História da Paraíba
A história da Paraíba começa antes do descobrimento do
Brasil, quando o litoral do atual território do Estado era povoado pelos
índios tabajaras e potiguaras. Demorou um certo tempo para que Portugal
começasse a explorar economicamente o Brasil, uma vez que os interesses
lusitanos estavam voltados para o comércio de especiarias nas Índias.
Além disso, não havia nenhuma riqueza na costa brasileira que chamasse
tanta atenção quanto o ouro, encontrado nas colônias espanholas, minério
que tornara uma nação muito poderosa na época.
mapa da capitania da Paraíba 1698
Devido ao desinteresse lusitano, piratas e corsários começaram a extrair
o pau-brasil, madeira muito encontrada no Brasil-colônia. Esses
invasores eram, em sua maioria, franceses, e logo que chegaram no Brasil
se aproximaram dos índios, o que possibilitou entre eles uma relação
comercial conhecida como "escambo": o trabalho indígena era trocado por
alguma manufatura sem valor. Com o objetivo de povoá-la, a colônia
portuguesa foi dividida em quinze capitanias para doze donatários. Entre
elas destacam-se a capitania de Itamaracá, a qual se estendia do rio
Santa Cruz até a Baía da Traição. Em 1574 aconteceu um incidente
conhecido como "Tragédia de Tracunhaém", no qual índios mataram todos os
moradores de um engenho chamado Tracunhaém, em Pernambuco. Esse
episódio ocorreu devido ao rapto e posterior desaparecimento de uma
índia, filha do cacique potiguar nesse engenho. Após esta tragédia, D.
João III, rei de Portugal, desmembrou Itamaracá, dando formação à
capitania do Rio Paraíba.
Engenho na Paraíba, 1645
Quando o governador-geral D. Luís de Brito recebeu a ordem para
separar Itamaracá, recebeu também do rei de Portugal a ordem de punir os
índios responsáveis pelo massacre, expulsar os franceses e fundar uma
cidade. Assim começaram as cinco expedições para a conquista da Paraíba.
Para isso o rei D. Sebastião mandou primeiramente o ouvidor-geral D.
Fernão da Silva.
A primeira expedição aconteceu em 1574, cujo
comandante foi o ouvidor-geral D. Fernão da Silva. Ao chegar no Brasil,
Fernão tomou posse das terras em nome do rei sem que houvesse nenhuma
resistência, mas isso foi apenas uma armadilha. Sua tropa foi
surpreendida por indígenas e teve que recuar para Pernambuco.
A segunda expedição ocorreu em 1575 e foi
comandada pelo governador-geral, D. Luís de Brito. Sua expedição foi
prejudicada por ventos desfavoráveis e eles nem chegaram sequer às
terras paraibanas. Três anos depois outro governador-geral Lourenço
Veiga, tenta conquistar o Rio Paraíba, não obtendo êxito.
Brasão da capitania da Paraíba
A terceira aconteceu em 1579, ainda sob forte
domínio "de fato" dos franceses, foi concedida, por dez anos, ao capitão
Frutuoso Barbosa a capitania da Paraíba, desmembrada de Olinda. Essa
ideia só lhe trouxe prejuízos, uma vez que quando estava vindo à
Paraíba, caiu sobre sua frota uma forte tormenta e além de ter que
recuar até Portugal, ele perdeu sua esposa. Em 1582, na quarta expedição,
com a mesma proposta imposta por ele na expedição anterior, Frutuoso
Barbosa volta decidido a conquistar a Paraíba, mas cai na armadilha dos
índios e dos franceses. Barbosa desiste após perder um filho em combate.
Na quinta e última expedição, em 1584, após a sua
chegada à Paraíba, Frutuoso Barbosa capturou cinco navios de traficantes
franceses, solicitando mais tropas de Pernambuco e da Bahia para
assegurar os interesses portugueses na região. Nesse mesmo ano, da Bahia
vieram reforços por meio de uma esquadra comandada por Diogo Flores de
Valdés, e de Pernambuco tropas sob o comando de D. Filipe de Moura.
Conseguiram finalmente expulsar os franceses e conquistar a Paraíba.
Após a conquista, eles construíram os fortes de São Tiago e São Filipe.
