segunda-feira, 23 de julho de 2012

Guerra dos Cem Anos


O final da Baixa Idade Média foi marcado pela crise de retração, caracterizada por sua vez pelas Revoltas camponesas, pela Peste Negra e pela GUERRA DOS CEM ANOS, envolvendo a Inglaterra e a França.


Este conflito deve ser entendido dentro do processo de transição feudo capitalista, quando da formação das "Monarquias Nacionais"  

 

Joana D'arc: santa e heroína francesa

          A Guerra foi provocada pela disputa sobre a região de Flandres, importante produtora de tecidos e centro comercial, ligada por laços de vassalagem à França, mas economicamente à Inglaterra, de quem obtinha a lã. 

Outro motivo para a Guerra foi a disputa em relação ao trono Francês, reivindicado por Henrique III, da Inglaterra, que no entanto era neto de Felipe IV (morto em 1328)

    A Guerra desenvolveu-se em território francês, que esteve sempre parcialmente ocupado desde 1346 com a derrota de Felipe VI em Crécy, porém o conflito teve várias interrupções, inclusive devido às disputas internas, principalmente na França onde Armagnacs (nacionalistas) e Borguinhões (pró Inglaterra) se enfrentavam.                                          

Joana D'arc: santa e heroína francesa

 Joana D’arc nasceu na França no ano de 1412 e morreu em 1431 (época medieval). Foi uma importante personagem da história francesa, durante a Guerra dos Cem Anos (1337-1453), quando seu país enfrentou a rival Inglaterra. Joana D’arc foi canonizada (transformada em santa) no ano de 1920.

A história da vida desta heroína francesa é marcada por fatos trágicos. Quando era criança, presenciou o assassinato de membros de sua família por soldados ingleses que invadiram a vila em que morava. Com 13 anos de idade, começou a ter visões e receber mensagens, que ela dizia ser dos santos Miguel, Catarina e Margarida. Nestas mensagens, ela era orientada a entrar para o exército francês e ajudar seu reino na guerra contra a Inglaterra.

  Motivada pelas mensagens, cortou o cabelo bem curto, vestiu-se de homem e começou a fazer treinamentos militares. Foi aceita no exército francês, chegando a comandar tropas. Suas vitórias importantes e o reconhecimento que ganhou do rei Carlos VII despertaram a inveja em outros líderes militares da França. Estes começaram a conspirar e diminuíram o apoio de Joana D’arc.

Em 1430, durante uma batalha em Paris, foi ferida e capturada pelos borgonheses que a venderam para os ingleses. Foi acusada de praticar feitiçaria, em função de suas visões, e condenada a morte na fogueira. Foi queimada viva na cidade de Rouen, no ano de 1431

Indicação (para saber mais):

Assista ao filme Joana D'arc

                                                     
 Título Original: The Messenger: The Story of Joan of Arc
Gênero: Drama
Direção: Luc Besson
Roteiro: Luc Besson e Andrew Birkin
No elenco: Milla Jovovich (Joana D'Arc), Dustin Hoffman (A Consciência),  John Malkovich (Charles VII), Faye Dunaway (Yoland D'Aragon),
Tchéky Karyo (Dunois) e outros.   



 Curiosidades:
  • León Denis também afirma que Joana d’Arc, seria a reencarnação de Judas Iscariotes. Este espírito teria escolhido reencarnar na condição de uma mulher e quis morrer queimado vivo para expurgar a culpa de ter traído Jesus;

  • O baralho, esse que todo mundo joga, foi criado na época de Carlos VII e algumas cartas homenageiam personalidades do seu tempo, entre eles Joana d’Arc.
    A dama de espadas representa Atena, a deusa da Guerra e da Sabedoria, mas o punhal que ela carrega, é uma referência a Joana. Se ficou curioso para saber quem são os outros personagens, clique aqui.

  • Aqui, perto da minha casa tem um estabelecimento comercial chamado “Joana d’Arc – Agropecuária e Pet Shop”. Só pode ser o nome da dona da loja, senão, que diabos tem a ver Joana d’Arc com agropecuária e pet shops??? 

A História de Joana d'Arc - Ditada Por Ela Mesma
Ermance Dufaux (psicógrafa). RJ: Ed CELD, 1997. 300 pgs



Joana d'Arc, Médium

Leon Denis. RJ: FEB, 1980. 350 pgs.


                                                       


                                                                                                                                                             

Em 1415 os ingleses, apoiados por Borgonha, invadiram a normandia e venceram em Azincourt, determinado a ocupação de Paris e o aprisionamento do rei Carlos VI.

                                                   
 Em 1420 foi assinado o Tratado de Troyes que deu a Henrique V, de Lancaster, o direito ao trono Francês ao mesmo tempo em que reconhecia a divisão da França, estando o norte sob domínio inglês.
 A Reação francesa teve início em 1429, quando a camponesa Joana Dâ?Tarc, a frente de um exército, comandou a vitória sobre os ingleses em Orléans. 
 
Em 1435 foi firmada a paz entre a França e Borgonha e no ano seguinte Paris foi libertada e os ingleses gradualmente derrotados.

Vassalagem

Dentro das práticas do feudalismo existem várias relações nas formas de trabalho, relações tidas com compromissos e obrigações, existindo aqui a classe dominada e a dominante, esta se hierarquiza por meio de vassalagem e desubenfeudação.

 A vassalagem tinha sua importância na garantia mínima de coesão da classe dominadora que asseguravam a reprodução das relações sociais de produção implantadas. Assim, o vassalo ganha a terra à lealdade, subsídio nas batalhas, pagamento de resgate 

Percebe-se então que, a vassalagem vem a ser um pacto existente entre nobre(s) e rei(s) – um pacto de honra e de fidelidade.

