Este Blog tem a intenção de bem informar os fatos tendenciosos do Ensino e da aprendizagem de História de forma simples e objetiva. Espaço para a discussão e informação de temas relevantes dentro da História, bem como para a troca de informações entre professores, estudantes e pesquisadores Faça uma boa viagem e não esqueça de postar seu comentário.
sexta-feira, 12 de maio de 2017
Ecos da Escravidão - Caminhos da Reportagem
Fosse nos engenhos de açúcar, nas lavouras de café ou na mineração, o
serviço pesado estava nas mãos dos cativos. E em homenagem aos 127 anos
da Lei Áurea, o Caminhos da Reportagem traça o longo e difícil caminho
do cativeiro à abolição, a luta pela liberdade, as formas de alforria,
os principais abolicionistas. Ainda analisa uma polêmica: é possível ou
não reparar os males deixados à população negra por anos e anos de
trabalho escravo?
A escravidão no Brasil poderia ter sido abolida antes de 1888?
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Abolição atrasada
Nunca é inoportuno ressaltar que o Brasil foi o último país do continente americano a abolir a escravidão. A Lei Áurea
(Lei Imperial n. 3.353), sancionada em 13 de maio de 1888, foi um gesto
importante por parte do Império, mas além de ter sido uma medida
bastante demorada, veio desacompanhada de um novo projeto de nação que
assimilasse a massa de negros libertos na atividade econômica e na
esfera social.
Para piorar a situação, a República,
instituída por meio de um golpe militar um ano após a abolição, também
não apresentou nenhum projeto de Estado que integrasse a massa de negros
libertos à nova realidade político-econômica da nação. Mas será que em
algum momento da história do Brasil, antes da Lei Áurea, houve algum
projeto de Estado que planejasse essa transição?
Sim, e esse projeto foi apresentado pelo estadista José Bonifácio de Andrada e Silva na Assembleia Constituinte de 1823.
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José Bonifácio e o projeto de extinção gradual da escravidão
José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838) foi um dos principais “arquitetos” do Império Brasileiro,
tendo trabalhado desde 1820 para que o Brasil se tornasse independente e
tivesse um regime imperial constitucional, o que ocorreu em 1822. Com o
advento da Independência, restava ao Brasil conceber uma Constituição para definir que estrutura institucional seguiria.
Bonifácio era o primeiro-ministro de Dom Pedro I quando foi organizada a primeira Assembleia Nacional Constituinte
do Brasil, em 1823. Foi em uma das reuniões da Constituinte que ele
apresentou uma Representação, seguida de um Projeto de Lei, que tratava
da gradual extinção do regime escravista no Brasil. Em sua
representação, Bonifácio tentou convencer os outros parlamentares –
representantes da aristocracia rural – dos benefícios econômicos e
sociais que o país teria se, progressivamente, os negros fossem
libertados e inseridos em um sistema de trabalho livre.
O projeto de Bonifácio tinha como objetivos principais:
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Acabar com o tráfico negreiro em, no máximo, cinco anos;
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Facilitar as condições de compra de alforria por parte dos escravos;
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Acabar com os castigos físicos;
-
Conceder pequenas faixas de terras para que os negros libertos (por compra de alforria ou por outros meios) pudessem produzir e prosperar, etc.
Em um dos trechos de sua representação, podemos ler o apelo do estadista:
Se os negros são
homens como nós, e não formam uma espécie de brutos animais; se sentem e
pensam como nós, que quadro de dor e de miséria não apresentam eles à
imaginação de qualquer homem sensível e cristão? Se os gemidos de um
bruto nos condoem, é impossível que deixemos de sentir também certa dor
simpática com as desgraças e misérias dos escravos; mas tal é o efeito
do costume, e a voz da cobiça, que veem homens correr lágrimas de outros
homens, sem que estas lhes espremam dos olhos uma só gota de compaixão e
de ternura. Mas a cobiça não sente nem discorre como a razão e a
humanidade.
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Dissolução da Constituinte de 1823 e o “engavetamento” do projeto
O projeto de Bonifácio, contudo, não foi
aprovado por uma razão muito específica: a Assembleia Constituinte de
1823 foi dissolvida pelo imperador D. Pedro I. Bonifácio, que protestou
contra a medida, foi preso e depois exilado, só retornando ao país anos
depois, mas sem a força e o prestígio que tivera antes. Seu projeto caiu
no esquecimento porque, além de tudo, não despertava nenhuma simpatia
na aristocracia rural escravista do Brasil da época, sobretudo porque
não havia interesse pleno em um projeto de Estado ou em um projeto de
Nação.
Nas décadas que se
seguiram, o império, antes da Lei Áurea, apenas sancionou leis sob
pressão internacional, principalmente dos ingleses, como a Lei Eusébio de Queirós, de 1850, que extinguiu o tráfico negreiro transatlântico, a Lei do Ventre Livre, de 1871, que impediu os filhos nascidos de escravas de serem também escravos, e a Lei dos Sexagenários,
de 1885, que libertava todos os escravos com mais de sessenta anos de
idade. Ainda assim, tais leis não apresentavam amparos institucionais
reivindicados por José Bonifácio em 1823.
Por Me. Cláudio Fernandes
terça-feira, 9 de maio de 2017
INDICAÇÕES DE LIVROS ( PEDAGOGIA )
Pedagogia e Ensino de História da Educação (Português)
por
Jose Roberto Gomes Rodrigues
(Autor)
O livro nos ajuda a dimensionar a trajetória de um tema de pesquisa em
uma área em franca expansão e afirmação acadêmica. Ao fazê-lo,
contribuir para o entendimento das dinâmicas das disciplinas escolares
no ensino superior e para a compreensão do lugar do ensino no interior
das instituições universitárias, que cultivam como critérios de
consagração acadêmica, a produção científica divulgada para entre os
pares.
A Pedagogia no Brasil. História e Teoria
por
Dermerval Saviani
(Autor)
Que outra forma poderíamos encontrar de "produzir, em cada indivíduo
singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo
conjunto dos homens" senão fazendo-os mergulhar na própria história e,
aplicando o critério do "clássico", permitir-lhes vivenciar os momentos
mais significativos dessa verdadeira aventura temporal humana?
Recuperando a história da pedagogia no Brasil e esclarecendo sua trajetória teórica, este livro apresenta elementos significativos para superar os dilemas pedagógicos e organizar, de forma eficaz, os cursos de formação de educadores. Por esse caminho, o autor oferece aos pais, professores, alunos, políticos (do governo e da oposição), em suma, a todos os cidadãos deste país, uma obra útil à compreensão do problema educativo, sem dúvida um assunto que interessa a todos nós como seres humanos que desejamos formar da melhor forma possível as novas gerações.
Recuperando a história da pedagogia no Brasil e esclarecendo sua trajetória teórica, este livro apresenta elementos significativos para superar os dilemas pedagógicos e organizar, de forma eficaz, os cursos de formação de educadores. Por esse caminho, o autor oferece aos pais, professores, alunos, políticos (do governo e da oposição), em suma, a todos os cidadãos deste país, uma obra útil à compreensão do problema educativo, sem dúvida um assunto que interessa a todos nós como seres humanos que desejamos formar da melhor forma possível as novas gerações.
Pedagogia Histórico-Crítica e Luta de Classes na Educação Escolar
por
Dermeval Saviani
(Autor),
Newton Duarte
(Autor)
Não há prática humana mais criativa do que a revolução, mas ela não se
concretiza sem o domínio consciente das condições e contraições da
realizada de ainda existente. Isso exige a apropriação coletiva de
ferramentas intelectuais altamente desenvolvidas e a formação de novas
atitudes sociais. Nesse sentido, a pedagogia histórico-crítica defende
que a participação do trabalho educativo escolar no processo de
superação da sociedade burguesa se dá por meio da luta permanente pela
efetivação das máximas possibilidades de socialização dos conteúdos
científicos, artísticos e filosóficos. Este livro reafirma esse
compromisso histórico, perfilhando a exortação gramsciana.
Escola e Democracia
por
Dermeval Saviani
(Autor)
"É possível dizer que esta obra é uma contribuição significativa ao
pensamento pedagógico latino-americano, que expressa as transformações
que sofreu nosso continente nas últimas décadas... Escola e democracia
constitui para nós uma valiosa fonte de reflexão. É um desafio.
Incita-nos a valorizar e repensar criticamente nosso processo histórico.