Para as jornadas, o ouvidor-geral Martim Leitão formou uma tropa
constituída por brancos, índios, escravos e até religiosos. Quando aqui
chegaram se depararam com índios que sem defesa, fogem e são
aprisionados. Ao saber que eram índios tabajaras, Martim Leitão manda
soltá-los, afirmando que sua luta era contra os potiguaras, rivais dos
Tabajaras. Após o incidente, Leitão procurou formar uma aliança com os
Tabajaras, que por temerem outra traição, rejeitaram-na.
Depois de um certo tempo, Leitão e sua tropa finalmente chegaram
aos fortes (Forte de São Filipe/São Filipe e Santiago), ambos em
decadência e miséria devido às intrigas entre espanhóis e portugueses.
Com isso, Martim Leitão nomeou o espanhol conhecido como Francisco
Castejón para o cargo de Frutuoso Barbosa. A troca só fez piorar a
situação. Ao saber que Castejón havia abandonado, destruído o Forte e
jogado toda a sua artilharia ao mar, Leitão o prendeu e o enviou de
volta à Espanha.
Quando ninguém esperava, os portugueses unem-se aos Tabajaras,
fazendo com que os potiguaras recuassem. Isto se deu no início de agosto
de 1585. A conquista da Paraíba se deu ao final, pela união de um
português e um chefe indígena chamado Pirajibe, palavra que significa
"Braço de Peixe". A província tornou-se estado com a proclamação da
República, em 15 de novembro de 1889.
Simbolos
O Brasão da Paraíba foi oficializado pelo Presidente da Província da
Paraíba, Castro Pinto (1912-1915). Ele é usado como timbre nos papéis
oficiais. Observando-se seu desenho, vê-se que é formado por três
ângulos na parte superior e um na parte inferior. Contém estrelas, que
respeitam a divisão administrativa do Estado. No alto, uma estrela
maior, com cinco pontas e um círculo central, onde se vê um barrete
frígio significando liberdade.
No interior do escudo, há duas paisagens: um homem guiando o
rebanho (sertão) e o sol nascente (litoral). Circundando-o, encontra-se
uma ramagem de cana-de-açucar à esquerda, e à direita, uma de algodão.
As duas ramagens são presas por um laço, em cujas faixas está inscrita a
data de fundação da Paraíba: 5 de agosto de 1585.
Bandeira
A bandeira da Paraíba foi adotada pela Aliança Liberal em 25 de
setembro de 1930, por meio da Lei nº 704, no lugar de uma antiga
bandeira do Estado, que vigorou durante quinze anos (de 1907 a 1922). A
bandeira como conhecemos atualmente foi idealizada nas cores vermelha e
preta: o vermelho representa a cor da Aliança Liberal, e o preto, o luto
que se apossou da Paraíba com a morte de João Pessoa, presidente do
Estado em 1929 e vice-presidente do Brasil em 1930, ao lado do
presidente Getúlio Vargas.
A palavra "Nego" que figura na bandeira é a conjugação do verbo
"negar" no presente do indicativo da primeira pessoa do singular (era
ainda utilizado com acento agudo na letra "e", isto quando foi adotada a
bandeira em 1930), remetendo à não-aceitação, por parte de João Pessoa,
do sucessor indicado pelo então presidente do Brasil, Washington Luís.
Posteriormente, em 26 de julho de 1965, a bandeira rubro-negra foi
oficializada pelo governador do Estado, Pedro Moreno Gondim, pelo
Decreto nº 3.919, como "Bandeira do Négo" (ainda com acento agudo na
letra "e"), em vigor até os dias atuais. O preto ocupa um terço da
bandeira; o vermelho, dois terços.
Hino
Letra de:
Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo (1856-1916)
Música de:
Abdon Felinto Milanez (1858-1927)
Apresentado pela 1ª vez em 30/06/1905
Salve, berço do heroísmo,
Paraíba, terra amada,
Via-Láctea do civismo
Sob o Céu do Amor traçada!
No famoso diadema
Que da Pátria a fronte aclara
Pode haver mais ampla gema:
Não há Pérola mais rara!
Quando repelindo o assalto
Do estrangeiro, combatias,
Teu valor brilhou tão alto
Que uma Estrela-parecias!
Tens um passado de glória,
Tens um presente sem jaça:
Do Porvir canta a vitória
E, ao teu gesto-a Luz se faça!
Salve, ó berço do heroísmo,
Paraíba, terra amada,
Via-Láctea do civismo
Sob o Céu do Amor traçada!
