quarta-feira, 11 de julho de 2012

Instituto Ricardo Brennand


O Instituto Ricardo Brennand é um complexo formado pelo Castelo, Pinacoteca e Biblioteca - edificações em estilo medieval gótico. Voltado à preservação da arte e da cultura, com ênfase no período "Brasil Holandês. O instituto, que nasceu em 2002 com o objetivo de levar oportunidades inéditas de contemplação da arte e aprendizado a grandes parcelas da população, já se destaca no cenário nacional como importante centro de cultura do nordeste brasileiro.

                                                                            


O julgamento de Fouquet                                                                                 
Exposição " O julgamento de Fouquet" na pinacoteca do Instituto Ricardo Brennand



  Ascensão e queda de Nicolas Fouquet          

A França estava sob o reinado do Rei Luís XIV, eternizado na história mundial como Rei Sol, por sua regência suntuosa e pela frase “O Estado sou Eu!”. Por indicação do Cardeal Mazarino, (primeiro-ministro da corte), Luís XIV nomeou Fouquet para ocupar o cargo mais cobiçado da época, o de Superintendente das Finanças do Reino, o qual ocupou de 1648 a 1661. Durante este período, Fouquet restabeleceu a credibilidade das finanças do Reino e, gozando de privilégios econômicos, multiplicou sua fortuna tornando-se um dos homens mais ricos da França.

A cobiça pelo seu cargo levou Jean-Baptiste Colbert a acusá-lo de peculato e tentativa de sedição junto ao Rei. No dia 17 de agosto de 1661, uma grande festa foi preparada para receber os 600 convidados da corte do Rei Sol. Todos ficaram instalados nas dependências do Castelo de Fouquet, o Vaux-le-Vicomte. Durante os dias da festividade, foram sorteadas armas para os cavalheiros e jóias para as damas. Diante da riqueza e suntuosidade da festa, Luís XIV acaba por se convencer que as acusações de Colbert são verdadeiras, decide decretar a prisão de Fouquet, que só não ocorre durante a festa por Ana da Áustria, mãe do Rei, intervém e dissuade o filho. Mas em 05 de setembro de 1661, Nicolas Fouquet foi submetido a uma corte especial. 

Seu julgamento se arrastou por 3 anos, ao fim dos quais Fouquet foi condenado ao banimento da França e ao confisco de todos seus bens pessoais. Insatisfeito com a sentença, Luís XIV transforma o banimento em prisão perpétua. Nicolas Fouquet foi aprisionado no Castelo de Pignerol, onde faleceu no dia 23 de março de 1680. 

                                                        


                      
Instituto Ricardo Brennand


                                              HISTÓRIA

                                            
Ricardo Brennand nasceu no dia 27 de maio de 1927, na Usina Santo Inácio, no município do Cabo, em Pernambuco, sendo originário de uma família inglesa. Aos quatro anos de idade, porém, veio morar no engenho São João, no bairro da Várzea, na cidade do Recife.

Durante cinco anos – de 1937 a 1942 – o jovem estudou no Colégio Marista, tendo sido aluno também do Colégio Oswaldo Cruz. Toda a sua educação, cabe salientar, foi sempre acompanhada por uma preceptora que, entre outras coisas, lhe ensinou a falar fluentemente as línguas inglesa e alemã.

Em 1949, Ricardo concluiria os cursos de engenharia civil e engenharia mecânica, ambos na Universidade Federal de Pernambuco. Naquele mesmo ano, ele casava com Graça Maria Monteiro. O casal teve oito filhos: Ricardo Filho, Antônio Luís (falecido há 5 anos), Catarina Maria, os gêmeos José Jaime e Maria de Lourdes, Renata, Patrícia e Paula.

Durante muitos anos, Ricardo Brennand se dedicou ao ramo de negócios que a sua família desenvolvera: as indústrias de vidro, aço, cimento, porcelana e açúcar. Mas, como hobby, ele colecionava uma grande quantidade de armas, adquirindo-as sempre em todos os lugares viajados (na Europa e na Ásia), através de leilões, museus, ou mesmo de coleções particulares.

Em 1990, o empresário venderia as fábricas de cimentoAtolParaíba PortlandCimepar Goiás e, com o consentimento dos seus familiares, utilizaria parte dos recursos para fundar o Instituto Ricardo Brennand (IRB), uma sociedade sem fins lucrativos, presidida pelo próprio empresário. O seu Conselho Deliberativo é formado por Nélida Piñon, Joaquim Falcão, Edson Nery da Fonseca, Affonso Emílio Massot e outros.

         Através de um projeto pessoal que associou muita coragem, competência e generosidade, o empresário pôde inaugurar, no segundo semestre de 2002, em terras que no passado pertenceram a João Fernandes Vieira, um empreendimento que representava o seu grande sonho. O Instituto é uma bela homenagem prestada pelo empresário ao seu saudoso tio homônimo. Com isto, Ricardo Brennand criava um pólo turístico cultural local, nacional e global de valor inestimável.

Situado na Alameda Antônio Brennand, s/n, no bairro da Várzea, e todo edificado em estilo medieval gótico, o complexo é formado por três construções distintas – o castelo, a pinacoteca e a biblioteca – nas mesmas terras onde o empresário vivera desde sempre. Contém, também, um auditório para 100 pessoas, com uma área de 1.200 m2.

          O Governo da Holanda reconhecendo que o IRB utilizava uma tecnologia de ponta, no tocante aos controles de umidade e temperatura, entre outros aspectos, colocou o Estado de Pernambuco na rota das grandes mostras internacionais, e permitiu que a exposição itinerante “Albert Eckhout volta ao Brasil (1644 -2002)” fosse transportada para o Recife, dando ensejo à inauguração da pinacoteca.

O IRB trouxe ao Recife, do dia 12 de setembro a 24 de novembro de 2002, a megaexposição do pintor holandês Albert Eckhout (1610 - 1680). Vale salientar que a liberação das 24 obras do acervo do artista só ocorreu após uma década de negociações com o Museu Nacional da Dinamarca, em Copenhague. Eckhout veio ao Novo Mundo acompanhando a comitiva do conde Maurício de Nassau, um holandês que governou Pernambuco durante sete anos (1637 - 1644), durante a época da invasão dos flamengos (1630 - 1654). Eckhout foi o primeiro olhar estrangeiro a registrar as riquezas botânica e humana do Brasil colônia.

Na pinacoteca do IRB (cuja área tem 1.200 m2), há uma exposição permanente de paisagens do artista holandês Frans Post (1612 – 1680), permitindo que o visitante faça um passeio histórico pelo Brasil holandês.

