sábado, 25 de agosto de 2012

História da Filosofia

templo_partenon.jpg (35598 bytes)
Partenon
                                                                                
                                            Deusa Atena servindo Herádes  
                                                    Filosofia na Grécia Antiga

Introdução

A palavra filosofia é de origem grega e significa amor à sabedoria. Ela surge desde o momento em que o homem começou a refletir sobre o funcionamento da vida e do universo, buscando uma solução para as grandes questões da existência humana. Os pensadores, inseridos num contexto histórico de sua época, buscaram diversos temas para reflexão. A Grécia Antiga é conhecida como o berço dos pensadores, sendo que os sophos ( sábios em grego ) buscaram formular, no século VI a.C., explicações racionais para tudo aquilo que era explicado, até então, através da mitologia.

                                                                  
Grécia Antiga

A Grécia Antiga atingiu seu apogeu no Período clássico, que durou de 500 a 340 AC aproximadamente. Nessa época, a filosofia, as artes e a cultura, de maneira geral, se desenvolveram de forma intensa.

O teatro grego se destacou tanto nesse período que, atualmente, artistas se inspiram nas obras criadas. Para as apresentações, foram construídos teatros ao ar livre, onde os espectadores ficavam em uma grande arquibancada que proporcionava uma acústica perfeita.


O teatro de Mileto foi construído 400 aC. Na construção original, acomodava-se 5300 pessoas. Os degraus da arquibancada são decorados com patas de animais. Nota-se, portanto, uma influência dos egípcios.  Esses locais eram utilizados também por políticos e filósofos  que falavam à pólis. Serviam também de tribunais populares, onde os criminosos eram julgados. Dessa maneira, pode-se dizer que as arquibancadas eram o centro d esfera pública da Grécia Antiga, conotando assim uma importância fundamental do espaço urbano da época.


                        


Os  sofás, além de serem utilizados para dormir ou descansar, eram usados comumente nas  refeições. As pessoas se inclinavam neles para comer. Geralmente, havia uma mesa, mais baixa que o sofá, que servia de apoio para os alimentos. Após as refeições, essas mesas poderiam ser empurradas para debaixo do sofá. Era comum também o apoio para os pés  nos assentos mais elevados. Os acabamentos eram feitos no mesmo estilo do capitel das colunas gregas (jônica predominantemente, como exemplo a baixo) da época 



                                                                        

A típica cadeira grega (abaixo) foi inovadora pelo seu encosto, que ao invés de  ser reto, era curvo, em um formato que se adaptava melhor à região dos ombros do corpo humano. Essas estrutura foi influência para o conceito que tem-se hoje de "confortável"e para o design de muitas outras cadeiras na posteridade.










Os Pré-Socráticos

Podemos afirmar que foi a primeira corrente de pensamento, surgida na Grécia Antiga por volta do século VI a.C. Os filósofos que viveram antes de Sócrates se preocupavam muito com o Universo e com os fenômenos da natureza. Buscavam explicar tudo através da razão e do conhecimento científico. Podemos citar, neste contexto, os físicos Tales de Mileto, Anaximandro e Heráclito. Pitágoras desenvolve seu pensamento defendendo a idéia de que tudo preexiste a alma, já que esta é imortal. Demócrito e Leucipo defendem a formação de todas as coisas, a partir da existência dos átomos.
                                                       

Tales de Mileto(640 - 550 a.c.)


Tales de Mileto foi o primeiro matemático grego, nascido por volta do ano 640 e falecido em 550 a.c., em Mileto, cidade da Ásia Menor, descendente de uma família oriunda da Fenícia ou Beócia.

Tales foi incluído entre os sete sábios da antiguidade. Estrangeiro rico e respeitável, o famoso Tales durante a sua estadia no Egipto estudou Astronomia e Geometria.

Ao voltar de novo a Mileto, Tales abandonou, passado algum tempo, os negócios e a vida pública, para se dedicar inteiramente às especulações filosóficas, às observações astronómicas e às matemáticas. Fundou a mais antigaescola filosófica que se conhece - a Escola Jónica.


A sua fama estendeu-se a todo o mundo heleno, graças especialmente à predição de um eclipse do sol, cuja data não se sabe bem ao certo se foi a de 28 de Maio de 585 ou a  de 30 de Setembro de 609 a.c.- predição resultante do uso de uma das tábuas compostas pelos Caldeus, que anunciavam os períodos de 18 anos e 11 dias dos eclipses solares.



Proclo, Laércio e Plutano atribuem a Tales não só a transplantação de conhecimentos matemáticos do Egipto para a Grécia, mas ainda à descoberta de várias proposições isoladas relativas às paralelas, aos triângulos e às propriedades do círculo, não apresentando nenhuma sequência lógica, mas com demonstrações dedutivas. Poderá dizer-se que Tales deu a essas matemáticas uma característica que se conserva até hoje, o conceito de "demonstração ou prova". Vamos enunciar algumas proposições de Tales.

Proposição:  Os triângulos equiângulos têm os seus lados proporcionais (Euc.vI.4, ou vI.2).

 É uma proposição de grande importância, que Tales utilizou na determinação da altura da pirâmide Quéope. Quando Tales de Mileto, cerca de seiscentos anos antes do nascimento de Cristo, se encontrava no Egipto, foi-lhe pedido por um mensageiro do faraó, o nome do soberano, que calculasse a altura da pirâmide Quéope. Tales apoiou-se a uma vara espetada perpendicularmente ao chão e esperou que a sombra tivesse comprimento igual ao da vara. Disse então a um colaborador:
"Vai mede depressa a sombra: o seu comprimento é igual á altura da pirâmide"
Tales, para ser rigoroso, deveria ter dito para adicionar à sombra da pirâmide metade do lado da base desta, porque a pirâmide tem uma base larga, que rouba uma parte da sombra que teria se tivesse a forma de um pau direito e fino; pode acontecer que o tenha dito, ainda que a lenda não refira.


FARAOOOO.bmp (922614 bytes)


Numa representação mais simples:
tal1.bmp (368774 bytes)

Os triângulos são semelhantes porque têm dois ângulos iguais:
tal2.bmp (21374 bytes)
então, os lados são proporcionais:
tal3.bmp (156658 bytes)
logo:
tal4.bmp (42678 bytes)

Proposição:  O ângulo inscrito num semi-circulo é recto (Euc.III.31).

Esta proposição é considerada a mais notável de toda a obra geométrica de Tales. Deduz-se facilmente, do facto de se poder inscrever um rectângulo numa circunferência, verificando que as diagonais do rectângulo são diâmetros da circunferência e o rectângulo inscrito pode tomar qualquer posição dentro da mesma circunferência.

