terça-feira, 19 de junho de 2012

Idade Média texto 02


 

                                                                                 


A Idade Média

Os historiadores europeus do século XV e XVI denominaram Idade Média o período da história ocidental entre os séculos V e XV, esta denominação foi estabelecida porque os estudiosos entendiam que o período anterior (até o séc. V) foi uma época histórica de grande desenvolvimento cultural produzido principalmente pelos Gregos e pelos Romanos, e a época posterior (após o séc XV) também foi considerada outra época de imenso desenvolvimento, principalmente gerado pelo Renascimento.

Então é exatamente o intervalo de tempo entre os séculos V e XV que os historiadores consideram um período de retrocesso artístico, intelectual e filosófico, e o denominaram IDADE MÉDIA.

Atualmente sabemos que as afirmações dos historiadores com relação a Idade Média, tem outra interpretação, pois, não é correto afirmar que existe um período histórico melhor ou pior que outro, pois sempre se tem a impressão que o período em que vivemos é muito melhor do que os períodos anteriores.

Império Bizantino - O Oriente dos Romanos






Após a destruição do Império Romano em sua parte Ocidental (Europa) o imperador Constantino fundou na antiga colônia grega de Bizâncio a sede do império romano no Oriente, e em homenagem a si mesmo denominou-a Constantinopla.

Atualmente esta cidade chama-se Istambul (Turquia) e foi escolhida por sua privilegiada posição geográfica (entre a Europa e a Ásia) que facilitava o comércio tanto com o Ocidente como o Oriente.
O principal imperador Bizantino foi Justiniano, porque ele codificou as leis do Império (baseando-se no Direito Romano), promoveu uma unificação de duas alas da igreja (Igreja do Ocidente e Igreja do Oriente) que estavam em conflito, pois pretendia usar a estrutura administrativa da Igreja em benefício de seu governo.

Uma das idéias de Justiniano era formar novamente o Império Romano em sua Totalidade, ou seja, tomar à força novamente todas as terras que faziam parte do Império do ocidente, com isso fez muitas guerras de conquista, mas para manter um exército permanente ele teve que aumentar a cobrança de impostos.

O aumento dos impostos fez com que inimigos políticos patrocinassem a Revolta de Nika, que foi uma rebelião dos principais partidos políticos e esportivos, que reivindicavam uma série de mudanças no governo. Inicialmente Justiniano aceitou algumas exigências, mas quando ele viu que não iria controlar mais a situação, mandou que o general Belissário cercasse os revoltosos e todos foram mortos.

As guerras de conquista de Justiniano chegaram a obter êxito, pois, ele reconquistou o Norte da África, a Itália e a Espanha, mas logo foram atacados por bárbaros germânicos que apossaram-se do Egito, Palestina, Síria, Mesopotâmia, África e Espanha. Com tantas guerras o Império Bizantino começou a sofrer dificuldades financeiras, a população para fugir dos impostos começou a refugiar-se no interior sob a proteção dos grandes latifundiários.

Aos poucos o Império Romano do Oriente foi perdendo sua força política e Militar até o ano de 1453 quando foram invadidos e dominados pelos turcos, este fato foi utilizado pelos historiadores para marcar o fim da Idade Média e o começo da Idade Moderna.

Os Muçulmanos (Religião Islâmica)

O povo Árabe era Politeísta (acreditavam em vários deuses) e Idólatra (adoravam seus deuses como ídolos), uma parte da população eram chamados Beduínos, e viviam no deserto, submetidos a uma vida muito difícil e sacrificada, e a outra parte era constituída de comerciantes que viviam do comércio da cidade de Meca.

Na cidade de Meca havia um grande templo religioso chamado Caaba, neste templo havia 360 ídolos pertencentes às tribos do deserto (Beduínos) e todos os anos estas tribos vinham à cidade de Meca para visitar a caaba e seus ídolos religiosos, fazendo com que a cidade de Meca se tornasse um centro intenso de comércio. Além dos ídolos, na caaba havia também a Pedra Negra, que era uma pedra que os árabes diziam que tinha caído do céu (provavelmente um meteorito).

O politeísmo árabe era portanto uma fonte de renda para os comerciantes da cidade de Meca, porque ao vir visitar seus ídolos, os árabes aproveitavam para fazer compras e também vender seus produtos. O criador da religião islâmica foi um árabe chamado Maomé, que nasceu de família pobre e foi criado pelo avo que o levou para viver em uma tribo do deserto. Aos 15 anos voltou a cidade de Meca e começou a trabalhar como condutor de caravanas (uma espécie de guia) até casar-se com uma viúva rica chamada Khadidja. Com o casamento, melhorou de vida e começou a fazer viagens pelo Oriente e ter contato com as religiões orientais, além de conhecer também as religiões Judaica e Cristã.

O caráter monoteísta destas religiões atraiu Maomé, e ele começou a redigir sua própria religião, que misturava elementos de várias religiões. Por volta dos 40 anos Maomé começou a ter ataques estranhos, além de passar noites em meditação. Foi nesta época que ele afirmou ter tido uma visão do Anjo Gabriel, e nesta visão o anjo dizia que somente havia um deus, Alá, e também somente um profeta, Maomé. A partir deste momento Maomé passou a denominar-se profeta do deus Alá, e seus primeiros seguidores foram seus  próprios parentes. 

Maomé era muito inteligente em suas pregações, dizia que os seus seguidores teriam os prazeres do paraíso, após a morte. Estes prazeres seriam um lugar farto de alimentos saborosos, água gelada, riquezas, mulheres bonitas e principalmente a visão de Deus. Evidentemente a religião progrediu rapidamente, pois, como vimos, ela oferecia tudo aquilo que os Árabes não tinham em sua vida de dificuldades. Por outro lado, a religião de Maomé condenava o politeísmo, sendo assim considerava os deuses da caaba um pecado. Foi neste momento que Maomé começou a  ser perseguido pelos comerciantes de Meca, pois, se ele conseguisse implantar sua religião, o movimento de caravanas à cidade de Meca iria diminuir, e com isso os comerciantes iriam perder sua fonte de renda.

Os comerciantes decidiram eliminar Maomé, avisado a tempo, ele fugiu para a cidade de Yatreb. Essa fuga ficou conhecida como Hégira (fuga) e marca o início do calendário muçulmano (ano 22). Em Yatreb Maomé continuou sua pregação, iniciou a organização da comunidade muçulmana e mudou o nome da cidade de Yatreb para Medina (cidade do Profeta).

