quinta-feira, 21 de junho de 2012

Biografia de Luiz Gonzaga(1912-1989)!




                                                               
                                                               
                                                                 


                                                                     
Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu no dia 13 de dezembro de 1912, na Fazenda Caiçara, povoado do Araripe à 12km de Exu, filho de Januário José dos Santos e Ana Batista de Jesus (Mãe Santana).

Foi batizado na matriz de Exu no dia 05 de janeiro de 1913, cuja celebração batismal, foi realizada pelo Pe. José Fernandes de Medeiros.

 Desde sua infância o pequeno Gonzaga namorava o fole de oito baixos, instrumento este, executado por “Pai Januário” no qual começou seus primeiros acordes.

“Luiz de Januário” como era conhecido na infância, aos 8 anos de idade substitui um sanfoneiro que falhou no trato em festa tradicional no terreiro de Miguelzinho na Fazenda Caiçara, no Araripe, Exu, a pedido de amigos do pai. 

Naquela noite o pequeno Lula deleitava-se tocando e cantando a noite inteira, e pensava na possibilidade de Dona Santana deixar ele tocar mais vezes. Luiz Gonzaga tocava feliz porque era a primeira noite que tocava com a permissão de “Mãe Santana”. Naquela noite ele recebeu pela primeira vez o cachê de 20$000 rés.


 Luiz Gonzaga recorda as palavras de Dona Santana que pareciam ter uma esperança de tocar com sua permissão: “Luiz! Isso é gente pra tocar em dança? (…) E se  o sono der nele pru lá?”  Luiz Gonzaga ia crescendo, com sua simpatia e esperteza conseguiu agradar Sinhô Aires, passando a ser o garoto de confiança do Cel.


 Sua primeira sanfona era de marca “veado” comprada na loja de Seu Adolfo em Ouricori, Pernambuco, com a fiança do Cel. Manuel Aires de Alencar, o Sinhô Aires, custando 120$000 rés.

(Em 1915 nasce no Iguatu, Ceará, Humberto Cavalcanti Teixeira que mais tarde se tornaria parceiro de Luiz Gonzaga.

Em fevereiro de 1921 nasce em Carnaúba, distrito de Pajeú das Flores, José de Sousa Dantas Filho que posteriormente se torna parceiro de Luiz Gonzaga.
Em 1926 nasce em Gravatá, Pernambuco, Helena das Neves Cavalcanti, futura esposa de Luiz Gonzaga.)

O futuro de Gonzaga estava realmente na sanfona, profissão posteriormente executada em todo Brasil, graças as observações aos dedos ágeis de “Pai Januário”. Antes de Gonzaga completar 16 anos já era conhecido no Araripe e em toda redondeza.


 Aos 17 anos o filho de Januário apaixona-se por Nazarena, filha de um Alencar. O padrasto da jovem, o senhor Raimundo Deolindo sabendo da inclinação do jovem sanfoneiro pela menina-moça, resolve impedir o namoro. Luiz Gonzaga muito magoado com a situação resolve então encará-lo num sábado na feira do Exu, e disse ‘as do fim!’.

 Foi por causa de “Nazinha”, como a chamava, que Gonzaga levou uma surra de Dona Santana, por ocasião de seu atrevimento com o senhor Raimundo Deolindo, fugindo de casa em 1930.

Lula resolve então arranjar uma maneira de fugir de casa, foi quando com a ajuda de Zé de Elvira, com quem armou sua fuga, caminhando a pé cerca de 65Km de Exu ao Crato. Chegando no Crato Luiz Gonzaga vende ao lavrador, o senhor Raimundo Lula, sua sanfona por 80:000 rés. Essa decisão na vida de Luiz Gonzaga foi em julho de 1930, quando chega em Fortaleza e alista-se no 23º Batalhão de Caçadores do Exército, servindo no Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Pará, Ceará, Piauí, Belo Horizonte, Campo Grande e no Rio de Janeiro.

 O então soldado de n.º 122, ganha fama no Exército e um apelido: “Bico de Aço”, por ser um excelente corneteiro. Deu baixa no Exército em Minas Gerais, no dia 27 de março de 1939 e viajou para o Rio de Janeiro, para esperar o navio que o levaria a Recife, em seguida a Exu.


 Resolveu então a convite de um amigo, foi  ganhar a vida tocando no Mangue, com uma sanfona de 80 baixos, uma Horner branquinha, sua primeira sanfona branca comprada em São Paulo. Vale ressaltar que a partir de então, Luiz Gonzaga só usa sanfona branca até o final de sua vida.

Em 1940 Gonzaga conhece o guitarrista português, Xavier Pinheiros, e forma dupla tocando no Mangue e nas casas noturnas(cabarés), do Rio de Janeiro. Ele começou tocando músicas de Manezinho Araújo, Augusto Calheiros e Antenógenes Silva, começou a apresentar-se nas rádios em programas de Calouros. Em 1941 conhece Januário França, no qual transmite a Gonzaga um convite de Genésio Arruda, para acompanhá-lo numa gravação na RCA Victor. 

Logo em seguida é convidado para gravar um disco solo; grava dois, e nos cinco anos seguintes, Luiz Gonzaga  grava cerca de 30 discos. A partir de 1941, Luiz Gonzaga já tinha o título de MAIOR SANFONEIRO NORDESTINO.
Luiz Gonzaga sofreu muito no Rio de Janeiro, para se firmar artisticamente. Com muita luta e vencendo as ironias de Ari Barroso, em 1942 Luiz Gonzaga começa a fazer sucesso nas emissoras de rádio.

 Em 1944 ele foi despedido da Rádio Tamoio e, logo em seguida foi contratado por Cr$ 1.600.00 pela Rádio Nacional. Recebe neste ano o apelido de “Lua”, por Paulo Gracindo. Em 1945 Luiz Gonzaga conhece o futuro grande parceiro, o advogado Humberto Cavalcanti Teixeira, nascido em Iguatu, Ceará. No dia 11 de abril de 1945, Luiz Gonzaga gravou seu primeiro disco em voz.

No dia 22 de setembro de 1945 nasceu Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, o Gonzaguinha, fruto do amor de Luiz Gonzaga com Odaléia Guedes dos Santos, cantora e bailarina profissional do coro de Ataulfo Alves. Gonzaga conviveu com Odaléia, cerca de 5 anos. 


Odaléia faleceu de tuberculose em 1952, quando Gonzaguinha tinha 7 anos (vale ressaltar que Gonzaguinha nesta época já morava com os padrinhos Xavier e Dina no Morro de São Carlos)
Em 1946 com Humberto Teixeira, Luiz Gonzaga compõe e grava a primeira de uma série de 18 parceria:  NO MEU PÉ DE SERRA. 

O sucesso de Gonzaga com esta música começa a ser enorme e ao mesmo tempo seu nome começa a correr pelo mundo: Europa, EUA, Japão, etc. Neste mesmo ano Luiz Gonzaga resolve então rever a família, e chega em casa pela madrugada. Fica frente a frente com Seu Januário e é interrogado: “Quem é o Sinhô? Luiz Gonzaga seu filho! Isso é hora de você chegar em casa corno sem vergonha!?” Deste encontro, Luiz Gonzaga com Humberto Teixeira, compõem a música RESPEITA JANUÁRIO, em homenagem àquele homem que foi o responsável pela inclinação do “negrinho fiota” para a música. Em 1947 no mês de março, Gonzaga gravou a música ASA BRANCA, que foi inicialmente refutada pelo diretor. 

A música  ASA BRANCA começou a receber diferentes interpretações e gravações em vários países, como Israel e Itália. Em julho de 1947, na Rádio Nacional, Luiz Gonzaga conheceu Helena das Neves Cavalcanti, sua futura esposa.

No dia 16 de junho de 1948 Luiz Gonzaga casa-se com a contadora pernambucana Helena das Neves Cavalcanti, natural de Gravatá – PE, (segundo a cronologia de Assis Ângelo, Luiz Gonzaga já era estéril, mas sobre sua esterilidade fica muito oculto por ocasião de Gonzaga não dá ênfase a esta questão).


 Luiz Gonzaga resolve então fazer um passeio para apresentar a esposa a “Pai Januário”, que não pôde ir ao Rio de Janeiro para o casamento do filho. Neste dia 05 de abril de 1949, Luiz Gonzaga soube a caminho, que no dia anterior tinha começado em Exu um conflito político entre as famílias Alencar, Sampaio e Saraiva.

Em 1949 Gonzaga conhece em Recife o médico José Dantas de Sousa Filho. Com o novo parceiro, Gonzaga grava no dia 27 de outubro, o baião VEM MORENA e o FORRÓ DE MANÉ VITO. E o Brasil se deliciava com a boa música do “negrinho fiota”, que saiu lá das bandas do Exu para conquistar o coração dos brasileiros. 