 Os nobres guerreiros eram vassalos do rei, sendo este, o suserano deles. Pois essa hierarquia social era extremamente fortificada. Ou seja, o pacto era consolidado através do juramento, onde o nobre que requisitava o auxílio passaria a partir de então a ser um suserano, e o que oferecia seus préstimos denominava-se por vassalo.

 A divisão ocorria do seguinte modo:

 No topo, encontravam-se os nobres, em seguida os pequenos nobres, e mais abaixo, nobres menores ainda; lá na última camada estavam os camponeses que não possuíam terras. Uma vez que, é necessário lembrarmos que os camponeses trabalhavam na terra e os nobres eram responsáveis pela força militar.



Durante a cerimônia que era realizada para firmar o compromisso, o vassalo se ajoelhava para assim declarar sua fidelidade diante de todos em caso de guerra.

Essa hierarquia podia ser vista também de duas maneiras: os vassalos diretos do rei e os vassalos destes vassalos diretos. Concomitantemente, no primeiro caso, os vassalos careceriam jurar fidelidade ao monarca, já no segundo, jurariam fidelidade aos vassalos reais.

A pilastra dessa hierarquização é a vassalagem, onde torna-se vassalo aquele que se conduz ao que será suserano e se recomenda. Esta recomendação denota que o vassalo apresenta-se à proteção do suserano, com isso, lhe promete a servidão.

Na Alemanha ocorre a organização monárquica de modo formal, sendo que, a vassalagem não chega a se instalar, subsistindo grande autonomia global.

O predomínio nas relações feudo-vassálicas existentes entre os membros da nobreza, no qual a concessão do feudo instituía o núcleo desse pacto, designando assim, a sociedade feudal. Não esquecendo que as relações entre senhoris e campesinos não foram menos importantes nas características desta sociedade cheia de hierarquias.

Contudo, o súdito (vassalo) empenhava-se a ajudar seu suserano quando fizesse necessário. Com isso, o suserano dava ao seu vassalo como recompensa um feudo (este podendo ser dado em terras, cargos ou em dinheiro).

Bibliografia:

ANDERSON, Perry. Em busca de uma síntese. In: Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo: Brasiliense, 2000, p. 123-137.
ARRUDA, José Jobson. O sistema feudal. História Integrada: da Idade Média ao nascimento do mundo moderno. V. 2, São Paulo: Ática, 1996, p. 31-36.
MACHADO, Fernando. Feudalismo: servidão, impostos, taxas, suserania e vassalagem.

                                                 Os Feudos


Pontos sobre o Feudalismo, Reino Franco e o Império Carolíngio.

A proposta desse post é fazer com que a partir da leitura desse esquema/resumo, feito  também com imagens, o aluno possa relembrar o que foi visto em sala de aula e fixar melhor as ideias, sendo também um complemento ao conteúdo do livro: História: Sociedade & Cidadania (Alfredo Boulos Júnior)

A economia era praticamente amonetária, tendo por base o trabalho na terra.
O esquema abaixo ilustra resumidamente o feudalismo e suas relações.





















As terras do feudo tinham as seguintes definições:
















Mas, pode-se dizer que estavam divididas em três partes:












  1.  Manso senhorial;
  2. Manso servil;
  3. Manso comunal.

Havia as relações de fidelidade que definiam as relações de Suserania e Vassalagem.






A sociedade era estamental.
                             

Estrutura da sociedade feudal

          
                                             


Cada "grupo social" tinha a sua função.





REINO FRANCO


Os Francos eram um dos povos germanos que penetraram no Império Romano do Ocidente. Estabeleceram no território da Gália por volta do século V. Os Francos eram divididos em várias tribos e foram unificados por Clóvis, dando início à dinastigia Merovíngia (em homenagem ao seu avô Meroveu). 


Prefeito do Palácio:
Nessa dinastia havia a presença do Prefeito do Palácio (ou Mordomo do Palácio), pessoa responsável por colocar em prática as ordens do rei na ausência desse, ele administrar o palácio quando o rei não estava.
Um desses prefeitos-Pepino, o Breve- depôs o último rei Franco, após aliança com a Igreja Católica, e deu início a uma nova dinastia: a Carolíngia.

IMPÉRIO CAROLÍNGIO
Carlos Magno, sucessor de Pepino, o Breve, deu continuidade à aliança com Igreja Católica e também à política de conquistas de territórios. Em cada reino conquistado era construída uma escola ao lado do palácio, ficando assim conhecida como Escola Palatina ou Palaciana, também caracterizava o Renascimento Carolíngio.
Os territórios, no Império Carolíngio, expandiram-se bastante.




Como o império era muito extenso para se administrar, ocorreram vários problemas e invasões que se intensificaram até o reindo de Luís, o Piedoso. Após sua morte o reino foi dividido entre seus três filhos. Por fim, o Império Carolíngio deixou de existir, dando início a outra dinastia.