Proposição:  Quando duas rectas se cortam, os ângulos opostos pelo vêrtice são iguais (Euc.I.15).

Proposição:  Se dois triângulos têm dois ângulos de um iguais a dois ângulos do outro e um lado de um igual a um lado do outro (lado este adjacente ou oposto a ângulos iguais), terão também iguais os outros lados que se correspondem num e noutro  triângulo, bem como o terceiro ângulo (Euc.I.26).

Segundo Proclo, Tales foi também o primeiro a demonstrar que o diâmetro divide o círculo em duas partes iguais; e que são iguais entre si os ângulos da base de qualquer triângulo isósceles. Transmitiu aos gregos estes e outros conhecimentos, principalmente de astronomia teórica e prática.

      IMPORTÂNCIA DE TALES

imagem10.gif (5402 bytes)     Caracter dedutivo que deu à ciência
imagem10.gif (5402 bytes)   Através de Tales e sua escola filosófica os gregos começaram a reunir em corpo a ciência matemática que provinha dos Egípcios e Caldeus
imagem10.gif (5402 bytes)   Aumentaram os conhecimentos desta ciência, Matemática, em diversos sentidos







A terra cilíndrica, de Anaximandro de Mileto ( 611 - 545 a.C.) imersa no  ápeiron.

Anaximandro de Mileto (610 a. C. - 547 a. C.). Foi discípulo e sucessor de Tales, Anaximandro achava que nosso mundo seria apenas um entre uma infinidade de mundos que evoluiriam e se dissolveriam em algo que ele chamou de ilimitado ou infinito. Anaximandro não estava pensando em uma substância conhecida, tal como Tales. Talvez tenha querido dizer que a substância que gera todas as coisas deveria ser algo diferente das coisas criadas. Uma vez que todas as coisas criadas são limitadas, aquilo que vem antes ou depois delas teria de ser ilimitado.
Supõe também a geração espontânea dos seres vivos e a transformação dos peixes em homens. Anaximandro imagina a terra como um disco suspenso no ar. "Criou" o conceito de ápeiron - substância na qual, era o "ilimitado".

Heráclito de Éfeso

Heráclito de (Éfeso, aprox 540 a C - 470 a C), filósofo pré - socrático considerado o " pai da dialética". Recebeu a alcunha de "obscuro" principalmente em razão da obra a ele atribuída por Diógenes Laércio, sobre a Natureza em estilo obscuro, próximo ao das sentenças oraculares

Biografia:-


“Heráclito, filho de Blóson, ou, segundo outra tradição, de Heronte, era natural de Éfeso. Tinha uns quarenta anos por ocasião da 69ªOlimpíada (504-501 aC). Era homem de sentimentos elevados, orgulhoso e cheio de desprezo pelos outros”.

Em outra passagem, o mesmo Diógenes nos conta: “Retirado no templo de Ártemis, divertia-se em jogar com as crianças e, acercando-se dele os efésios, perguntou-lhes:

- De que vos admirais, perversos? Que é melhor: fazer isso ou administrar a República convosco?

E, por fim, tornado misantropo e retirando-se, vivia nas montanhas, alimentando-se de ervas e plantas.”

Usando sempre de hipo

crisia, Heráclito ridicularizava o conhecimento dos médicos e dos físicos de sua época. Sobre as circunstâncias de como ocorreu a sua morte, Diógenes Laércio assim nos conta: “Hermipo, porém, conta que ele (Heráclito) perguntava aos médicos se alguém podia, esvaziando-lhe o ventre, expelir a água. Como negassem, deitou-se ao sol e pediu aos criados que o cobrissem com esterco. Assim deitado, faleceu no dia seguinte e foi sepultado na praça pública. Neantes de Cizico afirma que, tendo sido impossível retirá-lo de sob o esterco, lá permaneceu, e, irreconhecível pela putrefação, foi devorado pelos cães.” 


Contribuição de Heráclito:-

                                                    
                                     

Os filósofos milesianos (TalesAnaximandro, etc) haviam percebido o dinamismo das mudanças que ocorrem na physis, como o nascimento, o crescimento e o perecimento, mas não chegaram a problematizar a questão. Heráclito, inserido dentro do contexto pré-socrático, parte do princípio de que tudo é movimento, e que nada pode permanecer estático. "Panta rhei", sua "máxima", significa "tudo flui", "tudo se move". Ele exemplifica, dizendo que não podemos entrar duas vezes no mesmo rio, porque, ao entrarmos pela segunda vez, não serão as mesmas águas que estarão lá, e a pessoa mesma já será diferente (de fato, a Biologia veio a descobrir muito mais tarde que nossas células estão em constante renovação, e isso é uma mudança).



Mas tal questão é apenas um pressuposto de uma doutrina que vai mais além. O devir, a mudança que acontece em todas as coisas é sempre uma alternância entre contrários: coisas quentes esfriam, coisas frias esquentam, coisas úmidas secam, coisas secas umedecem, etc. A realidade acontece, então, não em uma das alternativas, que são apenas parte da realidade, e sim da mudança ou, como ele chama, na guerra entre os opostos. Esta guerra é a realidade, aquilo que podemos dizer que é. Mas essa guerra da qual fala Heráclito não tem essa conotação de violência ou algo semelhante. Tal guerra é que permite a harmonia e mesmo a paz, já que assim é possível que os contrários possam existir: "A doença faz da saúde algo agradável e bom", ou seja, se não houvesse a doença, não haveria porque valorizar-se a saúde, por exemplo. Ele ainda considera que, nessa harmonia, os opostos coincidem da mesma forma que o princípio e o fim, em um círculo, ou a descida e a subida, em um caminho (pois o mesmo caminho é de descida e de subida); o quente é o mesmo que o frio, pois o frio é o quente quando muda (ou, dito de outra forma: o quente é o frio depois de mudar, e o frio, o quente depois de mudar, como se ambos, quente e frio, fossem "versões" diferentes da mesma coisa).

Inserido no contexto pré-socrático, Heráclito definiu, partindo de seus pressupostos (o "panta rhei" e a guerra entre os contrários) uma arché, um princípio de todas as coisas: o fogo. Para ele, "todas as coisas são uma troca do fogo, e o fogo, uma troca de todas as coisas, assim como o ouro é uma troca de todas as mercadorias e todas as mercadorias são uma troca do ouro", ou seja, todas as coisas transformam-se em fogo, e o fogo transforma-se em todas as coisas. De seus escritos restaram poucos fragmentos, (encontrados em obras posteriores), os quais geraram grande número de obras explicativas.