No dia 01 de novembro de 1949, Seu Januário, Dona Santana, Geni, Muniz, Chiquinha, Socorro e Aloísio seguiram para o Rio de Janeiro, no caminhão comprado por Luiz Gonzaga.

Em 1950 o Lua recebe dos paulistas o título de “REI DO BAIÃO”  que o consagra até nossos dias. Neste mesmo ano “Lua” grava também a toada ASSUM PRETO e os baiões QUI NEM JILÓ e PARAÍBA, Gonzaga neste período está no auge de sua carreira. 


A música PARAÍBA foi gravada por uma cantora japonesa Keiko Ikuta, e também pela Emilinha Borba. Em 1951 Luiz Gonzaga coroou a cantora Carmélia Alves como a “RAINHA DO BAIÃO” na Rádio Nacional, no programa “NO MUNDO DO BAIÃO” de Humberto Teixeira e Zé Dantas. No ano de 1952 Luiz Gonzaga tentou projetar para todo o Brasil, nos festejos juninos  o talento musical da família através das rádios Tupi e Tamoio tendo como atração, OS SETE GONZAGAS: Seu Januário, Luiz Gonzaga, Severino Januário, José Januário (Zé Gonzaga), Chiquinha Gonzaga, Socorro e Aloísio. Em 1953 grava ABC DO SERTÃO, VOZES DA SECA e a A VIDA DO VIAJANTE.

Neste mesmo ano Luiz Gonzaga assume plenamente sua identidade nordestina, começando a usar o gibão de couro. No dia 09 de julho de 1954 mataram em Serrita Raimundo Jacó, primo de Luiz Gonzaga. Em 1959 Dona Marieta, mãe de Dona Helena, veio a falecer no Rio de Janeiro. O Rei do Baião não parava, andava por todo o País cantando e decantando o Nordeste. No  amanhecer do dia 11 de junho de 1960, Dona Santana, mãe de Luiz Gonzaga, falecia no Rio de Janeiro, com a doença de chagas.

A partir de 1960 Luiz Gonzaga começa a ser esquecido dos meios de comunicação, e faz então um desabafo a Dominguinhos: “EU VOU PARAR DE CANTAR BAIÃO, POIS NINGUÉM MAIS DÁ A MÍNIMA ATENÇÃO PRA MINHA MÚSICA. VOU COMPRAR UM TRANSISCORDE PARA VOCÊ, PRA GENTE FAZER BAILES. EU TOCO CONTRABAIXO, ENQUANTO VOCÊ TOCA ESSE INSTRUMENTO ELETRÔNICO QUE SAIU AGORA”, ( isso foi só um desabafo, pois Gonzaga continuou compondo baião até o final de sua vida). Neste ínterim Luiz Gonzaga estava muito dividido, pois Seu Januário morava sozinho no Araripe, após a morte de Dona Santana. Neste ano o Rei do Baião vinha constantemente ao Araripe para está junto de “Pai Januário”. No dia 05 de novembro de 1960 Seu Januário casa-se com Dona Maria Raimunda de Jesus, cuja celebração foi realizada por Padre Mariano. Aos 72 anos o “Vovô do Baião” demonstrava sua fé e o respeito a Igreja, testemunhando seu segundo matrimônio.

 Em 1961 Gonzaguinha já estava com 16 anos, passou então a morar com o pai. Em 1961, Luiz Gonzaga entra para a maçonaria. Ele compõe com Lourival Passos a música ALVORADA DA PAZ, em homenagem a Jânio Quadros que renunciou, sete meses após assumir a Presidência da República. No dia 12 de março de 1962, nasce um bebê que é adotado por Seu Januário e Dona Maria Raimunda com 03 dias de nascido. Seu Januário fez questão de registrar o menino como filho legítimo, com o nome de João Batista Januário. João Batista continua morando em Exu, honrando o nome da Família Januário.

Em 1962 a parceria da dupla (Gonzaga e Zé Dantas), se desfaz por ocasião do falecimento de Zé Dantas. Em 1963, o REI DO BAIÃO gravou A MORTE DO VAQUEIRO, uma homenagem a seu primo Raimundo Jacó “morto covardemente”. Neste mesmo ano Luiz Gonzaga foi surpreendido com o roubo que fizeram de sua sanfona e conhece o poeta cearense PATATIVA DO ASSARÉ, de quem grava em 1964 a música A TRISTE PARTIDA. Em 1964 Luiz Gonzaga faz uma homenagem a Sanfona Branca roubada, com a música SANFONA DO POVO. Em 1966 Sinval Sá, lança o livro O SANFONEIRO DO RIACHO DA BRÍGIDA, VIDA E ANDANÇAS DE LUIZ GONZAGA – REI DO BAIÃO, pela edições  A FORTALEZA. No ano de 1968, o compositor e versionista Carlos Imperial espalhou no Rio de Janeiro que THE BEATLES acabara de gravar a música ASA BRANCA, mas foi só brincadeira, THE BEATLES não gravaram e o sucesso de Gonzaga começou a voltar na década de 70. 

Em 1970 Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira entram na Coleção História da MPB, editada pela Abril Cultural. Em 1971 Luiz Gonzaga recebeu o título de “IMORTAL DA MÚSICA BRASILEIRA”, pela TV TUPÍ do Rio de Janeiro. Em 1972 Luiz Gonzaga recebe o título de Cidadão de Caruaru. Foram os papas do tropicalismo Gilberto Gil e Caetano Veloso, que proclamaram solenemente que a moderna canção popular brasileira deitava raízes também na arte antemporal de Luiz Gonzaga. No dia 24 de março de 1972 no Teatro Carioca Tereza Raquel – Rio de Janeiro, Luiz Gonzaga faz uma apresentação com o título: “LUIZ GONZAGA VOLTA PRA CURTIR”, realizando-se assim, sua volta triunfal.

 Naquela noite Luiz Gonzaga faz uma síntese falando de toda a sua carreira musical. Naquela oportunidade relatou sua estima pelo o estado do Ceará, dizendo: “É por isso que eu costumo dizer que uma banda minha é pernambucana e a outra banda  é cearense!”

No ano de 1973, o Rei do Baião resolve deixar a RCA Victor e passa a gravar na Emi-Odeon. Ainda em 1973 Luiz Gonzaga recebe o título de Cidadão Paulista das mãos do governador de São Paulo. Em 1975, o Rei do Baião conheceu Maria Edelzuíta Rabelo, e correspondia com ela, com o pseudônimo de Marcelo Luiz. Em 1976 Luiz Gonzaga recebe em Fortaleza o título de Cidadão Cearense. Nos dias 13 e 20 de agosto de 1976, a TV GLOBO fez um exibição com o título de “ESPECIAL LUIZ GONZAGA”, tendo a participação de Seu Januário.

 Em 1977 Luiz Gonzaga entrou na Versão Brasileira da Enciclopédia Universal Britânica. Seu Januário faleceu num dos duplex do PARQUE ASA BRANCA em Exu no dia 11 de junho de 1978. Para sua alegria, no ano de 1980 Luiz Gonzaga canta em Fortaleza para o Papa João Paulo II, que lhe agradeceu ao pegar em sua mão dizendo: “OBRIGADO, CANTADOR!”. Luiz Gonzaga fica envaidecido. Em 1981 o velho Lua recebe os dois únicos discos de ouro de toda sua carreira ( vale ressaltar que é segundo Assis Ângelo e Gildson Oliveira, segundo Dominique Dreyfus Luiz Gonzaga ganhou mais discos de ouro).

 Neste mesmo ano, Gonzaga fica feliz quando consegue pacificar Exu. Foi ao encontro do Presidente da República em exercício para lhe pedir intervenção e disse: “Dr. Aureliano, faça um esforço para levar a paz à minha terra!”. Tempos depois feliz com a paz conseguida para sua terra, em entrevista Luiz Gonzaga diz ao jornalista Assis Ângelo: “NINGUÉM DAVA JEITO EM EXU. EU PEGUEI AURELIANO CHAVES NUMA BOA E 15 DIAS DEPOIS ELE MANDOU INTERVIR (NA CIDADE). A INTERVENÇÃO SE ENCAIXOU QUE NEM UMA LUVA, E NUNCA MAIS HOUVE CRIME POLÍTICO LÁ”.

Em 1982 Luiz Gonzaga vai tocar em Paris a convite de Nazaré Pereira. Permaneceu em Paris dez dias, conhecendo vários pontos importantes. Em 1984 Luiz Gonzaga recebeu o PRÉMIO SHELL. Em 1985 Luiz Gonzaga é agraciado com o troféu NIPPER DE OURO, uma homenagem internacional da RCA a um artista dela. Em 1986 Gonzagão vai pela segunda vez à França, participando no dia 06 de julho de um espetáculo  que reúne cerca de 15 mil pessoas no Halle de la Villete. Luiz Gonzaga foi ladeado por Alceu Valença, Fafá de Belém, Morais Moreira e Armandinho, entre outros artistas brasileiros que integraram o “Couleurs Brésil”.

