueles aos Estados Unidos. Mesmo assim, Bartholdi cruzou o oceano
Atlântico em 1871 para se encontrar com o presidente Ulysses Grant e
checar a ilha de Bedloe, na baía de Nova York, onde a estátua deveria
ser erguida.
Em 1875, com uma relativa estabilidade política na França, finalmente
ficou decidido que o monumento seria construído, e os americanos
deveriam se encarregar somente da base. Bartholdi precisou da ajuda de
um engenheiro para elaborar a estrutura interna da obra e escolheu
justamente Gustave Eiffel, autor da famosa torre de Paris. A estátua
ficou pronta em 1884 e recebeu a visita do presidente francês Jules
Grévy e do escritor Victor Hugo. No entanto, seu idealizador, Édouard
Lefèbvre, morreu um ano antes de o projeto ser concluído.
Em 1885, as 350 peças que compõem a estátua
foram de trem até a cidade de Rouen, de onde desceram o rio Sena em um
barco até o porto de Havre. O navio que carregava o monumento entrou no
porto de Nova York em 17 de junho de 1885. Os americanos, porém, tiveram
de esperar ainda mais um ano para ver o monumento de pé, já que os
trabalhos de construção da base estavam atrasados por falta de
financiamento.
Finalmente, em 28 de outubro 1886, foi inaugurada a escultura da mulher vestida com uma toga, empunhando as tábuas que fazem menção à Declaração de Independência de 1776. Somada à altura do pedestal, a estátua mede mais de 90 metros, e durante duas décadas sua tocha foi acesa para guiar as embarcações no porto de Nova York. Com o tempo, a oxidação fez a tonalidade castanho-avermelhada do cobre dar lugar à cor esverdeada que o monumento ostenta hoje.
Com dez anos de atraso, o presente de amizade tinha finalmente chegado ao destino para ali se transformar no mais francês dos símbolos americanos.
Finalmente, em 28 de outubro 1886, foi inaugurada a escultura da mulher vestida com uma toga, empunhando as tábuas que fazem menção à Declaração de Independência de 1776. Somada à altura do pedestal, a estátua mede mais de 90 metros, e durante duas décadas sua tocha foi acesa para guiar as embarcações no porto de Nova York. Com o tempo, a oxidação fez a tonalidade castanho-avermelhada do cobre dar lugar à cor esverdeada que o monumento ostenta hoje.
Com dez anos de atraso, o presente de amizade tinha finalmente chegado ao destino para ali se transformar no mais francês dos símbolos americanos.
fonte: História viva