Estamos seguros de que a divulgação e discussão deste livro nos ajudará
a elaborar nosso próprio caminho educativo." - Ema Julia Massera,
Trecho do prefácio à edição uruguaia
Pedagogia Histórico-Crítica
por
Dermeval Saviani
(Autor)
Este livro constitui uma primeira aproximação ao significado da
pedagogia histórico-crítica. Isto porque está em curso o processo de
elaboração desta corrente pedagógica, através da contribuição de
diferentes estudiosos. De minha parte, venho dedicando-me a uma pesquisa
de longo alcance que se desenvolve com ritmo variável e sem prazo para
sua conclusão, por meio da qual se pretende rastrear o percurso da
educação desde duas origens remotas, tendo como guia o conceito de ´modo
de produção´. T rata-se de explicitar como as mudanças das formas de
produção da existência humana foram gerando historicamente novas formas
de educação, as quais, por sua vez, exerceram influxo sobre o processo
de transformação do modo de produção correspondente. ( ...) Pretende-se,
assim, revelar as bases sobre as quais se assenta a pedagogia
histórico-crítica para viabilizar a configuração consistente do sistema
educacional em seu conjunto do ponto de vista dessa concepção
educacional."
A eterna peleja do general Abreu e Lima
Por Paulo Santos Oliveira, publicado originalmente na Revista de História da Biblioteca Nacional, ano 6, nº 6, em novembro de 2010
Abreu e Lima foi um defensor implacável das liberdades civis. Por elas, arriscou a vida e até a alma
Quando o jovem capitão de artilharia José
Inácio de Abreu e Lima (1794-1869) fugiu do cárcere da Fortaleza de São
Pedro, em Salvador, em outubro de 1817, seu futuro era mais do que
incerto. A revolução que deveria libertar o Brasil do domínio português,
pela qual tanto havia trabalhado, acabara de ser sufocada, ao custo de
mais de 1.500 mortos e feridos e cerca de 800 degredados, em Pernambuco,
na Paraíba, no Ceará e no Rio Grande do Norte. Centenas de outros
patriotas também estavam presos, sua rica família tivera os bens
sequestrados, e ele e seu irmão Luís foram obrigados a assistir ao
fuzilamento do pai, o advogado e ex-sacerdote apelidado de “Padre Roma”
(1768-1817), na Bahia, para onde fora enviado como agente secreto do
Governo Provisório pernambucano.
Aos 23 anos, José Inácio tinha apenas uma
certeza: jamais deixaria de lutar pela liberdade e pelo direito dos
cidadãos de fazerem suas próprias escolhas, inclusive as religiosas. E
depois de arriscar a vida em dezenas de batalhas pela América do Sul,
ele, um católico praticante, ainda enfrentaria a ira da Igreja por estas
mesmas causas, aos 74 anos, pondo em risco sua alma imortal.
Após a fuga da prisão, os irmãos Abreu e
Lima embarcaram clandestinamente para a Filadélfia, nos Estados Unidos,
onde, no início de 1818, se abrigavam muitos combatentes pela liberdade
nas Américas, e de lá partiram para a Venezuela. Luís ficou pelo
caminho, pois conseguiu emprego em Porto Rico. José Inácio seguiu
adiante, e no começo de 1819 chegou a Angostura, cidade erguida no meio
da selva amazônica, às margens do Rio Orenoco, onde Simón Bolivar
(1783-1830) havia montado o seu quartel-general. Lá, o pernambucano se
tornou colaborador do Correo del Orinoco, porta-voz dos rebeldes
bolivarianos, e polemizou com o jornalista Hipólito da Costa
(1774-1823), que, de Londres, editava mensalmente o Correio Braziliense,
no qual defendia uma monarquia constitucional no Brasil e atacava a
revolução nordestina de 1817.
Em Angostura, o capitão também assistiu
ao congresso de fundação da Terceira República venezuelana. Em seguida,
engajado no Estado-Maior de um exército de dois mil homens comandado por
Bolívar, atravessou a América do Sul numa marcha duríssima: primeiro,
cruzando a Amazônia; depois, a vasta região pantanosa dos llanos
debaixo de chuva; e, finalmente, escalando os Andes em pleno inverno.
Em cinco meses chegou ao altiplano boyacaense com uma tropa desfalcada,
doente e desarmada. Mas com o auxílio da população local, o Libertador
derrotou a Terceira Divisão, um dos melhores corpos militares da
Espanha, e libertou o vice-reino de Nova Granada — o Panamá e a Colômbia
atuais.
Abreu e Lima acompanhou Bolivar nessa
jornada épica, participando de todas as batalhas e ganhando várias
condecorações, além da fama de valente. Também esteve nas campanhas dos
três anos seguintes, que decretaram a libertação de Quito, atual
Equador; da Venezuela e do antigo Peru, que se dividiria nos atuais Peru
e Bolívia. Mas, consolidadas as independências, explodiram as intrigas e
as disputas pelo poder. À maior parte das elites venezuelanas,
granadinas e quitenses não interessava que suas nações permanecessem
unidas numa só, a Grã-Colômbia, como queria Bolívar, e também não
aprovavam vários de seus projetos, como abolição da escravatura, reforma
agrária, educação popular, etc.
Em 1825, o já coronel Abreu e Lima se viu
envolvido em outros confrontos de natureza política. Passou a ser
atacado por gente que queria atingir o Libertador, de quem era fiel
escudeiro, e o fato de ser estrangeiro – pior ainda, brasileiro – fazia
dele um alvo fácil. Ora, o Brasil acabara de se separar de Portugal,
mas, ao contrário dos seus vizinhos, transformara-se em império, não em
república. E o imperador D. Pedro I era tido como um absolutista
ferrenho, ligado às monarquias europeias mais conservadoras, inclusive
pelo casamento com uma princesa austríaca, D. Leopoldina. Caluniado pela
imprensa por Antônio Leocadio Guzmán (1801-1884), o coronel, de
temperamento exaltado, feriu o rosto do desafeto com o sabre em plena
rua. Por esse gesto foi submetido a Conselho de Guerra e enviado para o
deserto de Bajo Seco, onde ficou encarcerado por seis meses.
No final de 1826, Abreu e Lima deu baixa
do exército, mas Bolívar o chamou de volta, em 1828, e o incumbiu, junto
com o abade Dominique Dufor de Pradt (1759-1837) de defendê-lo, no
Courrier Français, dos ataques que o filósofo Benjamin Constant
(1767-1830) lhe fazia em outros jornais franceses. A guerra política
declarada contra as ideias bolivaristas havia cruzado o Atlântico.
Desgastado pelas campanhas difamatórias e
sofrendo de tuberculose já em estágio avançado, o Libertador renunciou à
Presidência dois anos depois, e saiu de Bogotá rumo ao litoral
colombiano, de onde pretendia partir para o exílio na Europa. Abreu e
Lima, promovido a general, também o acompanhou nesse derradeiro trajeto.
Bolívar morreu em Santa Marta, na
Colômbia, no dia 17 de dezembro de 1830. Poucos meses depois, o
pernambucano e outros militares estrangeiros foram expulsos de lá por
inimigos políticos do antigo líder que haviam ocupado o poder. Depois de
uma viagem pela Europa, onde se encontrou com o rei Luís Felipe, da
França, e com D. Pedro I, que já havia abdicado do trono brasileiro em
1831, o general voltou para o Brasil no ano seguinte. Estabeleceu-se no
Rio de Janeiro e alinhou-se aos conservadores do Partido Caramuru,
abraçando as mesmas ideias de Hipólito da Costa, com quem polemizara na
juventude. Decepcionado com o esfacelamento da Grã-Colômbia, Abreu e
Lima passou a ver na monarquia constitucional o único sistema capaz de
manter a nação brasileira coesa. Por isso, pós de lado seus
ressentimentos com os Bragança, que tanto mal haviam causado à sua
província e à sua família. Para ele, o estabelecimento de uma República
no Brasil levaria ao poder os donos de terras, que também eram donos da
maioria dos votos. E esses “senhores feudais” – como Abreu se referia
aos grandes proprietários de terras – certamente não se preocupariam com
o bem-estar das massas.
Essas convicções fizeram com que Abreu e
Lima entrasse em conflito com vários liberais, como o jornalista
Evaristo da Veiga (1779-1837), de quem recebeu injúrias e até ameaças de
morte, e o cônego Januário da Cunha Barbosa (1780-1846), um dos
fundadores do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, em 1838. Em
1836, ele lançou um jornaleco, O Raio de Júpiter, para defender a
regência de D. Januária, irmã do futuro imperador Pedro II. Em 1843,
publicou uma História do Brasil e foi novamente atacado pelo cônego
Januário, dessa vez como “plagiador”. Desencantado com a Corte, o
general voltou para Recife, onde fundou o jornal A Barca de São Pedro, e
em 1848 se envolveu em outra das muitas revoltas libertárias
pernambucanas, a Praieira. Considerado um dos cabeças do movimento,
Abreu e Lima passou dois anos preso na ilha de Fernando de Noronha.