 Foi neste passeio que a jornalista francesa, DOMINIQUE DREYFUS, fala com Gonzagão na possibilidade de com ele, fazer um livro autobiográfico. Ainda em 1986 José de Jesus Ferreira lança o livro LUIZ GONZAGA O REI DO BAIÃO: SUA VIDA, SEUS AMIGOS, E SUAS CANÇÕES.

Em junho de 1987, a escritora e jornalista DOMINIQUE DREYFUS chega ao Brasil, passando 02 meses no PARQUE ASA BRANCA em Exu. O Rei do Baião desde pequeno trazia em seus lábios um sorriso sincero e, sempre quando podia, gostava de brincar com os outros, oportunidade que aproveitava para saber como estava o sertão. Luiz Gonzaga conheceu e tocou em todos os municípios brasileiros com mais 400 habitantes, inclusive, tocou em Sobral – CE quatro vezes. 

Tocou pela última vez nesta cidade, terra de Dom José Tupinambá da Frota, no dia 28 de novembro de 1987. Quando Gonzagão chegava nessas cidades do interior para fazer seus shows, era anunciado por seu motorista com o seguinte anúncio: “Atenção, atenção! Vem visitar vocês Sua Majestade o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, a maior expressão popular brasileira. Hoje aqui em praça pública!” A carroceria de seu caminhão servia de palco em seus shows, por este Brasil afora.

Em 1988 Mundicarmo Maria Rocha Ferreti lança o livro BAIÃO DE DOIS: ZÉ DANTAS E LUIZ GONZAGA, fruto de uma tese de mestrado. Em 1988 Luiz Gonzaga rompe novamente o contrato com a RCA. Em junho do corrente ano, Luiz Gonzaga entra com o pedido de desquite na justiça pernambucana, por já não se entender com Dona Helena. Ainda em 1988 Luiz Gonzaga passa a morar com Maria Edelzuíta Rabelo.

 A senhora Edelzuíta Rabelo nos fala através do livro Luiz Gonzaga: O Matuto que conquistou o mundo, o seguinte: “Amei Lula sem nada pedir ou esperar, mas sabendo que me bastava estar diante do homem mais extraordinário que já conheci, que me fez renascer e me ensinou grandes lições.”

A última entrevista de Luiz Gonzaga concedida a imprensa, foi para o jornalista Gildson Oliveira através de Ivan Ferraz no dia 02 de junho de 1989. Recife foi o local escolhido por Luiz Gonzaga para passar seus últimos momentos de vida. O último show realizado por Luiz Gonzaga foi no dia 06 de junho de 1989 no Teatro Guararapes do Centro de Convenções de Recife, onde recebeu homenagens de vários artistas do país. Antes de finalizar o show, o Rei do Baião proferiu estas palavras:

“ Boa Noite minha gente! (…) Minha gente, não preciso dizer que estou enfermo. Venho receber essa Homenagem. Estou feliz, graças a Deus, por ter conseguido chegar aqui. E estou até melhor um pouquinho. Quem sabe, né?
“Quero ser lembrado como o sanfoneiro que amou e cantou muito seu povo, o sertão; que cantou as aves, os animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes, os valentes, os covardes, o amor.

 Este sanfoneiro viveu feliz por ver o seu nome reconhecido por outros poetas, como Gonzaguinha, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Alceu Valença. Quero ser lembrado como o sanfoneiro que cantou muito o seu povo, que foi honesto, que criou filhos, que amou a vida, deixando um exemplo de trabalho, de paz e amor.
Quero ser lembrado como o sanfoneiro que amou e cantou muito seu povo, o sertão; que cantou as aves, os animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes, os valentes, os covardes, o amor.

Gostaria que lembrassem que sou filho de Januário e dona Santana. Gostaria que lembrassem muito de mm; que esse sanfoneiro amou muito seu povo, o Sertão. Decantou as aves, os animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes. Decantou os valentes, os covardes e também o amor. (…) Muito obrigado.”

Na quarta feira, 21 de junho de 1989, às 10:00h, o velho Lua foi levado às pressas ao Hospital Santa Joana, permanecendo 42 dias internado, onde veio a falecer. Palavras de Luiz Gonzaga na UTI do hospital: “VOCÊS NÃO ME LEVEM A MAL. SINTO MUITAS DORES E GOSTO DE ABOIAR QUANDO DEVERIA GEMER.” Luiz Gonzaga  travava naquele hospital uma luta imensa contra a morte, e o Brasil todo ficava cada vez mais preocupado com o estado de saúde de seu maior defensor. Luiz Gonzaga não resistiu, o Brasil e o mundo ficou enlutado com o seu último suspiro. O Asa Branca da Paz voava para a eternidade deixando um grande exemplo de vida a ser seguido.

O Rei do Baião faleceu no dia 02 de agosto de 1989, às 5:15min da manhã no Hospital Santa Joana, em Recife. Foi na Veneza Brasileira que Luiz Gonzaga dava seu último suspiro.  Seu corpo foi velado na Assembléia Legislativa de Recife nos dias 02 e 03 até às 9:45min da manhã, foi velado também em Juazeiro do Norte. CE, na Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro às 17h, local onde repousa os restos mortais de Pe. Cícero Romão Batista, apesar  de o corpo do Rei ter chegado no aeroporto de Juazeiro Norte às 15:20min do dia 03 de agosto. Palavras de Gonzaguinha ainda  no aeroporto de Juazeiro: “TUDO BEM, VAMOS ENTRAR NA CIDADE. SE O POVO QUER, QUE PODEMOS FAZER?”

O corpo do Rei do Baião chegou a sua terra natal, sua querida Exu no dia 03 a noite. Foi velado  na Igreja Matriz de Exu, durante a noite do dia 03 e todo o dia 04, saindo para o sepultamento no Cemitério São Raimundo às 15:45min. Das centenas de coroas de flores que estavam espalhadas na igreja Bom Jesus dos Aflitos em Exu, oferecidas por fãs de Luiz Gonzaga, estava esta que o repórter Gildson Oliveira transcreveu a seguinte mensagem:

“Amado Lula: o silêncio acende a alma… O País canta sua voz… Os pássaros se entristecem com a partida da Asa Branca, mas fica em nossos corações a sua história. E a nossa festa é esta. Quem crê em Cristo, mesmo que esteja morto viverá.” 

O corpo de Luiz Gonzaga foi levado no carro corpo de bombeiros, passando por diversas ruas da cidade rumo ao Cemitério São Raimundo, local onde aconteceram as últimas manifestações de carinho, àquele que só foi alegria. O caixão desceu a sepultura depois que Gonzaguinha, Dominguinhos, Alcimar Monteiro e mais de 20 mil pessoas cantarem a música ASA BRANCA às 16:50min. Luiz Gonzaga foi embalado no seio da terra na sexta feira, no mesmo dia da semana, que ele nasceu. Uma outra coincidência é que ele morreu no amanhecer do dia, assim como ele nasceu no amanhecer do dia 13 de dezembro de 1912.

Em 1990 foi lançado pela Editora Martin Claret o livro LUIZ GONZAGA, VOZES DO BRASIL. O filho Gonzaguinha depois de ter passado 15 dias em Exu falando aos amigos sobre a preservação do Parque Asa Branca, veio a falecer subitamente por ocasião de um acidente automobilístico na manhã do dia 29 de abril de 1991, morrendo no mesmo dia. Em 1991 o jornalista Gildson Oliveira lançou o livro LUIZ GONZAGA, O MATUTO QUE CONQUISTOU O MUNDO. Sua esposa, Dona Helena Gonzaga, conhecida por “MADAME BAIÃO”, faleceu na manhã do dia 04 de fevereiro de 1993 na Casa Grande do Parque Asa Branca.

Em 1994 o cordelista Pedro Bandeira lança uma 2ª edição ampliada do livro LUIZ GONZAGA, NA LITERATURA DE CORDEL. Em 1997 a Francesa Dominique Dreyfus lança o livro VIDA DO VIAJANTE: A SAGA DE LUIZ GONZAGA. Ainda em 1997 o professor Uéliton Mendes da Silva lança o livro LUIZ GONZAGA, DISCOGRAFIA DO REI DO BAIÃO. No ano 2000  a  professora Sulamita Vieira, lança o livro SERTÃO EM MOVIMENTO – a dinâmica da produção cultural, fruto de sua tese de doutorado. Ainda no corrente ano a professora Elba Braga Ramalho lançou o livro LUIZ GONZAGA: A Síntese Poética e Musical do Sertão.

 Fruto de sua  tese de doutorado na University of Liverpool, na Inglaterra. Em dezembro 2001 eu, este pequeno devoto do Rei do Baião, escrevi um opúsculo em homenagem ao Rei do Baião, intitulado: “Luiz Gonzaga, o Asa Branca da Paz”. Graças a Deus consegui a apresentar a Chiquinha Gonzaga, irmão do Rei do Baião, e recebi dela a aprovação do trabalho. 