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Após a leitura do texto, vamos comentar o assunto tentando responder às perguntas abaixo, você pode pesquisar o assunto no texto desse blog, no seu livro, no caderno ou em outra fonte se você quiser. Lembre de colocar seu nome, sua série, sua turma e a escola.
1) No Feudalismo a economia era praticamente amonetária, quer dizer, havia pouquíssima circulação de moedas (dinheiro). Então, qual seria a principal fonte de poder e riqueza?
2) Como estava dividida a sociedade feudal e qual a função de cada grupo social?
3) Como estavam divididas as terras do feudo e o que era feito em cada uma dessas divisões?
4) Em quais relações estavam baseadas a sociedade feudal?
5) Observe o texto abaixo e responda:
"(...) as limitações do Renascimento Carolíngio provêm, principalmente, de ele corresponder às superficiais necessidades de um pequeno grupo social.Esse renascimento tinha de garantir um mínimo de cultura a alguns altos funcionários. (...)"(LE GOFF, Jacques. A Civilização do ocidente medieval. V. I, p. 166)
a)De acordo com o texto, qual o objetivo do Renascimento Carolíngio?
b)A educação fornecida pelo Renascimento Carolíngio atendia a todos os grupos sociais? Justifique.
6)Com a morte de Luís o Piedoso, as terras do Império Carolíngio foram divididas entre seus três filhos. Como foi feita essa divisão?



segunda-feira, 16 de julho de 2012

A morte misteriosa de Napoleão


A morte de napoleão um misterio que chama atenção de varios estudiosos
Câncer matou Napoleão e não veneno, diz estudo suíço 

A morte de Napoleão Bonaparte aconteceu no dia 05 de Maio de 1821 em Longowood na Ilha de Santa Helena quando ele tinha 51 anos. Ele está  sepultado no Hõtel de Invalides em Paris


Circunstâncias da Morte

Em 5 de Maio de 1821, com uma violentatempestade assolando a ilha Napoleão morreu segundo a opinião do médico que o assistiu não de um cãncer no estõmago, como seu pai, mas de uma úlcera provocada por uma má dieta e, sobretudo pela ansiedade.

 Existindo controvérsias  quando a Causa da morte, que teria sido ele assassinado por envenenamento.

LENDA SOBRE AMPUTAÇÃO

Há uma lenda que diz que Napoleão foi enterrado sem pênis, que teria sido amputado horas depois de sua morte de 170 anos a relíquia teria aparecido nos Estados Unidos, guardada por John Lattimer, professor de Urologia da Universidade de Colúmbia, em New York. 

A amputação teria sido feita pelo médico francês Francesco Antommarchi, despachado para Santa Helena para cuidar da úlcera de estõmago que acabou por matar Napoleão.

Antommarchi, um anatomista que pouco entendia de doenças, irritou o intempestivo corso, que recebia a cusparadas e insultos. " foi a vingança do médico", disse Lattime.

 Embora seja provável, não está provado que tenha sido o médico que fez a autópsia, Dr. Francesco Antommarchi, a subtrair o õrgão genital de Napoleão. 

Na sala estavam presentes dezessete testemunhas, sete médicos, duas criadas de Napoleão, um padre de nome Vignali e ainda um servo áraebe de nome Ali Haveria, portanto 29 suspeitos.

Embora os rumores persistam até os dias de hoje, a tal amputação nunca foi comprovada


Túmulo de Napoleão













domingo, 15 de julho de 2012

A Estátua da Liberdade é americana. FALSO!

Erguendo-se na entrada do porto de Nova York, este cartão-postal foi projetado e esculpido nos Estados Unidos para comemorar o centenário da independência do país, certo? Errado!

por Olivier Tosseri
 
Wikimedia Commons

A Estátua da Liberdade, monumento cujo nome oficial é “A Liberdade Iluminando o Mundo”, na verdade é uma obra francesa. A ideia de sua construção partiu de Édouard Lefèbvre de Laboulaye, historiador e político francês que era grande admirador dos Estados Unidos. Depois do fim da Guerra de Secessão, em 1865, ele propôs ao governo de seu país enviar aos americanos um presente para celebrar o centenário da independência da ex-colônia inglesa, comemorado em 1876. O projeto, confiado ao escultor alsaciano Frédéric Auguste Bartholdi, deveria simbolizar a amizade entre os dois países.

No entanto, em 1870 eclodiu a Guerra Franco-Prussiana, e a construção da estátua precisou ser interrompida. Mesmo com a volta da paz, novos obstáculos continuaram surgindo. A simpatia que os americanos demonstravam pelos alemães, por exemplo, decepcionava os franceses. Além disso, o futuro da recém-fundada III República francesa ainda era uma incógnita, e muitos deputados achavam inoportuno oferecer um presente daqueles aos Estados Unidos. Mesmo assim, Bartholdi cruzou o oceano Atlântico em 1871 para se encontrar com o presidente Ulysses Grant e checar a ilha de Bedloe, na baía de Nova York, onde a estátua deveria ser erguida.

Em 1875, com uma relativa estabilidade política na França, finalmente ficou decidido que o monumento seria construído, e os americanos deveriam se encarregar somente da base. Bartholdi precisou da ajuda de um engenheiro para elaborar a estrutura interna da obra e escolheu justamente Gustave Eiffel, autor da famosa torre de Paris. A estátua ficou pronta em 1884 e recebeu a visita do presidente francês Jules Grévy e do escritor Victor Hugo. No entanto, seu idealizador, Édouard Lefèbvre, morreu um ano antes de o projeto ser concluído.
 Em 1885, as 350 peças que compõem a estátua foram de trem até a cidade de Rouen, de onde desceram o rio Sena em um barco até o porto de Havre. O navio que carregava o monumento entrou no porto de Nova York em 17 de junho de 1885. Os americanos, porém, tiveram de esperar ainda mais um ano para ver o monumento de pé, já que os trabalhos de construção da base estavam atrasados por falta de financiamento.

Finalmente, em 28 de outubro 1886, foi inaugurada a escultura da mulher vestida com uma toga, empunhando as tábuas que fazem menção à Declaração de Independência de 1776. Somada à altura do pedestal, a estátua mede mais de 90 metros, e durante duas décadas sua tocha foi acesa para guiar as embarcações no porto de Nova York. Com o tempo, a oxidação fez a tonalidade castanho-avermelhada do cobre dar lugar à cor esverdeada que o monumento ostenta hoje.