Anistiado, ele se retirou da política, mas não se afastou das polêmicas.
Em 1855, publicou O Socialismo, no qual criticava os principais
defensores dessa linha de pensamento anteriores a Karl Marx (1818-1883),
que não foi citado. Embora reconhecesse o conflito de classes, ele não
defendia a superioridade de nenhuma delas. Para ele, “o socialismo não
era uma ciência, nem uma doutrina, nem uma religião, nem uma seita, nem
um sistema, nem um projeto, nem uma ideia”, mas “um desígnio da
Providência”.
Mesmo tendo se assumido politicamente
como conservador, continuou a ser um defensor de todas as liberdades –
inclusive a religiosa -, o que lhe acarretou novos transtornos. Ao
distribuir entre amigos algumas Bíblias que ganhara de protestantes
ingleses, ele enfureceu o monsenhor Joaquim Pinto de Campos, um
sertanejo bravo e extremamente reacionário, que passou a atacá-lo
violentamente no Diário de Pernambuco ao longo de 1868. E o velho
artilheiro disparava seus obuses de volta pelo Jornal do Recife.
sexta-feira, 28 de outubro de 2016
indicações de livros
Livro: A História do Catolicismo
O Livro: A História do Catolicismo, de Michael Kerrigan e Mary Frances Bukzik, traça a História da Igreja Católica a partir das primeiras comunidades cristãs do século I, passando pela consolidação dos dogmas da Igreja, até sua ação no século XXI.
O livro foi lançado em 2016 e contém 232 páginas. Ao ler, você vai conferir
- A história dos padres que fundaram a Igreja Católica, as heresias medievais que foram duramente combatidas e os Papas que contribuíram para exaltar ou denegrir a imagem da igreja.
- Uma linha do tempo completa com os principais fatos relacionados à História do Cristianismo e a História da Igreja Católica, do século I ao século XXI.
- O livro está dividido em duas partes: a primeira parte trata da cronologia da História da Igreja Católica; a segunda parte trata dos dogmas, rituais e a influência da Igreja no mundo.
30 papas que envergonharam a Humanidade
Sinopse
Esta é uma obra polêmica e reveladora, fruto de anos de pesquisas junto a fontes de mais alta competência, um primoroso livro de cabeceira para o verdadeiro cristão, aquele que almeja ingressar no anúncio do Novo Milênio seguramente liberto do pesado fardo de mentiras e hipocrisias seculares.
Muito bom livro,conta muito bem a história suja dos 30 piores papas que
guiaram os destinos da Igeja Católica da fora mais ridicula
possível,sempre com prostituição,dinheiro sujo e mentiras seculares!!!
Jeovah Mendes aborda muito bem a tematica historica desses 30 Papas!
Jeovah Mendes aborda muito bem a tematica historica desses 30 Papas!
O Histórico Papal (Dos Porões Sombrios do Vaticano... 30 Papas que Envergonharam a Humanidade)
Uma leitura agradável e um tanto tendenciosa, tendo em vista que o autor é pastor evangélico e formado em Teologia e Filosofia. Mesmo sendo produzido em função de uma rivalidade ideológica, o livro deixa claro muitos aspectos comportamentais presentes nos primeiros tempos da Igreja e outras atividades mais recentes, como, por exemplo, no período da Segunda Grande Guerra Mundial.
O primeiro capítulo inicia com o caso da papisa Juana, que foi morta depois de descoberta. Do segundo capítulo em diante, o comportamento dos papas é de completa hipocrisia em relação as normas comportamentais estabelecidas pela Igreja.
Acredito que uma boa sugestão para quem deseja ler o livro, seria se colocar como um indivíduo do período medieval, desprovido dos códigos comportamentais do século XXI. Refiro-me a isso, pois do período medieval ao século XXI, houve profundas mudanças estruturais da nossa sociedade. Se o leitor não possuir uma profunda maturidade histórica, poderá ficar perplexo com os casos de estupros e outras "atividades
papais".
É uma boa leitura. Entretanto, que fique claro que o livro "Dos Porões Sombrios do Vaticano... 30 Papas que Envergonharam a Humanidade", foi motivado por rivalidade entre igrejas cristãs, com o objetivo de se obter maior número de fiéis.
Boa Leitura! ;)
OBS: Destaquei o estupro, no final do penúltimo parágrafo, devido ao fato de o que nós entendemos como luxúria e atividades ilegais relacionados a sexualidade (coisas repulsivas, segundo os códigos comportamentais do século XXI), na Idade Média era um pecado ou atividade de menor importância moral. Um exemplo do que estou falando está na obra: A Divina Comédia, Quando Dante estabelece a Luxúria no Segundo Círculo do Inferno junto com outros pecados menores e leves, no livro Inferno.
A História Reveladas dos Papas
Por que a Igreja Católica é detentora de um Estado independente,
equiparando-se mais a um reino que a uma república? Essa história
milenar do poder temporal do papado, com todas as vicissitudes e
desdobramentos, é analisada por este livro que, além de descrever a
formação e o desenvolvimento do Estado do Vaticano através dos séculos,
ressalta a atuação de muitos papas, (desde Pedro até Bento XVI) que, de
uma forma ou de outra, constribuíram para a implantação e a manutenção
desse Estado Teocrático.
Livro Mitos Papais
MITOS PAPAIS - POLITICA E IMAGINAÇAO NA HISTORIA
- Autor: RUST, LEANDRO DUARTE
Sinopse
'Mitos papais - Política e imaginação na história' é um livro sobre a força dos mitos na busca contemporânea pela verdade. As relações entre poder e religião protagonizadas pelo Vaticano ainda hoje são analisadas através de cinco histórias fabulosas - o reencontro arqueológico com o Apóstolo Pedro, a pureza e a corrupção do Cristianismo Primitivo, a salvação pública pela Reforma Gregoriana, a tirania familiar do Papa Bórgia e a suspeita da cumplicidade entre a Santa Sé e Hitler. A mitologia guarda alguns dos nossos dilemas mais reais.
Joana nasceu em 814, na aldeia de Ingelheim, no mesmo dia da morte do lendário Carlos Magno. O período era conhecido como Idade das Trevas, uma época brutal, de ignorância, miséria e superstição sem precedentes. Não existiam ainda os países europeus modernos, nem seus idiomas, apenas dialetos locais, sendo a língua culta o latim.
Com a morte do imperador Carlos, o Sacro Império Romano degenerou num caos de economia falida, pestes, guerras civis e invasões por parte de viquingues e sarracenos. A vida nesses tempos conturbados era particularmente difícil para as mulheres, que não tinham quaisquer direitos legais ou de propriedade.
A lei permitia que seus maridos batessem nelas, o estupro era encarado como uma forma menor de roubo. A educação das mulheres era desencorajada, pois uma mulher letrada era considerada não apenas uma aberração, mas também um perigo. Não havia para as mulheres outra alternativa a não ser se conformar com as limitações impostas ao seu sexo.
Foi nesse “meio” que Joana cresceu, aprendendo que apenas os homens poderiam conquistar um espaço na sociedade. Decidida, ela corajosamente se disfarça de rapaz quando adolescente, e ingressa num mosteiro beneditino, sob o nome de “irmão” João Ânglico. Graças à sua inteligência e determinação, ela rapidamente se destaca como erudita e médica, até que, sob a ameaça de ter seu disfarce revelado, parte para Roma, onde se torna médico do próprio papa.
Antes, porém, de cumprir seu destino e ocupar ela mesma o mais glorioso trono do Ocidente, Joana precisa superar obstáculos tremendos, como o seu amor pelo conde franco Gerold e as armadilhas do maquiavélico cardeal Anastácio, seu arquirrival.
A papisa Joana é um dos personagens mais formidáveis de todos os tempos, e um dos menos conhecidos. Embora hoje negue a existência dela e de seu papado, a Igreja Católica reconheceu ambos como verdadeiros durante a Idade Média e a Renascença. Foi apenas a partir do século XVII, sob crescente ataque do protestantismo incipiente, que o Vaticano deu início a um esforço orquestrado para destruir os embaraçosos registros históricos sobre a mulher papa. O desaparecimento quase absoluto de Joana na consciência moderna atesta a eficácia de tais medidas.