ESCRITO POR: Pe Fábio Mota
(Colecionador e pesquisador de Luiz Gonzaga)

Publicada no livro: MOTA, José Fábio da.”Luiz Gonzaga, o Asa Branca da Paz”.Sobral – CE, 2001. 

Fonte:
http://fabiomota1977.wordpress.com/2005/12/15/biografia-de-luiz-gonzaga1912-1989/

terça-feira, 19 de junho de 2012

Idade Média texto 02


 

                                                                                 


A Idade Média

Os historiadores europeus do século XV e XVI denominaram Idade Média o período da história ocidental entre os séculos V e XV, esta denominação foi estabelecida porque os estudiosos entendiam que o período anterior (até o séc. V) foi uma época histórica de grande desenvolvimento cultural produzido principalmente pelos Gregos e pelos Romanos, e a época posterior (após o séc XV) também foi considerada outra época de imenso desenvolvimento, principalmente gerado pelo Renascimento.

Então é exatamente o intervalo de tempo entre os séculos V e XV que os historiadores consideram um período de retrocesso artístico, intelectual e filosófico, e o denominaram IDADE MÉDIA.

Atualmente sabemos que as afirmações dos historiadores com relação a Idade Média, tem outra interpretação, pois, não é correto afirmar que existe um período histórico melhor ou pior que outro, pois sempre se tem a impressão que o período em que vivemos é muito melhor do que os períodos anteriores.

Império Bizantino - O Oriente dos Romanos






Após a destruição do Império Romano em sua parte Ocidental (Europa) o imperador Constantino fundou na antiga colônia grega de Bizâncio a sede do império romano no Oriente, e em homenagem a si mesmo denominou-a Constantinopla.

Atualmente esta cidade chama-se Istambul (Turquia) e foi escolhida por sua privilegiada posição geográfica (entre a Europa e a Ásia) que facilitava o comércio tanto com o Ocidente como o Oriente.
O principal imperador Bizantino foi Justiniano, porque ele codificou as leis do Império (baseando-se no Direito Romano), promoveu uma unificação de duas alas da igreja (Igreja do Ocidente e Igreja do Oriente) que estavam em conflito, pois pretendia usar a estrutura administrativa da Igreja em benefício de seu governo.

Uma das idéias de Justiniano era formar novamente o Império Romano em sua Totalidade, ou seja, tomar à força novamente todas as terras que faziam parte do Império do ocidente, com isso fez muitas guerras de conquista, mas para manter um exército permanente ele teve que aumentar a cobrança de impostos.

O aumento dos impostos fez com que inimigos políticos patrocinassem a Revolta de Nika, que foi uma rebelião dos principais partidos políticos e esportivos, que reivindicavam uma série de mudanças no governo. Inicialmente Justiniano aceitou algumas exigências, mas quando ele viu que não iria controlar mais a situação, mandou que o general Belissário cercasse os revoltosos e todos foram mortos.

As guerras de conquista de Justiniano chegaram a obter êxito, pois, ele reconquistou o Norte da África, a Itália e a Espanha, mas logo foram atacados por bárbaros germânicos que apossaram-se do Egito, Palestina, Síria, Mesopotâmia, África e Espanha. Com tantas guerras o Império Bizantino começou a sofrer dificuldades financeiras, a população para fugir dos impostos começou a refugiar-se no interior sob a proteção dos grandes latifundiários.

Aos poucos o Império Romano do Oriente foi perdendo sua força política e Militar até o ano de 1453 quando foram invadidos e dominados pelos turcos, este fato foi utilizado pelos historiadores para marcar o fim da Idade Média e o começo da Idade Moderna.

Os Muçulmanos (Religião Islâmica)

O povo Árabe era Politeísta (acreditavam em vários deuses) e Idólatra (adoravam seus deuses como ídolos), uma parte da população eram chamados Beduínos, e viviam no deserto, submetidos a uma vida muito difícil e sacrificada, e a outra parte era constituída de comerciantes que viviam do comércio da cidade de Meca.

Na cidade de Meca havia um grande templo religioso chamado Caaba, neste templo havia 360 ídolos pertencentes às tribos do deserto (Beduínos) e todos os anos estas tribos vinham à cidade de Meca para visitar a caaba e seus ídolos religiosos, fazendo com que a cidade de Meca se tornasse um centro intenso de comércio. Além dos ídolos, na caaba havia também a Pedra Negra, que era uma pedra que os árabes diziam que tinha caído do céu (provavelmente um meteorito).

O politeísmo árabe era portanto uma fonte de renda para os comerciantes da cidade de Meca, porque ao vir visitar seus ídolos, os árabes aproveitavam para fazer compras e também vender seus produtos. O criador da religião islâmica foi um árabe chamado Maomé, que nasceu de família pobre e foi criado pelo avo que o levou para viver em uma tribo do deserto. Aos 15 anos voltou a cidade de Meca e começou a trabalhar como condutor de caravanas (uma espécie de guia) até casar-se com uma viúva rica chamada Khadidja. Com o casamento, melhorou de vida e começou a fazer viagens pelo Oriente e ter contato com as religiões orientais, além de conhecer também as religiões Judaica e Cristã.

O caráter monoteísta destas religiões atraiu Maomé, e ele começou a redigir sua própria religião, que misturava elementos de várias religiões. Por volta dos 40 anos Maomé começou a ter ataques estranhos, além de passar noites em meditação. Foi nesta época que ele afirmou ter tido uma visão do Anjo Gabriel, e nesta visão o anjo dizia que somente havia um deus, Alá, e também somente um profeta, Maomé. A partir deste momento Maomé passou a denominar-se profeta do deus Alá, e seus primeiros seguidores foram seus  próprios parentes. 

Maomé era muito inteligente em suas pregações, dizia que os seus seguidores teriam os prazeres do paraíso, após a morte. Estes prazeres seriam um lugar farto de alimentos saborosos, água gelada, riquezas, mulheres bonitas e principalmente a visão de Deus. Evidentemente a religião progrediu rapidamente, pois, como vimos, ela oferecia tudo aquilo que os Árabes não tinham em sua vida de dificuldades. Por outro lado, a religião de Maomé condenava o politeísmo, sendo assim considerava os deuses da caaba um pecado. Foi neste momento que Maomé começou a  ser perseguido pelos comerciantes de Meca, pois, se ele conseguisse implantar sua religião, o movimento de caravanas à cidade de Meca iria diminuir, e com isso os comerciantes iriam perder sua fonte de renda.

Os comerciantes decidiram eliminar Maomé, avisado a tempo, ele fugiu para a cidade de Yatreb. Essa fuga ficou conhecida como Hégira (fuga) e marca o início do calendário muçulmano (ano 22). Em Yatreb Maomé continuou sua pregação, iniciou a organização da comunidade muçulmana e mudou o nome da cidade de Yatreb para Medina (cidade do Profeta).

Para defender-se dos comerciantes de Meca, Maomé começou a pregar a guerra santa e em 630 conseguiu invadir a cidade de Meca e a caaba, destruindo todos os ídolos, menos a pedra negra. Neste ano nascia o Islão. Maomé morreu na cidade de Meca no ano 632 da era cristã ou ano 10 da hégira (calendário árabe) e seus seguidores reuniram seus ensinamentos em um livro sagrado chamado, o Alcorão (uma espécie de bíblia do islamismo).

A expansão islâmica foi intensificada pela guerra santa, que afirmava que todo aquele que morresse lutando pelo islamismo iria direto para o paraíso. Também a religião de Maomé unificou o mundo árabe em torno de  um interesse comum, isso deu aos árabes uma união política que eles nunca tinham tido, pois até então viviam em tribos com costumes e ídolos diferentes. Do ponto de vista econômico o islamismo trouxe grande riqueza ao povo árabe, porque nas guerras pela expansão do islamismo eles ficavam com as riquezas e as terras dos povos derrotados, esse fator diminuía a superpopulação das cidades árabes.

Os Bárbaros

No século V, formaram-se muitos reinos de pessoas que não eram romanas, ou seja, eram estrangeiros chamados pelos romanos de Bárbaros, dentre eles podemos destacar:

  • Os Vândalos (Norte da África)
  • Os Ostrogodos (na Itália)
  • Os Visigodos (na Península Ibérica)
  • Os Burgúndios (no vale do rio Ródano, atual França)
  • Os Anglo-Saxões (na Bretanha, atual Inglaterra)

As invasões bárbaras desorganizaram muito as atividades produtivas das cidades. No final do Império Romano do Ocidente o comércio quase não existia, pois, apenas negociava-se produtos de luxo (linho, lã, armas e escravos) e os bárbaros com suas freqüentes invasões atrapalharam ainda mais este pequeno comércio, gerando uma aceleração na mudança de vida urbana (típica do Império Romano), para uma nova forma de vida baseada em atividades agropastoris de subsistência: O Feudalismo.