A cosmologia de Heráclito:-
 

             

Para Heráclito, o fogo é o elemento primordial de todas as coisas. Tudo se origina por rarefação e tudo flui como um rio. O cosmos é um só e nasce do fogo e de novo é pelo fogo consumido, em períodos determinados, em ciclos que se repetem pela eternidade.



Em seu livro - Do CéuAristóteles escreve: “Concordam todos em que o mundo foi gerado; mas, uma vez gerado, alguns afirmam que é eterno e outros que é perecível, como qualquer outra coisa que por natureza se forma. Outros, ainda, que, destruindo-se, alternadamente é ora assim, ora de outro modo, como Empédocles e Heráclito de Éfeso. (...) Também Heráclito assevera que o universo ora se incendeia, ora de novo se compõe do fogo, segundo determinados períodos de tempo, na passagem em que diz – Acendendo-se em medidas e apagando-se em medidas.”

Para Heráclito, condensado o fogo se umidifica, e com mais consistência torna-se água, e esta, solidificando-se, transforma-se em terra e a partir daí, nascem todas as coisas do mundo. Este é o caminho que Heráclito define como sendo “para baixo”.



Derretendo-se a terra obtém-se água. Água transforma-se em vapor, tal como vemos na evaporação do mar. E rarefazendo-se o vapor transforma-se novamente em fogo. E este é o caminho “para cima”.



Nosso mundo é cercado pelos astros (Sol, Lua, e estrelas). Esses nada mais são do que barcos cujas concavidades estão voltadas para nós, e que carregam dentro de si chamas brilhantes. A mais brilhante é a chama do Sol e também a mais quente. Os demais astros distam mais da Terra e é por isso que seu brilho é menos vivo e menos quente, mas a Lua, que está bem próxima da Terra, não é por isso, mas por não se encontrar num espaço puro – a escuridão. O Sol, entretanto, está em região clara e pura.



Os eclipses do Sol e da Lua acontecem quando as concavidades dos barcos se voltam para cima. E as fases da Lua ocorrem quando o barco que a encerra se volta aos poucos em nossa direção.

Dia e noite, meses e estações, chuvas, ventos e demais fenômenos são conseqüências de diferentes evaporações. Pois a brilhante evaporação inflamando-se no círculo do Sol produz o dia, e quando a contrária prevalece produz a noite; e quando da evaporação brilhante nasce o calor faz verão, mas quando da sombra o úmido prevalece faz-se o inverno.


O Deus e a alma:-

                                                                                       

Dentro do pensamento de Heráclito, Deus não tinha a aparência de um homem nem de outro animal qualquer. Deus não era nem criador, nem onipotente. Heráclito limitava-se a identificá-lo com os opostos, os quais persistem apesar de suas mudanças e assim são capazes de compreender sua própria unidade.

“O Deus é dia-noite, inverno-verão, guerra-paz, saciedade-fome; mas se alterna como o fogo, quando se mistura a incensos, e se denomina segundo o gosto de cada um.”
Nesse argumento, podemos ver que Heráclito considerava as diversas divindades da mitologia grega, que eram adoradas pelos homens de seu tempo, como sendo apenas fogo misturado a diferentes tipos de incensos.

E a alma consiste apenas de mais uma rarefação do fogo e sofre as mesmas mudanças que todas as outras coisas também experimentam; e a morte traz a completa extinção da alma.
“Para almas é morte tornar-se água, e para água é morte tornar-se terra, e de terra nasce água, e de água alma.”
Novamente aqui, nesse raciocínio, vemos Heráclito descrever seus caminhos “para baixo” e “para cima”.



                                                                


Pitágoras (570-496 a. C.)

                                                   

Pitágoras representado por Rafael Sanzio em sua celebrada pintura

Pitágoras (570-500 a. C.) foi um matemático grego, tendo sido também líder religioso, místico, sábio e filósofo. Nasceu em Samos, uma ilha grega na costa marítima do que hoje é a Turquia. Viajando a Mileto, uma cidade grega 50 quilômetros a sudeste de Samos, aprendeu Matemática com Tales (624-546 a. C.), considerado o fundador da Matemática grega. Segundo antigos historiadores, Pitágoras viajou para o Egito e para a Babilônia, onde é provável que tenha se encontrado com o profeta Daniel. É provável também que Pitágoras tenha estudado na Índia. Sua crença na reencarnação talvez tenha origem indiana. Um de seus contemporâneos é  Buda, e é provável que Pitágoras e Buda tenham se encontrado. Em torno de 525 a. C. Pitágoras mudou-se para Crotona, uma cidade ao sul da Itália, onde fundou a Ordem (Escola) Pitagórica. Casou-se com Teano, provavelmente a primeira mulher matemática da história.

A Escola Pitagórica

O termo Escola Pitagórica se refere a uma escola filosófica no sentido histórico cuja existência se prolongou por mil anos desde sua fundação. O modo de vista e as doutrinas atribuídas a Pitágoras, provenientes de sua escola, recebem o nome de pitagorismo. Segundo historiadores a Escola Pitagórica tinha um caráter peculiarmente duplo. Por um lado, como parte dessa espiritualização, incluía estudos de Matemática, Astronomia e Música, o que lhe imprimiu um caráter também científico, no sentido moderno da palavra. O estuda da Matemática - confundindo-se com a filosofia, pois "tudo é número" - era feito para promover a harmonia da alma com o cosmo. Dentre os princípios filosóficos que norteavam a escola pitagórica, destacam-se: a alma é imortal e reencarna-se; os acontecimentos da história repetem-se em certos ciclos; nada é inteiramente novo; todas as coisas são afins; os princípios da Matemática são os princípios de todas as coisas. Dentre os principais nomes da Escola Pitagórica destamos: Filolaus de Tarento (nasceu c. 470 a. C. e morreu c. 390 a. C.), Arquitas de Tarento (nasceu em 428 a. C. aproximadamente) e Hipasus de Metapontum (viveu por volta de 400 a. C.). O pitagorismo influenciou fortemente as obras de Demócrito de Abdera e Platão. Alguns séculos mais tarde houve uma revivência da Escola Pitagórica, e seus protagonistas passaram a ser chamados de neo-pitagóricos. Dentre esses destacamos Nicômaco de Gerasa, que viveu em torno do ano 100.