Com dez anos de atraso, o presente de amizade tinha finalmente chegado ao destino para ali se transformar no mais francês dos símbolos americanos.

fonte: História viva

Não havia higiene na Idade Média?

Os homens cheiravam mal e não trocavam de roupa, e os camponeses viviam com animais. Não existiam banhos, mesmo porque lavar-se não era coisa bem vista. Certo? Errado!


 por Olivier Tosseri
Coleção Waldburg-Wolfegg, Castelo de Wolfegg
Banho público na Alemanha. Ilustração de manuscrito do século XV

Muita gente aprende nos bancos escolares ou em referências no cinema e em livros que os tempos medievais foram um zero à esquerda em matéria de asseio. Não é bem assim. Havia higiene na Idade Média, quando também se usava a água por prazer. Esse só não era um valor tão disseminado como hoje nas sociedades carentes, como em todos os períodos passados, de meios de educação abrangentes e democráticos.

Acervos preciosos de arte e objetos do período incluem itens usados na toalete de homens e mulheres, assim como iluminuras que representam pessoas se lavando. Os tratados de medicina e educação de Bartholomeus Anglicus, Vicente de Beauvais ou Aldobrandino de Siena, monges que viveram no século XIII, mostram uma preocupação real em valorizar a limpeza, principalmente a infantil.

A água era um elemento terapêutico e servia tanto para prevenir quanto para curar as doenças. Desenvolveram-se as estâncias termais e era recomendado e estimulado lavar-se regularmente. Como as casas não tinham água corrente, os grandes locais de higiene eram os banhos. Certamente herdados da Antiguidade, é provável que tenham voltado à moda graças aos cruzados retornados do Oriente, onde se havia conservado a tradição.

Nas cidades, a maioria dos bairros tinha banhos públicos, chamados de “estufas”, cuja abertura os pregoeiros anunciavam de manhã. Em 1292, Paris, por exemplo, contava com 27 estabelecimentos. Alguns deles pertenciam ao clero. O preço da entrada era elevado, e nem todos podiam visitá-los com assiduidade.

Na origem, os frequentadores se contentavam com a imersão em grandes banheiras de água quente. O procedimento se aperfeiçoou com o surgimento de banhos saturados de vapor de água. Utilizava-se o sabonete ou a saponária, planta que fazia a água espumar, para um melhor resultado. Para branquear os dentes, recorria-se a abrasivos à base de conchas e corais.

Tal era o sucesso desses locais que a corporação dos estufeiros foi regulamentada. Eles tinham direito a preços predeterminados e o dever de manter água própria e impedir a entrada de doentes e prostitutas. A verdade, porém, é que as estufas foram se transformando cada vez mais em lugar de encontros galantes: os banhos em comum e os quartos colocados à disposição dos clientes favoreciam a prostituição.

No século XIV, recorreu-se a éditos para separar os homens das mulheres, mas foi durante o século XV que se verificou uma mudança de mentalidade. A Igreja endureceu suas regras morais, pois passou a ver com maus olhos tudo quanto se relacionasse com o corpo. E os médicos já não consideravam a água benéfica, mas sim responsável e vetor de enfermidades e epidemias. Segundo eles, os poros dilatados facilitavam a entrada de miasmas e impurezas.

A grande peste de 1348 recrudesceu esse entendimento. Desde então, passou-se a desconfiar da água, que devia ser usada com moderação. Os banhos declinaram e, pouco a pouco, desapareceram. Foi preciso aguardar o século XIX e o movimento higienista para que se produzisse uma nova mudança de mentalidade.


fonte: História viva

sábado, 14 de julho de 2012

Superstições e crendices.

Agora um pouco mais amadurecidos podemos verificar que nem todos as historinhas que nos contavam quando éramos crianças eram realmente verdadeiras. Não se deve fazer isso por que "não presta". Não diga isso por que "será castigado" - era o prelúdio de uma crendice que ao longo do tempo se transformara em uma superstição.

Talvez em tempos passados o método de criar medo nos pequenos, seria uma forma de impor disciplina e inibir comportamentos fora do padrão comportamental da época. E para tanto, se inventavam essas crendices surgidas do nada, ou do imaginário das pessoas, que passaram de geração em geração até chegar aos nossos dias. E com certeza se perpetuarão ao longo da história humana.
Tão marcantes em nossa cultura, algumas que já pertencem ao Folclore brasileiro, as superstições oriundas de diversas crendices, note que eu disse crendices e não crenças que é uma coisa bem diferente, remotam à antiguidade. Mais precisamente à Idade Média. E mais longe, no início do cristianismo. É o caso do massacre aos Cavaleiros Templários dos tempos das Cruzadas. Em uma sexta 13, vítimas de um complo entre reis e papado, foram queimados na fogueira os principais líderes daquela ordem militar-religiosa. Diante de tal injustiça, pois mais tarde foi revelado pela própria igreja a inocência dos membros pertencentes àquela Ordem, o dia daquela atrocidade passou para a história como um dia de azar. Um pouco aquém, o desfecho da paixão e morte de Jesus Cristo, o suicídio do apóstolo traidor, Judas, ocorreram também em uma sexta feira 13. Lembrando que na Santa Ceia encontravam-se 13 pessoas.
Dois episódios marcantes que serviram para suscitar o imaginário das pessoas quanto ao legado de crendices e superstições que constatamos hoje em dia relacionado ao fatídigo dia . Vale lembrar que o tema "sexta 13" foi muito explorado pelo cinema em vários filmes de terror.