O Reino dos Francos

O reino franco (atual território da França), tornou-se o mais poderoso império da Europa ocidental. Os francos aliaram-se à Igreja e nesse processo os reis se enfraqueceram e os senhores feudais surgiram como autoridades locais poderosas.
O fundador do Reino Franco foi o rei Clóvis, que atingiu grande poder com conquistas militares que tomaram terras dos romanos e dos bárbaros. Clóvis converteu-se ao cristianismo e usou a organização administrativa da Igreja para fortalecer seu próprio poder.
O Rei Franco funcionava com a exploração econômica dos feudos (fazendas pertencentes aos nobres), e era administrado por funcionários reais chamados prefeitos do palácio. Após a morte do rei Clóvis houveram muitos problemas, porque o reino foi dividido entre seus herdeiros. Este fato fortaleceu muito a autoridade dos Prefeitos do palácio, que passaram a exercer de fato o poder do Reino, pois, os reis passavam o tempo todo se divertindo. Por isso eram chamados reis indolentes. 

O rei Pepino ajudou muito a igreja, porque, após ter combatido os bárbaros que ameaçavam Roma, doou o Ducado de Roma, a cidade de Ravena e arredores, para a igreja, e ela formou neste território o Patrimônio de São Pedro, e passou a ter pela primeira vez seu próprio território.
Um dos mais importantes reis Francos foi Carlos Magno, porque ele expandiu o reino e lhe deu segurança: dominou os saxões e os converteu ao cristianismo e também conteve a ofensiva muçulmana em território franco.

O papa Leão III foi um grande aliado de Carlos Magno, pois colocou sobre a cabeça dele uma coroa dos antigos imperadores romanos. O Império de Carlos Magno dividia-se em 200 condados, administrados pelos condes com o auxilio dos bispos, e estes eram obrigados a fazer um juramento de fidelidade ao rei. Carlos Magno era ao mesmo tempo rei e chefe de igreja, nomeando bispos e abades. A economia do reino era essencialmente agrícola, mas a segurança militar favoreceu o surgimento de muitas formas de comércio.


Em seu reino Carlos Magno promoveu um grande avanço cultural, porque cercou-se de homens cultos, professores de gramática, retórica, filosofia, matemática e música, e tornou obrigatório a alfabetização dos nobres. Estes intelectuais foram responsáveis pela tradução de muitas obras romanas e gregas, e isso foi fundamental para a preservação da cultura clássica durante a idade média. E este movimento de intelectuais patrocinados e protegidos por Carlos Magno foi Chamada Renascimento Carolíngio.


Carlos Magno morreu em 814, foi sucedido por seu filho Luiz, o Piedoso, que governou até 840, mas com sua morte houve uma disputa entre seus herdeiros que terminou em luta armada. Finalmente em 843, pelo tratado de Verdun, o Império Carolíngio foi dividido em três reinos liderados pelos filhos de Luiz, o Piedoso.


O Sacro Império Romano Germânico


No século V a igreja afirmava que são Pedro, apóstolo fundador de Igreja de Roma, foi designado por Cristo como primeiro chefe da Igreja. O papa era, portanto, o sucessor de são Pedro e o chefe da Igreja. Nesta época o papa Gregório I, aproveitou-se da falência do poder imperial na Itália, onde não havia governante, para assumir o poder político e administrativo (poder Temporal). Com a morte de Carlos Magno, e a falência do seu Império, o papa passou a controlar o  sistema eclesiástico do reino Franco, a determinar a nomeação dos bispos da Europa, e a cobrar impostos dos reinos cristãos (fisco pontifical). Com isso a igreja transformou-se em Estado, e o papa passou a Ter poderes de monarca (rei).


Os monges foram começando a se organizar e a formar o clero regular, que consistia na união de vários monges em mosteiros, liderados por um Abade. Nestes mosteiros dedicavam-se à oração e ao trabalho (artesanato, agricultura, cultura e educação). Nestes mosteiros existiam grandes bibliotecas onde eram guardadas as obras dos escritores da Antigüidade Grega e Romana e o acesso a estas bibliotecas era restrito aos monges, ou seja, a igreja era detentora de toda cultura escrita da época.


Com a crise do Império Romano e a formação dos reinos bárbaros a igreja buscou ligar-se a um reino forte, capaz de protegê-la. Isso explica sua aproximação do Reino Franco, mas ela pagava caro por essa proteção, pois o imperador interferia constantemente nas decisões do papa e dos bispos (Ex: o imperador escolhia os candidatos ao papado).


No final da Alta Idade Média, a igreja começou a libertar-se da dominação do imperador, até o ano 962 quando o papa João XII sagrou Oton I como imperador. Nascia assim o Sacro Império Romano-Germânico. E neste império ela era o sustentáculo principal, pois, contribuía com impostos e fornecia soldados para o exército. Neste Império houveram problemas com o alto clero, pois alguns integrantes foram acusados de levar uma vida mundana, de não praticar as regras religiosas, e de comercializar os bens da Igreja, considerados sagrados.


A Igreja queria pouco a pouco libertar-se do imperador, e em 1059 o papa Nicolau II criou o colégio dos cardeais, responsável pela escolha dos novos papas. Dessa forma a igreja focava liberta da influência dos reis. Mas o Imperador Henrique IV percebeu a manobra da igreja, invadiu Roma, expulsou o papa Gregório VIII e colocou outro papa. O Papa Gregório VIII refugiou-se em Canossa e continuou se considerando líder da Igreja, com isso, nesta época houve um cisma, ou seja, havia dois papas, um verdadeiro no exílio e um antipapa, em Roma.


Essa divisão da Igreja só acabaria em 1122 com a Concordata de Worms, que foi o acordo entre o imperador Henrique V e o Papa Calixto III, que definia que o imperador deveria reconhecer o direito de o papa indicar os bispos, mas seriam nomeados primeiramente pelo papa, no seu poder espiritual e, depois, pelo imperador em seu poder político. Este acordo deixa bem claro a aliança entre os monarcas e a igreja na Idade Média.


O Feudalismo


O Sistema feudal foi uma organização econômica, social, política e cultural baseada na posse da terra e não no comércio, ou seja, o que interessava nesta época era ter muitas terras, pois o comércio praticamente não existia. A produção de alimentos servia apenas para servir aos habitantes das fazendas (feudos), não era feito comércio (troca) com estes produtos. O dono das terras (feudos) era o senhor feudal e os trabalhadores que moravam em suas terras eram os servos. Estes trabalhavam nas terras do senhor, pagando com produtos a utilização da terra e a proteção militar que o senhor proporcionava, porque, nesta época todos precisavam de proteção militar, pois, as guerras e invasões eram muito comuns. Os senhores feudais eram responsáveis também pela administração das terras, pois na organização medieval os reis mandavam muito pouco. A igreja aproveitou-se desta situação para impor (obrigar) sua doutrina na Europa.


As pessoas viviam de acordo com as regras da igreja, tornando assim a igreja a mais rica e poderosa instituição medieval. Os servos não eram escravos, mas não poderiam abandonar nem ser expulsos das terras do senhor, que exercia poder total no feudo: ele fazia as leis, concedia privilégios e administrava a justiça. 


No feudo havia diferentes tipos de propriedade da terra: 



  • Posse coletiva, que eram os bosques, florestas e pastagens. Nestas terras todos os servos poderiam andar, colher frutos ou levar animais para pastar, ou seja, estas terras eram de todos.
  • Posse privada ou manso senhorial: eram as terras do senhor feudal (sempre as melhores terras para plantação).
  • Posse da terra em regime de co-propriedade ou manso servil: eram as terras onde o servo morava e cultivava seus alimentos, mas, estas terras eram do senhor, e por isso, o servo deveria pagar um imposto chamado Talha.

Nos feudos haviam vários tipos de obrigações (impostos):



  • Corvéia: o servo era obrigado a trabalhar três dias por semana nas terras do senhor (manso senhorial), em serviços diversos.
  • Talha: era o imposto cobrado pela utilização das terras no manso servil.
  • Banalidades: eram as taxas cobradas quando os servos usavam as instalações do feudo (celeiro, moinho, forno, toneis).
  • Taxa de casamento: o servo pagava quando casava com uma mulher de outro feudo.
  • Mão morta: taxa paga pela família após a morte de um servo, esta taxa servia para a família continuar com a posse da terra.

Além destes impostos pagos ao senhor, os servos pagavam impostos para a igreja, e esta enviava uma parte para Roma. As técnicas de trabalho no sistema feudal eram muito rudimentares (simples, atrasadas). A terra era muito mal preparada e as sementes utilizadas eram da má qualidade, gerando uma produção muito baixa. A única técnica utilizada na época para evitar o esgotamento do solo era a Rotação de Cultura, que consistia em dividir a terra em três partes, e a cada ano somente utilizava-se para plantação somente duas partes, e a parte restante ficava em repouso, servindo de pastagem para animais, no ano seguinte alternava-se as partes deixando outra parte em repouso.