Para defender-se dos comerciantes de Meca, Maomé começou a pregar a guerra santa e em 630 conseguiu invadir a cidade de Meca e a caaba, destruindo todos os ídolos, menos a pedra negra. Neste ano nascia o Islão. Maomé morreu na cidade de Meca no ano 632 da era cristã ou ano 10 da hégira (calendário árabe) e seus seguidores reuniram seus ensinamentos em um livro sagrado chamado, o Alcorão (uma espécie de bíblia do islamismo).

A expansão islâmica foi intensificada pela guerra santa, que afirmava que todo aquele que morresse lutando pelo islamismo iria direto para o paraíso. Também a religião de Maomé unificou o mundo árabe em torno de  um interesse comum, isso deu aos árabes uma união política que eles nunca tinham tido, pois até então viviam em tribos com costumes e ídolos diferentes. Do ponto de vista econômico o islamismo trouxe grande riqueza ao povo árabe, porque nas guerras pela expansão do islamismo eles ficavam com as riquezas e as terras dos povos derrotados, esse fator diminuía a superpopulação das cidades árabes.

Os Bárbaros

No século V, formaram-se muitos reinos de pessoas que não eram romanas, ou seja, eram estrangeiros chamados pelos romanos de Bárbaros, dentre eles podemos destacar:

  • Os Vândalos (Norte da África)
  • Os Ostrogodos (na Itália)
  • Os Visigodos (na Península Ibérica)
  • Os Burgúndios (no vale do rio Ródano, atual França)
  • Os Anglo-Saxões (na Bretanha, atual Inglaterra)

As invasões bárbaras desorganizaram muito as atividades produtivas das cidades. No final do Império Romano do Ocidente o comércio quase não existia, pois, apenas negociava-se produtos de luxo (linho, lã, armas e escravos) e os bárbaros com suas freqüentes invasões atrapalharam ainda mais este pequeno comércio, gerando uma aceleração na mudança de vida urbana (típica do Império Romano), para uma nova forma de vida baseada em atividades agropastoris de subsistência: O Feudalismo.

O Reino dos Francos

O reino franco (atual território da França), tornou-se o mais poderoso império da Europa ocidental. Os francos aliaram-se à Igreja e nesse processo os reis se enfraqueceram e os senhores feudais surgiram como autoridades locais poderosas.
O fundador do Reino Franco foi o rei Clóvis, que atingiu grande poder com conquistas militares que tomaram terras dos romanos e dos bárbaros. Clóvis converteu-se ao cristianismo e usou a organização administrativa da Igreja para fortalecer seu próprio poder.
O Rei Franco funcionava com a exploração econômica dos feudos (fazendas pertencentes aos nobres), e era administrado por funcionários reais chamados prefeitos do palácio. Após a morte do rei Clóvis houveram muitos problemas, porque o reino foi dividido entre seus herdeiros. Este fato fortaleceu muito a autoridade dos Prefeitos do palácio, que passaram a exercer de fato o poder do Reino, pois, os reis passavam o tempo todo se divertindo. Por isso eram chamados reis indolentes. 

O rei Pepino ajudou muito a igreja, porque, após ter combatido os bárbaros que ameaçavam Roma, doou o Ducado de Roma, a cidade de Ravena e arredores, para a igreja, e ela formou neste território o Patrimônio de São Pedro, e passou a ter pela primeira vez seu próprio território.
Um dos mais importantes reis Francos foi Carlos Magno, porque ele expandiu o reino e lhe deu segurança: dominou os saxões e os converteu ao cristianismo e também conteve a ofensiva muçulmana em território franco.

O papa Leão III foi um grande aliado de Carlos Magno, pois colocou sobre a cabeça dele uma coroa dos antigos imperadores romanos. O Império de Carlos Magno dividia-se em 200 condados, administrados pelos condes com o auxilio dos bispos, e estes eram obrigados a fazer um juramento de fidelidade ao rei. Carlos Magno era ao mesmo tempo rei e chefe de igreja, nomeando bispos e abades. A economia do reino era essencialmente agrícola, mas a segurança militar favoreceu o surgimento de muitas formas de comércio.


Em seu reino Carlos Magno promoveu um grande avanço cultural, porque cercou-se de homens cultos, professores de gramática, retórica, filosofia, matemática e música, e tornou obrigatório a alfabetização dos nobres. Estes intelectuais foram responsáveis pela tradução de muitas obras romanas e gregas, e isso foi fundamental para a preservação da cultura clássica durante a idade média. E este movimento de intelectuais patrocinados e protegidos por Carlos Magno foi Chamada Renascimento Carolíngio.


Carlos Magno morreu em 814, foi sucedido por seu filho Luiz, o Piedoso, que governou até 840, mas com sua morte houve uma disputa entre seus herdeiros que terminou em luta armada. Finalmente em 843, pelo tratado de Verdun, o Império Carolíngio foi dividido em três reinos liderados pelos filhos de Luiz, o Piedoso.


O Sacro Império Romano Germânico


No século V a igreja afirmava que são Pedro, apóstolo fundador de Igreja de Roma, foi designado por Cristo como primeiro chefe da Igreja. O papa era, portanto, o sucessor de são Pedro e o chefe da Igreja. Nesta época o papa Gregório I, aproveitou-se da falência do poder imperial na Itália, onde não havia governante, para assumir o poder político e administrativo (poder Temporal). Com a morte de Carlos Magno, e a falência do seu Império, o papa passou a controlar o  sistema eclesiástico do reino Franco, a determinar a nomeação dos bispos da Europa, e a cobrar impostos dos reinos cristãos (fisco pontifical). Com isso a igreja transformou-se em Estado, e o papa passou a Ter poderes de monarca (rei).


Os monges foram começando a se organizar e a formar o clero regular, que consistia na união de vários monges em mosteiros, liderados por um Abade. Nestes mosteiros dedicavam-se à oração e ao trabalho (artesanato, agricultura, cultura e educação). Nestes mosteiros existiam grandes bibliotecas onde eram guardadas as obras dos escritores da Antigüidade Grega e Romana e o acesso a estas bibliotecas era restrito aos monges, ou seja, a igreja era detentora de toda cultura escrita da época.