Mas, quais são as origens das superstições?
Para não se alongar muito, vamos ficar com as mais conhecidas.
Ainda sobre a sexta 13, muitas lendas sobre essa crendice ou superstição como queiram, vem da mitologia. Uma delas diz respeito à deusa do amor e da beleza chamada Friga , cujo nome deu origem a palavra "Friday". Reza a história que, quando os povos nórdicos se converteram ao cristianismo, a deusa foi transformada em uma bruxa e transportada ao alto de uma montanha. Para se vingar, Friga promoveu toda sexta feira, uma reunião com 11 feiticeiras mais o próprio Satanás, num total de 13 pessoas a fim de rogar pragas sobre a humanidade. Da Escandinávia, de onde originou a lenda, a superstição se espalhou por toda a Europa. Segundo o Testamento Judaico, mencionado pelo Prof. Paulo Cristiano (www.cacp.org.br), a sexta-feira é um dia problemático desde a criação do mundo. Neste dia, Eva ofereceu a maça para Adão. E o grande dilúvio bíblico teria começado neste dia da semana.
É claro que você já viu as pessoas baterem três vezes na madeira para espantar o azar ou mal agouro. Segundo o escritor citado acima, a versão original desta superstição teria como origem o fato de bater no tronco de uma árvore pelo fato de que os raios caiam sempre sobre elas. Os índios e os egípcios interpretaram este fenômeno como sendo as árvores, a morada dos deuses na Terra. Assim, quando sentiam-se culpados de alguma coisa, "batiam com os nós dos dedos no tronco para chamar a divindade e pedir perdão". Diz ainda que os Celtas também eram adeptos desse costume. Acreditando que as árvores consumiam os demônios, mandondo-os de volta a terra. Já na Roma antiga, o costume era bater na madeira da mesa. Mobília considerada por eles, sagrada. Invocando-se assim as divindades protetoras do Lar e da família.
E o gato prêto? Porque de tanta crendice com relação ao bichano? Também vem da Idade Média a aversão pelo felino. Devido aos seus hábitos noturnos, e ainda de cor prêta, era associado às trevas. Dizem que o papa Inocêncio VIII chegou a incluir o animal na lista dos perseguidos pela Santa Inquisição. Porém a Igreja teria invertido uma tradição milenar, pois os gatos eram reverenciados como divindades, principalmente pelos egípcios. Desde então já estava criada a aversão popular pelo gato preto. Hoje, preto ou não é animal de estimação de muita gente. Porém, muitos não gostam de vê-lo atravessando em seu caminho.
Antes de encerrar. Passar debaixo de escada? Nem pensar. Quebrar espelho? Deus me livre! Prefiro encontrar um trevo de quatro folhas, ou jogar moedas em uma fonte de água para realizar um desejo secreto. Seria esse um comportamento normal!?
Talvez no final do ano, a gente se pegue pulando ondas no mar, vestido de branco. Depois de comer lentilhas e brindar, para ter saúde e sorte. E com isso trazer pensamentos positivos para iniciar o novo período.
Mas além de tudo, penso que deveríamos acreditar e ter fé em nós mesmos. E, em Deus. Superar os medos e a insegurança. Isolar os sentimentos de impotência e incerteza. Minimizar a angústia de conviver com as crendices e superstições que ao longo da vida fomos absorvendo. Afinal, não existem provas de que a prática de alguma superstição tenha verdadeiramente influenciado no destino ou na felicidade das pessoas.

Um resumo especial sobre Iluminismo.

A liberdade de expressão, de pensamento, de opinião, e crença, nem sempre respeitadas hoje em dia teve início com um movimento global que ficou conhecido como Iluminismo. Foi consagrado ao final do século XVIII, e entrou para a história como o século das Luzes.

O Iluminismo preconizava uma nova era. Iluminada pela razão, ciência, e respeito pela humanidade, que até então vivia um período de séculos de obscurantismo e ignorância. Chamado de Idade da trevas, este período, era marcado pela opressão e o despotismo dos poderes monárquicos, e a pressão do Clero. E dominavam o poder político, economico e social. Dividiam suas benesses em detrimento da miséria e sofrimento do restante da humanidade.
Os iluministas desenvolveram ideias e atitudes que revolucionaram a vida em sociedade. Criticavam as arbitrariedades e o autoritarismo. E propunham uma nova organização social. Este conjunto de teorias e pensamentos tornou-se poderoso. Influenciou de forma decisiva os movimentos reformistas da Grã-Bretanha, as revoluções na França, cujos ideais eram de Liberdade, Igualdade, Fraternidade, e se estenderam a outros povos ocidentais como os Estados Unidos da América.
Dentre os homens que trabalharam para que hoje pudessemos usufrir, não tão plenamente como seria o ideal, dos bens universais de liberdade, igualdade e fraternidade, e buscar a verdade através da razão, podemos citar:
"- John Loke (1632-l704), acreditava que o homem adquiria conhecimento com o passar do tempo através do empirismo.
- Voltaire (1694-1778), defendia a liberdade de pensamento e não poupava crítica à intolerância religiosa.
- Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), defendia a idéia de um  estado democrático que garanta igualdade para todos.
- Montesquieu (1689-1755), defendeu a divisão do pode político em Legislativo, Executivo e Judiciário.
- Denis Diderot (1713-1784) e Jean Le Rond D' Alembert (1717-1783), juntos organizaram uma enciclopédia que reunia conhecimentos e pensamentos filosóficos da época.
- Bento de Espinosa (1632-1672), defendeu principalmente a ética e o pensamento lógico.
- David Hume (1711-1776), foi um importante historiador e filósofo iluminista escocês. Refutou o princípio da casualidade e defendeu o livre-arbítrio e o ceticismo radical.
- Adam Smith (1723-1790), economista e filósofo inglês. Grande defensor do liberalismo econômico.
- Immanuel Kant (1724-1804), importante filósofo alemão, desenvolveu seus pensamentos nas áreas da epistemologia, ética e Metafísica.
- Benjamin Constant (1767-1830), escritor, filósofo e político francês de origem suíça. Defendeu, principalmente, ideais de liberdade individual." (Fonte: sua pesquisa.com).
Para ampliar seu conhecimento sobre o assunto, clique na imagem ao lado para participar do quiz. São perguntas que vão te surpreender.  Verá a importância do tema, e terá uma visão melhor de como funcionou o Iluminismo.
Espero que esta postagem possa te acrescentar algum conhecimento. Como eu gosto do assunto julguei que  de repente você possa se interessar. 