Tudo é Número

Os Pitagóricos chegaram à razoável conclusão, em seus estudos, de que "tudo são números". Essa afirmação parece ter sido fortemente influenciada por uma descoberta importante da Escola Pitagórica, a explicação da harmonia musical através de frações de inteiros.
Os Pitagóricos notaram haver uma relação matemática entre as notas da escola musical e os comprimentos de uma corda vibrante. Uma corda de determinado comprimento daria uma nota. Reduzida a 3/4 do seu comprimento, daria uma nota uma quinta acima. Reduzia à metade de seu comprimento, daria uma nota uma oitava acima. Assim os números 12, 8 e 6, segundo Pitágoras, estariam em "progressão harmônica", sendo 8 a média harmônica de 12 e 6. A média harmônica de dois números a e b é o número h dado por 1/h = (1/a + 1/b) 2.
Pitágoras dava especial atenção ao número 10, ao qual ele chamava de número divino. Dez era a base de contagem dos gregos, e dez são os vértices da estrela de Pitágoras. "A estrela de Pitágoras" é a estrela de cinco pontas formada pelas diagonais de um pentágono regular. O pentágono regular era de grande significação mística para os Pitagóricos e já era conhecido na antiga Babilônia.


Pentágono de cinco pontas:

Figuras de muitos significados para a Matemática e a Filosofia da Escola Pitagórica. As diagonais do pentágono regular cortam-se em pontos de divisão áurea. O ponto de divisão áurea de um segmento AB é o ponto C desse segmento que o divide de modo que a razão entre a parte menor e a parte maior é igual à razão entre a parte maior e o todo, ou seja, AC/AB = CB/AB. Para os antigos gregos, o retângulo áureo, isto é, de lados proporcionais aos segmentos AC e CB, é o retângulo de maior beleza.

A ÁRVORE DE PITÁGORAS

A figura em forma de árvore da página de abertura do hipertexto Pitágoras é um Fractal Tridimensional chamado Árvore de Pitágoras.


Nossa versão da árvore de Pitágoras foi construída por Yolanda Kioko Saito Furuya com o Aplicativo Maple V, adaptando uma figura de Harman Derksen.

A figura da Árvore de Pitágoras nos recorda que a Matemática é às vezes comparada com uma árvore, com raízes (Fundamentos da Matemática), tronco (estruturas numéricas e geométricas) e galhos (os principais são a Álgebra, a Análise e a Geometria). Independentemente de ser ou não apropriada essa comparação, vamos fazer uma breve descrição da Matemática, conforme a vemos hoje.

O que é Matemática

Os matemáticos, em geral, preferem se abster de definir a Matemática. Penso que isso se deve a um sentimento ou a uma impressão de que, apesar do muito que já foi conseguido no desenvolvimento dessa ciência, algo de grande importância ainda precisa ser compreendido, conforme sugere a citação. Conscientes do caráter efêmero  de tudo que é construído pelo homem, talvez seja mais prudente aguardar o amadurecimento dos tempos, e limitar nossas considerações à descrição do que tem sido efetivamente conseguido.
Quanto ao uso da palavra matemática diz a tradição que isso teve origem com Pitágoras. Segundo Anglin [1] pág. 33, a raiz do termo matemática deriva de uma língua Indo-Européia e seu significado é relacionado com a palavra mente.

A crise na Escola Pitagórica

Uma das mais importantes descobertas da Escola Pitagórica foi a de que dois segmentos nem sempre são comensuráveis, ou seja, nem sempre a razão entre os comprimentos de dois segmentos é uma fração de números inteiros (número racional). Essa descoberta foi uma conseqüência direta do teorema de Pitágoras: se um triângulo retângulo tem catetos de comprimento 1, sua hipotenusa terá um comprimento x satisfazendo x² = 2, e portanto a razão entre a hipotenusa e um cateto não será uma fração de dois inteiros, já que a raiz quadrada de 2 é um número irracional. Parece que isso desgostou profundamente os Pitagóricos pois era uma descoberta inconciliável com a teoria dos números pitagórica. Somente no século IV a. C., Eudoxo, com sua teoria das proporções, redefiniu um conceito mais geral da razão entre dois segmentos, permitindo, em sua teoria, definir-se a razão entre dois segmentos comensuráveis ou não.



Representação gráfica do teorema de Pitágoras

Sentenças pitagóricas:

  • Todas as coisas se assemelham aos números.
  • Educai as crianças e não será preciso punir os homens.
  • Quem não domina a si mesmo não encontra a liberdade.
  • Faz aquilo que achares justo mesmo que o outro pense diferente.
  • Quem fala semeia, quem escuta colhe.
  • Ajude os outros com a carga, mas não a carregues por eles.
  • A vida é como um espetáculo, entramos nele, vemos o que ele nos mostra e dele saímos no final.
  • Com ordem e com tempo encontra-se o segredo de fazer tudo e tudo fazer bem.

Período Clássico


Os séculos V e IV a.C. na Grécia Antiga foram de grande desenvolvimento cultural e científico. O esplendor de cidades como Atenas, e seu sistema político democrático, proporcionou o terreno propício para o desenvolvimento do pensamento. É a época dos sofistas e do grande pensadorSócrates.

Os sofistas, entre eles Górgias, Leontinos e Abdera, defendiam uma educação, cujo objetivo máximo seria a formação de um cidadão pleno, preparado para atuar politicamente para o crescimento da cidade. Dentro desta proposta pedagógica, os jovens deveriam ser preparados para falar bem ( retórica ), pensar e manifestar suas qualidades artísticas.

Sócrates começa a pensar e refletir sobre o homem, buscando entender o funcionamento do Universo dentro de uma concepção científica. Para ele, a verdade está ligada ao bem moral do ser humano. Ele não deixou textos ou outros documentos, desta forma, só podemos conhecer as idéias de Sócrates através dos relatos deixados por Platão.

Platão foi discípulo de Sócrates e defendia que as idéias formavam o foco do conhecimento intelectual. Os pensadores teriam a função de entender o mundo da realidade, separando-o das aparências.

Outro grande sábio desta época foi Aristóteles que desenvolveu os estudos de Platão e Sócrates. Foi Aristóteles quem desenvolveu a lógica dedutiva clássica, como forma de chegar ao conhecimento científico. A sistematização e os métodos devem ser desenvolvidos para se chegar ao conhecimento pretendido, partindo sempre dos conceitos gerais para os específicos.

Período Pós-Socrático

Está época vai do final do período clássico (320 a.C.) até o começo da Era Cristã, dentro de um contexto histórico que representa o final da hegemonia política e militar da Grécia.
Ceticismo: de acordo com os pensadores céticos, a dúvida deve estar sempre presente, pois o ser humano não consegue conhecer nada de forma exata e segura.