Com a crise do Império Romano e a formação dos reinos bárbaros a igreja buscou ligar-se a um reino forte, capaz de protegê-la. Isso explica sua aproximação do Reino Franco, mas ela pagava caro por essa proteção, pois o imperador interferia constantemente nas decisões do papa e dos bispos (Ex: o imperador escolhia os candidatos ao papado).


No final da Alta Idade Média, a igreja começou a libertar-se da dominação do imperador, até o ano 962 quando o papa João XII sagrou Oton I como imperador. Nascia assim o Sacro Império Romano-Germânico. E neste império ela era o sustentáculo principal, pois, contribuía com impostos e fornecia soldados para o exército. Neste Império houveram problemas com o alto clero, pois alguns integrantes foram acusados de levar uma vida mundana, de não praticar as regras religiosas, e de comercializar os bens da Igreja, considerados sagrados.


A Igreja queria pouco a pouco libertar-se do imperador, e em 1059 o papa Nicolau II criou o colégio dos cardeais, responsável pela escolha dos novos papas. Dessa forma a igreja focava liberta da influência dos reis. Mas o Imperador Henrique IV percebeu a manobra da igreja, invadiu Roma, expulsou o papa Gregório VIII e colocou outro papa. O Papa Gregório VIII refugiou-se em Canossa e continuou se considerando líder da Igreja, com isso, nesta época houve um cisma, ou seja, havia dois papas, um verdadeiro no exílio e um antipapa, em Roma.


Essa divisão da Igreja só acabaria em 1122 com a Concordata de Worms, que foi o acordo entre o imperador Henrique V e o Papa Calixto III, que definia que o imperador deveria reconhecer o direito de o papa indicar os bispos, mas seriam nomeados primeiramente pelo papa, no seu poder espiritual e, depois, pelo imperador em seu poder político. Este acordo deixa bem claro a aliança entre os monarcas e a igreja na Idade Média.


O Feudalismo


O Sistema feudal foi uma organização econômica, social, política e cultural baseada na posse da terra e não no comércio, ou seja, o que interessava nesta época era ter muitas terras, pois o comércio praticamente não existia. A produção de alimentos servia apenas para servir aos habitantes das fazendas (feudos), não era feito comércio (troca) com estes produtos. O dono das terras (feudos) era o senhor feudal e os trabalhadores que moravam em suas terras eram os servos. Estes trabalhavam nas terras do senhor, pagando com produtos a utilização da terra e a proteção militar que o senhor proporcionava, porque, nesta época todos precisavam de proteção militar, pois, as guerras e invasões eram muito comuns. Os senhores feudais eram responsáveis também pela administração das terras, pois na organização medieval os reis mandavam muito pouco. A igreja aproveitou-se desta situação para impor (obrigar) sua doutrina na Europa.


As pessoas viviam de acordo com as regras da igreja, tornando assim a igreja a mais rica e poderosa instituição medieval. Os servos não eram escravos, mas não poderiam abandonar nem ser expulsos das terras do senhor, que exercia poder total no feudo: ele fazia as leis, concedia privilégios e administrava a justiça. 


No feudo havia diferentes tipos de propriedade da terra: 



  • Posse coletiva, que eram os bosques, florestas e pastagens. Nestas terras todos os servos poderiam andar, colher frutos ou levar animais para pastar, ou seja, estas terras eram de todos.
  • Posse privada ou manso senhorial: eram as terras do senhor feudal (sempre as melhores terras para plantação).
  • Posse da terra em regime de co-propriedade ou manso servil: eram as terras onde o servo morava e cultivava seus alimentos, mas, estas terras eram do senhor, e por isso, o servo deveria pagar um imposto chamado Talha.

Nos feudos haviam vários tipos de obrigações (impostos):



  • Corvéia: o servo era obrigado a trabalhar três dias por semana nas terras do senhor (manso senhorial), em serviços diversos.
  • Talha: era o imposto cobrado pela utilização das terras no manso servil.
  • Banalidades: eram as taxas cobradas quando os servos usavam as instalações do feudo (celeiro, moinho, forno, toneis).
  • Taxa de casamento: o servo pagava quando casava com uma mulher de outro feudo.
  • Mão morta: taxa paga pela família após a morte de um servo, esta taxa servia para a família continuar com a posse da terra.

Além destes impostos pagos ao senhor, os servos pagavam impostos para a igreja, e esta enviava uma parte para Roma. As técnicas de trabalho no sistema feudal eram muito rudimentares (simples, atrasadas). A terra era muito mal preparada e as sementes utilizadas eram da má qualidade, gerando uma produção muito baixa. A única técnica utilizada na época para evitar o esgotamento do solo era a Rotação de Cultura, que consistia em dividir a terra em três partes, e a cada ano somente utilizava-se para plantação somente duas partes, e a parte restante ficava em repouso, servindo de pastagem para animais, no ano seguinte alternava-se as partes deixando outra parte em repouso.


No sistema feudal, não havia divisão de trabalho, todos faziam tudo, mas os servos não tinham interesse em produzir mais ou melhorar as técnicas de trabalho, porque se eles conseguissem aumentar sua produção, imediatamente o senhor arranjavam um jeito de cobrar mais impostos. Com isso, a produção de alimentos não aumentava e as populações viviam correndo risco de feudos crescia. Na idade média a condição social de um indivíduo era determinada em seu nascimento, ou seja, quem nascesse servo, seria servo a vida toda.


Além dos servos e dos senhores, haviam outras classes sociais no sistema feudal:



  • Os vilões: eram os habitantes das vilas, que serviam como empregados do senhor feudal ( administradores dos feudos, cavalheiros, domésticos, etc.)
  • O clero: eram os integrantes da igreja, e somente eles tinham acesso a cultura, por isso, ocupavam cargos importantes nos reinos.
  • Os nobres eram pessoas que de alguma forma conseguiram acucular capital e formavam uma classe ligada diretamente aos reis.
  • Os vassalos: eram guerreiros que se ofereciam para trabalhar para os nobres, e em recompensa geralmente recebiam dinheiro ou terras para formarem um feudo.
  • Os suseranos: quando um nobre chamava um vassalo para ajudá-lo ela passava a denominar-se suserano deste vassalo.
  • Os vassalos: eram guerreiros que se ofereciam para trabalhar para os nobres, e em recompensa geralmente recebiam dinheiro ou terras, para formarem um feudo.
  • Os suserano: quando um nobre chamava um vassalo para ajudá-lo ela passava a denominar-se suserano deste vassalo.