A simbologia da Coruja.

De aparência muito estranha esta ave de rapina ao longo da história da humanidade tem simbolizado, conhecimento, sabedoria, pavor, e diversas crenças oriundas do mundo espiritual. Na mitologia grega encontramos Athena, a deusa da guerra e sabedoria que tinha como mascote, uma coruja. Os gregos, principalmente os de pensamento filosófico, consideravam a noite um momento de revelação. E sendo a coruja um pássaro noturno, acabou sendo representado por essa busca do saber. Já no Império romano, a ave era tida como animal agourento, seu canto anunciaria que a morte estava próxima.


Conta-se que em uma língua nórdica antiga, ela era chamada de "Ugla", palavra que imita o som do seu canto, e que daria origem ao termo "Ugly", feio em inglês. Interessante notar que ao identificar um animal para símbolo disso ou daquilo, a cultura universal escolhe àqueles de aparência esquisitas. Como o sapo, símbolo da fartura e boa sorte, e a águia símbolo da transformação do ser humano.
Conforme a história, diferentes civilizações adotaram estranhos animais para simbolizar a sabedoria. Como a tartaruga para os chineses e um peixe para os Celtas.

A tradição dos índios norte-americanos diz que a coruja mora no Leste, lugar de iluminação. Posto que a humanidade teme a escuridão, a Coruja enxerga no breu da noite. Onde os humanos se iludem ela percebe com clareza, acreditavam os índios.

No folclore brasileiro, consta que, para os seus filhotes não fossem vítimas de predadores, esta já ia lhes avisando - seria facil reconhecê-los, eles eram os "mais bonitos" da floresta. Daí o dito popular: "Toda a coruja gaba-se do seu toco", referindo-se ao ninho de seus horríveis filhotes. Assim como uma mãe elogia seus rebentos mesmo sabendo que todo recém-nascido não tem (ainda) nada de beleza.

Para os filósofos gregos o símbolo da sabedoria está intimamente ligado à influência da mitologia, de onde se origina a filha de Zeus, deus dos deuses, Athena, como fora dito deusa da guerra e da sabedoria. Athena traz pousada em sua mão direita a figura da ave noturna, que segundo a lenda sempre estava ao seu ombro, revelando-lhe as verdades invisíveis. É a crença difundida até os dias de hoje por filósofos contemporâneos.

No esoterismo que envolve parte da simbologia da Coruja, vamos encontrar uma sociedade secreta denominada Bohemian Club, fundada em 1872 em São Francisco,EUA, onde se reunem periodicamente. Uma vez por ano a sociedade convida para um grande encontro, homens poderosos da elite. O encontro é realizado em um grande bosque chamado Bohemian Grove. No centro, há uma grande pedra em forma de coruja.

Desde sua fundação foi adotado como símbolo uma coruja e uma estátua, que simboliza "estantes" de conhecimento. Seu lema é: "Weaving dealing spiders come not here". Adaptada em tradução livre: "Deixe seus negócios sujos na porta."

Curiosidade: a coruja vira a cabeça quase atingindo um ângulo de 360º. O que amplia seu angulo de visão, muito superior ao do ser humano.


Referências:
Mundo Estranho.
Ocultura.

Pequeno histórico sobre o Papel Higiênico.

Você sabia que o papel higiênico produto indispensável para a higiene pessoal tal qual a pasta de dente, ao longo da história era substituído por folhas de alface, trapos, couro, grama, folhas de árvores? Eu ouvi falar que nossos antepassados usavam sabugos de milho.
 Os primeiros a conceber a ideia do uso tal como é hoje, foram os chineses, no século II aC. Não em forma de rolos, mas em folhas únicas que mediam dois metros de largura por 90 cm de altura. Porém, de uso restrito aos imperadores e seus cortesões.

 Na Roma antiga eram utilizados pedaços de lã embebidos em água de rosas. E como gente fina é outra coisa, a realeza francesa usava pedaços de renda ou seda. No mundo nobre de Reis e Rainhas, era comum o uso pelos mais ricos e poderosos de folhas de Cânhamo. Segundo o "Aurélio" uma planta canabínea que fornece uma espécie de fibra têxtil, e um fruto de onde se retira um tipo de óleo.

 Por volta de 1857, um homem chamado Joseph C. Gayetty, lançou o primeiro papel higiênico no mercado. Extremamente caro, o produto consistia em camadas de papel umedecidos com aloe vera. Como slogam de marketing, Gayetty, usou a frase: "a maior necessidade da nossa era, o papel Gayetty, banho medicinal. Convenhamos, tão estranho como o comercial de uma famosa marca atual, que mostra personagens gritando o nome do "mordomo" Alfredo. Naquele tempo, como diria o "outro", já se produziam comerciais "Nadavê".

 O papel higiênico em rolos, tal como conhecemos hoje, começou a ser comercializado em 1880, pelos irmãos Edward e Clarence Scott. No princípio a ideia enfrentou vários obstáculos. Criaram-se tabus em torno do novo produto. Considerou-se imoral e pernicioso, expor os rolos em lojas diante do público em geral.