Epicurismo: os epicuristas, seguidores do pensador Epicuro, defendiam que o bem era originário da prática da virtude. O corpo e a alma não deveriam sofrer para, desta forma, chegar-se ao prazer.

Estoicismo: os sábios estóicos como, por exemplo Marco Aurélio e Sêneca, defendiam a razão a qualquer preço. Os fenômenos exteriores a vida deviam ser deixados de lado, como a emoção, o prazer e o sofrimento.



Pensamento Medieval

O pensamento na Idade Média foi muito influenciado pela Igreja Católica Desta forma, o teocentrismo acabou por definir as formas de sentir, ver e também pensar durante o período medieval. De acordo com Santo Agostinho, importante teólogo romano, o conhecimento e as idéias eram de origem divina. As verdades sobre o mundo e sobre todas as coisas deviam ser buscadas nas palavras de Deus.
Porém, a partir do século V até o século XIII, uma nova linha de pensamento ganha importância na Europa. Surge a escolástica, conjunto de idéias que visava unir a fé com o pensamento racional de Platão e Aristóteles. O principal representante desta linha de pensamento foi São Tomás de Aquino.
Pensamento Filosófico Moderno

Com o Renascimento Cultural e Científico, o surgimento da burguesia e o fim da Idade Média, as formas de pensar sobre o mundo e o Universo ganham novos rumos. A definição de conhecimento deixa de ser religiosa para entrar num âmbito racional e científico. O teocentrismo é deixado de lado e entre em cena o antropocentrismo ( homem no centro do Universo ). Neste contexto, René Descartes cria o cartesianismo, privilegiando a razão e considerando-a  base de todo conhecimento. 
A burguesia, camada social em crescimento econômico e político, tem seus ideais representados no empirismo e no idealismo.
No século XVII, o pesquisador e sábio inglês Francis Bacon cria um método experimental, conhecido como empirismo. Neste mesmo sentido, desenvolvem seus pensamentos Thomas Hobbes e John Locke

Conhecido como o percursor do pensamento filosófico moderno, o filósofo e matemático francês René Descartes dá uma grande contribuição para a Filosofia no século XVII ao desenvolver o Método Cartesiano. De acordo com este método, só existe aquilo que pode ter sua existência comprovada.

iluminismo surge em pleno século das Luzes, o século XVIII. A experiência, a razão e o método científico passam a ser as únicas formas de obtenção do conhecimento. Este, a única forma de tirar o homem das trevas da ignorância. Podemos citar, nesta época, os pensadores Immanuel Kant, Friedrich Hegel, Montesquieu, Diderot, D'Alembert e Rosseau.
O século XIX é marcado pelo positivismo de Auguste Comte. O ideal de uma sociedade baseada na ordem e progresso influencia nas formas de refletir sobre as coisas. O fato histórico deve falar por si próprio e o método científico, controlado e medido, deve ser a única forma de se chegar ao conhecimento.

Neste mesmo século, Karl Marx utiliza o método dialético para desenvolver sua teoria marxista. Através do materialismo histórico, Marx propõe entender o funcionamento da sociedade para poder modificá-la. Através de uma revolução proletária, a burguesia seria retirada do controle dos bens de produção que seriam controlados pelos trabalhadores.
Ainda neste contexto, Friedrich Nietzsche, faz duras críticas aos valores tradicionais da sociedade, representados pelo cristianismo e pela cultura ocidental. O pensamento, para libertar, deve ser livre de qualquer forma de controle moral ou cultural.

Época Contemporânea

Durante o século XX várias correntes de pensamentos agiram ao mesmo tempo. As releituras do marxismo e novas propostas surgem a partir de Antonio Gramsci, Henri Lefebvre, Michel Foucault, Louis Althusser e Gyorgy Lukács. A antropologia ganha importância e influencia o pensamento do período, graças aos estudos de Claude Lévi-Strauss. A fenomenologia, descrição das coisas percebidas pela consciência humana, tem seu maior representante em Edmund Husserl. A existência humana ganha importância nas reflexões de Jean-Paul Sartre, o criador do existencialismo.

Você sabia?
- É comemorado em 15 de novembro o Dia Mundial da Filosofia.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Era Vargas


A REVOLUÇÃO DE 1930

Até o ano de 1930, no Brasil, vigorava a República Velha, como é conhecida hoje, caracterizada por uma forte centralização do poder entre os partidos políticos e a conhecida aliança politica "café - com - leite" ( entre São Paulo e Minas gerais ). O problema teve inicio em 1929, quando chegou ao fim o governo do presidente paulistano Washington luís Pereira de Souza. O partido Republicano Mineiro indicou para Washington Luís o nome de Antônio Carlos, então governante de Minas Gerais. Luís todavia, defendeu a candidatura de Júlio Prestes, paulista. O partido mineiro então anunciou que iria apoiar o nome da oposição e, aliando-se a Rio Grande do Sul e Paraíba, lançou o nome de Getúlio Vargas, formando a Aliança Liberal.

                                                                              
Presidente  Washington Luís



Washington Luís Pereira de Souza nasceu em Macaé (RJ), em 1869, pertencente a uma família de grande prestígio político no período imperial. Advogado, bacharelou-se pela Faculdade de Direito de São Paulo em 1891. Iniciou sua carreira política em 1897 como vereador e, posteriormente, prefeito de Batatais (SP). Em 1900, disputou uma cadeira na Câmara Federal por São Paulo, apresentando-se com um perfil oposicionista em relação aos governos federal e estadual. Apesar de vitorioso, não pôde assumir seu mandato por ter tido sua eleição rejeitada pela Comissão de Verificação de Poderes da Câmara dos Deputados.


Nesse mesmo ano transferiu-se para a capital paulista. Nos anos seguintes iniciou uma bem sucedida carreira política no Partido Republicano Paulista (PRP). Exerceu os cargos de deputado estadual (1904-1906), secretário estadual de Justiça (1906-1912), prefeito da capital (1914-1919) e presidente do estado (1920-1924). À frente do governo estadual, ampliou os efetivos militares paulistas com o objetivo de aumentar o poder de pressão do estado na federação, construiu mais de 1.300 quilômetros de estradas de rodagem - seu lema era "Governar é abrir estradas" -, e dedicou um tratamento duro ao movimento operário, cujos problemas dizia "interessar mais à ordem pública do que à ordem social".



Após deixar o governo de São Paulo, ocupou uma cadeira no Senado. Em março de 1926, concorrendo como candidato único, elegeu-se presidente da República. Sua gestão à frente do governo federal foi marcada por uma política de câmbio elevado, que visava favorecer as exportações, resultando também na proteção da indústria nacional, ao mesmo tempo que afetava negativamente o comércio de importação pela alta nos preços dos artigos estrangeiros. 