Os membros da nobreza eram analfabetos e seus hábitos de higiene, rudimentares. As condições em que os servos viviam eram ainda piores. Por isso, as pestes eram muito freqüentes e causavam a morte de milhares de pessoas. As mortes eram, em geral explicadas como castigo de Deus. Neste sentido a igreja foi integralmente culpada, porque proibia qualquer forma de avanço na ciência, ou seja, era proibido a qualquer pessoa fazer pesquisas médicas para tentar descobrir algum remédio para as doenças.


Com todo este poder ideológico, a igreja tornou-se a maior proprietária de terras da Europa. Além de outras regras, a igreja também proibia o comércio, e principalmente o lucro, ou seja, ele pregava que a finalidade do trabalho não era o enriquecimento. Assim cada um deveria ficar na posição em que se encontrava e não desejar ser mais do que era ao nascer. Se alguém obtivesse lucro, em alguma troca, este lucro deveria ser repassado à igreja, "Em nome de Deus". A igreja estimulava as intrigas entre os nobres e os reis. Com isso promovia a divisão e o enfraquecimento do poder da nobreza e, assim podia exercer sua própria autoridade política.


O Renascimento Comercial e as Cruzadas


Como vimos no capítulo anterior, na Alta Idade Média, a produção era destinada ao consumo do feudo e os produtos excedentes não eram trocados, simplesmente se estragavam. Por isso, os trabalhadores não buscavam novas técnicas para aumentar a produtividade. Mas a partir do século XI, quando acabaram as ondas invasoras, criou-se um clima de maior segurança nas estradas, favorecendo os mercadores e, com isso, aumentando o comércio em toda Europa.


Houve também uma melhoria das condições de vida, diminuindo o número de mortes e a população européia começou a aumentar muito. Com uma população maior, havia a necessidade de aumentar a quantidade de alimentos produzidos, e neste sentido o feudalismo não era mais a forma adequada às necessidades produtivas da época. Para resolver o problema da falta de produtos, havia duas possibilidades: impedir o crescimento da população ou aumentar a produção. Como na época não se conhecia nenhum método de controle da natalidade, a solução estava no aumento da produção. Para aumentar a produção a saída foi substituir o trabalho servil pelo trabalho livre assalariado, ou seja, os trabalhadores ganhariam por aquilo que produzissem. Assim, quanto mais um trabalhador produzir, mais receberá.


Por sua vez, se os trabalhadores produzem mais, os empresários terão mais produtos para vender. E quanto mais venderem, mais lucros terão. A este novo modo de produção chamou-se CAPITALISMO. Ao contrário do feudalismo, o capitalismo é um sistema que incentiva a produtividade e o aumento da população, maior será o mercado consumidor, ou seja, haverá mais pessoas para comprar os produtos e, portanto, mais lucros terão os empresários.

A intensa marginalização ocorrida no século XI contribuiu para agravar a crise feudal, pois, os senhores, para aumentar suas rendas, aumentaram as obrigações (impostos) dos servos, com isso, houve uma fuga em massa de servos e vilões em busca de melhores oportunidades, e os que ficavam acabavam tornando-se mendigos ou bandidos.
Os feudos foram sendo divididos em herança, mas apenas os filhos mais velhos recebiam terras, os mais jovens tinham que buscar outra forma de sobreviver. Esses jovens cavaleiros saíam em busca de casamentos vantajosos, seqüestro de um senhor ou assalto nas estradas.
A solução para essa violência foi direcioná-la para os "infiéis muçulmanos", que desde o século VIII controlavam o mediterrâneo. Assim a Igreja e os Reis organizaram as cruzadas, com o objetivo de recuperar os lugares onde tinha vivido Jesus Cristo, e também controlar as rotas comerciais orientais.

As cruzadas fizeram com que os europeus tivessem contato com a cultura oriental, fazendo com que na Europa desenvolvesse-se:



  • Uma economia baseada na moeda
  • O surgimento de uma classe de comerciantes
  • A difusão do espírito do lucro 
  • Um maior refinamento no modo de vida
  • Novos conhecimentos técnicos
  • Novas práticas financeiras e comerciais (cheque, contabilidade, letra de câmbio)

O Renascimento Urbano


O sistema feudal em crise gerou muitos homens sem raízes, que andavam aos bandos pelas estradas, assaltando e quando possível, trocando ou vendendo o que roubavam. Uma parte desses homens passou a comercializar legalmente seus produtos, mas não era fácil. No inverno as estradas ficavam cobertas de neve e lama, além do perigo constante dos assaltos. Para se proteger, os comerciantes abrigavam-se nos muros dos castelos (estes castelos eram chamados burgos), que eram geralmente muito bem localizados. Estes pontos de parada tornaram-se pólos de comércio regionais, e novas construções foram sendo erguidas em torno das muralhas dos castelos, dando origem a muitas cidades.


O aumento deste tipo de comércio levou à formação de novos povoados entre uma cidade e outra, mas estas cidades não tinham nenhum tipo de planejamento, as ruas eram geralmente tortuosas e inclinadas, pois procurava-se fazer as cidades em colinas para facilitar a defesa. Com  a falta de rede de esgoto, os detritos eram jogados nas ruas, numa vala, por onde escorriam para os limites da cidade, ocasionando muitos focos de epidemias que, com freqüência dizimavam (matavam) as populações. A população que habitava estas cidades era composta por comerciantes e artesãos, que formavam a burguesia, ou seja, a classe social característica dos burgos.


A nobreza interessou-se pelos burgos e estimulou a fundação deles em suas terras, porque os burgueses pagavam impostos pelo direito de fazer comércio em suas terras. Com o comércio muito intenso, os burgueses enriqueciam e começavam a disputar com os senhores feudais o privilégio de governar as cidades, ou seja, eles tinham o poder econômico e queriam também conquistar o poder político. 

Os artesãos começaram a se organizar em grupos, chamados corporações de ofício. Estas corporações eram sociedades que reuniam profissionais da mesma categoria: (sapateiros, padeiros, tecelões, etc.) que se reuniam para aumentar a produção e o lucro. Os comerciantes também reuniram-se em sociedades chamadas guildas.

