Brasil: Viagem de Pedro Álvares Cabral
Cabral Descobridor do Brasil
Nasceu na cidade de Belmonte (Portugal), em 1467 (ou 68), e morreu em Santarém (Portugal), em 1520 (ou 26).
Ao zarpar do Rio Tejo, em 8 de março de 1500, com a maior armada até então organizada em Lisboa, o almirante tinha a missão oficial e pública de ir à Índia. Mas seu grande feito foi tomar posse da que seria a maior obra do Ciclo dos Descobrimentos portugueses.
A nobre e heróica estirpe de nosso Descobridor
Pertencente a uma linhagem de nobres e valorosos guerreiros, Pedro
Álvares Cabral, além de intrépido navegador, caracterizou-se por uma devoção
mariana, precioso legado transmitido aos descendentes.
Portugal, nome de um pequeno país - pequeno em dimensões, mas enorme
quanto a tradições históricas e valor humano – era uma nação de pouco mais de 1
milhão de habitantes quando se lançou na proeza de expandir a Fé e o Império
por um mundo até então desconhecido.
Nesse novo mundo, misterioso e fascinante para os Europeus da época,
inseria-se o nosso Brasil. Hoje, passados cinco séculos do descobrimento,
permanecem desconhecidos da grande maioria dos brasileiros fatos relativos à
figura do protagonista desse marcante evento histórico – Pedro Álvares Cabral.
Assim, é por nós pouco conhecido aquele que fez o Brasil conhecido.
Quem, afinal, foi o homem que a história menciona como aquele que
descobriu a Ilha de Vera Cruz, posteriormente chamada de Terra de Santa Cruz e,
finalmente, Brasil? Sua história ainda não foi por completo estudada (e talvez
nunca venha a ser), embora muitos pormenores já são conhecidos dos
historiadores.
No ano de 1468[i], no Castelo de Belmonte, propriedade da família
Cabral, nascia um menino de nome Pedro, filho de Fernão Cabral e de Dona Isabel
de Gouveia. Fernão Cabral lutou ao lado de D. João I e os três Infantes, na
famosa conquista de Ceuta, em 1415, junto com seu pai, Luís Álvares Cabral.
A genealogia e a origem do nome “Cabral” perdem-se nas brumas da
história portuguesa. O Visconde de Sanchez de Baêna assim escreve: “A família
Cabral demarca a sua existência desde tempos imemoráveis... Nenhuma outra a
sobrepuja em sólida antigüidade de nobreza, e feitos de edificante e variada
lição.
O seu aparecimento, embora a princípio não se possa coordenar numa série
genealógica, que nos leve, indivíduo por indivíduo, a estabelecer a sua
continuidade desde os primeiros tempos da monarquia, remonta-se todavia bem
longe, vendo nós brilhar de espaço a espaço nas lutas de Portugal nascente,
alguns indivíduos do apelido Cabral”.[ii]
A elevada linhagem da família (impossível de reproduzir em um curto
artigo) e o seu prestígio, permitiram a Pedro Álvares Cabral contrair
matrimônio com Dona Isabel de Castro, dama pertencente à mais alta nobreza do
Reino, como terceira neta dos Reis Dom Fernando de Portugal e Dom Henrique de
Castela, sobrinha do célebre herói da Índia, Afonso de Albuquerque.
Qualidades pessoais: critério para a escolha de Cabral
Nessa época Portugal, cheio dos “cristãos atrevimentos” de que nos fala
Camões, estava preparando armada a ser enviada às índias. Para organizar a
expedição, o Rei Dom Emanuel o Venturoso, convocou seu Conselho: “E não somente
se assentou no conselho o número de naus e gente que havia de ir nesta armada,
mais ainda o capitão-mor dela, que por ‘calidades’ de sua pessoa, foi escolhido
Pedro Alvares Cabral, filho de Fernam Cabral”[iii].
Pedro Álvares Cabral fora escolhido, por suas “qualidades pessoais”,
para chefiar a esquadra que, no dia 9 de março de 1500, após a Santa Missa
celebrada pelo Bispo D. Diogo Ortiz, Bispo de Cepta, rumaria para as Índias,
passando pelo Brasil.
Dessa expedição, que trataremos em artigo posterior, participaram 13
navios, tendo apenas quatro deles conseguido retornar à Portugal. Os demais
perderam-se todos, tragados pelo mar, juntamente com sua tripulação. No dia 23
de junho de 1501 – ou seja, um ano, três meses e 14 dias depois de sua partida,
totalizando 470 dias de viagem – chega Pedro Álvares Cabral ao Tejo.