No início de 1929, indicou, para sucedê-lo, o presidente de São Paulo Júlio Prestes. Essa escolha desagradou os políticos de Minas Gerais, que esperavam que a alternância entre paulistas e mineiros na presidência - estabelecida pela "política do café com leite"- fosse mantida. Contrariados, os grupos dirigentes de Minas aliaram-se aos do Rio Grande do Sul e formaram a Aliança Liberal, que lançou os nomes do gaúcho Getúlio Vargas e do paraibano João Pessoa à presidência e vice-presidência da República, respectivamente. A Aliança Liberal receberia ainda o apoio dos grupos de oposição dos demais estados e dos militares oriundos do movimento tenentista. A campanha eleitoral foi bastante acirrada, com a oposição realizando grandes comícios nos principais centros urbanos do país. Realizado o pleito no mês de março de 1930, porém, saiu vitoriosa a chapa situacionista. 



O resultado eleitoral foi logo contestado por setores da Aliança Liberal, que alegavam a ocorrência de fraudes no pleito e começaram a articular um movimento político-militar que depusesse Washington Luís. Deflagrado no dia 3 de outubro, o movimento logo se estendeu por todo o país. No dia 24 de outubro oficiais graduados das Forças Armadas no Distrito Federal depuseram o presidente, que foi levado preso para o forte de Copacabana. O governo ficou a cargo, durante alguns dias, de uma junta governativa composta pelos generais Mena Barreto e Tasso Fragoso e pelo contra-almirante Isaías de Noronha. Em 3 de novembro, o poder foi entregue, após certa relutância por parte dos membros da junta, a Getúlio Vargas, comandante das forças revolucionárias. Enquanto isso, Washington Luís rumava para o exílio.



Viveu, então, por 17 anos na Europa e nos Estados Unidos. Voltou ao Brasil em 1947 e fixou-se em São Paulo, sem retomar, contudo, a atividade política. 



Morreu na capital paulista, em 1957.




Júlio Prestes


Luís Carlos Prestes (Porto Alegre, 3/1/1898 - Rio de Janeiro, 7/3/1990) foi um militar, líder político e revolucionário brasileiro. Filho de Antonio Pereira Prestes, capitão do exército, e de Leocádia Felizardo Prestes, professora primária. Com o pai morto durante sua infância, Prestes recebeu influência marcante da educação da mãe na composição de sua personalidade. Levou vida pobre, sendo educado em casa pela mãe, depois entrando para o Colégio Militar em 1909. Concluídos os estudo neste, segue na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, atual Academia Militar das Agulhas Negras, contribuindo com o sustento da família com o seu soldo. Aluno brilhante, chegaria à patente de segundo-tenente.

Ao tomar conhecimento das "cartas falsas" atribuídas a Artur Bernardes, começa a envolver-se em questões políticas, dedicando-se ao combate ao futuro presidente que estava sendo programado pelos militares. Já como capitão, lidera o foco da primeira revolta tenentista na região das Missões, em Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul. Suas metas eram o combate à oligarquia, estabelecimento do voto secreto, e convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte.

Ao unir-se a um contingente paulista de militares revoltosos em Foz do Iguaçu, rompendo as linhas de defesa do governo, Prestes passa a liderar tal grupo que como outros de militares revoltosos, entre eles Miguel Costa, resolvem fazer  oposição armada ao governo. O grupo formado no Paraná logo seria batizado de Coluna Miguel Costa-Prestes (popularmente Coluna Prestes), que ao longo de dois anos e cinco meses percorreu, com 1500 homens cerca de 25000 km no interior do país, passando por (na época) 13 estados brasileiros. Desgastados, os remanescentes da Coluna Prestes iriam buscar asilo na vizinha Bolívia. Deslocando-se à Argentina, é neste país, ao dedicar-se a leituras das mais diversas, é que surgirá no militar Prestes a convicção da eficácia das ideias marxista-leninistas.

Em 1931 já é comunista convicto, viajando para a União Soviética, retornando ao Brasil em 1934 com a esposa, Olga Benário, judia alemã, membro do partido comunista alemão. Os dois, sob o comando da facção Aliança Nacional Libertadora, ligada ao Partido Comunista Brasileiro, comandaria o fracassado golpe de 1935 conhecido como "Intentona Comunista", que visava derrubar o governo de Getúlio Vargas. Prestes foi preso, sendo que sua mulher, grávida, foi deportada e entregue à Guestapo (a polícia política da Alemanha nazista), morrendo em 1942 em um campo de concentração.

Solto em meio ao processo de redemocratização, o "Cavaleiro da Esperança" elege-se senador pelo PCB em 1945, para logo ver a cassação do registro de seu partido sob a administração Dutra, em 1947. Além disso, decretou-se sua prisão preventiva, o que o forçou a entrar para a clandestinidade. Sua prisão seria revogada em 1958 pelo presidente Kubitschek, mas, com o Golpe Militar de 1964, novamente torna-se um clandestino. Deixa o Brasil novamente rumo à União Soviética em 1971, voltando com a anistia decretada em 1979, sendo que a partir daí, passa a se distanciar do PCB, deixando a secretaria-geral do partido em 1983, cargo que ocupou por décadas. Crendo que o PCB desviara-se do ideal marxista, seu novo partido será o PDT, legenda sob a qual pedirá votos a Brizola e a Lula nas eleições de 1989.

Bibliografia:

CHAVES, Lázaro . Luis Carlos Prestes . Disponível em: http://www.culturabrasil.org/prestes.htm Acesso em: 12 jul. 2011.

Luís Carlos Prestes. Disponível em:

http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_899.html Acesso em: 12 jul. 2011.
Luís Carlos Prestes. Disponível em: http://educacao.uol.com.br/biografias/luis-carlos-prestes.jhtm Acesso em: 12 jul. 2011.


          João Pessoa    
       (politico brasileiro)

1878, Umbuzeiro (PB)
1930  Recife (PE)

João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque era sobrinho do ex-presidente da República Epitácio Pessoa e sobrinho-neto do Barão de Lucena, presidente da província de Pernambuco durante o Império e  ministro da Fazenda do governo de Deodoro da Fonseca.

Em 1895, João ingressou na Escola Militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, mas não concluiu seu curso. Em 1899, matriculou-se na Faculdade de Direito de Recife, por onde se formou em 1904. Em  1909, transferiu-se para o Rio de Janeiro, trabalhando como advogado no Ministério da Fazenda e na Marinha. Em julho de 1919, três meses após a posse de Epitácio Pessoa na Presidência, foi nomeado ministro do Supremo Tribunal Militar (STM).