Frans Post representou um dos integrantes da comitiva holandesa em Pernambuco, assim como Georg Marcgraff (astrônomo e cartógrafo), Zacarias Wagner (desenhista), e Peter Post (arquiteto), entre tantas outras personalidades competentes. Atuando como a memória visual do conde Maurício de Nassau, Frans Post o acompanhava em todas as campanhas e viagens. 

Na pinacoteca, pode-se apreciar um livro virtual, editado em 1647, cujas páginas são folheadas mediante a colocação das mãos do usuário sobre os sensores existentes. IntituladoRerum octenium in Brasilia, o livro foi elaborado por Gaspar Barleus, englobando 340 páginas, 57 gravuras, 24 mapas e ilustrações de Frans Post. Além disso, estão expostas algumas obras do francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848).

Do acervo da pinacoteca constam, ainda, mapas, moedas, cachimbos, documentos originais do século XVII, e um quadro bastante raro da coleção de Post, intitulado Forte Frederik Hendrik, que retrata a Ilha de Antônio Vaz, em Pernambuco. Essa obra faz parte da chamada primeira fase do artista, época em que ele viveu no Brasil, e representa as primeiras visões de um europeu sobre o Novo Mundo. Sabe-se que, naquele período, ele pintou um total de 18 telas, mas, destas, só restaram 7, estando as demais desaparecidas. 

Somente a título de informação, ressalte-se que um quadro de Frans Post, daquela mesma fase, foi arrematado em 1997, em um leilão em Nova York, por US$ 4,1 milhões, o que representa o valor mais alto já pago por um quadro desse pintor, até o presente.

         Na exposição permanente da pinacoteca é possível se apreciar, inclusive, a maior coleção particular do Brasil de pinturas e paisagens daquele artista holandês. Encontram-se, por outro lado, as obras dos viajantes que vieram ao Brasil depois da abertura dos portos, além de outros expoentes da Academia Imperial. Através daqueles desenhos e gravuras, é possível se conhecer, hoje, como era o Recife no século XVII, incluindo-se as suas flora e fauna.

Em setembro de 2003, por sua vez, inaugurou-se o Museu Castelo São João, uma construção em estilo Tudor, cujo projeto arquitetônico foi inspirado nos castelos da região toscana, na Itália. Esse castelo possui um calabouço, vitrais antigos (originários de igrejas e castelos europeus), portas secretas e um altar em estilo gótico.

O local está repleto de armas brancas e armaduras medievais completas, representando o acervo adquirido por Ricardo Brennand durante meio século de vida. São pinturas, esculturas, vitrais, tapeçarias, desenhos, gravuras, canivetes, estiletes, clavas, adagas, espadas, lanças, armaduras medievais (inclusive para cavalos e cães) e uma série de outras armas para a caça e para a guerra, provenientes de vários séculos e de origens distintas, além de um mobiliário gótico.

No castelo, destaca-se um raríssimo conjunto do século XV, em estilo Maximiniano, de origem germânica, constando de cavalo-cavaleiro-com-armadura, bem como conjuntos de combate, clavas, esferas com pontas e outras peças.

Advindo do século XVI, há uma curiosa armadura para cachorro e vários objetos interessantes, a exemplo de uma adaga indiana do ano de 1700, uma caneca de prata com o brasão da Companhia das Índias Ocidentais, além de espadas-pistola e facas-pistola (lâminas acopladas com armas de fogo). 

Pode-se apreciar, também, valiosas tapeçarias e uma coleção de telas de artistas renomados, tais como Jean Baptiste Debret, Eliseu Visconti, Emil Bauch, Eugène Lassaily e Antonio Facchinetti.

Integrando o grande acervo, estão presentes algumas telas pintadas a óleo - O comércio de escravas brancas (de Domenico Russo), O modelo do artista (de Eliseu Visconti) eDançarina do Harém (de Gaston Guedy) - e a peça Anjo Querubim - uma obra em madeira policromada e dourada, que foi entalhada pelo Mestre Valentim da Fonseca e Silva (1750 - 1813). Esse trabalho fazia parte, originalmente, da nave central da Igreja dos Clérigos, no Rio de Janeiro. 

O IRB conta, inclusive, com inúmeros trabalhos em mármore, réplicas de estátuas elaboradas por famosos escultores europeus (As Três Graças, O Rapto das Sabinas,Fuga de Vesúvio), outras estátuas italianas e esculturas mineiras do século XIX.

Vale salientar que, um dos pilares mais importante do IRB é a realização de programas educacionais voltados para os alunos das redes municipal e estadual de ensino, e para crianças e adolescentes deficientes. Esses programas visam complementar o ensino regular de História, aproximando o conhecimento desta disciplina e das artes junto às escolas e à comunidade, e ensinando os jovens a melhor conhecer e valorizar a cultura.

Nesse processo, encontram-se envolvidos os seguintes parceiros: a Secretaria de Educação e Cultura de Pernambuco; as Secretarias Municipais de Recife, Jaboatão, Olinda, Paulista e Camaragibe; a Universidade Federal de Pernambuco; e a Empresa Municipal de Transportes Urbanos (EMTU).

Dentro do programa de visitas ao IRB, os estabelecimentos de ensino são agendadas em grupos de 50 alunos (acompanhados por alguns professores) que, além de desfrutarem da visita ao local, recebem kits de jogos educativos, baseados na vida e obra de Frans Post. Cabe registrar que os docentes recebem um kit distinto daqueles dos alunos, já que necessitam de instruções para poder orientá-los em seus jogos.

A biblioteca do IRB vem sendo organizada no primeiro andar da pinacoteca, com enfoque para o período do Brasil-holandês. Ela contém dezenas de milhares de títulos, muitos dos quais verdadeiras preciosidades, bem como uma seção de gravuras e cartografia. O acervo teve o privilégio de incorporar três outras coleções particulares relevantes: a de um historiador (José Antônio Gonsalves de Mello), a de um documentalista (Edson Nery da Fonseca) e a de um escritor musicólogo (Padre Jaime Cavalcanti Dinis).

Para compor a fauna existente em jardins de castelos europeus, o IRB teve o cuidado de importar várias espécies de aves exóticas, incluindo cisnes negros e brancos, patos, flamingos, gansos e outros. Todas as espécies perambulam livremente pelos espaços que lhes foram destinados nas imediações da localidade.

         Três grandes esculturas de rinocerontes, em cor negra, podem ser apreciadas nos jardins do IRB E estes estão rodeados por trechos da Mata Atlântica, preservada graças ao enorme carinho do empresário para com a flora nativa. Os bairros da Cidade Universitária e da Várzea contêm a sinalização para o acesso ao I.R.B., cuja entrada se dá através da imponente Alameda Antônio Brennand, que contém dezenas de palmeiras imperiais.