No século XIII os burgueses mais ricos, membros das maiores corporações, já tinham o controle da maioria das cidades europeias. Que passaram a ser administradas por uma assembléia que inicialmente era escolhida democraticamente pela população local, mas com o tempo, os cargos públicos foram sendo ocupados somente por famílias mais ricas e passaram a ser transmitidos hereditariamente. As associações de artesãos (corporação de ofício) e comerciantes (guildas) começaram a controlar o mercado e os salários, e pouco a pouco, passaram a pagar baixos salários aos trabalhadores, com isso, os artesãos, que eram donos da matéria-prima, das ferramentas e do local de trabalho, começaram a obter lucros cada vez maiores. A burguesia comprou também dos senhores feudais o direito de cunhar moedas. Assim, cada cidade passou a emitir seu próprio dinheiro.


O Comércio Internacional em nova fase


Desde a Antigüidade existia um imposto que era cobrado dos viajantes nas estradas: o pedágio. Na idade média, os senhores feudais cobravam pedágio nas estradas que cortavam suas propriedades, com um único objetivo de aumentar suas rendas. Esse imposto aumentava muito o preço dos produtos.

A partir do século XI, o comércio marítimo internacional, através do mediterrâneo começou a ser utilizado, e Veneza, por sua posição estratégica entre o Oriente e o Ocidente tornou-se a primeira potência marítima. A moeda veneziana (ducado de ouro) passou a ser o padrão monetário do comércio internacional, como o dólar é atualmente.

As caravanas que percorriam os caminhos da Ásia, continuaram sendo controladas pelos árabes. Impulsionados pelo espírito do lucro, os comerciantes italianos estabeleceram relações de comércio com os muçulmanos. Nas rotas comerciais, começaram a se estabelecer feiras, que geralmente se situavam no cruzamento de duas estradas importantes, ponto de encontro de comerciantes das mais diversas localidades. Nestas feiras comercializavam-se tecidos, couro, peles, gado, peixes, trigo, sal, açúcar, especiarias e drogas medicinais.


Por causa da grande variedade de moedas trazidas pelos comerciantes, os cambistas exerciam um papel fundamental nas feiras, efetuando a troca de moeda e emprestando dinheiro a juros, desenvolvendo assim o sistema bancário da época.


Começou a haver a necessidade de capital (dinheiro) para realização de grandes negócios o que deu origem às companhias mercantis, onde, o dono do capital (o capitalista) e o mercador se associavam, e enquanto o capitalista fornecia o dinheiro, o mercador encarregava-se de fazer os negócios. Os lucros eram divididos da seguinte forma:


75% para o capitalista

25% para o comerciante

As moedas começaram a ter um papel importante neste comércio, mas havia a necessidade de estabelecer um padrão monetário único, pois na idade média os senhores e os reis cunhavam suas próprias moedas, e nas feiras aquelas que possuíam uma quantidade maior de ouro, prata ou cobre, tinham maior valor de compra.

Devido a falta de metais, e o aumento do comércio, começou a faltar moeda. Surgiram então outras formas de pagamento a crédito:
A letra de feira e a letra do câmbio, que eram documentos pelos quais o comprador comprometia-se a pagar sua dívida com comerciantes acrescida de juros num prazo determinado.

Os emprestadores de dinheiro, geralmente judeus, atendiam: o camponês, que teve uma má colheita, ou o senhor feudal, que precisou financiar uma guerra, por exemplo.

Começaram a surgir os bancos, com o objetivo de emprestar dinheiro. Os empresários tomavam dinheiro dos bancos, aplicavam em seus negócios, obtinham mais lucros e, assim iam acumulando capital.

A igreja, que condenava totalmente o lucro, foi pouco a pouco, se adaptando a esta nova situação histórica e tolerando a prática da Usura.

As Monarquias Nacionais (os novos países)

Com a evolução do comércio, os comerciantes sentiram-se prejudicados com a descentralização do poder, pois, em cada feudo, o senhor cunhava sua própria moeda, fazia leis e cobrava impostos pelas transações comerciais efetuadas em suas terras. Até mesmo a língua falada variava de um feudo para outro. Todos estes fatores atrapalhavam as transações comerciais e desagradavam os comerciantes que exigiam um poder centralizado e forte.

Nesta época os reis não tinham poder político nenhum, apenas mandavam em suas terras, mas, perante a população mantinham um poder ideológico muito forte. Para aumentar o poder dos reis, seria preciso diminuir o poder da Igreja e dos senhores feudais. A burguesia percebeu que os reis eram muito respeitados pela população e então fizeram um acordo de interesses onde a burguesia financiaria a formação de grandes exércitos reais, para que os reis invadissem terras e nelas fundassem territórios (Nações) com poder centralizado.

Nestas Nações os reis dominavam absolutos obrigando seus habitantes a:


  • Obedecerem um conjunto de leis;
  • Falar uma língua única;
  • Manter mesmos costumes;
  • Praticar a mesma religião;
  • Utilizar a mesma moeda;
  • Proibir o pedágio.

Evidentemente todas estas medidas serviram para facilitar e aumentar o comércio internacional, favorecendo a burguesia, ou seja, os Reis, apoiados pelos burgueses, criaram os primeiros Estados Nacionais. Em troca do apoio financeiro dado pela burguesia, os reis comprometiam-se a favorecer as atividades comerciais, e para isso, era necessário pôr um fim ao sistema feudal.

A primeira e mais expressiva Monarquia Nacional da Europa foi a França, nela os reis apoiados pela burguesia e alguns membros do clero aumentaram  seus domínios, após derrotarem alguns focos de resistência da nobreza.
Além dos problemas internos a França teve que enfrentar vários distúrbios externos, e o mais importante destes foi a guerra dos cem anos, que França e Inglaterra disputaram um importante centro produtor de tecidos e lã, chamado Flandres. Esta guerra também tinha outro motivo: o rei da Inglaterra, Eduardo III era neto do rei da França e por isso, dizia ter o direito de ocupar o trono da França.
No início da guerra, em 1337 os ingleses levaram vantagem, mas, após vários conflitos, em 1453, com a tomada da cidade de Bordéus pelos franceses, os ingleses se renderam e a guerra chegou ao fim.

O Surgimento do Capitalismo

Na Alta Idade Média, as relações de trabalho eram servis. Mas, na Baixa Idade Média, os senhores feudais, para aumentar suas rendas, começaram a contratar pessoas para serviços temporários. Estas pessoas chamavam-se Jornaleiros, porque, recebiam um salário por sua jornada de trabalho, mediante um contrato feito com os senhores.