No sistema feudal, não havia divisão de trabalho, todos faziam tudo, mas os servos não tinham interesse em produzir mais ou melhorar as técnicas de trabalho, porque se eles conseguissem aumentar sua produção, imediatamente o senhor arranjavam um jeito de cobrar mais impostos. Com isso, a produção de alimentos não aumentava e as populações viviam correndo risco de feudos crescia. Na idade média a condição social de um indivíduo era determinada em seu nascimento, ou seja, quem nascesse servo, seria servo a vida toda.


Além dos servos e dos senhores, haviam outras classes sociais no sistema feudal:



  • Os vilões: eram os habitantes das vilas, que serviam como empregados do senhor feudal ( administradores dos feudos, cavalheiros, domésticos, etc.)
  • O clero: eram os integrantes da igreja, e somente eles tinham acesso a cultura, por isso, ocupavam cargos importantes nos reinos.
  • Os nobres eram pessoas que de alguma forma conseguiram acucular capital e formavam uma classe ligada diretamente aos reis.
  • Os vassalos: eram guerreiros que se ofereciam para trabalhar para os nobres, e em recompensa geralmente recebiam dinheiro ou terras para formarem um feudo.
  • Os suseranos: quando um nobre chamava um vassalo para ajudá-lo ela passava a denominar-se suserano deste vassalo.
  • Os vassalos: eram guerreiros que se ofereciam para trabalhar para os nobres, e em recompensa geralmente recebiam dinheiro ou terras, para formarem um feudo.
  • Os suserano: quando um nobre chamava um vassalo para ajudá-lo ela passava a denominar-se suserano deste vassalo.

Os membros da nobreza eram analfabetos e seus hábitos de higiene, rudimentares. As condições em que os servos viviam eram ainda piores. Por isso, as pestes eram muito freqüentes e causavam a morte de milhares de pessoas. As mortes eram, em geral explicadas como castigo de Deus. Neste sentido a igreja foi integralmente culpada, porque proibia qualquer forma de avanço na ciência, ou seja, era proibido a qualquer pessoa fazer pesquisas médicas para tentar descobrir algum remédio para as doenças.


Com todo este poder ideológico, a igreja tornou-se a maior proprietária de terras da Europa. Além de outras regras, a igreja também proibia o comércio, e principalmente o lucro, ou seja, ele pregava que a finalidade do trabalho não era o enriquecimento. Assim cada um deveria ficar na posição em que se encontrava e não desejar ser mais do que era ao nascer. Se alguém obtivesse lucro, em alguma troca, este lucro deveria ser repassado à igreja, "Em nome de Deus". A igreja estimulava as intrigas entre os nobres e os reis. Com isso promovia a divisão e o enfraquecimento do poder da nobreza e, assim podia exercer sua própria autoridade política.


O Renascimento Comercial e as Cruzadas


Como vimos no capítulo anterior, na Alta Idade Média, a produção era destinada ao consumo do feudo e os produtos excedentes não eram trocados, simplesmente se estragavam. Por isso, os trabalhadores não buscavam novas técnicas para aumentar a produtividade. Mas a partir do século XI, quando acabaram as ondas invasoras, criou-se um clima de maior segurança nas estradas, favorecendo os mercadores e, com isso, aumentando o comércio em toda Europa.


Houve também uma melhoria das condições de vida, diminuindo o número de mortes e a população européia começou a aumentar muito. Com uma população maior, havia a necessidade de aumentar a quantidade de alimentos produzidos, e neste sentido o feudalismo não era mais a forma adequada às necessidades produtivas da época. Para resolver o problema da falta de produtos, havia duas possibilidades: impedir o crescimento da população ou aumentar a produção. Como na época não se conhecia nenhum método de controle da natalidade, a solução estava no aumento da produção. Para aumentar a produção a saída foi substituir o trabalho servil pelo trabalho livre assalariado, ou seja, os trabalhadores ganhariam por aquilo que produzissem. Assim, quanto mais um trabalhador produzir, mais receberá.


Por sua vez, se os trabalhadores produzem mais, os empresários terão mais produtos para vender. E quanto mais venderem, mais lucros terão. A este novo modo de produção chamou-se CAPITALISMO. Ao contrário do feudalismo, o capitalismo é um sistema que incentiva a produtividade e o aumento da população, maior será o mercado consumidor, ou seja, haverá mais pessoas para comprar os produtos e, portanto, mais lucros terão os empresários.

A intensa marginalização ocorrida no século XI contribuiu para agravar a crise feudal, pois, os senhores, para aumentar suas rendas, aumentaram as obrigações (impostos) dos servos, com isso, houve uma fuga em massa de servos e vilões em busca de melhores oportunidades, e os que ficavam acabavam tornando-se mendigos ou bandidos.
Os feudos foram sendo divididos em herança, mas apenas os filhos mais velhos recebiam terras, os mais jovens tinham que buscar outra forma de sobreviver. Esses jovens cavaleiros saíam em busca de casamentos vantajosos, seqüestro de um senhor ou assalto nas estradas.
A solução para essa violência foi direcioná-la para os "infiéis muçulmanos", que desde o século VIII controlavam o mediterrâneo. Assim a Igreja e os Reis organizaram as cruzadas, com o objetivo de recuperar os lugares onde tinha vivido Jesus Cristo, e também controlar as rotas comerciais orientais.

As cruzadas fizeram com que os europeus tivessem contato com a cultura oriental, fazendo com que na Europa desenvolvesse-se:



  • Uma economia baseada na moeda
  • O surgimento de uma classe de comerciantes
  • A difusão do espírito do lucro 
  • Um maior refinamento no modo de vida
  • Novos conhecimentos técnicos
  • Novas práticas financeiras e comerciais (cheque, contabilidade, letra de câmbio)

O Renascimento Urbano


O sistema feudal em crise gerou muitos homens sem raízes, que andavam aos bandos pelas estradas, assaltando e quando possível, trocando ou vendendo o que roubavam. Uma parte desses homens passou a comercializar legalmente seus produtos, mas não era fácil. No inverno as estradas ficavam cobertas de neve e lama, além do perigo constante dos assaltos. Para se proteger, os comerciantes abrigavam-se nos muros dos castelos (estes castelos eram chamados burgos), que eram geralmente muito bem localizados. Estes pontos de parada tornaram-se pólos de comércio regionais, e novas construções foram sendo erguidas em torno das muralhas dos castelos, dando origem a muitas cidades.


O aumento deste tipo de comércio levou à formação de novos povoados entre uma cidade e outra, mas estas cidades não tinham nenhum tipo de planejamento, as ruas eram geralmente tortuosas e inclinadas, pois procurava-se fazer as cidades em colinas para facilitar a defesa. Com  a falta de rede de esgoto, os detritos eram jogados nas ruas, numa vala, por onde escorriam para os limites da cidade, ocasionando muitos focos de epidemias que, com freqüência dizimavam (matavam) as populações. A população que habitava estas cidades era composta por comerciantes e artesãos, que formavam a burguesia, ou seja, a classe social característica dos burgos.


A nobreza interessou-se pelos burgos e estimulou a fundação deles em suas terras, porque os burgueses pagavam impostos pelo direito de fazer comércio em suas terras. Com o comércio muito intenso, os burgueses enriqueciam e começavam a disputar com os senhores feudais o privilégio de governar as cidades, ou seja, eles tinham o poder econômico e queriam também conquistar o poder político. 

Os artesãos começaram a se organizar em grupos, chamados corporações de ofício. Estas corporações eram sociedades que reuniam profissionais da mesma categoria: (sapateiros, padeiros, tecelões, etc.) que se reuniam para aumentar a produção e o lucro. Os comerciantes também reuniram-se em sociedades chamadas guildas.

No século XIII os burgueses mais ricos, membros das maiores corporações, já tinham o controle da maioria das cidades europeias. Que passaram a ser administradas por uma assembléia que inicialmente era escolhida democraticamente pela população local, mas com o tempo, os cargos públicos foram sendo ocupados somente por famílias mais ricas e passaram a ser transmitidos hereditariamente. As associações de artesãos (corporação de ofício) e comerciantes (guildas) começaram a controlar o mercado e os salários, e pouco a pouco, passaram a pagar baixos salários aos trabalhadores, com isso, os artesãos, que eram donos da matéria-prima, das ferramentas e do local de trabalho, começaram a obter lucros cada vez maiores. A burguesia comprou também dos senhores feudais o direito de cunhar moedas. Assim, cada cidade passou a emitir seu próprio dinheiro.


O Comércio Internacional em nova fase


Desde a Antigüidade existia um imposto que era cobrado dos viajantes nas estradas: o pedágio. Na idade média, os senhores feudais cobravam pedágio nas estradas que cortavam suas propriedades, com um único objetivo de aumentar suas rendas. Esse imposto aumentava muito o preço dos produtos.