        A obra de Ricardo Brennand representa um gesto de crença e amor, e um sopro de vida e esperança para o Brasil. Por tanto querer bem à população brasileira, à sua família, aos seus amigos, à terra que pertenceu a João Fernandes Vieira, e por tanto desejar que os seus descendentes nasçam, cresçam e vivam na região, se orgulhando de serem nordestinos, o empresário disponibilizou e financiou, em vida, uma obra que protege um precioso patrimônio artístico e cultural. 




FONTES CONSULTADAS:


BURCKHARDT, Eduardo. Paisagens do tempo de Nassau. Revista Época, São Paulo, Edição especial 70 -71, p. 1- 2, 23 out. 2003.

DISCRIÇÃO ao estilo inglês: descendência da família remonta à Liverpool de 1820. Diário de Pernambuco, Recife, 3 abr. 2003, Caderno Viver, p. 2.

ESCOLAS podem agendar visitas para mostra Frans Post. Disponível em: <http://www.jornaldocommercio/online> Acesso em: 3 abr. 2003.

GALINA, Décio. Duas vezes Brennand: o castelo de Ricardo e a oficina de Francisco, ambos no bairro da Várzea,são ótimas justificativas para dar as costas à orla de Recife. Revista Gol, São Paulo, set. 2005.

INSTITUTO Ricardo Brennand: a obra e o tempoRecife: Instituto Ricardo Brennand, [200-].

INSTITUTO Ricardo Brennand ganha prêmio nacional de turismo. Disponível em: <http://www.jornaldocommercio/online>. Acesso em: 8 out. 2003.

LACERDA, Ângela. Um castelo, um mecenas e um oásis de arte e história. O Estado de São Paulo, São Paulo, 29 set. 2003. Caderno 2, p. 1-4.

MEDEIROS, Amaury. Instituto Ricardo Brennand. Jornal do Commercio, Recife, 2 jan. 2003. Caderno Opinião, p. 15.

UM PROGRAMA voltado para quem gosta de vários tipos de arte. Vejanoite, Recife, p.2 ,29 jan. 2003.

Conjuração Mineira e conjuração Baiana

A Conjuração Baiana e a Inconfidência Mineira foram marcadas por visíveis diferenças políticas.
As proximidades e diferenças entre duas revoltas que marcaram o final do século XVIII, no Brasil.  
    


Ao longo do século XVIII, observamos o desenvolvimento de diversas situações de conflito envolvendo os colonos brasileiros e a administração metropolitana. Nessa época, a ampliação dos impostos, o rigor da fiscalização decorrente da exploração aurífera e a decadência do açúcar foram alguns dos motivos que cercaram a ocorrência dessas revoltas. Para alguns, isso indica o desenvolvimento de um processo que contribuiu para o processo de independência brasileiro.

Mesmo parecendo plausível, devemos assinalar que o reconhecimento de um processo se torna um tanto quanto complicado ao analisarmos a natureza e as diferenças que marcaram cada uma dessas rebeliões coloniais. Entre outros casos, podemos notar que a contraposição entre a Inconfidência Mineira de 1789 e a Conjuração Baiana de 1798 oferece ricos dados na compreensão dessas diferenças que vão contra a ideia de um processo em desenvolvimento.

Assim como a grande parte de nossas revoltas coloniais, as revoltas, mineira e baiana, foram alimentadas por membros da elite insatisfeitos com a ação metropolitana em cada uma dessas regiões. No caso de Minas, os mineradores de Vila Rica e outros membros da elite mostravam-se insatisfeitos com a política fiscal e a cobrança da derrama. Por outro lado, a cidade de Salvador era palco de uma grave crise econômica que se arrastava desde a crise do açúcar e a transferência da capital para o Rio de Janeiro.

Além disso, devemos notar que os participantes dessas mesmas revoltas estiveram diretamente influenciados pela ideologia iluminista. Mais uma vez, notamos o caráter elitista de tais movimentos, os quais eram sustentados por uma elite letrada e, em alguns casos, instruída nas universidades europeias. Sendo assim, observamos que a origem social, análoga a esses movimentos, viria a empreender a busca por objetivos próximos em cada um deles.

No entanto, a despeito de um projeto de nação independente, vemos que a Conjuração Baiana e a Inconfidência Mineira não se separaram apenas por um hiato temporal. A falta de comunicação entre os centros de colonização e a ausência de um sentimento nacional anula qualquer possibilidade de se considerar que tais revoltosos se sentiam integrantes de uma nação que merecia a sua independência. Na maioria dos casos, a autonomia era projetada em esfera local.

Entre tantas proximidades, vemos que a questão da escravidão acabou sendo o ponto que veio a estabelecer uma diferença entre essas duas revoltas. No caso mineiro, a limitação do movimento às discussões de uma elite enriquecida acabou fazendo com que a escravidão não entrasse em sua pauta, já que o fim desta prejudicaria boa parte dos inconfidentes. No caso baiano, a divulgação de panfletos acabou disseminando a causa emancipacionista entre setores populares e favoráveis à abolição.

Assim que a Conjuração Baiana ganhava contornos mais radicais e populares, os líderes intelectuais da causa acabaram se afastando do movimento. Talvez, assim como os inconfidentes mineiros, eles temiam os efeitos de uma revolta emancipacionista conduzida pelas camadas menos favorecidas da população. Por fim, vemos que a revolta baiana se diferenciou da conspiração mineira assim que os agentes sociais de cada acontecimento se diferiram em suas origens e interesses.

Por Rainer Sousa
Mestre em História
 



VÍDEOS E MENSAGENS DE AUTO - ESTIMA

Tudo é possível, basta querer, nunca desista de algo que você tem certeza que lhe fará feliz, que vai lhe trazer felicidade. Se você acredita que as coisas podem dar certas e tudo indica que sim, então vá em frente, não desista.

                                                                            

               A força de vontade vem de dentro do nosso coração, e manifestamos por nossas ações...

Reflitam!!                                                                    
                                                                        
                                                                     

A ilha dos sentimentos

Era uma vez uma ilha, onde moravam todos os sentimentos: a Alegria, a Tristeza, a Sabedoria e todos os outros sentimentos. Por fim o amor. Mas, um dia, foi avisado aos moradores que aquela ilha iria afundar. Todos os sentimentos apressaram-se para sair da ilha.

Pegaram seus barcos e partiram. Mas o amor ficou, pois queria ficar mais um pouco com a ilha, antes que ela afundasse. Quando, por fim, estava quase se afogando, o Amor começou a pedir ajuda. Nesse momento estava passando a Riqueza, em um lindo barco. O Amor disse:

- Riqueza, leve-me com você.
- Não posso. Há muito ouro e prata no meu barco. Não há lugar para você.

Ele pediu ajuda a Vaidade, que também vinha passando.