Esta característica é típica da Europa Ocidental, pois, a população estava crescendo muito rápido e a procura por alimentos era cada vez maior, e o trabalho assalariado mostrava-se mais produtivo do que o trabalho servil. Já na Europa Ocidental, os senhores feudais conservaram a servidão em suas terras e alguns chegaram até mesmo a aumentar as obrigações dos servos, transformando-os em verdadeiros escravos.

Com a crise do século XI os senhores feudais começaram a mudar  seus hábitos, e empregar novas técnicas e inovações tecnológicas, como o uso de ferradura nos animais e novos tipos de arado. Os senhores feudais que viviam perto das grandes cidades, passaram a valorizar sua produção para vendê-la no mercado, e os servos começaram a ser libertados de suas obrigações mediante pagamento de uma soma em moeda, pois, aos senhores agora interessava o trabalho livre.
Em algumas regiões em que o capitalismo se desenvolveu mais rapidamente, a situação do camponês tendeu a melhorar. Às vezes, ele conseguia vender o excedente de sua produção no mercado e assim obter dinheiro, com o qual comprava produtos na cidade ou então sua própria liberdade. Essas mudanças não ocorreram na mesma velocidade em todos os lugares, ou seja, neste momento na Europa você encontra lugares com característica capitalistas, enquanto outros vivem com características feudais.

No século XIV houve um grande problema que gerou uma depressão na economia Européia. Cerca de um terço ou até mesmo metade da população morreu, vítima da Peste Negra: uma grande epidemia provocada por um vírus, que principalmente vitimou tanta gente, devido as precárias condições de higiene europeias e a insuficiência alimentar da maior parte da população.

A Igreja aproveitou-se desse fenômeno biológico para dizer que a peste seria um castigo divino pelos pecados cometidos pela população cristã. 
No século XV, passados os efeitos da peste negra, a população da Europa voltou a crescer, e com ela cresceu também as atividades econômicas e comerciais. Com este crescimento surgiram alguns problemas:


  • Com o comércio, diminuiu o número de pessoas no campo, com isso, houve uma insuficiência de alimentos para abastecer as cidades.
  • No campo, devido aos baixos salários, os trabalhadores não tinham dinheiro para comprar os produtos dos comerciantes.
  • Os produtos vindos do oriente era m muito caros, porque, até chegar a Europa, estes produtos passavam por inúmeros intermediários.
  • Houve uma falta de dinheiro no mercado, pois grande quantidade de moedas de ouro, usadas no mercado internacional, tinha ido parar no Oriente, em pagamento dos produtos aí adquiridos.

A única forma de sair desta crise seria explorar novos mercados, para neles conseguir: alimentos, especiarias, metais a baixo custo, e principalmente consumidores para os produtos fabricados ou comercializados pelos burgueses. Foi ai que no século XV, a burguesia européia lançou-se na aventura da Expansão Marítima.

As Mudanças na Religião e nos Costumes.

Com o desenvolvimento do capitalismo e a ascensão da burguesia, na Baixa Idade Média, a posse da terra deixou de ser a base da economia. E o comércio, ou seja, a compra de mercadorias a baixo custo e sua revenda com lucro passou a ser a fonte de riqueza.

Como a Igreja e suas idéias de pecado (lucro e usura) estavam atrapalhando a burguesia, era preciso introduzir novas idéias e valores na sociedade. Para isso, a burguesia começou a divulgar a ideia de que o homem era dono de seu próprio destino, diminuindo sua subordinação a Deus. A insatisfação dos cristãos em relação ao comportamento do clero favoreceu o aparecimento de doutrinas contrárias aos ensinamentos da Igreja. Essas doutrinas foram chamadas pela Igreja de Heresias (em grego = erro ou opinião diferente). Para combater estas opiniões diferentes a Igreja criou no século XIII os tribunais da inquisição. E através deles, as pessoas acusadas de heresia eram presas, tinham seus bens confiscados e eram submetidos a interrogatórios por cardeais, bispos e abades. Para obter a confissão dos acusados, os inquisidores faziam torturas cruéis e quem fosse considerado herege ou dado a prática de bruxaria era condenado à morte na fogueira, em praça pública. Esse espetáculo servia para espalhar o terror entre as pessoas e assim força-las a abandonar as doutrinas heréticas e a se submeter aos ensinamentos da Igreja.

Como na idade média a Igreja detinha todos os livros em seus mosteiros, ele passou a monopolizar o saber, pois neste período as pessoas não sabiam ler nem escrever. Este privilégio era somente permitido aos integrantes da Igreja. Mas com o surgimento da produção e do comércio, era indispensável que os cidadãos ligados a estas atividades soubessem ler e escrever.

Para alterar este sistema, no século XII, os burgueses criaram as primeiras escolas leigas da Idade Média, ou seja, escolas cujo ensino não era estritamente religioso, e a evolução dessas escolas culminou com o surgimento das universidades. Onde nelas a burguesia introduziu o estudo do Direito Romano, para justificar a centralização do poder na pessoa do rei.

Do Feudalismo ao Capitalismo 

Em seu desenvolvimento, o sistema capitalista passou por quatro fases, desde a baixa idade média a atualidade. Na primeira fase, denominada pré-capitalismo (século XII a XV) encontramos ao mesmo tempo características do sistema feudal e características do sistema capitalista, convivendo no mesmo tempo e no mesmo espaço físico, ou seja, no pre-capitalismo, no mesmo momento na Europa encontravam-se cidades que estavam perfeitamente adaptadas ao sistema capitalista (trabalho livre assalariado, existência de comércio, etc.), cidades que viviam sob domínio do sistema feudal (trabalho servil), e outras cidades dividiam-se em uma parte feudal e outra capitalista.

Na Segunda fase, chamada capitalismo comercial, que ocorreu entre os séculos XVI e XVIII, o capital (dinheiro) concentrou-se nas mãos dos comerciantes (burgueses), porque com o surgimento do comércio, esta classe social, obteve muito sucesso com as transações comerciais tornando-se muito poderosa, pois, compravam os produtos dos artesãos ou produtores agrícolas à preços muito baixos e vendiam em outras localidades por um preço muito mais elevado, com isso, obtinham lucro e acumulavam capital.