Geografia da Paraíba
O clima da Paraíba é tropical úmido no litoral, com
chuvas abundantes. À medida que nos deslocamos para o interior, depois
da Serra da Borborema, o clima torna-se semi-árido e sujeito a estiagens
prolongadas e precipitações abaixo dos 500mm. As temperaturas médias
anuais ultrapassam os 26°C, com algumas exceções no Planalto da
Borborema, onde a temperatura é de 24°C.
A maior parte do território paraibano é constituída por rochas
resistentes e bastante antigas, que remontam a era pré-cambriana com
mais de 2,5 bilhões de anos. Elas formam um complexo cristalino que
favorecem a ocorrência de minerais metálicos, não metálicos e gemas. Os
sítios arqueológicos e paleontológicos também resultam da idade
geológica desses terrenos.
No litoral, temos a Planície Litorânea que é formada pelas praias e
terras arenosas. Na região da mata, temos os tabuleiros que são
formados por acúmulos de terras que descem de lugares altos. No Agreste,
temos algumas depressões que ficam entre os tabuleiros e o Planalto da
Borborema, onde se encontram muitas serras, como a Serra de Araruna, a
Serra de Cuité e a Serra de Teixeira. Encontra-se no município de
Araruna a Pedra da Boca. No sertão, temos uma depressão sertaneja que se
estende do município de Patos até após a Serra da Viração.
A vegetação litorânea da Paraíba apresenta matas, manguezais e
cerrados, que recebem a denominação de "tabuleiro", formado por
gramíneas e arbustos tortuosos, predominantemente representados por
batiputás e mangabeiras, entre outras espécies. Formadas por floresta
Atlântica, as matas registram a presença de árvores altas, sempre
verdes, como a peroba e a sucupira. Localizados nos estuários, os
manguezais apresentam árvores com raízes de suporte, adaptadas à
sobrevivência neste tipo de ambiente natural.
A vegetação nativa do planalto da Borborema e do Sertão
caracteriza-se pela presença da caatinga, devido ao clima quente e seco
característico da região. A caatinga pode ser do tipo arbóreo, com
espécies como a baraúna, ou arbustivo representado, entre outras
espécies pelo xique-xique e o mandacaru.
Relevo da Paraíba
Divisas da Paraíba
Ocupando uma área de 56.439 km² de área territorial
brasileira, a Paraíba está situada a leste da região Nordeste e tem como
divisas o Estado do Rio Grande do Norte ao norte, o Oceano Atlântico a
leste, Pernambuco ao sul e o Ceará a oeste. Com 223 municípios, o Estado
da Paraíba é dividido em 4 mesorregiões e 23 microrregiões. O Estado tem 98% de seu território inserido no Polígono da Seca.
É na Paraíba que se encontra o ponto mais oriental das Américas,
conhecido como a Ponta do Seixas, em João Pessoa. Devido à sua
localização geográfica privilegiada, o extremo oriental das Américas, a
Capital paraibana é conhecida turisticamente como "a cidade onde o sol
nasce primeiro".
Mapa da Paraíba
Roteiros
O litoral da Paraíba é paradisíaco. Em 117
quilômetros de extensão, de norte a sul do Estado, as praias se sucedem
exibindo cenários cinematográficos, com natureza exótica e
muita tranquilidade. São 53 praias, entre selvagens e urbanizadas, todas
banhadas por um mar morno, verde-azulado.
Toda a faixa do Litoral Sul da Paraíba compõe praias deslumbrantes,
sobressaindo as praias de Barra de Graú, Carapibus, Tabatinga, Pitimbu,
Jacumã e Praia do Amor. Merece destaque também a sedução da famosa
Praia de Tambaba, que atrai visitantes de todas as partes do mundo por
contar com o único campo oficial de naturismo no Nordeste brasileiro.
Barra deGramame também atrai pelo encontro do mar com o rio, que faz com
o que o visitante aprecie e usufrua desse fenômeno natural. A
praia de Coqueirinho é considerada umas das mais belas do Brasil e
é visita obrigatória para os turistas.