- Vaidade, por favor, me ajude.
- Não posso te ajudar, Amor, você esta todo molhado e poderia estragar meu barco novo.

Então, o amor pediu ajuda a Tristeza.

- Tristeza, leve-me com você.
- Ah! Amor, estou tão triste, que prefiro ir sozinha.

Também passou a Alegria, mas ela estava tão alegre que nem ouviu o amor chamá-la.
Já desesperado, o Amor começou a chorar. Foi quando ouviu uma voz chamar:

- Vem Amor, eu levo você!

Era um velhinho. O Amor ficou tão feliz que esqueceu-se de perguntar o nome do velhinho. Chegando do outro lado da praia, ele perguntou a Sabedoria.

- Sabedoria, quem era aquele velhinho que me trouxe aqui?

A Sabedoria respondeu:

- Era o TEMPO.
- O Tempo? Mas porque só o Tempo me trouxe?
- Porque só o Tempo é capaz de entender o "AMOR"."

terça-feira, 10 de julho de 2012

A HISTÓRIA DO DILÚVIO: DILÚVIO UNIVERSAL OU LOCAL?



Introdução

Quase todas as crenças religiosas da antigüidade possuem um mito relacionado ao dilúvio. Até o século XIX, o dilúvio era considerado como verdadeiro, porém com o avanço tecnológico e científico o homem iniciou um processo de descrença neste ocorrido. Porém, a geologia contemporânea comprova que ocorreu na região do Crescente Fértil um dilúvio que abrangeu, no mínimo, todo o mundo conhecido da época.

O Dilúvio

Não se sabe exatamente qual a origem da História do Dilúvio, porém esta história é representada das mais diversas formas por boa parte das civilizações conhecidas.
"Supõe-se que a idéia de dilúvio seja baseada na lembrança de alguma catástrofe produzida por inundações. Essa noção, porém, surge sempre como um castigo divino à maldade, vícios e devassidões a que se entregavam os homens." (Dicionário de Mitologia greco-romana, São Paulo: Abril Cultural, 1973).
O dilúvio na mitologia greco-romana

A mitologia greco-romana nos conta a história de Deucalião e Pirra, os sobreviventes do dilúvio imposto por Zeus com o propósito de exterminar a raça humana.
Segundo esta tradição, Deucalião reinava sobre a Tessália na Idade do Bronze, época em que o homem estava muito degenerado, entregando-se a vícios e maldades. Zeus, para castiga-los, decidiu destruir a raça humana através de uma dilúvio. Deucalião, porém recebe orientação de seu pai, conhecedor das pretensões de Zeus, e constrói uma embarcação onde fica com a mulher Pirra durante a inundação> Segundo esta história, a Terra inteira é submergida e seus habitantes mortos. Deucalião e Pirra ficam nove dias e nove noites encerrados na embarcação, no décimo dia desembarcam no monte Parnaso. Zeus perdoa os dois sobreviventes lhes concedendo a realização de um pedido, os dois pedem pelo repovoamento da Terra, Zeus ordena-os que joguem por atrás de si os ossos de suas mães, os dois jogaram, então, para de atrás de si pedras, que representam os ossos da mãe Terra, das pedras lançadas por Decalião nascem homens e das pedras lançadas por Pirra nascem mulheres, estes repovoaram a Terra.

O dilúvio na mitologia Maia
A América também possui seu mito sobre o dilúvio, a mitologia Maia descreve na história do Popol Vuh onde é narrada a história de um dilúvio que dizimou a raça humana.
"Segundo o Popol Vuh, o mundo era um angustiante nada, até que os deuses - o Grande Pai e a Grande Mãe, um criador, a outra fazedora de formas - resolveram gerar a vida. A intenção de ambos era serem adorados pela própria criação. Primeiro, fizeram a Terra, depois, os animais e, finalmente, os homens. Estes, inicialmente, foram criados de barro. Como não deu certo, o Grande Pai decidiu retirá-los da madeira. Porém, os novos homens, apesar de ativos, eram vaidosos e frívolos, obrigando o Grande Pai a destruí-los em um dilúvio." (Enciclopédia Encarta, Microsoft Corporation, 2001)

O dilúvio na mitologia Suméria

O mito sumério de Gilgamesh nos conta os feitos do rei da cidade de Uruk, Gilgamesh, que parte em uma jornada de aventuras em busca da imortalidade, nesta busca encontra as duas únicas pessoas imortais: Utanapistim e sua esposa, estes contam à Gilgamesh como conquistaram tal sorte, esta é a história do dilúvio. O casal recebeu o dom da imortalidade ao sobreviver ao dilúvio que consumiu com a raça humana.
"Tudo começou na antiga cidade de Shurupak às margens do rio Eufrates nessa cidade viviam os deuses: Anu, deus do céu, Enlil, seu conselheiro, e também o supremo deus Ea. Naqueles dias, a Terra fervilhava, o povo se multiplicava e o mundo a mugir como touro selvagem (...) os deuses irritaram-se com este barulho. Enlil foi logo reclamar na Assembléia dos deuses: 'É um tumulto intolerável. Ninguém mais consegue dormir com essa balbúrdia dos homens'. E foi assim que eles, os deuses, decidiram exterminar a raça humana."(TAMEN, Pedro. Gilgamesh, Rei de Uruk. São Paulo: ed. Ars Poetica, 1992.)
Na tradição suméria, o homem foi dizimado por encomodar aos deuses, mas segundo este mito, o deus Ea, por meio de um sonho, apareceu a Utanapistim e lhe revelou as pretensões dos deuses de exterminar com os humanos através de um dilúvio.
"Homem de Shurupak, derruba tua casa e constrói um barco. Abandona tuas posses e salva tua vida. Renuncia aos bens terrenos e conserva coração puro." (TAMEN, Pedro. Gilgamesh, Rei de Uruk. São Paulo: ed. Ars Poetica, 1992.)
Dos mitos sobre o dilúvio, sem dúvida, a história do encontro entre Utanapistim e Gilgamesh é o que mais se assemelha a história bíblica de Noé e o dilúvio. Até mesmo a questão moral está presente, quando o deus Ea pede a Utanapistim que renuncie aos bens materiais e conserve o coração puro, mas as semelhanças não param por ai.
"O barco que deves construir deve ter a mesma largura e comprimento, o convés coberto, tal como uma abóbora, e leva então para dentro do barco sementes de todas as coisas vivas." (TAMEN, Pedro. Gilgamesh, Rei de Uruk. São Paulo: ed. Ars Poetica, 1992.)
É muito semelhante a questão da preservação das espécies, citada na história bíblica, onde Utanapistim deve levar no barco sementes de todas as coisas vivas.
Utanapistim reúne sua família e constrói a embarcação que lhe foi ordenada por Ea, estes ficam por sete dias debaixo do dilúvio que consome com os humanos.
"Eu percebi que havia grande silêncio, não havia um só ser humano vivo além de nós, no barco. Ao barro, ao lodo haviam retornado. A água se estendia plana como um telhado, então eu da janela chorei, pois as águas haviam encoberto o mundo todo. Em vão procurei por terra, somente consegui descobrir um montanha, o Monte Nisir, onde encalhamos e ali ficamos por sete dias, retidos. Resolvi soltar uma POMBA, que voou para longe, não encontrando local para pouso retornou (...) Então soltei um corvo, este voou para longe encontrou alimento e não retornou." (TAMEN, Pedro. Gilgamesh, Rei de Uruk. São Paulo: ed. Ars Poetica, 1992.)
A história contada por Utanapistim é muito semelhante a descrita na Bíblia. O descontentamento divino frente as maldades e perversões humanas levando a divindade ao arrependimento pela criação dos homens e automaticamente a destruição destes através de um dilúvio. 

