Este ano comemora-se uma vitória da Democracia que foi o Impeachment do então Presidente Fernando Collor de Mello Leia o texto abaixo e veja seu legado.
Collor ensinou ao Brasil tudo o que não deve ser feito no poder
Vinte anos depois do inicio da crise que levou ao impeachment, a história não teve piedade com o governo de Fernando Collor. Se em muito de seus aliados havia a esperança de alcançar um lugar de destaque pela abertura econômica do país ou por outras politicas adotadas pelo primeiro presidente eleito pelo povo após 29 anos, esse futuro nunca chegou.
A maior herança dos anos Collor é a lição daquilo que não deve ser feito. E é pela sua face ora nefasta, ora arrogante, ora simplesmente equivocada que esse governo, paradoxalmente, acabou sendo positivo para o Brasil. Se hoje os brasileiros fala, com orgulho da necessidade de se respeitar contratos, é porque famílias inteiras foram humilhadas pelo confisco de suas economias com os bloqueios na poupança e nas aplicações financeiras.
Se os presidentes que o sucederam procuraram a todo custo (e alguns a um custo elevado demais) manter uma base aliada no congresso, por pior que ela tenha sido em termos éticos e técnicos, é porque o governo Collor ensinou que não se governa sem congresso. Se as CPIs que vieram depois do caso PC trabalharam com autonomia e levaram à cassação de inúmeros parlamentares, é porque o episódio de Collor gerou um modelo de eficiência, se não jurídica, ao menos política. Se hoje a polícia Federal promove operações de faxina dentro de Ministérios. é porque a sociedade exigiu, no governo Collor, a abertura desse precedente. Se o Ministério Público atualmente estende seus galhos para os mais diversos setores da sociedade. é porque fincou raízes legais, de respeito e de credibilidade, lá atrás, nos em bates da era Collor. Se hoje algum figurão Ganhar boladas por consultorias que nunca exigiram um parecer, é porque aprendeu com a EPC ( a empresa de notório Paulo César Farias). E se hoje essas pessoas mal duram no cargo ao serem descobertas é porque o resto do Brasil sabe, há 20 anos, que a demissão é o mínimo que a opinião pública espera ver num caso desses.
Se, depois de Collor, os comensais da corte evitaram o exibicionismo de símbolos de novos ricos e recusaram a ostentação para afirmar uma imagem de modernidade, é porque a república de Alagoas, apesar de não se ver assim, era simplesmente ridícula com seu deslumbramento por grifes francesas de luxo e máquinas importadas. Veja aqui a página especial do iG com tudo sobre o impeachment de Collor e a história 20 anos depois 1992 foi um ano em que o Brasil viveu em perigo contante. De um lado estava o mais forte governo que o país poderia ter na época: nascido da vontade majoritária das urnas, após 21 anos de ditadura, eleito numa campanha de dividiu a sociedade ao meio, com cidadão mobilizados e separados pelas emoções e pelas diferenças de propostas.
Collor prometeu uma agenda de reformas que iria romper laços protecionistas, patrimonialistas e corporativos da elite nacional. Muita dessa força não tinha origem no presidente em si, mas no momento histórico: o Brasil vinha da frustração de ver efeito um presidente que nunca assumiu (Tancredo Neves), decepcionado pelo fracasso do Plano Cruzado e massacrado pelo recorde de 84% de inflação em um único mês. Ou seja hoje seriam precisos mais de dez anos para chegar no descontrole de preços que o Brasil vivia em apenas três semanas.
A juventude, o descompromisso e a personalidade intempestiva do presidente fizeram o resto é, em 1992, o Brasil era um país incrivelmente crispado: militares ressentidos com a crescente perda de influência, a população amargurada pela volta da inflação, os políticos abismados com a desenvoltura dos amigos do presidente, empresários fartos de ameaças, uma juventude absolutamente desiludida com a falta de empregos e perspectivas tudo poderia acontecer no Brasil, do retrocesso institucional à crise federativa, passando pela débâcle econômica ( houve um dia em que o Banco Central chegou a ter somente 2 bilhões de dólares de reservas após um ataque especulativo contra a moeda). As denúncias de Pedro Collor, o caçula da família do presidente, deram a liga que faltava aos descontentes e colocaram o Brasil no caminho para a frente. E obrigaram as instituições recém-nascida da constituição de 1988 a serem fortes desde seu primeiro grande teste.