A partir do século XI, o comércio marítimo internacional, através do mediterrâneo começou a ser utilizado, e Veneza, por sua posição estratégica entre o Oriente e o Ocidente tornou-se a primeira potência marítima. A moeda veneziana (ducado de ouro) passou a ser o padrão monetário do comércio internacional, como o dólar é atualmente.

As caravanas que percorriam os caminhos da Ásia, continuaram sendo controladas pelos árabes. Impulsionados pelo espírito do lucro, os comerciantes italianos estabeleceram relações de comércio com os muçulmanos. Nas rotas comerciais, começaram a se estabelecer feiras, que geralmente se situavam no cruzamento de duas estradas importantes, ponto de encontro de comerciantes das mais diversas localidades. Nestas feiras comercializavam-se tecidos, couro, peles, gado, peixes, trigo, sal, açúcar, especiarias e drogas medicinais.


Por causa da grande variedade de moedas trazidas pelos comerciantes, os cambistas exerciam um papel fundamental nas feiras, efetuando a troca de moeda e emprestando dinheiro a juros, desenvolvendo assim o sistema bancário da época.


Começou a haver a necessidade de capital (dinheiro) para realização de grandes negócios o que deu origem às companhias mercantis, onde, o dono do capital (o capitalista) e o mercador se associavam, e enquanto o capitalista fornecia o dinheiro, o mercador encarregava-se de fazer os negócios. Os lucros eram divididos da seguinte forma:


75% para o capitalista

25% para o comerciante

As moedas começaram a ter um papel importante neste comércio, mas havia a necessidade de estabelecer um padrão monetário único, pois na idade média os senhores e os reis cunhavam suas próprias moedas, e nas feiras aquelas que possuíam uma quantidade maior de ouro, prata ou cobre, tinham maior valor de compra.

Devido a falta de metais, e o aumento do comércio, começou a faltar moeda. Surgiram então outras formas de pagamento a crédito:
A letra de feira e a letra do câmbio, que eram documentos pelos quais o comprador comprometia-se a pagar sua dívida com comerciantes acrescida de juros num prazo determinado.

Os emprestadores de dinheiro, geralmente judeus, atendiam: o camponês, que teve uma má colheita, ou o senhor feudal, que precisou financiar uma guerra, por exemplo.

Começaram a surgir os bancos, com o objetivo de emprestar dinheiro. Os empresários tomavam dinheiro dos bancos, aplicavam em seus negócios, obtinham mais lucros e, assim iam acumulando capital.

A igreja, que condenava totalmente o lucro, foi pouco a pouco, se adaptando a esta nova situação histórica e tolerando a prática da Usura.

As Monarquias Nacionais (os novos países)

Com a evolução do comércio, os comerciantes sentiram-se prejudicados com a descentralização do poder, pois, em cada feudo, o senhor cunhava sua própria moeda, fazia leis e cobrava impostos pelas transações comerciais efetuadas em suas terras. Até mesmo a língua falada variava de um feudo para outro. Todos estes fatores atrapalhavam as transações comerciais e desagradavam os comerciantes que exigiam um poder centralizado e forte.

Nesta época os reis não tinham poder político nenhum, apenas mandavam em suas terras, mas, perante a população mantinham um poder ideológico muito forte. Para aumentar o poder dos reis, seria preciso diminuir o poder da Igreja e dos senhores feudais. A burguesia percebeu que os reis eram muito respeitados pela população e então fizeram um acordo de interesses onde a burguesia financiaria a formação de grandes exércitos reais, para que os reis invadissem terras e nelas fundassem territórios (Nações) com poder centralizado.

Nestas Nações os reis dominavam absolutos obrigando seus habitantes a:


  • Obedecerem um conjunto de leis;
  • Falar uma língua única;
  • Manter mesmos costumes;
  • Praticar a mesma religião;
  • Utilizar a mesma moeda;
  • Proibir o pedágio.

Evidentemente todas estas medidas serviram para facilitar e aumentar o comércio internacional, favorecendo a burguesia, ou seja, os Reis, apoiados pelos burgueses, criaram os primeiros Estados Nacionais. Em troca do apoio financeiro dado pela burguesia, os reis comprometiam-se a favorecer as atividades comerciais, e para isso, era necessário pôr um fim ao sistema feudal.

A primeira e mais expressiva Monarquia Nacional da Europa foi a França, nela os reis apoiados pela burguesia e alguns membros do clero aumentaram  seus domínios, após derrotarem alguns focos de resistência da nobreza.
Além dos problemas internos a França teve que enfrentar vários distúrbios externos, e o mais importante destes foi a guerra dos cem anos, que França e Inglaterra disputaram um importante centro produtor de tecidos e lã, chamado Flandres. Esta guerra também tinha outro motivo: o rei da Inglaterra, Eduardo III era neto do rei da França e por isso, dizia ter o direito de ocupar o trono da França.
No início da guerra, em 1337 os ingleses levaram vantagem, mas, após vários conflitos, em 1453, com a tomada da cidade de Bordéus pelos franceses, os ingleses se renderam e a guerra chegou ao fim.

O Surgimento do Capitalismo

Na Alta Idade Média, as relações de trabalho eram servis. Mas, na Baixa Idade Média, os senhores feudais, para aumentar suas rendas, começaram a contratar pessoas para serviços temporários. Estas pessoas chamavam-se Jornaleiros, porque, recebiam um salário por sua jornada de trabalho, mediante um contrato feito com os senhores.

Esta característica é típica da Europa Ocidental, pois, a população estava crescendo muito rápido e a procura por alimentos era cada vez maior, e o trabalho assalariado mostrava-se mais produtivo do que o trabalho servil. Já na Europa Ocidental, os senhores feudais conservaram a servidão em suas terras e alguns chegaram até mesmo a aumentar as obrigações dos servos, transformando-os em verdadeiros escravos.

Com a crise do século XI os senhores feudais começaram a mudar  seus hábitos, e empregar novas técnicas e inovações tecnológicas, como o uso de ferradura nos animais e novos tipos de arado. Os senhores feudais que viviam perto das grandes cidades, passaram a valorizar sua produção para vendê-la no mercado, e os servos começaram a ser libertados de suas obrigações mediante pagamento de uma soma em moeda, pois, aos senhores agora interessava o trabalho livre.
Em algumas regiões em que o capitalismo se desenvolveu mais rapidamente, a situação do camponês tendeu a melhorar. Às vezes, ele conseguia vender o excedente de sua produção no mercado e assim obter dinheiro, com o qual comprava produtos na cidade ou então sua própria liberdade. Essas mudanças não ocorreram na mesma velocidade em todos os lugares, ou seja, neste momento na Europa você encontra lugares com característica capitalistas, enquanto outros vivem com características feudais.

No século XIV houve um grande problema que gerou uma depressão na economia Européia. Cerca de um terço ou até mesmo metade da população morreu, vítima da Peste Negra: uma grande epidemia provocada por um vírus, que principalmente vitimou tanta gente, devido as precárias condições de higiene europeias e a insuficiência alimentar da maior parte da população.

A Igreja aproveitou-se desse fenômeno biológico para dizer que a peste seria um castigo divino pelos pecados cometidos pela população cristã. 
No século XV, passados os efeitos da peste negra, a população da Europa voltou a crescer, e com ela cresceu também as atividades econômicas e comerciais. Com este crescimento surgiram alguns problemas:


  • Com o comércio, diminuiu o número de pessoas no campo, com isso, houve uma insuficiência de alimentos para abastecer as cidades.
  • No campo, devido aos baixos salários, os trabalhadores não tinham dinheiro para comprar os produtos dos comerciantes.
  • Os produtos vindos do oriente era m muito caros, porque, até chegar a Europa, estes produtos passavam por inúmeros intermediários.
  • Houve uma falta de dinheiro no mercado, pois grande quantidade de moedas de ouro, usadas no mercado internacional, tinha ido parar no Oriente, em pagamento dos produtos aí adquiridos.

A única forma de sair desta crise seria explorar novos mercados, para neles conseguir: alimentos, especiarias, metais a baixo custo, e principalmente consumidores para os produtos fabricados ou comercializados pelos burgueses. Foi ai que no século XV, a burguesia européia lançou-se na aventura da Expansão Marítima.

As Mudanças na Religião e nos Costumes.

Com o desenvolvimento do capitalismo e a ascensão da burguesia, na Baixa Idade Média, a posse da terra deixou de ser a base da economia. E o comércio, ou seja, a compra de mercadorias a baixo custo e sua revenda com lucro passou a ser a fonte de riqueza.

