Heródoto (gr.
Ἡρόδοτος) de
Halicarnasso é o mais importante dos
historiadores gregos mais antigos. Foi o
primeiro prosador a reunir diversas narrativas históricas ou
quase-históricas em um relato coerente e vivo. Foi apelidado por
Cícero, merecidamente, de
pai da História (
Leg.
1.1.5).
Biografia
Nasceu por volta de -484 em Halicarnasso, Ásia Menor, nos limites do Império
Persa. Era de família ilustre e, segundo a tradição, viveu exilado em Samos durante
a juventude, em consequência de sua participação em um levante contra o tirano
Lígdamis. Conseguiu voltar à sua cidade somente por volta de
-454,
pouco depois da queda de Lígdamis.
Viajou durante muito tempo, possivelmente depois de ter retornado a Halicarnasso.
Esteve no Egito, na Fenícia, na Mesopotâmia, na região dos citas, perto do Mar
Negro, em Cirene, no norte da África, e na Grécia Continental.
Acredita-se que viveu algum tempo em Atenas, onde teria lido em público
trechos de seus escritos.
Em -443, aproximadamente,
juntou-se aos atenienses que fundaram
Túrios no sul da Itália. Ainda vivia no início da Guerra do Peloponeso
(-431/-427) e é provável que tenha morrido pouco depois, por volta de
-425.
Obras sobreviventes
Aparentemente, Heródoto escreveu somente dois
livros: uma história da Assíria,
hoje perdida, e a grande obra de sua vida —
Histórias — que
chegou até nós praticamente completa.
Em
Histórias (-450/-430), o primeiro texto longo em prosa que
chegou aos nossos dias, escrito em dialeto iônico, Heródoto relata os conflitos
entre gregos e persas desde
-550 até as
guerras
greco-pérsicas, também chamadas de
guerras médicas, assim como os seus
antecedentes e circunstâncias.
Consta que Heródoto apresentou uma leitura pública de trechos da obra em Atenas,
por volta de
-445. Alusões à guerra do Peloponeso permitem imaginar que
o
livro foi terminado pouco antes de sua morte.
Características da obra
Independentemente do valor histórico,
Histórias é uma das obras mais
interessantes escritas até hoje. Heródoto não se limitou a compilar, a exemplo de
seus antecessores, simples relatos tradicionais e listas genealógicas; ele
investigou pessoalmente e até onde lhe foi possível os acontecimentos que o
interessavam.
Observe-se o uso que faz da palavra "investigações" (gr.
ἱστορίαι) no
prólogo do
livro, na epígrafe
supra.
Embora tenha recorrido também a fontes escritas, como por exemplo o
livro de
Hecateu de Mileto
(-550/-475) e os arquivos oficiais de algumas cidades
gregas, Heródoto utilizou principalmente tradições orais e relatos de pessoas que
testemunharam ou conheceram as testemunhas dos acontecimentos.
Os fatos são apresentados com racionalidade, ainda que de forma um tanto parcial.
Dotado de curiosidade, capacidade de observação e espírito crítico, Heródoto
escolhia sempre a menos fantasiosa das versões; os relatos fabulosos são contados,
mas com ceticismo, e com frequência ele enfatizava que não lhes dava crédito. Além
disso, em várias ocasiões, diz sinceramente que não é capaz de explicar este ou
aquele fato, ou então que nada pôde descobrir a respeito.
Em outros aspectos, Heródoto acompanhava as crenças de sua época, como por
exemplo quando atribuía importância aos
oráculos, prodígios e outras evidências da
intervenção direta dos deuses na vida humana.
Referências