Até 1935, o papel higiênico que se usava era considerado de baixa qualidade, podiam conter impurezas e eram ásperos. Só a partir deste ano que apareceu o papel absorvente.

Em 1944, ao final da segunda guerra mundial uma grande industria ganhou o reconhecimento do governo dos Estados Unidos, ao fornecer às tropas do exército grande quantidade do produto. Foi uma contribuição enorme para consolidar a sua importância diante do público e fomentar a produção em larga escala.

 Durante a guerra do Golfo, o papel higiênico foi utilizado como estratégia ao enfrentamento das tempestades no deserto. Como os tanques americanos eram pintados de verde contrastavam com a areia branca oferecendo maior exposição ao inimigo. Foi então que os soldados envolveram os tanques com papel higiênico, resultando em uma técnica perfeita de camuflagem.

E quem diria que um produto que no passado tinha que ser vendido com a maior discrição possível, se tornaria estrela em desfiles de moda e astro em produtos de arte. Artistas de renome criaram até vestidos de papel higiênico. E o que dizer do talento de Anastassia Elias, que aproveitou até os tubinhos do rolo para demonstrar sua criatividade?

São quase 140 anos de história e recriação. Passando por 1942 quando se criou a versão dupla camada, até os dias atuais onde o encontramos, ilustrados, coloridos, perfumados, etc.

Segundo a empresa Kimberly-Clark, uma das maiores do ramo, espera-se uma inovação para o produto. Seria a incorporação de loção de Karité,  produzida através do fruto de mesmo nome, e muito conhecida na linha de cosméticos

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Escravo na zona rural no século XIX

A vida do escravo na fazenda era bem mais difícil do que a do escravo urbano, mesmo no período do processo de abolição. Segundo Emília Viotti da Costa, em sua obra Da Senzala à Colônia, o escravo rural era submetido à uma dominação ainda mais repressora que o escravo urbano. 



“O escravo urbano gozava inegavelmente de uma situação superior a do parceiro do campo. As possibilidades que tinha de conseguir a alforria eram maiores, melhores em geral suas condições de saúde, e mais suave o tratamento que recebia, pois os olhos da lei andavam mais perto” (1982: 289)

A vida do escravo na zona rural era bem diferente. No campo o senhor tinha plena autoridade, este que representava a Igreja, a justiça, a força política e militar.

Nas atividades da fazenda o escravo trabalhava uma média de 15 a 18 horas diária. A rotina dos escravos era esta: as 4 ou 5 horas, antes mesmo do sol nascer, se apresentavam ao feitor. Divididos em grupos iam para os cafezais. As 09 ou às 10 horas passavam para almoço, as cozinheiras preparavam a refeição no próprio local, em grandes caldeirões. Meia hora depois recomeçava o serviço.

À uma hora interrompiam o serviço para o café com rapadura. Às 4 horas jantavam e o trabalho prosseguia até o escurecer, quando novamente se apresentavam ao feitor. De volta do campo, dedicavam aos serviços no terreiro nas casas de engenho, no paiol e no preparo dos alimentos para o dia seguinte. As 10 ou 11 horas após uma ceia, recolhiam às senzalas.

Geralmente as senzalas eram construções de pau-a-pique, cobertas de sabe, sem janelas, apenas aberturas de 30 e 40 centímetros junto à cobertura com uma única porta, localizadas próximas à residência dos fazendeiros para poder se fiscalizar melhor os escravos. No corredor das senzalas tinham fogões primitivos onde os negros preparavam alguns pratos simples. Atrás da senzala, ficavam as privadas ou barricas com água que eram diariamente esvaziadas e limpas. Homens e mulheres dormiam em casas separadas, as crianças juntamente com as mães. Em algumas fazendas tinham pequenas cabanas ao lado das senzalas, destinadas aos casais.

Apenas nos domingos e feriados a rotina era alterada. Os escravos trabalhavam pela manhã cortando lenha, limpando córregos, concertando cercas, repassando estradas. À tarde tinham folga. Em certas fazendas alguns escravos recebiam um lote de terra para cultivar. Acreditava o senhor que isto seria uma forma de manter a segurança, pois assim mantinha o escravo ocupado, evitando concentrações. Para evitar tais concentrações, muitos fazendeiros substituíam a folga do domingo por um dia da semana.

Existiam senhores muito devotos que impediam qualquer trabalho aos domingos e dias santificados. Dia de repouso era dia de festa, recebiam roupas limpas, o vestuário era simples. Os homens usavam calça e camisa de algodão grosseiro. Na maioria das fazendas, as roupas eram renovadas apenas uma vez por ano. Geralmente eram trocadas aos domingos e lavadas uma vez por semana. Expostas ao sol e a chuva, as lavagens semanais estragavam as roupas. Negros esfarrapados, mesmo nas melhores fazendas, escandalizavam os viajantes. As escravas utilizadas nos serviços domésticos eram mais bem vestidas.

O pouco dinheiro que o escravo conseguia acumular em horas de trabalho domingueiro gastava em fumo, bebida, bugigangas e roupas. Nas vendas de beira de estrada, a pretexto de se vender cachaça às populações rurais, acobertavam o roubo e o contrabando. Os vendedores agiam muitas vezes como receptores. Galinhas, porcos, objetos de prata, café eram desviados das fazendas.

As posturas municipais tentavam em vão acabar com estes abusos. Uma das leis dizia que, todo aquele que comprasse de escravos café, objetos de prata, ouro brilhantes, ou qualquer objeto de casa, sem ordem por escrito do seu senhor, seria multado em 30$000 e encarcerado oito dias. Autorizava-se qualquer pessoa do povo a prender o escravo que encontrasse vendendo qualquer dos objetos mencionados, desde que testemunhado por duas pessoas.