Pôde, desse modo, Dom Emanuel, o Venturoso, acrescentar ao seu título de
“Rei de Portugal e dos Algarves Daquém e de Além Mar em África, e Senhor da
Guiné” o de “Senhor da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia
e da Índia.”
Não percebera ele ainda, a essa altura, que Cabral enriquecera sua coroa
com um florão incomparavelmente mais suntuoso e, sobretudo mais do que isso,
levantara o Estandarte da Cruz na terra que estava destinada a ser o país de
maior população católica do mundo[iv].
Incompreensões e afastamento da Corte
Pedro Álvares Cabral retorna à Portugal e, como freqüentemente acontece
na vida dos homens escolhidos pela Providência Divina para realizarem grandes
obras, sofreu incompreensões e dissabores, tendo se retirado do Corte e nunca
mais recebido qualquer encargo público.
Não sabemos o motivo que levou o descobridor do Brasil a se afastar da
vida pública[v]. Sabemos que ele se manteve retirado e, depois dos sucessos
referidos, recolheu-se em suas terras de Santarém, tendo falecido em 1520 ou
1528, segundo a divergência de alguns autores.
Sua sepultura esteve perdida durante o século XVII e XVIII, tendo sido
encontrada em 1839 pelo historiador brasileiro Francisco Adolpho de Varnhagen,
Visconde de Porto Seguro, na sacristia da Igreja de Nossa Senhora da Graça, em
Santarém.
Em 1903, o Bel. Alberto de Carvalho trouxe para o Brasil parte dos
restos mortais de Pedro Álvares Cabral, que foram depositados em uma urna na
capela-mor da Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro.
Pouco conhecida é a história de um grande descobridor. Mais do que
descobrir terras, ele comandou uma expedição que iniciou a evangelização dos
índios, trazendo incontáveis almas para a Igreja de Cristo.
Intrépido batalhador, ele desejava dilatar a Fé e expandir o império.
Sabia ser gentil e amável, como o foi com os índios brasileiros, mas também
sabia guerrear contra os inimigos de Cristo, como o fez com mouros que o
traíram na Índia.
Devoção mariana: virtude do Descobridor e de sua família
Em sua nau capitânia, ele levava consigo uma pequena imagem da Senhora
da Esperança, até hoje venerada em Belmonte, certo de ser Ela o melhor refúgio
nas inconstâncias do mar tenebroso. Foi diante dessa imagem que ele, no momento
em que seus companheiros celebravam o descobrimento do Brasil, se ajoelhou e
agradeceu a Deus o sucesso do empreendimento [vi].
Quando retornou de sua viagem, o nosso descobridor mandou construir uma
capela para a Senhora da Esperança. Capela essa ampliada pelos seus descendentes
que a iluminaram quotidianamente com um círio.[vii]
Pedro Álvares Cabral foi, antes de tudo, um homem de Fé, que se lançou
ao mar sob a proteção da Cruz de Cristo, nome com o qual foi primeiramente
‘batizado’ o nosso Brasil segundo seu desejo, como capitão da esquadra. Uma
esquadra que levava a bandeira da Ordem de Cristo, em cujas velas se estampava
a Cruz característica dessa Ordem de Cavalaria, e que chegou ao solo de um país
iluminado pelas estrelas do Cruzeiro do Sul.
Que a Senhora da Esperança, que tão bem protegeu o descobridor do
Brasil, continue a derramar suas bênçãos sobre a Terra de Santa Cruz.
Referências Bibliográficas
[i] Segundo se acredita, pois não se tem certeza do ano.
[ii] Sanches de Baêna, O Descobridor do
Brasil, Pedro Álvares Cabral, Lisboa, 1987, pp. 10-22.
[iii] João de Barros,
Décadas da Índia, Década I, Livro V, Cap. 1.
[iv] Apud O ‘Muy Bom fidalgo’ que descobriu
o Brasil., Catolicismo, nº 219, março de 1969.
[v] Alguns historiadores,
como Gaspar Corrêa em seu livro Lendas da Índia, levantam a hipótese de um
desentendimento com Vasco da Gama, que teria exigido ser o comandante, em lugar
de Pedro Álvares Cabral, da esquadra que partiria para as Índias em 1502.
[vi] Bueno, Eduardo, A
Viagem do Descobrimento, Vol. 1, Coleção Terra Brasilis, Ed. Objetiva, Rio de
Janeiro, 1998.
[vii] Cortesão, Jaime, A
Expedição de Pedro Álvares Cabral e o Descobrimento do Brasil”, Portugália
editora, Lisboa, 1967
Fonte: www.lepanto.com.br