Igualmente fascinante é o Litoral Norte paraibano, a partir da
Praia de Intermares até a Barra de Camaratuba, na divisa com o Rio
Grande do Norte. Ao longo dessa extensa área, não apenas se sucedem
praias de aspecto primitivo ou já urbanizadas, como aparecem
construções de notável cunho histórico. É o caso da Fortaleza de Santa
Catarina, na cidade portuária de Cabedelo, reconhecida entre os mais
importantes monumentos militares subsistentes no Brasil. Em Baía da
Traição, há uma reserva indígena da tribo dos potiguaras que é visitação
obrigatória. Em Cabedelo, a praia fluvial do Jacaré ganhou fama
internacional porque ali o pôr-do-sol é sublinhado pelos acordes do
Bolero de Ravel, tocado diariamente pelos bares do local. Em meio às
praias urbanas do Poço e de Camboinha, localiza-se Areia Vermelha, um
banco arenoso submerso que emerge na maré baixa para
deleite de adeptos depiqueniques e luaus.
As praias urbanas também fazem sucesso. Em João Pessoa, Tambaú é o
point turístico, com bares, restaurantes e lojas. Em Tambaú, encontra-se
o Picãozinho, uma formação de recifes coralígenos, que
fica localizado a cerca de 1500 metros da praia.Além delas, em João
Pessoa, há as praias de Cabo Branco, Manaíra, Bessa e Penha. Em
Cabedelo, a praia do Surfista é conhecida pelos praticantes de surf e
Kitesurf.
Características Gerais da Paraíba
A Paraíba surpreende pelas singularidades que encantam seus
moradores e seus visitantes. A Capital do Estado, João Pessoa, é
considerada uma das cidades mais arborizadas do planeta e, por ter
recebido distinção da coroa portuguesa já no ano de sua fundação, 1585,
guarda o título de terceira cidade mais antiga do Brasil. É aqui onde
fica o ponto extremo oriental das Américas – a Ponta do Seixas, e a
Estação Cabo Branco Ciências Cultura e Arte, uma obra grandiosa de Oscar
Niemeyer.
Oficialmente, existem quatro regiões metropolitanas no Estado da
Paraíba: João Pessoa, Campina Grande, Patos e Guarabira, que englobam
municípios ricos em cultura, em potencialidades econômicas e em belezas
naturais. Segundo dados estatísticos do IBGE, a Paraíba tem uma
população de 3.769.977 habitantes e ocupa o 5º lugar entre os Estados
nordestinos mais populosos. A densidade demográfica estadual é de 84,52
hab./km². A população é formada, em sua maioria, por pardos, somando
52,29%, seguido pelos brancos, com 42,59%; pelos negros, com 3,96%;
pelos amarelos ou indígenas, com 0,36% e os sem declaração, com 0,79%.
O Estado oferece aos seus visitantes uma infinidade de roteiros,
que vão das praias paradisíacas do litoral, passando pelos encantos das
cidades históricas e pelos canaviais, até os mistérios do interior, que
engloga sertão, brejo e cariri.
As praias dos litorais Sul e Norte estão entre as mais bonitas do
Brasil. As urbanas de João Pessoa, como Tambaú, Cabo Branco e Bessa,
concentram praticantes de esportes e turistas. Para os naturalistas, a
praia de Tambaba, no município do Conde, é a ideal, pois é permitida a
prática do nudismo. A de Coqueirinho é considerada entre as mais bonitas
do país por diversos guias turísticos. Na praia Fluvial do Jacaré,
pode-se ouvir o Bolero de Ravel ao observar o pôr-do-sol.
Já o interior oferece aos visitantes rupestres, rastros de
dinossauros, cachoeiras e antigos engenhos de cana-de-açúcar. Nos
municípios, o artesanato também encanta turistas, que podem conferir
peças únicas como a renda renascença, de reconhecimento internacional, e
o algodão colorido, usado por estilistas de renome no país. Isso sem
falar na arte em marchetaria, estopa e argila, por exemplo. Além da
diversidade de cenários, a Paraíba oferece diversão com eventos de porte
nacional, como o Maior São João do Mundo, realizado em julho em Campina
Grande, e das prévias carnavalescas em João Pessoa, que contam com as
"Muriçocas do Miramar", um dos maiores bloco de arraste do mundo. A
cultura é um dos fortes do Estado, que inclui artesanato,
personalidades, música e diversas manifestações em literatura, teatro e
cinema.
LIVRO DA HISTÓRIA DA PARAÍBA
Livro História Da Paraíba - 4ª Edição José Octavio