As leis se repetiam, o que demonstrava sua ineficiência. A prática persistia. Um dos recursos utilizados pelos senhores para conter a população escrava era a religião, ela aparecia como mediadora entre senhor e escravo, o consolo do aflito, a esperança do desgraçado, obediência ao senhor, caracterizado como um pai a ser temido e respeitado. Alguns senhores exigiam que os escravos confessassem uma vez por ano. O pensamento da Igreja aconselhava moderação aos proprietários, e aos escravos aconselhava resignação e esperança na vida eterna, humildade e obediência, eis o catecismo do negro.

As fazendas dificilmente tinham um padre permanente. A maioria possuía oratórios e capelas, mas raramente recebiam a visita do capelão da paróquia. Em algumas fazendas, a prática limitava-se a uma reza vespertina. Em outras havia curtas preces de manhã e a noite. Em alguns casos reservava-se as orações para os domingos e dias santificados. Na obscura compreensão do cristianismo os escravos embrulhavam o latim como embrulhavam as práticas religiosas, e de tudo isso resultava um sincretismo muito complexo.

Haviam senhores que permitiam aos sábados e aos domingos e dias de festa, como casamentos e batizados, que escravos promovessem no terreiro os seus batuques. Muitas vezes, as autoridades viam nessas reuniões inofensivas uma séria ameaça à segurança pública e proibiram sua realização

A devoção aos santos, comum à população branca, encontrava-se também difundida entre os escravos.
Na senzala e na casa grande, religião materializava-se. Religião e superstição confundiam-se. A criança adoecia e diziam que era mal olhado, se a enxada quebrava diziam ser obra do saci, responsável também pela louça que quebrava ou pelas coisas que desapareciam.

O feiticeiro tinha muito prestígio entre os escravos, por ser capaz de controlar as forças hostis e prestar benefícios à coletividade. Mas ao mesmo tempo aparecia como uma pessoa perigosa, vivia freqüentemente afastado dos demais, seus medicamentos eram feitos à base de ervas, pedras, excrementos, etc.

Nas fazendas raramente havia assistência médica, nos primeiros tempos, o isolamento em que viviam, a dificuldade dos meios de transportes, o escasso número de médicos disponíveis obrigaram o fazendeiro a transformar-se em médico prático. Os manuais de medicina gozavam de grande prestígio. Eram escritos livros com este propósito, como: “Tratamento das doenças dos negros”, “Dicionário de medicina doméstica popular”, “Guia médico do fazendeiro”.

As más condições higiênicas das senzalas, as penosas condições de trabalho sob o sol e a chuva, a precariedade do vestuário e da alimentação, os estragos causados pela cachaça minavam o corpo do escravo, contribuindo para o alto índice de mortalidade entre eles. A duração média da força de trabalho era de 15 anos e, nas fazendas sempre haviam escravos momentaneamente incapacitados, numa cifra de 10% a 15%. A mortalidade infantil chegava a atingir 88%. A Falta de higiene alimentar também consumia grande número de crianças. As mães eram obrigadas a iniciar cedo a desmama.

Os índices de mortalidade referentes à população negra permaneceram muito altos mesmo depois de abolida a escravidão. A grande mortalidade era provocada principalmente pela febre amarela e a malária. Durante o período da escravidão os maiores índices caíram sobre a população infantil. Durante a campanha abolicionista deram força de argumento aos altos índices de mortalidade.

A população escrava em vez de crescer, diminuiu no decurso do século XIX, como prova de alta mortalidade. As epidemias eram facilitadas pelas más condições higiênicas e pela promiscuidade em que viviam. As mais graves eram a cólera, a febre amarela e a varíola.

A partir de 1885, houve numerosos casos da cólera-morbo. Nesse ano, assumiu tais proporções que, o governo preocupado, tomou medidas para sufocá-la, aconselhando aos fazendeiros o maior desvelo quanto à habitação, vestuário e tratamentos. As epidemias de varíola sucediam-se nas fazendas e nas cidades. No Rio de Janeiro foram numerosos os surtos de varíola e também na província de São Paulo. O “banzo” foi considerado o mal da escravidão, nascia das manifestações de nostalgia que suscitava o regime de escravidão, comparado à liberdade antiga se caracterizava entre os negros pela apatia e por mortal tristeza. Esses sintomas eram o da moléstia do sono.

Causa freqüente da mortalidade eram as picadas de animais venenosos, como aranhas e cobras. Descalços, na lida da lavoura, ficavam sujeitos a serem atacados por elas. Diversas verminoses diminuíam a capacidade de trabalho, produzindo cansaço e apatia. Mas também eram graves os numerosos casos de tétano. Trabalhando nas zonas rurais, os escravo, muitas vezes, contaminavam-se com micróbio do tétano e morriam entre convulsões e enrijecimentos.

Numerosos eram os casos de lepra e retite gangrenosa. A maioria dos senhores alforriava os leprosos, assim como outros cuja moléstia não tinha cura. As queixas contra lázaros que vagavam pelas estradas e acampavam juntos às cidades, pondo em pânico a população, multiplicavam-se. De vários lugares, solicitavam-se da administração medidas que obrigassem os senhores a interná-los, bem como a construção de hospitais com essa finalidade.

A condição do escravo na zona rural foi consideravelmente inferior à condição dos negros na zona urbana, mesmo que na cidade também existissem abusos fora da lei, lei que já era perversa. Na fazenda a lei podia ser ainda mais desrespeitada uma que estava extremamente distante, quando não inexistente.

Referência Bibliográfica
COSTA, Emília Viotti. Da senzala à colônia. (2ª ed.) São Paulo, Ciências Humanas, 1982.