“O primeiro romance de Cross, baseado na vida da
controversa figura histórica da papisa Joana, é um relato fascinante e
comovente sobre uma mulher determinada a aprender, apesar da oposição da
família e da sociedade. A autora recria vividamente o mundo do século
IX; acima de tudo, ela dá vida a uma mulher brilhante e cheia de
compaixão, que precisa renegar o seu sexo para satisfazer o seu desejo
de aprendizado. Altamente recomendado”. – Library Journal
O Martelo das Feiticeiras
Descrição
'O Martelo das Feiticeiras' (Malleus
Maleficarum) é um dos livros mais importantes da cultura ocidental,
tanto para os leitores que se interessam pela história quanto para
aqueles que estudam a história do pensamento e das leis. Documento
fundamental do pensamento pré-cartesiano, bem como um dos mais
importantes depositórios das leis que vigoravam no Estado teocrático,
revela as articulações concretas entre sexualidade e poder, e por isso é
uma peça única para todos aqueles que estudam a profundidade da psique
humana e o funcionamento das sociedades. Durante quatro séculos este
livro foi o manual oficial da Inquisição para caça às bruxas. Levou à
tortura e à morte mais de 100 mil mulheres sob o pretexto, entre outros,
de 'copularem com o demônio'. Esse genocídio foi perpetrado na época em
que formavam as sociedades modernas européias. Uma das conseqüências,
apontadas pelos especialistas, foi tornar dóceis e submissos os corpos
das mulheres posteriormente.
A verdadeira bíblia da misoginia, um livro
que potencializou ódio contras as mulheres que entre 1600 a 1800 mais da
40.000 mulheres foram levadas a morte na fogueira...a inquisição
católica já assassinava milhares de mulheres antes deste livro...porém
esse livro incendiou ainda mais esse genocídio jogando milhares de
litros de gasolina na fogueira.
Livro A Papisa Joana
Papisa Joana
Autora: Donna Woolfolk Cross
Tradutor: Paulo Schmidt
Gênero: Romance Histórico
Autora: Donna Woolfolk Cross
Tradutor: Paulo Schmidt
Gênero: Romance Histórico
Sinopse:
No ano de 814, Idade Média, que ficou conhecida como a Idade das
Trevas, as mulheres eram impedidas de estudar, podiam ser estupradas e
até mortas pelos maridos. O conhecimento estava sufocado, os países hoje
conhecidos na Europa não existiam, nem os idiomas modernos. Cada região
tinha o seu dialeto e a lingua culta era o latim, herdada do Império
Romano, que já havia sido derrubado pelas invasões bárbaras. Foi neste
período sombrio que uma mulher passou a maior parte de sua vida vestida
de homem, estudou medicina, foi médica do papa e tornou-se ela mesma
papisa – durante dois anos. A história da Papisa Joana foi conhecida até
o século XVII, quando o Vaticano resolveu apagá-la da história da
Igreja. Não adiantou. Dona Woolfolk Cross pesquisou, descobriu os
arquivos e achou a história tão fascinante que a transformou num
romance, em que aventura, sexo e poder cruzam-se com maldições, guerras e
heresias. O livro foi transformado num grande filme que estréia até o
final do ano no Brasil.
A mulher Papa: um segredo que o Vaticano esconde há séculos!
Geração Editorial lança no Brasil
“Papisa Joana”, o romance da escritora Donna Woolfolk Cross que conta a
história da mulher que se disfarçou de homem e chegou a governar a
Cristandade por dois anos
Há muitos anos a Igreja
Católica tenta negar sua existência, mas as evidências não deixam
dúvidas: existiu uma mulher que ocupou o trono papal. Esse mistério do
passado e a veracidade sobre a Papisa Joana foram desenterrados pela
escritora Donna Woolfolk Cross e transformados num grande romance
histórico, que põe por terra a argumentação da Igreja de que essa mulher
enigmática seria apenas uma lenda. A pesquisa, que durou mais de sete
anos, reuniu todos os fatos conhecidos da vida de Joana, extraídos de
documentos raros em inglês, espanhol, francês, italiano e latim. Além
disso, num brilhante esforço de reconstituição de época, a autora
retrata em “Papisa Joana” como era o século IX, o estilo de vida das
pessoas, o preconceito contra as mulheres e a forma de funcionamento do
clero.
Joana nasceu em 814, na aldeia de Ingelheim, no mesmo dia da morte do lendário Carlos Magno. O período era conhecido como Idade das Trevas, uma época brutal, de ignorância, miséria e superstição sem precedentes. Não existiam ainda os países europeus modernos, nem seus idiomas, apenas dialetos locais, sendo a língua culta o latim.
Com a morte do imperador Carlos, o Sacro Império Romano degenerou num caos de economia falida, pestes, guerras civis e invasões por parte de viquingues e sarracenos. A vida nesses tempos conturbados era particularmente difícil para as mulheres, que não tinham quaisquer direitos legais ou de propriedade.
A lei permitia que seus maridos batessem nelas, o estupro era encarado como uma forma menor de roubo. A educação das mulheres era desencorajada, pois uma mulher letrada era considerada não apenas uma aberração, mas também um perigo. Não havia para as mulheres outra alternativa a não ser se conformar com as limitações impostas ao seu sexo.
Foi nesse “meio” que Joana cresceu, aprendendo que apenas os homens poderiam conquistar um espaço na sociedade. Decidida, ela corajosamente se disfarça de rapaz quando adolescente, e ingressa num mosteiro beneditino, sob o nome de “irmão” João Ânglico. Graças à sua inteligência e determinação, ela rapidamente se destaca como erudita e médica, até que, sob a ameaça de ter seu disfarce revelado, parte para Roma, onde se torna médico do próprio papa.
Antes, porém, de cumprir seu destino e ocupar ela mesma o mais glorioso trono do Ocidente, Joana precisa superar obstáculos tremendos, como o seu amor pelo conde franco Gerold e as armadilhas do maquiavélico cardeal Anastácio, seu arquirrival.
O livro “Papisa Joana” foi transformado em filme
pelo cineasta alemão Sönke Wortmann
pelo cineasta alemão Sönke Wortmann
Constantin Film, a mesma
produtora que fez “O Nome da Rosa”, terminou de filmar “Papisa Joana”
em janeiro. O roteiro é baseado no livro “Papisa Joana” da escritora
Donna Woolfolk Cross, que vai figurar nos créditos do filme como
“consultora criativa”. Donna também assistiu às gravações, que ocorreram
na Alemanha e no Marrocos. “Eles precisavam me tirar à força do set
no final de cada dia de filmagem. Foi extraordinário observar tanta
gente — atores, operadores de câmera, maquiadores, extras, até animais —
reconstituindo cenas e diálogos que eu havia escrito na solidão do meu
pequeno escritório”, declara a escritora.
Personagem fascinante
A papisa Joana é um dos personagens mais formidáveis de todos os tempos, e um dos menos conhecidos. Embora hoje negue a existência dela e de seu papado, a Igreja Católica reconheceu ambos como verdadeiros durante a Idade Média e a Renascença. Foi apenas a partir do século XVII, sob crescente ataque do protestantismo incipiente, que o Vaticano deu início a um esforço orquestrado para destruir os embaraçosos registros históricos sobre a mulher papa. O desaparecimento quase absoluto de Joana na consciência moderna atesta a eficácia de tais medidas.
Mídia internacional
“Cativante…
‘Papisa Joana’ tem todos os elementos: amor, sexo, violência,
duplicidade, e segredos enterrados de um passado imemorial.” – Los Angeles Times
quinta-feira, 27 de outubro de 2016
JUDEUS
Um judeu (em hebraico: יְהוּדִי, transl. Yehudi, no singular; יְהוּדִים, Yehudim, no plural; ladino: ג׳ודיו, Djudio, sing.; ג׳ודיוס, Djudios, pl.; iídiche: ייִד, Yid, sing.; ייִדן, Yidn, pl.) é um membro do grupo étnico e religioso originado nas Tribos de Israel ou hebreus do Antigo Oriente. O grupo étnico e a religião judaica, a fé tradicional da nação judia, são fortemente inter-relacionados, e pessoas convertidas para o judaísmo foram incluídas no povo judeu e judeus convertidos para outras religiões foram excluídos do povo judeu durante milênios.