Esse é o lado positivo do governo Collor. Se hoje a constituição se faz respeitada em interpretações que vão das cotas raciais à união de pessoas do mesmo sexo, passando pela autorização para aborto de fetos anencéfalos, é porque ela foi o fio garantidor do impeachment do presidente. E se hoje o Brasil vive seu mais extenso período de liberdade e ninguém mais questiona o valor da democracia é porque, 20 anos atrás, o governo de Fernando Collor obrigou a sociedade a ir ao seu limite.
Se os presidentes que o sucederam procuraram a todo custo (e alguns a um custo elevado demais) manter uma base aliada no congresso, por pior que ela tenha sido em termos éticos e técnicos, é porque o governo Collor ensinou que não se governa sem congresso. Se as CPIs que vieram depois do caso PC trabalharam com autonomia e levaram à cassação de inúmeros parlamentares, é porque o episódio de Collor gerou um modelo de eficiência, se não jurídica, ao menos política. Se hoje a polícia Federal promove operações de faxina dentro de Ministérios. é porque a sociedade exigiu, no governo Collor, a abertura desse precedente. Se o Ministério Público atualmente estende seus galhos para os mais diversos setores da sociedade. é porque fincou raízes legais, de respeito e de credibilidade, lá atrás, nos em bates da era Collor. Se hoje algum figurão Ganhar boladas por consultorias que nunca exigiram um parecer, é porque aprendeu com a EPC ( a empresa de notório Paulo César Farias). E se hoje essas pessoas mal duram no cargo ao serem descobertas é porque o resto do Brasil sabe, há 20 anos, que a demissão é o mínimo que a opinião pública espera ver num caso desses.
Se, depois de Collor, os comensais da corte evitaram o exibicionismo de símbolos de novos ricos e recusaram a ostentação para afirmar uma imagem de modernidade, é porque a república de Alagoas, apesar de não se ver assim, era simplesmente ridícula com seu deslumbramento por grifes francesas de luxo e máquinas importadas. Veja aqui a página especial do iG com tudo sobre o impeachment de Collor e a história 20 anos depois 1992 foi um ano em que o Brasil viveu em perigo contante. De um lado estava o mais forte governo que o país poderia ter na época: nascido da vontade majoritária das urnas, após 21 anos de ditadura, eleito numa campanha de dividiu a sociedade ao meio, com cidadão mobilizados e separados pelas emoções e pelas diferenças de propostas.
Collor prometeu uma agenda de reformas que iria romper laços protecionistas, patrimonialistas e corporativos da elite nacional. Muita dessa força não tinha origem no presidente em si, mas no momento histórico: o Brasil vinha da frustração de ver efeito um presidente que nunca assumiu (Tancredo Neves), decepcionado pelo fracasso do Plano Cruzado e massacrado pelo recorde de 84% de inflação em um único mês. Ou seja hoje seriam precisos mais de dez anos para chegar no descontrole de preços que o Brasil vivia em apenas três semanas.
A juventude, o descompromisso e a personalidade intempestiva do presidente fizeram o resto é, em 1992, o Brasil era um país incrivelmente crispado: militares ressentidos com a crescente perda de influência, a população amargurada pela volta da inflação, os políticos abismados com a desenvoltura dos amigos do presidente, empresários fartos de ameaças, uma juventude absolutamente desiludida com a falta de empregos e perspectivas tudo poderia acontecer no Brasil, do retrocesso institucional à crise federativa, passando pela débâcle econômica ( houve um dia em que o Banco Central chegou a ter somente 2 bilhões de dólares de reservas após um ataque especulativo contra a moeda). As denúncias de Pedro Collor, o caçula da família do presidente, deram a liga que faltava aos descontentes e colocaram o Brasil no caminho para a frente. E obrigaram as instituições recém-nascida da constituição de 1988 a serem fortes desde seu primeiro grande teste.
Esse é o lado positivo do governo Collor. Se hoje a constituição se faz respeitada em interpretações que vão das cotas raciais à união de pessoas do mesmo sexo, passando pela autorização para aborto de fetos anencéfalos, é porque ela foi o fio garantidor do impeachment do presidente. E se hoje o Brasil vive seu mais extenso período de liberdade e ninguém mais questiona o valor da democracia é porque, 20 anos atrás, o governo de Fernando Collor obrigou a sociedade a ir ao seu limite.
Autor: Luciano Suassuna do portal IG