A história bíblica do dilúvio

A história bíblica do dilúvio, a história de Noé, nos mostra um Deus descontente com as imprudências humanas, Deus resolve destruir os homens, porém poupa Noé sua esposa e três filhos com as respectivas esposas. A história do dilúvio bíblico conta que Deus ordena a Noé que construa uma arca e que deve convocar um casal de todos os animais viventes para que sobrevivam ao dilúvio.
"De tudo que vive, de toda carne, dois de cada espécie, macho e fêmea, farás entrar na arca, para os conservares vivos contigo." (Bíblia Sagrada, Almeida Revista e Atualizada, Sociedade Bíblica do Brasil.)
Como nos conta a história bíblica, Noé e sua família ficam quarenta dias e quarenta noites debaixo de chuvas, toda a espécie humana é destruída, sobrando somente os tripulantes da arca. Quando sai da arca, Noé firma uma aliança com Deus, onde este promete que nunca mais haverá outro dilúvio igual.

Os assírios e o dilúvio

O Dicionário da Bíblia John D. Davis, afirma que nos registros assírios que enumeram os antigos reis da Assíria, apontam que estes governavam "após o dilúvio", também afirma que em registros do rei Assurbanipal, este refere-se a inscrições anteriores ao dilúvio. 

A versão científica do dilúvio

Segundo a geologia moderna, o dilúvio realmente ocorreu na região do Crescente Fértil, porém não há comprovação de sua extensão global. Geólogos afirmam com base em estudos da erosão e das marcas geológicas que o dilúvio teria ocorrido em escala local, porém abrangendo todo mundo conhecido da época. Onde haviam civilizações, houve o dilúvio. Mas como explicar que uma cultura tão distante como a Maia tenha incorporado tal história em sua carta de mitos. Teria sido o dilúvio mundial?
"Há evidência muito forte, fora do livro de Gênesis, com respeito à destruição da raça humana, cuja única exceção é uma família. Inúmeras tribos selvagens, espalhadas pelo mundo, conservam a tradição de um dilúvio. Existem possíveis registros arqueológicos, como tantas evidências diretas de um dilúvio." (Bíblia Shedd).
A revista Super Interessante em sua edição de maio de 1995, afirma que não existem dúvidas sobre a ocorrência do dilúvio, porém não se pode definir a extensão precisa deste ocorrido, o que se pode afirmar é que ele abrangeu todo mundo conhecido da época.
Mas sobre histórias mitológicas como a dos Maias, não há estudo que aponte sua relação como o dilúvio dos povos do antigo Fértil Crescente, o que se pode afirmar é que pode ser uma coincidência ou então uma tradição trazida com os primeiros a chegarem a América. Esta última é a versão mais aceita no meio científico.
Sobre o dilúvio, não restam dúvidas, ele ocorreu realmente, porém, quanto a sua extensão, não se pode afirmar nada de concreto, mas segundo a arqueologia e a geologia contemporâneas, este ocorreu somente na região do Fértil Crescente, o que era, então, o mundo conhecido da época.

Referências Bibliográficas
 
Bíblia Sagrada, Almeida Revista e Atualizada, Sociedade Bíblica do Brasil.
Bíblia Sheed, Bíblia de Estudo. São Paulo: ed.Vida Nova, 1997.
Dicionário de Mitologia Greco-Romana. São Paulo: ed. Abril Cultural, 1973.
PACKER, J.I.. O Mundo do Antigo Testamento. São Paulo: Vida, 1982.
KIDNER, Derek. Gênesis. São Paulo: Mundo Cristão, 1979.
ANTUNES FILHO. Gilgamesh. Mairaporã-SP: ed.Veredas, 1999.
TAMEN, Pedro. Gilgamesh, Rei de Uruk. São Paulo: ed. Ars Poetica, 1992.
DAVIS, John D.. Dicionário da Bíblia. 22.ed. São Paulo: ed. JUERP, 1985.
LÉVÊQUE, Pierre. As Primeiras Civilizações. Rio de Janeiro: Edições 70, 1987.
KRAMER, Samuel Noah. Os Sumérios. Amadora-Portugal: ed. Livraria Bertrand, 1977.
MONEY, Netta Kemp. Geografia Histórica do Mundo Bíblico. Belo Horizonte-MG: ed. Vida, 1977.
Super Interessante, coleção em cd-rooms dos 15 anos da revista. Ed. Abril, São Paulo, 2003.
Enciclopédia Encarta, Microsoft Corporation, 2001
 Por Marcos Emílio Ekman Faber
Fonte:

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Momentos de Tensão da Contemporaneidade

A contemporaneidade diz respeito aos tempos recentes, dos últimos vinte anos, e pode-se considerar a marca desta época o fenômeno da globalização ou da mundialização.
 
O momento delicado em que vivemos, com crise, insegurança e violência envolvendo os relacionamentos humanos, foi previsto por
Sigmund Freud (1856-1939), em seu livro "O Mal Estar na Cultura" - 1929, aonde ele diz " que se o progresso da humanidade seguisse apenas o avanço tecnológico e não levasse em conta a dimensão humana, o mal-estar, a angústia das pessoas iria aumentar cada vez mais. Nós temos um progresso tecnológico, mas as pessoas não têm tempo de conviver com a família, os amigos.

 O ritmo de vida exige cada vez mais desgaste das pessoas". As novas tecnologias como, Net, Ipod e outros avanços, e a maneira como o trabalho é organizado nos condicionam a um ritmo de vida que passa despercebido e se apresenta como "normal".
 Se as pessoas pensassem sobre o assunto saberiam responder... 

Quais os pontos positivos e negativos das novas tecnologias para o relacionamento humano?
 Porque é importante conviver com a família e os amigos?
 