Os judeus foram palco de uma longa história de perseguições em várias terras, resultando numa população que teve frequentemente seus números e suas distribuições alteradas ao longo dos séculos. A maioria das autoridades coloca o número de judeus entre 12 e 14 milhões, representando 0,2% da atual estimada população mundial. De acordo com a Agência Judia para Israel, no ano de 2007 havia 13,2 milhões de judeus mundialmente; 5,4 milhões (40,9%) em Israel, 5,3 milhões (40,2%) nos EUA, e o resto distribuído em comunidades de vários tamanhos no mundo inteiro. Esses números incluem todos aqueles que se consideram judeus se ou não se afiliaram, e, com a exceção da população judia de Israel, não inclui aqueles que não se consideram judeus ou que não são judeus por halachá. A população total mundial judia, entretanto, é difícil para medir. Além das considerações haláhicas, há fatores seculares, políticos e identificações ancestrais em definindo quem é judeu que aumentam o quadro consideravelmente.
História
Os hebreus eram um povo de origem semita (os semitas compreendem dois importantes povos: os hebreus e os árabes), que se distinguiram de outros povos da antigüidade por sua crença religiosa. O termo hebreu significa "gente do outro lado do rio”, isto é, do rio Eufrates.
Os patriarcas
Os hebreus eram inicialmente, um pequeno grupo de pastores nômades,
organizados em clãs ou tribos, chefiadas por um patriarca. Conduzidos
por Abraão, deixaram a cidade de Ur, na Mesopotâmia, e se fixaram na
Palestina (Canaã a Terra Prometida), por volta de 2000 a.C.
A
Palestina era uma pequena faixa de terra, que se estendia pelo vale do
rio Jordão. Limitava-se ao norte, com a Fenícia, ao sul com as terras de
Judá, a leste com o deserto da Arábia e, a oeste com o mar
Mediterrâneo.
Governados por patriarcas, os hebreus viveram na
palestina durante três séculos. Os principais patriarcas hebreus, foram
Abraão (o primeiro patriarca), Isaac, Jacó (também chamado Israel, daí o
nome israelita), Moisés e Josué.
Por volta de 1750 a.C. uma terrível
seca atingiu a Palestina. Os hebreus foram obrigados a deixar a região e
buscar melhores condições de sobrevivência no Egito. Permaneceram no
Egito, cerca de 400 anos, até serem perseguidos e escravizados pelos
faraós. Liderados então, pelo patriarca Moisés, os hebreus abandonaram o
Egito em 1250 a.C., retornando à Palestina. Essa saída em massa dos
hebreus do Egito é conhecida como Êxodo.
Os juízes
De volta à Palestina, sob a liderança
de Josué, os hebreus tiveram de lutar contra o povo cananeu e ,
posteriormente, contra os filisteus. Josué (sucessor de Moisés),
distribuiu as terras conquistadas entre as doze tribos de Israel. Nesse
período os hebreus, passaram a se dedicar à agricultura, a criação de
animais e ao comércio, tornavam-se portanto sedentários.
No período
de lutas pela conquista da Palestina, que durou quase dois séculos, os
hebreus foram governados pelos juízes. Os juízes eram chefes políticos,
militares e religiosos. Embora comandassem os hebreus de forma enérgica,
não tinham uma estrutura administrativa permanente. Entre os mais
famosos juízes destaca-se Sansão, que ficou conhecido por sua grande
força, conforme relata a Bíblia. Outros juízes importantes foram Gedeão e
Samuel.
Os reis
A seqüência de lutas e problemas
sociais criou a necessidade de um comando militar único. Os hebreus
adotaram então, a monarquia. O objetivo era centralizar o poder nas mãos
de um rei e, assim, ter mais força para enfrentar os povos inimigos,
como os filisteus.
O primeiro rei dos hebreus foi Saul (1010 a.C.).
Depois veio o rei Davi (1006-966 a.C.), conhecido por ter vencido os
filisteus (segundo a Bíblia, ele derrotou o gigante filisteu Golias).
Com a conquista de toda a Palestina, a cidade de Jerusalém tornou-se a
capital política e religiosa dos hebreus.
O sucessor de Davi foi seu
filho Salomão, que terminou a organização da monarquia hebraica e seu
reinado marcou o apogeu do reino hebraico. Durante o reinado de Salomão
(966-926 a.C.), houve um grande desenvolvimento comercial, foram
construídos palácios, fortificações, a construção do Templo de
Jerusalém, criou um poderoso exército, organizou a administração e o
sistema de impostos. Montou uma luxuosa corte, com muitos funcionários e
grandes despesas.
Para poder sustentar uma corte tão luxuosa,
Salomão obrigava o povo hebreu a pagar pesados impostos. O preço dessa
exploração foi o surgimento de revoltas sociais.
Com a morte de Salomão, essas revoltas provocaram a divisão religiosa e política das tribos e o fim da monarquia unificada.
Formaram-se
dois reinos: ao norte, dez tribos formaram o reino de Israel, com
capital em Samaria e, ao sul, as duas tribos restantes formaram o reino
de Judá, com capital em Jerusalém.
Em 722 a.C., os reinos de Israel
foram conquistados pelos assírios, comandados por Sargão II. Grande
parte dos hebreus foi escravizada e espalhada pelo Império Assírio.
Em
587 a.C., o reino de Judá foi conquistado pelos babilônios, comandados
por Nabucodonosor. Os babilônios destruíram Jerusalém e aprisionaram os
hebreus, levando-os para a Babilônia. Esse episódio ficou conhecido como
o Cativeiro da Babilônia.
Os hebreus permaneceram presos até 538
a.C., quando o rei persa Ciro II conquistou a Babilônia, e puderam então
à Palestina, que se tornara província do Império Persa e reconstruíram
então o templo de Jerusalém.
A partir dessa época, os hebreus não
mais conseguiram conquistar a autonomia política da Palestina, que se
tornou sucessivamente província dos impérios persa, macedônio e romano.
Em 332 a.C. os persas foram derrotados por Alexandre, o Grande, e os macedônios e gregos passaram a dominar a Palestina.
Em
323 a c Alexandre morre deixando um grande legado helenístico. Enquanto
isso, uma contenda pelo poder deixado por Alexandre irrompeu entre seus
generais, resultando no desmembramento de seu império e no
estabelecimento dum número de novos reinos.
Os Reinos Helenísticos foram: Reino Selêucida, Reino Ptolomeu, Reino de Pérgamo e o Reino Antigônido.
A
Palestina ficou sob o domínio dos ptolomeus de 321 a C a 198 a C sendo
anexado ao domínio Selêucida em 198 a C até 167 a C quando se inicia a
revolta dos Macabeus.
DINÁSTIA HASMONEANA
Os Macabeus eram uma família judaica que encabeçou a revolta contra as
forças Sírias de AntiocoIV e rededicou o Templo a Jeová, pois este havia
sido violado e dedicado a Zeus. Um dos líderes foi Judas, que recebeu a
alcunha de Macabeu (martelo) por sua força e determinação. Mais tarde
toda a família ficou conhecida por Macabeus.Deu-se em 135 a.C. e foi a
chamada revolta Hasmoniana (Hasmonean). Acabaria por ser vitoriosa,
terminando na separação dos judeus do reino Selêucida (a potência
anterior) e assegurando a independência até 63 a.C., ano da invasão
Romana sob o comando do general Pompeu em nome da República Romana.
Por
fim Roma por meio de seu general Cneu Pompeu tomou Jerusalém em 63 A.C,
após um sítio de três meses.E em 39 A.C, o senado romano nomeou Herodes
para ser rei da Judéia, acabando com o domínio macabeu.
Durante o
domínio romano na Palestina a partir de 63 a.C.., o nacionalismo dos
hebreus fortaleceu-se, levando-os a se revoltar contra Roma.
No ano 70 da nossa era, o imperador romano Tito, sufocou uma rebelião hebraica e destruiu o segundo templo de Jerusalém. Os hebreus, então, dispersaram-se por várias regiões do mundo. Esse episódio ficou conhecido como Diáspora (Dispersão).
No ano de 136, sofreram a
Segunda Diáspora, no reinado de Adriano (imperador romano), os judeus
foram definitivamente expulsos da Palestina.
Dispersos pelo mundo, o
povo israelita, organizou-se em pequenas comunidades. Unidos,
preservaram os elementos básicos de sua cultura, como a linguagem, a
religião e alguns objetivos comuns, entre eles voltar um dia à
Palestina. Assim, os hebreus se mantiveram como nação, embora não
constituíssem um Estado.