Na década de 1920, atuou como juiz nos processos movidos contra os envolvidos nos levantes tenentistas então deflagrados, destacando-se sempre pelo rigor contra os acusados.

Em 1928, elegeu-se presidente do Estado da Paraíba. Nesse cargo, promoveu uma reforma na estrutura político-administrativa do estado e, para enfrentar as dificuldades financeiras, instituiu a tributação sobre o comércio realizado entre o interior paraibano e o porto de Recife, até então livre de impostos. Essa medida contribuiu para o saneamento financeiro do estado, mas gerou grande descontentamento entre os fazendeiros do interior, como o coronel José Pereira Lima, chefe político do município de Princesa e com forte influência sobre a política estadual.

Em 1929, João Pessoa negou-se a apoiar a candidatura situacionista de Júlio Prestes à Presidência da República e aceitou convite para ser o candidato a vice-presidente na chapa oposicionista da Aliança Liberal, articulada pelos estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul e encabeçada pelo gaúcho Getúlio Vargas.

Realizado o pleito, a chapa oposicionista foi derrotada e o coronel José Pereira, que apoiava Júlio Prestes, iniciou uma revolta em Princesa contra o governo estadual, sendo apoiado pelo governo federal. Ao mesmo tempo, ganhava força no interior da Aliança Liberal a proposta de deposição de Washington Luís através de um movimento armado. João Pessoa rejeitou essa solução. Sua preocupação concentrava-se, nesse momento, no combate à Revolta de Princesa. Nesse sentido, ordenou que a política paraibana invadisse escritórios e residências de pessoas suspeitas de receptar armamentos destinados aos rebeldes.

Numa dessas invasões - na residência de João Dantas, aliado de José Pereira -, foram encontradas cartas íntimas trocadas entre Dantas e sua amante. As cartas foram publicadas pela imprensa alinhada ao governo estadual, provocando grande escândalo na sociedade paraibana. Dias depois, em viagem a Recife, João Pessoa foi assassinado com dois tiros desferidos por João Dantas em uma confeitaria da capital pernambucana. O assassinato provocou forte comoção no País.

Os líderes da Aliança Liberal trasladaram o corpo para o Rio de Janeiro, onde foi enterrado em meio a grande manifestação popular. Nas cidades por onde passou, o cortejo fúnebre foi alvo de manifestações semelhantes. Tal clima contribuiu para que os preparativos revolucionários se acelerassem, resultando na deposição de Washington Luís, em outubro, e na ascensão de Vargas ao poder, no mês seguinte. Em setembro de 1930, a capital paraibana, até então denominada cidade da Paraíba, foi rebatizada com seu nome.

Membros da Aliança Liberal no Rio de Janeiro, agosto de 1929, FGV, CPDOC.
                                                     

A Ação Integralista Brasileira - AIB - ainda é um episódio histórico pouco conhecido e explorado pelos historiadores brasileiros. Sabe-se que este partido politico, criado pelo escritor e explorado Modernista e jornalista Plínio Salgado, em 7 de outubro de 1932, através da divulgação de seu Manifesto de Outubro. Crê-se que ela foi fruto da SEP - Sociedade de Estudos Paulista. Este partido teve uma vida ativa durante apenas cinco anos, quando então foi extinto, junto com outro grupos políticos, pelo Estado novo, comandado por Getúlio Vargas

Talvez esta obscuridade a que o Integralismo brasileiro foi relegado se deva a seu envolvimento com o nazismo alemão e o fascismo italiano, realmente, sua doutrina foi largamente influenciada pelos ideais fascistas, e justamente por alimentar estas crenças, a AIB entrou logo em confronto com associações adversárias, como a Aliança Nacional Libertadora - ANL - dirigida pelo PCB, partido comunista Brasileiro, reproduzindo um contexto mundial de luta entre o fascismo e o socialismo.

Este movimento se restringia basicamente à classe média, como tantos outros grupos nacionalistas. Eles entraram para a história como os "camisas verdes" ou "galinhas verdes", uma referência aos uniformes que eles adotaram. Este movimento integralista surgiu em um cenário de falência politica da oligarquia, com a consequente desativação das ardentes polèmicas politicos - ideológicas que se alastravam pela zona rural, assim estas discussões em torno de grandes ideais foram transferida para o àmbito urbano.
                     

Ao mesmo tempo, a   Europa fervilhava com novas doutrinas e ideologias, produtos das dificuldades vividas no período entre as duas Guerras Mundiais - 1919-1938 - e da crise do Capitalismo, que atingiu seu ápice em 1929, com a queda abrupta da Bolsa de Nova Iorque. Neste cenário surgiram o fascismo na Itália e o Nazismo na Alemanha, nascidos desse clima de instabilidade. Em nosso país a Revolução de 1930 criou uma atmosfera propicia para o nascimento do Integralismo, única opção diante do governo de Getúlio Vargas e dos avanços do movimento comunista. Talvez por isso os integralistas tenham conquistado a adesão tanto de empresários quanto de operários insatisfeitos com a esquerda.

A Ação Integralista Brasileira contou com nomes de vulto, como os de Gustavo Barroso; Miguel Reale e Santiago Dantas, nomes conceituados e respeitáveis. Este partido também teve a participação ativa das mulheres. Elas não podiam integrar o Comando Nacional, mas tinham espaço nas decisões regionais.
O Integralismo aparecia como um caminho alternativo para a massa desorganizada, não conquistada ainda pelo Partido Comunista. Além do mais, ofereceu às mulheres e aos negros a oportunidade de participar da política brasileira; estabeleceu um código rigoroso de ética e moralidade, regulando o comportamento e os rituais cotidianos, como o batismo e o enterro. Chamava a atenção também por sua política assistencialista, incluindo a edificação de escolas e ambulatórios, sem falar na tradicional distribuição de cestas básicas.
Na iminência das eleições para Presidente, em 1937, Plínio Salgado, então considerado o candidato preferido da população, publicou o Manifesto Programa de 1937, um dos documentos mais importantes deste partido. Embora muitos nem imaginem, esta publicação influenciou várias práticas do Estado Novo, bem como vários estadistas importantes, como Juscelino Kubitschek, e até mesmo projetos como a ‘Casa Própria’ e a ‘Alfabetização de Adultos’.
Embora Getúlio Vargas apoiasse desde o princípio os integralistas, ao articular seu golpe – em grande parte com a cumplicidade desse movimento, inclusive com a negociação de Plínio Salgado para nesta nova gestão ocupar o Ministério da Educação -, ele flagrou a AIB com a proibição de qualquer grupo político a partir de novembro de 1937.