O que é desgastante nesse ritmo de vida imposto pelo Capitalismo?

Literatura em gotas: Augusto dos Anjos





Budismo Moderno


Tome, Dr., esta tesoura, e ...corte
Minha singularíssima pessoa.
Que importa a mim que a bicharia roa
Todo o meu coração, depois da morte?!


Ah! Um urubu pousou na minha sorte!
Também, das diatomáceas da lagoa
A criptógama cápsula se esbroa
Ao contacto de bronca destra forte!


Dissolva-se, portanto, minha vida
Igualmente a uma célula caída
Na aberração de um óvulo infecundo;


Mas o agregado abstrato das saudades
Fique batendo nas perpétuas grades
Do último verso que eu fizer no mundo!


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Psicologia de um vencido


Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro da escuridão e rutilância
Sofro, desde a epigênesis da infância
A influência má dos signos do zodíaco.


Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.


Já o verme - este operário das ruínas - 
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,


Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!




(AUGUSTO DOS ANJOS. Eu e outros poemas)

Augusto dos Anjos 

Quem foi  

 Augusto dos Anjos foi um poeta brasileiro pré-modernista que viveu de 1884 a 1914. Sua obra “Eu e Outras Poesias”, foi publicada dois anos antes de sua morte.

Suas poesias trazem marcantes sentimentos de pessimismo e desânimo, além de inclinação para a morte. Com relação à estrutura, pode-se dizer que suas poesias apresentam rigor na forma e rico conteúdo metafórico. 

Morreu ainda jovem (em 1914) devido a uma enfermidade pulmonar, deixando para trás suas carreiras de promotor público (formou-se em Direito em 1906) e de professor, além de sua única e marcante obra. 


 Principais obras de Augusto dos Anjos

  Saudade (poema) - 1900
  Eu e Outras Poesias (único livro de poemas) - 1912
 Psicologia de um vencido (soneto)
 Versos íntimos

 

Mulheres de Roma: Messalina




                Valéria Messalina


Valéria Messalina, cujo nome transformou-se em sinônimo de "mulher lasciva e dissoluta em excesso", segundo definição do dicionário Aurélio, foi uma figura pérfida, capaz de grandes atrocidades.

Quando morreu, aos 22 anos, tinha uma história abarrotada de escândalos marcados por sua ninfomania e obsessão pelo poder.

Messalina nasceu em berço de ouro, no ano 24 da era cristã. Desfrutou de muitos privilégios e, na corte do imperador Calígula, fez sua escola em meio a um período da época romana marcada por derramamentos de sangue, numa atmosfera impregnada por perversões sexuais.

Com 15 anos, Messalina conheceu Tibério Claudio Cesar, 35 anos mais velho e tio de Calígula. Era um homem sem prestígio e considerado apenas um aleijado disforme, apresentando sintomas de paralisia infantil.

Proclamado imperador após a morte de Calígula, casou-se com Messalina: ele encantado com sua beleza e jovialidade, ela visando aliar-se a uma família poderosa. Já no começo do casamento, Messalina tinha uma espécie de time de amantes e sua vida desregrada era conhecida em toda Roma.

Depois de diversos e rumorosos casos, apaixonou-se por um cônsul, Caio Cilio. Tendo contraído matrimônio com ele em uma cerimônia pública enquanto Claudio estava em Ostia (fontes divergem se antes teria havido o divórcio do imperador ou se sua intenção era usurpar o trono), Messalina estava ao lado da mãe escrevendo cartas de perdão ao imperador quando chegaram os guardas enviados para executá-la. Ainda tentou o suicídio cortando os pulsos com uma adaga, mas fracassou. Um centurião terminou o serviço apunhalando-a até a morte.


Recomendação do dia: O filme "Demetrius e os Gladiadores", onde Messalina é interpretada por Susan Hayward
                               

Demétrius e os Gladiadores parte 1-7


                                        

domingo, 8 de julho de 2012

A Escola dos Annales e o marxismo





A Escola dos Annales e o marxismo: uma simples oposição entre formas de ver o passado?



 Quando fazemos uma menção rasa sobre a relação existente entre a Escola dos Annales e o marxismo, logo tendemos a construir um panorama cercado por duas perspectivas históricas de natureza antagônica.

 Talvez pela abordagem dos diferentes contextos, leituras, temas e intenções que marcaram a relação para com o passado dessas duas linhas de pensamento e escrita do passado, podemos sim semear uma infinita gama de contrastes.

 Contudo, seria suficiente pensar que a busca por um parâmetro divergente delimita a existência (ou a coexistência) desses “tipos de História”?

No interior do marxismo, pensando o materialismo histórico como sua principal ferramenta para se olhar o passado, a questão dos problemas e ações de ordem política e econômica são peças fundamentais para que as experiências históricas sejam interpretadas.

 Em certo modo, conforme aponta os críticos do marxismo, existe uma relação de subordinação entre o eixo político e econômico sob as demais nuances e fatos que se integram a uma determinada experiência histórica. Sendo assim, tudo que escapa dessa baliza fundamental, na verdade, se mostra de algum modo contaminado por ela.

Longe de ser uma simples espécie de equívoco que visita todas as obras de perspectiva marxista, o forte interesse pelo âmbito político-econômico prestigia não só uma postura coerente com relação ao aparato teórico marxista, bem como dialoga com várias noções de história que se mostraram vivas, principalmente no século XIX.

 Nesse período, em suma, notamos uma forte presença da razão iluminista pautando a busca por um conhecimento comprometido com a noção de progresso.

 Sob tal aspecto, o marxismo singulariza-se por apresentar uma espécie de progresso comprometido com a possibilidade de transformação profunda de seu tempo

 Para muitos, a noção de progresso e a força do eixo político-econômico atestaria a pesada acusação que o marxismo propunha uma compreensão do passado através de matizes bastante conservadoras e comprometidas com seu tempo.

 Afinal, mesmo não tendo as mesmas convicções e expectativas que os positivistas para com o passado, utilizavam-se de formas de compreensão do processo histórico tão ou mais rígidas.

 Em outras palavras, os marxistas aspiravam a uma revolução que era contraditoriamente negada ao modo de se investigar os fatos contidos no passado.

Com isso, ao encararmos o modo inovador com que os Annales pretendiam mergulhar em antigos e novos temas do passado, temos a impressão de que eles dão um passo à frente do marxismo ao não optarem pela “segurança interpretativa” dada pela hierarquia, onde o econômico e o político predominam os desdobramentos de todas as outras instâncias da vida humana.

 Prova disso seria a ousadia que os Annales tiveram ao se aventurar com o aparato de outras disciplinas e a construção de perspectivas que, há bem pouco tempo, estariam completamente marginalizadas daquilo que se entendia como sendo algo importante para o entendimento da história.