Somente em 1948, os judeus puderam se reunir
num Estado independente, com a determinação da ONU (Organização das
Nações Unidas), que criou o Estado de Israel. Decisão que criou sérios
problemas na região do Oriente Médio, pois com a saída dos judeus da
Palestina, no século I, outros povos, principalmente de origem árabe
ocuparam e fixaram-se na região. A oposição dos árabes à existência do
Estado de Israel, tem resultado em continuados conflitos na região.
Economia e Sociedade
A vida socioeconômica dos hebreus pode ser dividida em duas fases: a nômade e a sedentária.
A
princípio, os hebreus eram pastores nômades (não tinham habitação
fixa), que se dedicavam à criação de ovelhas e cabras. Os bens
pertenciam a todos do clã.
Mais tarde, já fixados na Palestina, foram
deixando os antigos costumes das comunidades nômades. Desenvolveram a
agricultura e o comércio, tornaram-se sedentários.
Nos primeiros
tempos a propriedade da terra era coletiva, depois foi surgindo a
propriedade privada da terra e dos demais bens. Surgiram as diferentes
classes sociais e a exploração de uma classe pela outra. A conseqüência
dessas mudanças foi que grandes proprietários e comerciantes exibiam
luxo e riqueza, enquanto os camponeses pobres e os escravos viviam na
miséria.
Cultura
A religião é uma das
principais bases da cultura hebraica e representa a principal
contribuição cultural dos hebreus ao mundo ocidental.
A religião
hebraica possui dois traços característicos: o monoteísmo e a idéia
messiânica. A maioria dos povos da antigüidade era politeísta
(acreditavam na existência de vários deuses), enquanto os hebreus
adotaram o monoteísmo, acreditavam em um único Deus, criador do
universo.
A idéia messiânica foi divulgada pelos profetas.
Acreditavam na vinda de um messias, um enviado de Deus para conduzir os
homens à salvação eterna. Para os cristãos esse messias é Jesus Cristo, o
que os judeus não aceitam. Assim, continuam aguardando a vinda do
messias.
A doutrina fundamental da religião hebraica (o Judaísmo)
encontra-se no Pentateuco, contido no Velho Testamento da Bíblia. O
Pentateuco é composto pelo: Gênesis, Êxodo, Deuteronômio, Números e
Levítico. Os hebreus chamam esse livro de Torá.
A religião hebraica
prescreve uma conduta moral orientada pela justiça, a caridade e o amor
ao próximo. Entre as principais festas judaicas, destacam-se: a Páscoa,
que comemora a saída dos hebreus do Egito em busca da Terra Prometida; o
Pentecostes, que recorda a entrega dos Dez Mandamentos a Moisés; o
Tabernáculo, que relembra a longa permanência dos hebreus no deserto,
durante o Êxodo.
Na literatura, o melhor exemplo são os livros
bíblicos do Velho Testamento, dentre os quais destacam-se os Salmos, o
Cântico dos Cânticos, o Livro de Jó e os Provérbios.
A Bíblia é um conjunto de livros escritos por vários autores ao longo de vários séculos.
Etimologia
A
palavra "judeu" originalmente era usada para designar aos filhos de
Judá, filho de Jacó, posteriormente foi designado aos nascidos na
Judéia. Depois da libertação do cativeiro da Babilônia, os hebreus
começaram a ser chamados de judeus. A palavra portuguesa "judeu" se
origina do latim judaeu e do grego ioudaîos. Ambas palavras vêm do
hebraico, יהודי, pronuncia-se "iehudí". O primeiro registro do vocábulo
em português foi no ano de 1018.
Palavras etimologicamente
semelhantes são usadas em outras línguas, tais como jew (inglês), jude
(alemão), jøde (dinamarquês), يهودي ou yahudi (árabe). No entanto,
variações da palavra "hebreu" também são usadas para designar um judeu,
como acontece em ebreo (italiano), еврей ou yevrey (russo), εβραίος ou
εvraios (grego moderno) e evreu (romeno). Em turco, a palavra usada é
musevi, derivada de Moisés.
Judeus e judaísmo
A
tradição judaica defende que a origem deles dá-se com a libertação dos
filhos de Israel da terra do Egito pelas mãos de Moisés. Com a
fundamentação e solidificação da doutrina mosaica, um grupo de hebreus
passou a ser conhecida como "Filhos de Israel" (Bnei Israel). É deste
evento que surge a noção de nação, fundamentada nos preceitos tribais e
na crença monoteísta.
No entanto, a história demonstra que os
antigos israelitas valorizavam a sua linhagem tribal e a nação, que só
viria a ser construída com o início das monarquias de Saul e Davi, que,
todavia, oculta mesmo assim um choque entre as tribos que compunham o
antigo reino de Israel. Com a morte do filho de Davi, Salomão, ocorre a
crise que leva à separação das tribos de Israel em dois reinos
distintos: dez tribos formam o reino de Israel, enquanto a tribo de
Judá, Benjamim e Levi constituem o reino de Judá que continua a ser
governada pelos descendentes de Davi. Aqui, pela primeira vez, os
israelitas do sul são chamados de judeus devido à sua conexão com o
reino de Judá e posteriormente por todos aqueles que aderissem à
doutrina religiosa deste reino, que passou a ser conhecida como
judaísmo.
Com a extinção do reino de Israel, o reino de Judá
permanece, e mesmo com a sua destruição, o termo "judeu" passa a
designar todos aqueles que descendessem dos antigos israelitas, não
importando a sua tribo. A ênfase do judaísmo da separação entre judeus e
não judeus, deu à comunidade judaica um sentido de povo separado e
religioso, embora, segundo pesquisadores judeus anti-sionistas, este
sentido de separação tenha sido impulsionado e exarcebado pelo movimento
sionista, com objetivos políticos, durante o século XX.
Quem são os judeus?
A
pergunta "quem são os judeus?" gera um debate político, social e
religioso entre os diversos grupos judaicos sobre quem pode ser
considerado como tal.
O Muro Ocidental em Jerusalém é o que
resta do Segundo Templo de Salomão.
O povo judeu não pode atualmente ser reduzido a sendo somente religião,
raça ou cultura, porque ultrapassa seus limites conceituais aceites.
Reduzi-lo a qualquer um desses pontos seria mero reducionismo, pois ele é
na verdade uma miscelânea das três, dando espaço a várias
interpretações do que é ser judeu e, especialmente, quem é judeu.
Interpretações essas que dependem muitíssimo de qual a sua tradição
religiosa (ortodoxa, conservadora, reformista, caraíta) e do espaço
geográfico onde se encontram (sefaraditas, asquenazitas, persas,
norte-africanos, indianos etc. (ver etnias judaicas).
Na história
recente ocidental, e consequentemente na história judaica, uma
revolução conceitual levou o judaísmo e o povo judeu a um tempo de
grandes mudanças estruturais. A essa revolução, a história deu o nome de
iluminismo (Hebraico: השכלה; Haskalá). Nesse período histórico, os
antigos grupos religiosos detentores de tradições milenares observaram o
nascimento de uma geração que via na criação de grupos com novas formas
de pensar a possibilidade de saída de seus guetos milenares, não
somente no plano físico, mas também mental e filosófico. Por vezes esses
novos grupos distanciaram-se da velha ligação do judeu com a religião
judaica-mãe, porém sem nunca perder a sua chama interna de identidade,
sentimento esse que é o ponto de aproximação de todos os judeus e a mais
importante linha para complexa continuação da nação que é, hoje, esse
povo.
Assim, com a inserção de novas filosofias no seio do
judaísmo, dispares concepções surgiram sobre as questões básicas da
tradição judaica. E obviamente cada grupo desenvolveu suas discussões de
como pode-se definir uma resposta sensata à pergunta constante: "Quem é
judeu?". Essa definição de resposta se deu, em sua maioria, sob duas
linhas gerais: Pessoa que tenha passado por um processo de conversão ao
judaísmo ou pessoa que seja descendente de um membro da comunidade
judaica.
Contudo, esses dois assuntos são repletos de
divergências. Quanto às conversões, existe divergências principalmente
sobre a formação dos tribunais judaicos responsáveis pelos atos. Isso
faz com que pessoas conversas através de um tribunal judaico reformista
ou conservador não sejam aceitas nos círculos ortodoxos e seus rabinos
que exigem um tribunal formado somente por rabinos ortodoxos, pois
entendem serem outros rabinos incapazes de fazer o converso entender a
grandeza da lei que está tomando sobre si. Por outro lado, o judaísmo
reformista e conservador, acusa os ortodoxos de fazerem exigências
absurdas, não mais se preocupando com a essência do ser judeu e sim, com
regras e rigidez desnecessária.