       
Figura do chefe integralista - Distribuído entre 1935 e 1937, nas ruas das cidades Brasileiras.



Sessão de encerramento do Congresso integralista - Plínio Salgado encontra-se ao centro (sentado) - em Blumenau, Santa Catarina, 1935.


Sede da Aliança Nacional Libertadora, ANL, no centro do Rio de Janeiro, 1935.



Trabalhadores homenageiam Vargas na Esplanada do Castelo, 1940, Rio de Janeiro



Exaltação de Getúlio em Cartaz produzido pela DIP  convocando trabalhadores para comemorar o 1ª de Maio


Biografia

Getúlio Dornelles Vargas nasceu em 19/4/1882, na cidade de São Borja (RS) e faleceu em 24/8/1954, na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Foi o presidente que mais tempo governou o Brasil, durante dois mandatos. Foi presidente do Brasil entre os anos de 1930 a 1945 e de 1951 a 1954. Entre 1937 e 1945 instalou a fase de ditadura, o chamado Estado Novo.

Revolução de 1930 e entrada no poder 

Getúlio Vargas assumiu o poder em 1930, após comandar a Revolução de 1930, que derrubou o governo de Washington Luís. Seus quinze anos de governo seguintes, caracterizaram-se pelo nacionalismo e populismo. Sob seu governo foi promulgada a Constituição de 1934. Fecha o Congresso Nacional em 1937, instala o Estado Novo e passa a governar com   poderes ditatoriais. Sua forma de governo passa a ser centralizadora e controladora. Criou o DIP ( Departamento de Imprensa e Propaganda ) para controlar e censurar manifestações contrárias ao seu governo.
Perseguiu opositores políticos, principalmente partidários do comunismo. Enviou Olga Benário , esposa do líder comunista Luis Carlos Prestes, para o governo nazista.

Realizações

Vargas criou a  Justiça do Trabalho (1939), instituiu o salário mínimo, a Consolidação das Leis do Trabalho, também conhecida por CLT. Os direitos trabalhistas também são frutos de seu governo: carteira profissional, semana de trabalho de 48 horas e as férias remuneradas.
GV investiu muito na área de infraestrutura, criando a Companhia Siderúrgica Nacional (1940), a Vale do Rio Doce (1942), e a Hidrelétrica do Vale do São Francisco (1945). Em 1938, criou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Saiu do governo em 1945, após um golpe militar.

O Segundo Mandato

Em 1950, Vargas voltou ao poder através de eleições democráticas. Neste governo continuou com uma política nacionalista. Criou a campanha do "Petróleo é Nosso" que resultaria na criação da Petrobrás. 

O suicídio de Vargas

Em agosto de 1954, Vargas suicidou-se no Palácio do Catete com um tiro no peito. Deixou uma carta testamento com uma frase que entrou para a história : "Deixo a vida para entrar na História."  Até hoje o suicídio de Vargas gera polêmicas. O que sabemos é que seus últimos dias de governo foram marcados por forte pressão política por parte da imprensa e dos militares. A situação econômica do país não era positiva o que gerava muito descontentamento entre a população.

Conclusão

Embora tenha sido um ditador e governado com medidas controladoras e populistas, Vargas foi um presidente marcado pelo investimento no Brasil. Além de criar obras de infra-estrutura e desenvolver o parque industrial brasileiro, tomou medidas favoráveis aos trabalhadores. Foi na área do trabalho que deixou sua marca registrada. Sua política econômica gerou empregos no Brasil e suas medidas na área do trabalho favoreceram os trabalhadores brasileiros.

Carreira Política de Getúlio Vargas:

- 1909 - eleito deputado estadual no Rio Grande do Sul
- 1913 - reeleito deputado estadual (renunciou no mesmo ano)
- 1917 - retornou à Assembléia Legislativa
- 1919 e 1921 - reeleito deputado estadual
- 1924 a 1926 - deputado federal
- 1926 a 1927 - Ministro da Fazenda
- 1928 a 1930 - Governador do Rio Grande do Sul
- 1930 a 1945 - Presidente do Brasil
- 1951 a 1954 - Presidente do Brasil



Cartaz. O anúncio da CLT foi mostrado de forma propagandística, dando a conotação de uma lei fruto da iniciativa e generosidade de uma só pessoa 1943. 


A carteira Profissional

Manifestação cívica no Dia do trabalho, em homenagem a Vargas no estádio do Vasco da Gama, 1941, Rio de Janeiro.




Desfile escolar comemorativo do dia da Pátria, na Qunta da Boa Vista, Rio de Janeiro, 1943.
Arquivo Nacional.



Queremismo no Rio de Janeiro, 1945.




Livros sobre Getúlio Vargas

 Getúlio Vargas - O Poder e o Sorriso - Coleção Perfis Brasileiros   Autor: Fausto, Boris
   Editora: Companhia das Letras
 De Getúlio a Getúlio - O Brasil de Dutra a Vargas - Coleção História em Documentos   Autor: Dantas F, José; Doratioto, Francisco Fernando
   Editora: Atual
 Getúlio Vargas - Mito e Realidade - Audiolivro   Autor: Guzzo, Maria A. Dias
   Editora: Universidade Falada
 Brasil : De Getúlio Vargas a Castelo Branco   Autor: Skidmore, Thomas E.
   Editora: Paz e Terra
 Getúlio Vargas e o Triunfo do Nacionalismo Brasileiro   Autor: Ludwig Lauerhass Jr.
   Editora: Itatiaia
 Vitória na Derrota - A Morte de Getúlio Vargas   Autor: Aguiar, Ronaldo Conde
   Editora: Casa da Palavra
 A Construção Discursiva do Povo Brasileiro - Os Discursos de 1º de Maio de Getúlio Vargas   Autor: Lima, Maria Emília Amarante Torres
   Editora: UNICAMP
 Getúlio Vargas - Depoimento de um Filho   Autor: Canton, Olides
   Editora: Leitura XXI
 Getúlio Vargas e a Economia Contemporânea   Autor: Szmrecsanyi, Tamas
   Editora: UNICAMP
 Getulio Vargas e o seu Tempo - volumes I e II   Autor: Jorge, Fernando
   Editora: T. A. Queiroz
 Getúlio Vargas e Outros Ensaios - Síntese Rio-Grandense   Autor: Franco, Sergio da Costa
   Editora: UFRGS
 Getúlio Vargas e Sua Época - Coleção História Popular   Autor: Faria, Antonio A. Da Costa
   Editora: Global