Mesmo sendo inegável a força e o fôlego que os Annales deram ao modo de se pensar a história, não podemos incorrer no engano de que eles alcançaram um patamar inimaginável para a perspectiva marxista.

 No ato de se ampliar as fronteiras históricas, percebemos que os Annales – ao longo de seus autores e gerações – se depararam com os dilemas construídos por tantas outras possibilidades de escrita da história.

 Por tal razão, vemos que o nascimento do método quantitativo opera como uma manifestação viva de que as mentalidades e os imaginários não fundaram um modo radicalmente apartado de alguns antigos atos comuns à história observada no século XIX.

 Por outro lado, vemos que importantes obras marxistas (entre as quais incluímos os escritos do próprio Karl Marx!) se preocupam em investigar com maiores cuidados o modo de se pensar as relações ente o econômico, o político, o social e as outras manifestações oriundas da ação humana.

 Desse modo, vemos que os marxistas como Gramsci, Lukács e Castoriadis também encararam os seus dilemas ligados à interpretação do passado, observando criticamente as limitações das perspectivas geradas no interior do pensamento histórico marxista e oferecendo outras possibilidades.

De tal modo, vemos que a noção de progresso que se mostra falha ao tentarmos abarcar o desenrolar das experiências guardadas no passado, não deve também contaminar erroneamente as contribuições e problemas gerados pelos Annales e pelo marxismo.

 Ao contrário, como podemos notar em textos produzidos recentemente, a preocupação em conservar a autonomia dos objetos históricos, incentiva cada vez mais o diálogo entre as formas de conhecimento equivocadamente restringidas à tensão gerada entre a inovação e o conservadorismo.


                   

POSITIVISMO, MARXISMO E ESCOLA DOS ANNALES: Qual é a diferença?

 

 Atualmente, uma das maiores dificuldades dos professores de História é selecionar os conteúdos históricos apropriados para as diferentes situações escolares. 

Trata-se de optar por manter os denominados conteúdos tradicionais ou selecionar conteúdos significativos para um publico escolar proveniente de diferentes condições sociais e culturais e adequa-los a situações de trabalho com métodos e recursos diversos.

Há propostas que oferecem uma seleção considerada de “conteúdo tradicional”, baseada nos circulos concêntricos. Outras propostas curriculares apresentam conteúdos organizados por eixos temáticos ou temas geradores, e exigem que se estabeleçam critérios de seleção mais complexos.  

A escolha de conteúdos apresenta-se como tarefa complexa, permeada de contradições tanto por parte dos elaboradores das propostas curriculares quanto pela atuação dos professores, desejosos de mudanças e ao mesmo tempo resistentes a esse processo. 

Ponto básico para o estabelecimento de um critério para a seleção de conteúdos é a concepção de história. Dela depende a produção dos historiadores, e o conhecimento histórico é produzido de maneira que torne os acontecimentos inteligíveis de acordo com determinados princípios e conceitos. Situar os referenciais teóricos no processo de seleção de conteúdos é uma necessidade para o trabalho docente que se realiza na escola.

 Definição da expressão Historiografia

 Segundo a historiadora francesa Marie-Caire Jabinet, este vocábulo possui diversas acepções. Tendo surgido no século XIX, em imitação aos historiadores poloneses e alemães, ela significa, conforme os casos: a arte de escrever a história, a literatura histórica ou, ainda, a história literária dos livros de História. Pode também, conforme o contexto, referir-se às obras históricas de uma época, às obras dos séculos posteriores sobre essa época ou ainda à reflexão dos historiadores sobre essa escrita da história. (JABINET, 2003, p. 16)

HISTÓRIA POSITIVISTA

 A história pode ser concebida como uma narrativa de fatos passados. Conhecer o passado dos homens é, por princípio, uma definição de história, e aos historiadores cabe recolher, por intermédio de uma variedade de documentos, os fatos mais importantes, ordená-los cronologicamente e narrá-los.

 Essa tendência passou a ser dominada de historicismo, cuja metodologia foi conhecida como positivista, por basear-se nos princípios da objetividade e da neutralidade no trabalho do historiador. Conhecer o passado da humanidade tal como ocorreu constitui uma definição de história característica da ciência positivista do século XIX.

Os historiadores dessa corrente de pensamento baseavam suas análises em perspectivas deterministas, isto é, ressaltavam, por intermédio de uma variedade de documentos oficiais escritos, os fatos mais importantes; ordenavam-nos seguindo uma ordem cronológica e linear de apreensão do tempo e descreviam-nos com a perspectiva de reviver o passado real da humanidade.

 Por isso, receberam o estigma de “metódicos” ou “historiadores narrativos”, pelos historiadores do século XX. A intenção dos historiadores positivistas era ressaltar a importância dos grandes heróis nacionais, assim como, evidenciar no Estado Nacional em consolidação, o verdadeiro sujeito das transformações em curso. Além disso, enaltecer o auge da civilização européia em ritmo acelerado de desenvolvimento após as novas tecnologias advindas da Segunda Revolução Industrial.

Nota-se uma preocupação com assuntos de ordem política e social, porém resgatando uma sociedade “abstrata”, pois se centralizava na figura dos grandes líderes nacionais, estes sim, responsáveis pelas transformações estruturais de sua Nação. Os diversos grupos sociais estavam esquecidos, ou “à margem” do desenrolar histórico.

 Leopold Von Ranke (1795-1886)

 Esse historiador alemão, “pode ser considerado um dos fundadores da história científica na Alemanha e um dos fundadores do cientificismo” (BURGUIÉRE, 1993, p. 645). Ranke exerceu um papel importante na configuração dos aportes teóricos que possibilitaram fornecer um caráter científico à História. O historicismo ou História Narrativa é o nome dado à Teoria que pretende apresentar “os fatos históricos tal qual realmente se passaram” (wie es eigentlich gewesen) (RANKE apud LÖWY, 2007, p. 68). Sua metodologia (o positivismo) tem como princípio a objetividade e neutralidade por parte dos historiadores ao “reviver” a História. 

 De uma história econômica a uma história social

No decorrer do século XX, a produção historiográfica passou a disputar espaço com as novas ciências sociais que se constituíam na busca da compreensão da sociedade, especialmente a Sociologia, a Antropologia e a Economia. Como conseqüência dessa disputa houve uma renovação na produção historiográfica com paradigmas que visavam ultrapassar o historicismo. 

A História marxista 

  A Filosofia marxista configurou, de fato, um novo enfoque teórico de análise da História. Enquanto os historiadores positivistas baseavam seus estudos na “genealogia da Nação Moderna”, por intermédio dos documentos oficiais escritos, compondo uma história das elites políticas, “reacionária” do ponto de vista teórico, Marx afirmava ser a Luta de classes o verdadeiro fundamento de uma História em movimento.