Como a Igreja e suas idéias de pecado (lucro e usura) estavam atrapalhando a burguesia, era preciso introduzir novas idéias e valores na sociedade. Para isso, a burguesia começou a divulgar a ideia de que o homem era dono de seu próprio destino, diminuindo sua subordinação a Deus. A insatisfação dos cristãos em relação ao comportamento do clero favoreceu o aparecimento de doutrinas contrárias aos ensinamentos da Igreja. Essas doutrinas foram chamadas pela Igreja de Heresias (em grego = erro ou opinião diferente). Para combater estas opiniões diferentes a Igreja criou no século XIII os tribunais da inquisição. E através deles, as pessoas acusadas de heresia eram presas, tinham seus bens confiscados e eram submetidos a interrogatórios por cardeais, bispos e abades. Para obter a confissão dos acusados, os inquisidores faziam torturas cruéis e quem fosse considerado herege ou dado a prática de bruxaria era condenado à morte na fogueira, em praça pública. Esse espetáculo servia para espalhar o terror entre as pessoas e assim força-las a abandonar as doutrinas heréticas e a se submeter aos ensinamentos da Igreja.

Como na idade média a Igreja detinha todos os livros em seus mosteiros, ele passou a monopolizar o saber, pois neste período as pessoas não sabiam ler nem escrever. Este privilégio era somente permitido aos integrantes da Igreja. Mas com o surgimento da produção e do comércio, era indispensável que os cidadãos ligados a estas atividades soubessem ler e escrever.

Para alterar este sistema, no século XII, os burgueses criaram as primeiras escolas leigas da Idade Média, ou seja, escolas cujo ensino não era estritamente religioso, e a evolução dessas escolas culminou com o surgimento das universidades. Onde nelas a burguesia introduziu o estudo do Direito Romano, para justificar a centralização do poder na pessoa do rei.

Do Feudalismo ao Capitalismo 

Em seu desenvolvimento, o sistema capitalista passou por quatro fases, desde a baixa idade média a atualidade. Na primeira fase, denominada pré-capitalismo (século XII a XV) encontramos ao mesmo tempo características do sistema feudal e características do sistema capitalista, convivendo no mesmo tempo e no mesmo espaço físico, ou seja, no pre-capitalismo, no mesmo momento na Europa encontravam-se cidades que estavam perfeitamente adaptadas ao sistema capitalista (trabalho livre assalariado, existência de comércio, etc.), cidades que viviam sob domínio do sistema feudal (trabalho servil), e outras cidades dividiam-se em uma parte feudal e outra capitalista.

Na Segunda fase, chamada capitalismo comercial, que ocorreu entre os séculos XVI e XVIII, o capital (dinheiro) concentrou-se nas mãos dos comerciantes (burgueses), porque com o surgimento do comércio, esta classe social, obteve muito sucesso com as transações comerciais tornando-se muito poderosa, pois, compravam os produtos dos artesãos ou produtores agrícolas à preços muito baixos e vendiam em outras localidades por um preço muito mais elevado, com isso, obtinham lucro e acumulavam capital.

Na terceira fase, ocorrida entre os séculos XVII a XX, o capitalismo denomina-se industrial, porque após acumular capital na fase anterior, os burgueses perceberam que o comércio não era a atividade mais lucrativa, mas sim, a indústria, ou seja, os burgueses notaram que comprando o produto de uma pessoa e vendendo para outra eles obtinham lucro, mas se eles mesmos produzissem o material a ser vendido, o lucro seria muito maior, logo os burgueses investiram em novas técnicas de produção que aumentassem a quantidade de materiais produzidos para poder vender muito mais e consequentemente acumular mais capital.

Na Quarta fase, que teve início no final do século XIX e estende-se até hoje, o burguês, percebe outra forma de acumular mais capital. Com o capital acumulado nas outras fases, a burguesia começa a concentrar seu dinheiro em organizações financeiras (bancos), com o objetivo de emprestar dinheiro cobrando juros, ou seja, a burguesia sem comercializar nem produzir nada, consegue obter lucros muito grandes apenas emprestando dinheiro a pessoas necessitadas mas cobrando um acréscimo quando do pagamento. Sem dúvida, esta forma de capitalismo é a mais segura e a mais rentável.

Monarquias Nacionais - (Economia Urbana)

Durante a Idade Média, o sistema monárquico continuou existindo, mas o poder do rei era muito pequeno, quem realmente detinha o poder eram os senhores feudais em seus domínios e a Igreja controlando ideologicamente toda a Europa.
Com a crise do sistema feudal, os senhores, a Igreja e as corporações de ofício tiveram seu poder enfraquecido, e neste contexto a burguesia conquistava a cada dia mais prestígio político e econômico.
Para desenvolver suas atividades de comércio, a burguesia necessitava de territórios com poder centralizado, ou seja, grandes áreas sob comando de um único soberano (um único chefe). Foi ai que os burgueses aliaram-se aos reis para patrocinar a fundação das Monarquias nacionais.

Os Reis receberam ajuda econômica da burguesia para montar exércitos e invadir territórios, e nestes territórios instalar as monarquias nacionais, nestas Monarquias os reis obrigavam a todos os seus habitantes a seguirem leis únicas, que beneficiavam unicamente as atividades econômicas da burguesia. Estas leis eram basicamente:


  • Instituição de moeda única
  • Obrigatoriedade dos habitantes de falarem a mesma língua
  • Proibição do pedágio nos territórios reais 
  • Uniformização dos padrões de pesos e medidas 

Em síntese, com o apoio da burguesia, os reis dominaram grandes territórios, impondo a todos os povos que viviam em seus domínios a mesma língua, a mesma religião e a mesma cultura. Assim, surgiram na Europa ocidental as diversas monarquias nacionais, baseadas na aliança de interesses entre os reis e a burguesia.


Antropocentrismo x Teocentrismo

                           
                                                        O lugar do homem e de Deus sob a ótica do movimento renascentista





     Conceito antropocentrista atual, e a suas características destrutivas. Antropocentrismo seletivo e corporativo  
Em vários aspectos da vida, observamos que as oposições são capazes de fornecer sentido a muitas de nossas experiências e escolhas. Direita e esquerda, o bom e o mau, o certo e o errado são apenas alguns desses binômios capazes de surgirem no cotidiano. Na História, quando estudamos atenciosamente o movimento renascentista, essa mesma forma de compreensão surge na oposição constituída entre o Antropocentrismo e o Teocentrismo.

O Teocentrismo é uma das noções que marcaram tipicamente a Idade Média. Na passagem dos séculos IV e V, o teólogo Santo Agostinho realizou um estudo sobre a salvação espiritual e a condição do homem no mundo. Por meio de suas explicações, ele determinou que o homem fosse corrompido pelo pecado original. Desse modo, o ser humano acabava agregando à condição de criatura inferior, imperfeita, poluída e mortal.

Observando o contexto em que produziu a sua obra, podemos ver que as palavras de Santo Agostinho eram fortemente influenciadas pelas guerras e invasões que demarcavam a queda do Império Romano. Com o passar do tempo, vemos que essa perspectiva, aliada ao crescimento da própria Igreja Cristã, acabou marcando o modo de vida teocêntrico experimentado durante a Idade Média.

De fato, no contexto do mundo feudal, a carência de instituições de ensino acabou deixando que a Igreja assumisse o monopólio do conhecimento dessa época. De tal modo, vários representantes do poder clerical transmitiam a noção de que a figura divina estava acima do homem. Não por acaso, a busca pela salvação espiritual acabou tendo maior espaço nos escritos e comportamentos do medievo.

Passando a falar do Antropocentrismo, sabemos que muitas pessoas o identificam como uma das ações que marcam a Renascença e o próprio desenrolar da Idade Moderna. Ao colocar o homem no centro das coisas, a postura antropocêntrica manifestava-se em obras de arte nos tratados filosóficos. Isso significa dizer que os sentimentos, formas e instituições humanas eram pensadas e observadas com grande atenção.

Notando essa mudança de posição, muitos podem dizer que o Antropocentrismo tenha nascido como uma resposta contrária aos modos de agir e pensar da Idade Média. Prosseguindo nesse tipo de argumentação, o comportamento subordinado e místico do religioso homem medieval, seria trocado pela figura de um novo homem interessado em falar de seus problemas e das demais coisas terrenas.


Apesar de lógico, esse argumento não reflete as condições históricas vividas já na Idade Média para que o Antropocentrismo fosse possível. Já no século XII, podemos ver que o diálogo com as ideias greco-romanas, que são de grande traço antropocêntrico, começavam a se desenvolver em alguns escritos da época. No século seguinte, Santo Tomás de Aquino, influenciado por Aristóteles, registrava que o homem deveria ser posto com uma criatura privilegiada ao ser dotada de razão.

Com isso, vemos a configuração de um contexto medieval em que o Antropocentrismo já se desenvolvia enquanto possibilidade de compreensão do mundo. Assim sendo, determinar que o Teocentrismo fora dominante em toda Idade Média ou que o Antropocentrismo seja uma ruptura com a figura divina, renega todo um processo em que a forma de se comportar do homem se transforma gradualmente.


Teocentrismo; Deus no centro do universo
Antropocentrismo; homem no centro do universo
Tecnocentrismo; técnica no centro do universo