Na terceira fase, ocorrida entre os séculos XVII a XX, o capitalismo denomina-se industrial, porque após acumular capital na fase anterior, os burgueses perceberam que o comércio não era a atividade mais lucrativa, mas sim, a indústria, ou seja, os burgueses notaram que comprando o produto de uma pessoa e vendendo para outra eles obtinham lucro, mas se eles mesmos produzissem o material a ser vendido, o lucro seria muito maior, logo os burgueses investiram em novas técnicas de produção que aumentassem a quantidade de materiais produzidos para poder vender muito mais e consequentemente acumular mais capital.

Na Quarta fase, que teve início no final do século XIX e estende-se até hoje, o burguês, percebe outra forma de acumular mais capital. Com o capital acumulado nas outras fases, a burguesia começa a concentrar seu dinheiro em organizações financeiras (bancos), com o objetivo de emprestar dinheiro cobrando juros, ou seja, a burguesia sem comercializar nem produzir nada, consegue obter lucros muito grandes apenas emprestando dinheiro a pessoas necessitadas mas cobrando um acréscimo quando do pagamento. Sem dúvida, esta forma de capitalismo é a mais segura e a mais rentável.

Monarquias Nacionais - (Economia Urbana)

Durante a Idade Média, o sistema monárquico continuou existindo, mas o poder do rei era muito pequeno, quem realmente detinha o poder eram os senhores feudais em seus domínios e a Igreja controlando ideologicamente toda a Europa.
Com a crise do sistema feudal, os senhores, a Igreja e as corporações de ofício tiveram seu poder enfraquecido, e neste contexto a burguesia conquistava a cada dia mais prestígio político e econômico.
Para desenvolver suas atividades de comércio, a burguesia necessitava de territórios com poder centralizado, ou seja, grandes áreas sob comando de um único soberano (um único chefe). Foi ai que os burgueses aliaram-se aos reis para patrocinar a fundação das Monarquias nacionais.

Os Reis receberam ajuda econômica da burguesia para montar exércitos e invadir territórios, e nestes territórios instalar as monarquias nacionais, nestas Monarquias os reis obrigavam a todos os seus habitantes a seguirem leis únicas, que beneficiavam unicamente as atividades econômicas da burguesia. Estas leis eram basicamente:


  • Instituição de moeda única
  • Obrigatoriedade dos habitantes de falarem a mesma língua
  • Proibição do pedágio nos territórios reais 
  • Uniformização dos padrões de pesos e medidas 

Em síntese, com o apoio da burguesia, os reis dominaram grandes territórios, impondo a todos os povos que viviam em seus domínios a mesma língua, a mesma religião e a mesma cultura. Assim, surgiram na Europa ocidental as diversas monarquias nacionais, baseadas na aliança de interesses entre os reis e a burguesia.


Antropocentrismo x Teocentrismo

                           
                                                        O lugar do homem e de Deus sob a ótica do movimento renascentista





     Conceito antropocentrista atual, e a suas características destrutivas. Antropocentrismo seletivo e corporativo  
Em vários aspectos da vida, observamos que as oposições são capazes de fornecer sentido a muitas de nossas experiências e escolhas. Direita e esquerda, o bom e o mau, o certo e o errado são apenas alguns desses binômios capazes de surgirem no cotidiano. Na História, quando estudamos atenciosamente o movimento renascentista, essa mesma forma de compreensão surge na oposição constituída entre o Antropocentrismo e o Teocentrismo.

O Teocentrismo é uma das noções que marcaram tipicamente a Idade Média. Na passagem dos séculos IV e V, o teólogo Santo Agostinho realizou um estudo sobre a salvação espiritual e a condição do homem no mundo. Por meio de suas explicações, ele determinou que o homem fosse corrompido pelo pecado original. Desse modo, o ser humano acabava agregando à condição de criatura inferior, imperfeita, poluída e mortal.

Observando o contexto em que produziu a sua obra, podemos ver que as palavras de Santo Agostinho eram fortemente influenciadas pelas guerras e invasões que demarcavam a queda do Império Romano. Com o passar do tempo, vemos que essa perspectiva, aliada ao crescimento da própria Igreja Cristã, acabou marcando o modo de vida teocêntrico experimentado durante a Idade Média.

De fato, no contexto do mundo feudal, a carência de instituições de ensino acabou deixando que a Igreja assumisse o monopólio do conhecimento dessa época. De tal modo, vários representantes do poder clerical transmitiam a noção de que a figura divina estava acima do homem. Não por acaso, a busca pela salvação espiritual acabou tendo maior espaço nos escritos e comportamentos do medievo.

Passando a falar do Antropocentrismo, sabemos que muitas pessoas o identificam como uma das ações que marcam a Renascença e o próprio desenrolar da Idade Moderna. Ao colocar o homem no centro das coisas, a postura antropocêntrica manifestava-se em obras de arte nos tratados filosóficos. Isso significa dizer que os sentimentos, formas e instituições humanas eram pensadas e observadas com grande atenção.

Notando essa mudança de posição, muitos podem dizer que o Antropocentrismo tenha nascido como uma resposta contrária aos modos de agir e pensar da Idade Média. Prosseguindo nesse tipo de argumentação, o comportamento subordinado e místico do religioso homem medieval, seria trocado pela figura de um novo homem interessado em falar de seus problemas e das demais coisas terrenas.


Apesar de lógico, esse argumento não reflete as condições históricas vividas já na Idade Média para que o Antropocentrismo fosse possível. Já no século XII, podemos ver que o diálogo com as ideias greco-romanas, que são de grande traço antropocêntrico, começavam a se desenvolver em alguns escritos da época. No século seguinte, Santo Tomás de Aquino, influenciado por Aristóteles, registrava que o homem deveria ser posto com uma criatura privilegiada ao ser dotada de razão.

Com isso, vemos a configuração de um contexto medieval em que o Antropocentrismo já se desenvolvia enquanto possibilidade de compreensão do mundo. Assim sendo, determinar que o Teocentrismo fora dominante em toda Idade Média ou que o Antropocentrismo seja uma ruptura com a figura divina, renega todo um processo em que a forma de se comportar do homem se transforma gradualmente.


Teocentrismo; Deus no centro do universo
Antropocentrismo; homem no centro do universo
Tecnocentrismo; técnica no centro do universo

                                                                                     

segunda-feira, 18 de junho de 2012

A HISTÓRIA DA HOMOSSEXUALIDADE


Recolha de Alguns Factos Históricos Sobre Homossexualidade Masculina & A Sua Omissão nas Aulas de História.


                                              


                                     A aquarela de cores: típico símbolo dos grupos homossexuais contemporâneos.