 Para Marx, o “trabalho” (categoria fundante de sua filosofia), entendido como as múltiplas relações entre os homens e a natureza, relação esta que ocorre como condição material da vida em sociedade, representa o estágio ou modelo de produção de organização social e econômica de um determinado espaço e período histórico. 

O “acontecimento” e “as ações individuais” (fundamentais para os historiadores positivistas) provocadores de transformações e mudanças, são para os historiadores marxistas, conseqüências naturais do estágio do modo-de-produção em curso.

Entra em cena à École des Annales. 

Essa corrente do pensamento historiográfico surgiu com a inauguração da revista: “Analles de História Econômica e Social”, fundada em 1929 pelos historiadores Marc Bloch (1886-1944) e Lucién Febvre (1878-1956) (ambos professores da Universidade de Estrasburgo). 

A intenção era promover estudos relativos às estruturas econômicas e sociais, favorecendo possíveis contatos interdisciplinares no seio das Ciências Sociais. Os horizontes de ação do historiador ampliavam-se e possibilitavam recuperar o passado por intermédio de questões colocadas pelo tempo presente, assim como a ampliação da noção de fonte.

 A História deixa de ser “narrativa” para ser “problema”: Na história-problema, o historiador escolhe seus objetos no passado e os interroga a partir do presente. Ele explicita a sua elaboração conceitual, pois reconhece a sua presença na pesquisa: escolhe, seleciona, interroga, conceitua.  

 A noção de tempo é encarada da seguinte forma: A divisão entre “tempo do acontecimento, da conjuntura e da longa duração ou estrutura” (BITTENCOURT, 2004, p. 146) possibilitou uma ampliação da noção de tempo à História e definiu novos aportes metodológicos para apreensão da memória histórica.

extraído da dissertação de mestrado de ANDRÉ WAGNER RODRIGUES intitulada: "Um olhar complexo sobre o passado: história, historiografia e ensino de História no pensamento de Edgar Morin.                             


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola
fontes: 
http://www.brasilescola.com/historia/a-escola-dos-annales-marxismo.htm
http://historiaeluz.blogspot.com.br/2011/08/positivismo-marxismo-e-escola-dos.html

   http://ensinodehistoriaemperspectiva.blogspot.com:






 

quinta-feira, 5 de julho de 2012

DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA

O artigo 215 da Constituição Federal de 1998 assegura que o “Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais populares, indígenas e afro-brasileiras, e de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional”.

 


 O Dia da Consciência Negra é celebrado em 20 de Novembro no Brasil e é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A data foi escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. Apesar das várias dúvidas levantadas quanto ao caráter de Zumbi nos últimos anos (comprovou-se, por exemplo, que ele mantinha escravos particulares) o Dia da Consciência Negra procura ser uma data para se lembrar a resistência do negro à escravidão de forma geral, desde o primeiro transporte forçado de africanos para o solo brasileiro.

Algumas entidades como o Movimento Negro (o maior do gênero no país) organizam palestras e eventos educativos, visando principalmente crianças negras. Procura-se evitar o desenvolvimento do auto-preconceito, ou seja, da inferiorização perante a sociedade. Outros temas debatidos pela comunidade negra e que ganham evidência neste dia são: inserção do negro no mercado de trabalho, cotas universitárias, se há discriminação por parte da polícia, identificação de etnias, moda e beleza negra, etc.

O dia é celebrado desde a década de 1960, embora só tenha ampliado seus eventos nos últimos anos; até então, o movimento negro precisava se contentar com o dia 13 de Maio, Abolição da Escravatura comemoração que tem sido rejeitada por enfatizar muitas vezes a “generosidade” da princesa Isabel, ou seja, ser uma celebração da atitude de uma branca. A semana dentro da qual está o dia 20 de novembro também recebe o nome de Semana da Consciência Negra. Segundo o IBGE, no Brasil os negros são correspondentes a 5% da população. Os chamados “pardos”, no entanto, que são mestiços de negros com europeus ou índios, chegam a um número próximo da metade da população.

 “Dia da Consciência Negra” retrata disputa pela memória histórica

Preservar a memória é uma das formas de construir a história. É pela disputa dessa memória, dessa história, que nos últimos 32 anos se comemora no dia 20 de novembro, o “Dia Nacional da Consciência Negra”. Nessa data, em 1695, foi assassinado Zumbi, um dos últimos líderes do Quilombo dos Palmares, que se transformou em um grande ícone da resistência negra ao escravismo e da luta pela liberdade. Para o historiador Flávio Gomes, do Departamento de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a escolha do 20 de novembro foi muito mais do que uma simples oposição ao 13 de maio: “os movimentos sociais escolheram essa data para mostrar o quanto o país está marcado por diferenças e discriminações raciais. Foi também uma luta pela visibilidade do problema. Isso não é pouca coisa, pois o tema do racismo sempre foi negado, dentro e fora do Brasil. Como se não existisse”.

ACOMPANHE AGORA o poderoso discurso de Marthin Luther King em Memphis, no ano de 1963, em prol dos direitos civis e da igualdade racial. “Eu tenho um sonho de que o homem seja considerado não pela cor da sua pele mas pelo conteúdo do seu caráter” foi uma das tantas frases marcantes desse grande líder.  E REFLITA SOBRE SUAS AÇÕES COMO CIDADÃO…

                                                                     

O Último Cavaleiro (adaptação de Dom Quixote) 7º ANO



O Último Cavaleiro Andante – Will Eisner (adaptação de Dom Quixote)


Olha aí pessoal (especialmente os alunos do 7º ano), quadrinhos pra eternidade: a história do louco quixote, cavaleiro andante. A história desse cavaleiro é uma bem humorada critica aos valores medievais de cavalaria (ou será uma sátira??); serve pra entender um pouco o mundo medieval.
                                                                           

                                                                               
Will Eisner usa a linguagem da história em quadrinhos para apresentar aos leitores jovens um dos maiores clássicos da literatura mundial: Dom Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes (1547-1616). Em ritmo movimentado, ele conta as aventuras do sonhador que era visto como um velho maluco e mostra de que maneira os sonhos de Dom Quixote acabaram sendo eternizados.
Cervantes publicou a primeira parte de El ingenioso hidalgo don Quijote de la Mancha em 1605 e teve uma acolhida entusiástica. A segunda parte surgiu somente em 1615. O conjunto contém uma crítica aos ideais da cavalaria, instituição feudal que já desaparecera havia muito tempo e que entretanto continuava a ser cultuada na Espanha.

Serve para todos os gostos e séries!!! leiam, aproveitem que é de graça…..