Já quanto a descendência
judaica, a divergência aparece na definição de quem viria a linha
judaica, se matrilinearmente, patrilinearmente ou ambas as hipóteses. A
primeira é a majoritária, sendo apoiada pelo judaísmo rabínico ortodoxo e
conservador. Essa tese têm força e raio de ação maiores por ser adotada
pelo Estado de Israel, além de grande parte das comunidades ao redor do
mundo. Porém, a patrilinealidade é defendida pelo judaísmo caraíta e os
judeus Kaifeng da China, grupos separados dos grandes centros judaicos e
que desenvolveram sob tradições diferentes com base em costumes que
remontam a vários séculos passados. Por último, existe a tese que ambos
os pais podem dar ao filho a condição de judeu que é defendida pelo
judeus reformistas que em março de 1983 por três votos a um reconheceu a
validade da descendência paterna mesmo que a mãe não seja judia desde
que a criança seja criada como judeu e se identifique com a fé judaica.
Questões,
como se os atos podem abalar a identidade judaica, também entram na
discussão, como por exemplo um judeu que faz tatuagens ou até mesmo nega
seu próprio judaísmo, pode continuar sendo considerado como tal? Apesar
de um judeu necessariamente não ter que seguir o judaísmo, as
autoridades religiosas geralmente enfatizam o risco da assimilação do
povo judeu ao se abandonar os mandamentos e tradições do judaísmo. Porém
defende-se que não importa a geração ou ações futuras de pai ou mãe, o
judaísmo e o consequente "ser judeu" é um direito natural da criança.
Atualmente,
estima-se que exista, ao redor do mundo, uma população judaica de
aproximadamente 13 milhões de pessoas, concentradas principalmente nos
Estados Unidos e em Israel.
Fonte: Wikipédia / Historia Mais
OBS: Antes da tomada da terra por parte dos Hebreus o nome da região era
Canaã. Depois disso se tornou o reino de Israel, depois se dividiu e
também apareceu o reino de Judá.
O local só pode ser chamado de
"Palestina" depois de 135 d.e.c, quando os romanos, sob o comando de
Adriano, mudaram o nome do local para punir os hebreus/judeus pela
revolta de Bar Kokhbá, renomeando seu país usando o nome de seus
inimigos (filisteus). Daí o nome Palestina, que não deve ser usado antes
desta data.
Leia também!
✖ Judéia
✖ Ritos fúnebres, na Judéia
✖ Primeira Rebelião Judaica
✖ As Rebeliões na Diáspora(Segunda Rebelião Judaica)
✖ Terceira Rebelião Judaica
✖ O Mistério dos Khazares(a 13ª Tribo)
A Arte Trácia
A Bulgária está situada na parte mais oriental da Península Balcânica.
Desde as épocas mais remotas aí se estabeleceram povos de origem e
cultura muito diversas. Nestas terras passavam as ondas de grandes
tribos que migravam de um continente para o outro. Até que, por volta do
segundo milênio a.C. surgiu um povo que se fixou na parte oriental do
país – os trácios, uma gente estranha que acreditava na imortalidade da
alma e numa vida que se prolongava além da morte. Seus reis e os mais
notáveis das tribos eram, por isso, enterrados em túmulos nos quais se
colocavam todas as riquezas que haviam acumulado. E assim os trácios
puderam deixar uma lembrança – a de sua arte, em muitos momentos
inigualável, por sua originalidade e pelo fim que almejava: a
eternidade.
Inúmeros historiadores do mundo antigo escreveram sobre os costumes, os
hábitos e a agressividade das tribos que povoaram as partes central e
norte da Península Balcânica já nos fins da Idade do Bronze. Segundo os
seus vizinhos, os gregos, elas deram origem ao deus do vento, Bóreas, e
ao deus da guerra, Ares. No entanto, estas criaturas divinas revelam
somente uma parte do espírito trácio, livre e indomável, pois nas suas
terras tiveram berço também as Musas e nas suas montanhas cantava o doce
Orfeu. Mas deve-se considerar que esses dados sobre a cultura trácia
poderiam ter chegado até nós apenas como belas lendas se não tivessem o
apoio dos ricos achados que revelaram ao mundo uma arte estranha,
excepcional, primitiva, porém de força inigualável.
Apesar dessa profusão de ouro, o material mais utilizado na Trácia – como no restante do mundo antigo – era o bronze. Com ele se elaboravam os enfeites, as armas, os utensílios em geral. As formas desses objetos eram simplificadas, e a maioria dos ornamentos composta de figuras geométricas. Encontram-se também com muita freqüência, principalmente nos machados de culto, figuras de animais domésticos: bois, carneiros, galos, etc.
Apesar dessa profusão de ouro, o material mais utilizado na Trácia – como no restante do mundo antigo – era o bronze. Com ele se elaboravam os enfeites, as armas, os utensílios em geral. As formas desses objetos eram simplificadas, e a maioria dos ornamentos composta de figuras geométricas. Encontram-se também com muita freqüência, principalmente nos machados de culto, figuras de animais domésticos: bois, carneiros, galos, etc.
Ainda não foram escavadas todas as sepulturas trácias. Pode-se imaginar o
que esconde o restante das colinas espalhadas por toda aquela região.
Mesmo assim, é possível afirmar que apenas dois países rivalizavam em
riqueza com a Trácia: a Pérsia ocidental e a Cítia. E isto não é uma
casualidade. Os povos desses países encontravam-se em níveis de
desenvolvimento social, político e econômico bastante semelhantes, assim
como também eram semelhantes sua religião e sua ideologia. Além disso,
mantinham relações diretas, pois os persas passavam constantemente pelo
território dos trácios em suas viagens para a Cítia e para a Grécia, e
acabaram mais tarde por estabelecer-se definitivamente no país.
Os soberanos trácios e citas estabeleciam entre si casamentos dinásticos, o que, aliás, não os impedia de freqüentemente se combaterem. Estes laços, que se aprofundaram com o passar do tempo, acabaram por influir positivamente na arte dos três povos. Foi a Trácia o primeiro país europeu a adotar os estilos artísticos orientais, para mais tarde difundi-los pelos mestres dos outros países bárbaros. E desde tempos imemoriais que as terras búlgaras representavam uma ponte entre o Oriente e o Ocidente, pelo qual passavam inúmeros povos e culturas. Em razão disso, a arte trácia adotou muitos elementos estrangeiros, fixou-os e acabou por torná-los parte de sua tradição. Um exemplo desse fenômeno é o denominado estilo animalesco, tão difundido na arte torêutica (arte de cinzelar, de esculpir em metal, madeira ou marfim) da Trácia. O leão, o grifo, o touro foram aí introduzidos graças aos contatos com a arte persa. E os paralelos entre a torêutica trácia e a cita são ainda mais evidentes, levando alguns pesquisadores a considerarem a arte trácia como uma variante local da arte dos citas.
Os soberanos trácios e citas estabeleciam entre si casamentos dinásticos, o que, aliás, não os impedia de freqüentemente se combaterem. Estes laços, que se aprofundaram com o passar do tempo, acabaram por influir positivamente na arte dos três povos. Foi a Trácia o primeiro país europeu a adotar os estilos artísticos orientais, para mais tarde difundi-los pelos mestres dos outros países bárbaros. E desde tempos imemoriais que as terras búlgaras representavam uma ponte entre o Oriente e o Ocidente, pelo qual passavam inúmeros povos e culturas. Em razão disso, a arte trácia adotou muitos elementos estrangeiros, fixou-os e acabou por torná-los parte de sua tradição. Um exemplo desse fenômeno é o denominado estilo animalesco, tão difundido na arte torêutica (arte de cinzelar, de esculpir em metal, madeira ou marfim) da Trácia. O leão, o grifo, o touro foram aí introduzidos graças aos contatos com a arte persa. E os paralelos entre a torêutica trácia e a cita são ainda mais evidentes, levando alguns pesquisadores a considerarem a arte trácia como uma variante local da arte dos citas.
Mas a Trácia não possuía fronteiras somente com a Pérsia e a Cítia. Ao
sul ela tinha como vizinha a Grécia, que por volta do século V a.C.
havia assumido a hegemonia cultural do mundo, a ponto de criar entre
helenos e bárbaros uma divisão que expressava bem mais uma diferença
cultural do que étnica. Mas os altivos gregos gostavam de comerciar com
os ricos bárbaros, com os quais trocavam o seu trigo, produtos
alimentícios e couro por objetos como enfeites, armas e utensílios. Mas
esse intercâmbio não se ateve somente ao comércio. Muitos mestres gregos
trabalharam para soberanos trácios, adaptando o estilo clássico grego
ao gosto oriental de seus clientes.
Os melhores exemplos encontrados hoje são os dos tesouros de Russe e Panaguiurishte. Sobre os vasos de Russe vemos os mistérios da figura de Dionísio, a quem toda a antiguidade aceitava como um deus trácio. À primeira vista o mestre mantinha-se fiel às formas antigas, mas, diante de um estudo mais detalhado, as figuras se apresentam um pouco mais pesadas, e os seus recursos não são aparentemente muito convincentes no que diz respeito ao ideal clássico de beleza. No entanto, esta beleza encontra-se nos elementos da arte bem mais exigente dos orientais.
De todos esses objetos, o mais belo é a ânfora encontrada em Panaguiurishte. Por sua forma, ela pode ser considerada um dos vasos mais raros existentes em todo o mundo. Apesar de em sua elaboração se sentir claramente a habilidade de um artista helênico, sua forma é tipicamente persa e representa a continuação de uma velha tradição aquemênida. Todos os vasos conhecidos que possuem esse formato e têm duas aberturas no fundo são originários da Ásia Menor.
Os melhores exemplos encontrados hoje são os dos tesouros de Russe e Panaguiurishte. Sobre os vasos de Russe vemos os mistérios da figura de Dionísio, a quem toda a antiguidade aceitava como um deus trácio. À primeira vista o mestre mantinha-se fiel às formas antigas, mas, diante de um estudo mais detalhado, as figuras se apresentam um pouco mais pesadas, e os seus recursos não são aparentemente muito convincentes no que diz respeito ao ideal clássico de beleza. No entanto, esta beleza encontra-se nos elementos da arte bem mais exigente dos orientais.
De todos esses objetos, o mais belo é a ânfora encontrada em Panaguiurishte. Por sua forma, ela pode ser considerada um dos vasos mais raros existentes em todo o mundo. Apesar de em sua elaboração se sentir claramente a habilidade de um artista helênico, sua forma é tipicamente persa e representa a continuação de uma velha tradição aquemênida. Todos os vasos conhecidos que possuem esse formato e têm duas aberturas no fundo são originários da Ásia Menor.
Tendências artísticas semelhantes às existentes nos tesouros de Russe e
de Panaguiurishte encontram-se, também, no tesouro de Letnitza, que sem
dúvida alguma é obra do artesanato trácio e data da mesma época que os
dois citados anteriormente, isto é, fins do século III a.C. Sua
elaboração é, no conjunto, bárbara, embora apresente uma série de
particularidades que a aproximam da arte da Ásia Menor. A reprodução de
todas as figuras reflete as mesmas características de estilo. Os homens
são representados com barba e recordam muito as esfinges da arte
aquemênida (dinastia persa fundada por Ciro em 550 a.C.) tardia, da
metade do século IV a.C. A figura humana, da mesma forma como era vista
pelos artistas da Ásia Menor, apresenta-se sempre vestida, já que, em
vez de reproduzir as formas do corpo e a musculatura, o mestre prefere
ocupar-se dos detalhes do vestuário e do tecido.
Outra faceta interessante de examinar nos tesouros da Trácia é a que diz
respeito aos adornos. Sua confecção é tradicionalmente atribuída a
artistas gregos. Todavia, o problema relacionado ao lugar em que foram
elaborados ainda não está totalmente resolvido. Isso se deve ao fato de
terem encontrado em várias ilhas gregas adornos semelhantes aos achados
nos túmulos de Duvanli e Mezek. Antes da segunda metade do século VI
a.C. eram raros os adornos de ouro nas colônias gregas das costas do mar
Negro. A partir, porém, da segunda metade do século III a.C., começaram
a proliferar as oficinas especializadas na confecção de adornos de
ouro. Por essa época surgiram, ao lado dos adornos gregos típicos,
constituídos de brincos e anéis, adornos trácios com as mesmas
características. Em cada uma das épocas posteriores encontra-se um
grande número de adornos em ouro cuja origem não é tão clara. Exemplos
disso nos são trazidos pelos tesouros de Nicolaevo – da época romana – e
de Varna, que provavelmente tiveram sua origem na própria Trácia. Mais
recentemente esses adornos típicos surgem com os dois componentes do
povo búlgaro – os eslavos e os protobúlgaros. Mais tarde a eles se
juntam também inúmeros adornos de caráter mais variado, como medalhões e
ícones cristãos, em cuja criação aparece, com mérito indiscutível, a
influência da Bizâncio cristã.
Quando falamos das relações e das influências da arte trácia com as de outras civilizações, não devemos de maneira alguma menosprezá-la por ela não possuir um caráter nacional definido. Antes de tudo o termo nacional, no sentido artístico, não existia naquela época. A arte era um meio de expressar as idéias religiosas ou político-ideológicas e não uma forma de dar dimensão a um espírito nacional.
Quando falamos das relações e das influências da arte trácia com as de outras civilizações, não devemos de maneira alguma menosprezá-la por ela não possuir um caráter nacional definido. Antes de tudo o termo nacional, no sentido artístico, não existia naquela época. A arte era um meio de expressar as idéias religiosas ou político-ideológicas e não uma forma de dar dimensão a um espírito nacional.
Se tentarmos descobrir o que, para um nobre trácio, tinha valor numa obra de arte, chegamos a algumas conclusões interessantes. Antes de tudo ela deveria ser feita de um material precioso porque dessa forma demonstrava a riqueza do seu possuidor. O trácio rico tinha uma predileção pelos objetos de ouro, tais como peitilhos, capacetes, pulseiras e anéis. Dessa maneira ele se distinguia dos mais pobres, demonstrava sua origem nobre, sua situação privilegiada. Provavelmente é por essa razão que os trácios nobres eram chamados de dzibitides – brilhantes. Eles brilhavam de tanto ouro que carregavam sobre si. Aqueles que não tinham suficiente riqueza para adquirir objetos de ouro usavam adornos de bronze, mas com um pequeno artifício: mandavam prateá-los, a fim de brilharem tanto quanto os outros.
Os motivos mais frequentemente encontrados nos objetos dos tesouros trácios são os animais. Muitas vezes representados durante uma luta entre si: é o leão que ataca o veado ou o touro; é o grifo devorando o veado; são dois ursos em posição de combate. Geralmente a posição do animal está combinada com a forma do objeto. Muitas vezes surgem figuras fantásticas, como leões com bico de águia ou veados alados.
Comumente se afirma que o estilo animalesco determina a arte trácia. Mas, na realidade, do ponto de vista artístico as obras mais preciosas são aquelas em que os homens se acham representados. É difícil afirmar se esta última foi uma etapa subseqüente ou contemporânea ao estilo animalesco. O exemplo mais antigo e figura humana é o que se encontra em um cinto datado provavelmente do século V a.C., mas o verdadeiro florescimento do estilo antropomorfo data do século IV a.C., que foi, sem dúvida, a época mais brilhante de toda a arte trácia.
Até os dias atuais, já foram descobertas mais de cem sepulturas onde se encontraram objetos em que aparece a figura humana. Do ponto de vista iconográfico, a imagem quase totalmente dominante é a do cavaleiro-guerreiro-caçador. E quem é esse cavaleiro misterioso que passa cavalgando, através dos séculos, como um símbolo eterno do espírito trácio? Durante a época da dominação de Roma foram dedicados a ele mais de dois mil relevos em mármore. Dele aprendemos o nome – Heros. Mas será este um nome ou simplesmente a palavra herói? Por ser um deus universal, os trácios apelavam para ele em todos os casos, fosse para defender as portas da cidade ou simplesmente para curá-los da mordida de um cão raivoso.
Os trácios criaram uma arte com finalidade. Uma arte que conservou a lembrança de um povo, que, segundo Heródoto, era “o mais numeroso depois do hindu” e que ficou conhecido por sua fé na imortalidade. Por acreditarem na permanência da vida, os trácios levavam consigo para a sepultura suas relíquias mais preciosas. E, em verdade, graças a elas, conseguiram a imortalidade tão desejada. Não, talvez, a espiritual; mas com certeza a cultural. Pois hoje, guardadas em museus, estas relíquias tornaram-se os testemunhos de um povo desaparecido. Mensageiras entre mundos, como Hermes o foi entre o dos deuses e o dos homens; e, como Orfeu, mensageiras do entendimento entre os próprios homens.
.:: Amador Outerelo
www.amadorouterelo.multiply.com
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