Atualmente, a questão homossexual vem ganhando bastante espaço. Na TV, nas alas de decisão judicial, nas grandes paradas ao ar livre e nas conversas do dia-a-dia a figura do homossexual deixa de ser uma especulação para bater a porta de todo e qualquer individuo de nossa sociedade. Muitos chegam a questionar se eles realmente compõem um “grupo minoritário” da sociedade contemporânea. 

Hoje em dia, somos acostumados a estabelecer culturalmente um conjunto de idéias sobre os homossexuais que, muitas vezes, tendem para o campo dos preconceitos. Controvérsias à parte será que esse tipo de comportamento sexual sempre foi motivo de tanta polêmica? Muitas vezes, nosso imaginário nos impede de tentar admitir outros tipos de perspectiva em relação a esse tema. 

Recuando para os tempos antigos poderíamos nos deparar com uma visão bastante peculiar ao notarmos que afeto e prática sexual não se distinguiam naquele período. As relações sexuais não eram hierarquizadas por meio de uma distinção daqueles que praticam optavam pelos hábitos homo ou heterossexuais. Na Grécia, por exemplo, o envolvimento entre pessoas do mesmo sexo chegava, em certos casos, a ter uma função pedagógica. 

Na cidade-Estado de Atenas, os filósofos colocavam o envolvimento sexual com seus aprendizes como um importante instrumento pelo qual se estreitavam as afinidades afetivas e intelectuais de ambos. Entre os 12 e os 18 anos de idade o aprendiz tinha relações com seu tutor, desde que ele e os pais do menino consentissem com tal ato. Já em Roma, havia distinções onde a pederastia era encarada com bons olhos, enquanto a passividade de um parceiro mais velho era motivo de reprovação. 

Com a assimilação do valor estritamente procriador do sexo, disseminado pela cultura judaica, a concepção sobre o ato homossexual foi ganhando novas feições. A popularização do cristianismo trouxe consigo a idéia de que o sexo entre iguais seria pecado. Dessa forma, desde o final do Império Romano, várias ações de reis e clérigos tentaram suprimir o homossexualismo. Ainda assim – ao longo da Idade Moderna – tivemos vários relatos de representantes da nobreza tiveram casos com parceiros e parceiras do mesmo sexo. 

No século XIX, com a efervescência das teorias biológicas e o auge da razão como verdade absoluta, teorias queriam dar uma explicação científica para o homossexualismo. No século XX, a lobotomia cerebral foi declarada como uma solução cirúrgica para que quisesse se “livrar” do hábito. Nesse mesmo período, diversos grupos lutaram pelo fim da discriminação e a abolição da classificação científica que designa o homossexualismo como doença. 

Mesmo que ainda o tema cause muito preconceito e levante tabu entre as pessoas, devemos perceber que a identidade sexual não pode ser vista como um dado a ser controlado por alguém ou por alguma instituição. Antes de qualquer justificativa, seja contra ou a favor dos homossexuais, devemos colocar o respeito ao outro como princípio máximo dessa questão.

Fonte:

A situação da mulher na Idade Média





A mulher assumiu diferentes lugares e significados ao longo de toda a Idade Média.






PODCAST - Mulheres na Idade Média


Ao falar sobre a situação da mulher no passado, muitos empreendem um discurso linear em que muitos fatos, experiências e valores históricos são simplesmente deixados para trás. Não raro, as mulheres têm o signo da submissão reservado a uma leitura equivocada, em que a suposta e recente libertação feminina tem seu valor fortalecido por essa interpretação negativa. No caso da Idade Média, ainda tida como o tempo das “trevas”, temos a impressão de que a religiosidade aparecia para reforçar ainda mais esse tipo de leitura superficial.

Nos fins da Antiguidade, a figura da mulher era colocada em muitas situações de superioridade em relação à população masculina. Em muitas culturas, a mulher era vista como um ser especialmente capaz de realizar certos encantamentos e receber favor das divindades. Sob o olhar do próprio Cristianismo primitivo, vemos que os relatos sobre Jesus Cristo reforçam a ideia de que o Messias valorizava imensamente a participação feminina em importantes eventos e que seu lugar não poderia ser desconsiderado.

Durante a propagação do Cristianismo, essa aura mágica e poderosa do feminino foi combatida por diversos clérigos que reafirmavam a igualdade entre homens e mulheres. Em termos gerais, tomando os gêneros como criaturas provenientes de uma mesma divindade, a suposta superioridade feminina era vista como uma falsidade que ia contra a ação divina. Com isso, o antigo discurso o qual a Igreja apenas detraiu a mulher, não correspondia às primeiras formulações que pensavam o lugar do feminino.

Na medida em que o celibato se tornou uma das exigências mais importantes da organização hierárquica da Igreja, notamos que a desvalorização feminina se põe como estratégia de manutenção da organização eclesiástica.

 Eva, vista como a grande responsável pelo pecado original, é uma das justificativas que aproximavam a mulher do pecado. Do mesmo modo, era a mulher que pedira a cabeça de São João Batista e que descobriu o segredo de Sansãoe o entregou para a sua humilhante morte.

Contudo, já na Baixa Idade Média, vemos que esse processo de desvalorização, sedimentado pela Primeira Mulher, se transformava com a visão da Virgem Maria como um meio de renovação. Encarando diversos desafios em prol do jovem salvador, essa mulher determinava a constituição de outro olhar sobre o feminino. Não por acaso, vemos que o culto mariano, a canonização de mulheres e a reclusão nos conventos se elevam significativamente com esse tipo de reinterpretação.

Tendo em vista a condição demasiadamente sagrada da Virgem Santa, a figura de Maria Madalena também era colocada como uma possibilidade mais acessível aos cristãos daquela época. A mulher poderia se arrepender dos seus pecados e, desse modo, se firmar como uma figura positiva. De fato, vemos que a suposta reclusão feminina não correspondia à existência de algumas mulheres intelectualizadas e independentes que circularam durante a Idade Média.

Sendo um período histórico tão extenso, não teríamos condições próprias de abarcar todas as possibilidades de constituição da imagem feminina nesse tempo. Contudo, por meio dessa breve consideração, notamos que as mulheres assumiram papéis que extrapolaram os antigos preconceitos ainda reservados ao medievo. Sem dúvida, as mulheres medievais são muitas, variadas e dinâmicas, como as manifestações do tempo em que viveram.

Fonte: