domingo, 27 de maio de 2012

Incesto Real




Os casamentos entre parentes de dinastias europeias eram arranjados para favorecer alianças políticas.
 Mas geraram descendentes com problemas físicos e mentais. Nos Habsburgos, a sequela mais visível era o queixo protuberante

Conta-se que, ao pisar na Espanha pela primeira vez, Carlos 5º, do Sacro Império Romano-Germânico, ouviu o grito de um homem do povo: "Majestade, feche a boca, pois as moscas deste país são muito insolentes".

 Corria o ano de 1517, e o abusado camponês, se existiu, percebeu de cara um defeito no nobre nascido na cidade de Gante (atual Bélgica) que vinha assumir o trono espanhol.

 Carlos 5º (e 1º da Espanha), que lá estava como herdeiro de seus avós maternos, Isabel 1ª de Castela e Fernando 2º de Aragão, os chamados Reis Católicos, era dono de um queixo descomunal.

 Tanto que não conseguia unir os lábios e impedir o acesso de possíveis insetos voadores, ficando com o ar apalermado, que teria motivado o gracejo do petulante plebeu.

Seu feio trineto Carlos 2º da Espanha, além da coroa, levou de brinde a deformação óssea da face conhecida como prognatismo - a mandíbula se projeta em relação ao maxilar e o lábio inferior se torna mais saliente.

 No caso de Carlos 2º, o queixão acarretava dificuldades de mastigação e de fala.

 Os Carlos, você deve ter reparado, partilhavam de um defeito genético.

 Estigma marcante durante séculos nos Habsburgos, a poderosa dinastia originária da Suíça, à qual pertenciam os dois monarcas, o prognatismo ficou tão identificado com a família que é conhecido também como mandíbula ou lábio de Habsburgo ou de Áustria.

 Os rostos desses e de outros soberanos - Filipe 4º da Espanha, pai de Carlos 2º, por exemplo - estão bem documentados em pinturas.

 Considerada a hipótese de que os pintores de corte  mesmo um mestre como Diego Velázquez - amenizavam os traços para não irritar seus retratados, é possível imaginar queixadas mais avantajadas ainda.

O culpado de tudo isso - o primeiro Habsburgo prognata - foi possivelmente Ernesto 1º da Áustria (1377-1424).

 Se a praxe fosse buscar gente de outras origens para os casamentos, o gene queixudo de Ernesto encontraria novos DNA s e provavelmente sumiria em sua descendência.

 Acontece que os Habsburgos, como outros nobres, apreciavam matrimônios com parentes, a endogamia.

 Era um jeito de preservar o sangue azul e estabelecer alianças políticas.

 A falta de "sangue novo" na herança genética, no entanto, perpetuava (e acentuava) características físicas indesejáveis, provocava o surgimento de doenças congênitas e aumentava a mortalidade infantil naquelas famílias.

                                                 
Geneticistas espanhóis traçaram a árvore genealógica de Carlos 2º e constataram que sua carga genética era equivalente à de um incesto entre irmãos ou entre pais e filhos.

"Provavelmente, o gene do prognatismo atuava combinado com outros, o que fazia com que alguns dos Habsburgos apresentassem a má-formação e outros não", afirma Jaime Anger, cirurgião plástico do Hospital Israelita Albert Einstein de São Paulo.

O prognatismo aberrante não era a única desgraça de Carlos 2º, sugestivamente alcunhado de "o Enfeitiçado".

 Só começou a andar aos 4 anos e tinha desarranjos intestinais e febres, além de certo atraso mental.

De todas as mazelas, nada superou, para fins dinásticos, sua incapacidade de gerar um herdeiro em seus dois casamentos - Carlos seria estéril.

Quando morreu, aos 38 anos, aparentava uma idade
Muito mais avançada.

Além do célebre queixo de Habsburgo, discute- se a presença de outros males de origem genética transmitidos pelos repetidos casamentos entre parentes das dinastias europeias.

 A porfiria, um distúrbio do metabolismo, permaneceu por muito tempo sendo a explicação para a insanidade mental do rei George 3º do Reino Unido (1738-1820).
 Nos anos 1960, apareceram artigos com títulos como A Insanidade do Rei George 3º: Um Caso Clássico de Porfiria e Porfiria nas Casas Reais de Stuart, Hanôver e Prússia, escritos pelos psiquiatras e historiadores Ida Macalpine e Richard Hunter. Segundo essa visão, Mary Stuart (1542-1587) seria a primeira personalidade documentada a passar a enfermidade adiante em sua árvore genealógica.

 No entanto, há outras hipóteses para a instabilidade de George - em cujo reinado os Estados Unidos se tornaram independentes dos ingleses. Já na década de 40, falava-se em psicose maníaco-depressiva.

 Timothy Peters, da Universidade de Birmingham, num estudo do ano passado, prefere considerar a possibilidade de transtorno bipolar.

 Como a porfiria não tem uma manifestação visual facilmente identificável em pinturas e não se desenterraram os nobres para fazer um diagnóstico retrospectivo, cravar explicações científicas definitivas é mais difícil que no caso do escancarado prognatismo mandibular.

Outra enfermidade que foi tida como praga endogâmica é a hemofilia, que teria se espalhado como verdadeira "doença real" por culpa da rainha Vitória do Reino Unido (1819-1901).

 Há que se considerar dois fatos. Primeiro, que Vitória provavelmente não herdou o gene hemofílico dos costumeiros matrimônios entre parentes - no caso dela, teria ocorrido uma mutação cromossômica espontânea.

 Outra é que casamentos entre primos (Vitória se casou com um de primeiro grau, Albert) raramente aumentam as chances de uma possível transmissão desse transtorno da coagulação sanguínea.

 Isso posto, Vitória, de fato, legou a hemofilia a algumas pessoas de sua farta descendência.

 Entre elas, figura o bisneto Alexei Nikolaevich Romanov, herdeiro do trono russo assassinado em 1918, aos 13 anos, pelos bolcheviques.

 Tudo isso era especulação até 2009, quando se publicaram os resultados de exames de DNA feitos em ossos dos Romanovs descobertos dois anos antes.

 Comprovado: Vitória passou ao menino que não foi czar a hemofilia B, segundo tipo mais comum da doença.

                                               
O rei “Paquita”


Características como elevado apetite sexual e loucura foram associadas aos Bourbons ao longo do tempo.

 O rei Fernando 6º da Espanha (1713-1759) teria transado com a mulher agonizante, Bárbara de Bragança.

Seu meio-irmão e sucessor, Carlos 3º, era obsessivo: fazia tudo sempre exatamente nos mesmos horários.

 A mandíbula de Áustria, em virtude de ancestrais comuns, também se fez presente no rosto dos Bourbons.

Como os Habsburgos, eles também se casaram muito entre si.

 Uma das histórias mais curiosas está ligada à rainha Isabel 2ª da Espanha (1830-1904) e ao seu marido, o rei consorte Francisco 1º (1822-1902).

 Ambos eram primos em dose dupla - o pai dele era irmão do pai dela, e a mãe dele era irmã da mãe dela.

 Acontece que Francisco era gay, e Isabel começou a pular a cerca.

 Nos salões e nas ruas de Madri, Francisco tinha o apelido de Paquita (Chiquinha).

 Existe até a possibilidade de os 11 filhos de Isabel (só 5 chegaram à idade adulta) não serem de Francisco.

 Por essa tese, o rei Afonso 12, bisavô do rei atual, Juan Carlos 1º, seria fruto de um caso de Isabel com o capitão Enrique Puigmoltó.

 Se assim foi, as traições de Isabel serviram como antídoto contra os males da endogamia bourbônica.

clã internacional

A instituição do matrimônio consanguíneo levou à formação de um grande clã internacional de monarcas.
 O inglês e o russo médios tinham (e ainda têm) tipos físicos distintos, mas o mesmo se podia dizer de dois soberanos que reinavam separados por milhares de quilômetros.

 George 5º do Reino Unido (1865-1936) e o czar Nicolau 2º da Rússia (1868-1918) eram netos do rei Christian 9º da Dinamarca, apelidado de “o sogro da Europa” graças ao sucesso dos casamentos políticos de seus filhos.

 Os primos George e Nicolau mais pareciam gêmeos (veja foto na pág. ao lado). Em 1893, quando George, então príncipe e duque de York, casou-se, a plebe presente à cerimônia, em Londres, chegou a se confundir ao ver o convidado Nicolau.

Por essa época, a mandíbula de Habsburgo já havia cruzado o oceano e chegado ao Brasil.

 Produto de casamentos entre parentes e com diferentes sobrenomes dinásticos nas costas – Bragança, Orleans, Habsburgo, Bourbon -, o nosso dom Pedro 2º (1825-1891) também foi prognata.

 Seu avô, dom João 6º, era filho de um tio com uma sobrinha.

 Seu pai, dom Pedro 1º, e sua mãe, a imperatriz Leopoldina (filha do imperador do Sacro Império Romano-Germânico e, portanto, Habsburgo de alta linhagem), eram primos em segundo grau.
 João, Pedro e Leopoldina tinham o queixo deslocado para a frente.

 Em As Barbas do Imperador, a antropóloga Lilia Moritz Schwarcz defende que Pedro 2º deixou os pelos crescerem no rosto para parecer mais velho e respeitável. Reza outra lenda que o visual servia mesmo para camuflar o queixão.

                                              
A endogamia, no entanto, não se restringiu às monarquias europeias.

 Exemplos são encontrados no Egito antigo, onde havia casamentos entre irmãos.

 Cleópatra casou-se com dois, o Ptolomeu 13 e o 14. Em Roma, ocorriam enlaces entre primos, caso de Nero e Claudia Octavia.
 Há indícios de que os incas na América do Sul também casavam irmãos e irmãs sem drama de consciência Ainda que haja nobres que gostem de se casar entre si, existe uma diversificação bem maior de fontes conjugais.

 O rei Eduardo 8º, em dezembro de 1936, abdicou do trono britânico para se unir a Wallis Simpson, uma americana duas vezes divorciada.

 Quem ficou no seu lugar foi George 6º, o gago retratado no filme O Discurso do Rei e pai da rainha Elizabeth.

 Filipe de Bourbon, filho de Juan Carlos 1º da Espanha e da rainha Sofia, casou-se em 2004 com a plebeia Letizia Ortiz.

 O príncipe William, filho de Charles e Diana, encontrou nos corredores da faculdade sua carametade, Kate Middleton.

 A outrora fechada família europeia de monarcas, de uns tempos para cá, é capaz até de aceitar em seu seio um descendente do lendário e irreverente camponês espanhol. Aquele do mosquito na boca do rei. //

Fonte:

Charles Darwin, resumo, biografia, seleção natural e evolucionismo

                                            A Evolução das especies 


                                                                

1. A Família Darwin



                                                   
 Charles Darwin (1809 – 1882) nasceu em 12 de fevereiro de 1809, o quinto de seis irmãos, na família de um bem sucedido médico de interior. Seu avô paterno, Erasmus, uma figura muito respeitada embora algo controvertida, desfrutava da amizade de outra personalidade de grande destaque no século XVIII, Josiah Wedgwood I, fundador da Cerâmica Wedgwood. Esta amizade viu-se coroada com o casamento da filha mais velha de Wedgwood, Susannah, com Robert, filho de Erasmus Darwin.

2. Shrewsbury e Maer

Apesar do interesse de ambos pelas plantas, as inclinações de Charles eram subestimadas pelo pai, que o considerava um fracasso acadêmico. Foi no seu segundo lar, junto de seu tio Josiah, em Maer, a vinte milhas de Shrewsbury, que Charles foi realmente feliz, tendo-se tornado o companheiro preferido de seus primos Wedgwood.
                                                                                     
                                                                                 

3. Escola e Universidade

Charles cursou a Escola de Shrewsbury desde os nove anos, onde era freqüentemente rejeitado como o menino "que brinca com gases e outras porcarias". Aos dezesseis anos, esforçando-se para agradar ao pai, Charles iniciou os estudos de medicina na Universidade de Edinburgh e posteriormente, dedicou-se à Teologia, em Cambridge.
Não estava porém destinado o ser médico ou pastor. Em ambas as universidades distinguiu-se sobretudo em ciências naturais, área em que nunca se matriculara oficialmente.

4.  A Grande Oportunidade

Depois de uma expedição geológica pelo Norte do País de Gales, Charles retornou ao lar, e encontrou à sua espera uma carta de John S. Henslow, professor de botânica em Cambridge. Nesta carta, Henslow informava-lhe que o havia recomendado como a pessoa mais qualificada que conhecia para o cargo de naturalista na expedição do ‘Beagle’, que se iniciaria proximamente. Esta chance única parecia estar perdida quando o pai se opôs ao plano. Dr. Darwin cedeu, contudo, ante a insistência do tio Josiah. E no dia 11 de setembro de 1831 Darwin foi pela primeira vez a Plymouth visitar o ‘Beagle’ e seu capitão, Robert FitzRoy.

5. A Viagem

Apesar da natureza pacífica de sua missão, o retorno do ‘Beagle’ à Inglaterra com segurança não estava assegurado. O risco do encalhe nas águas costeiras pouco conhecidas da América do Sul era profundo. Em terra, o viajante corria o risco do levar um tiro ou ser esfaqueado pelos revolucionários ou pelos indígena;, rebeldes, duvido ao descontentamento político que pairava no ar, mais do que nunca, como rescaldo das guerras de independência. E o rigor da pesquisa exigia que o ‘Beagle’ velejasse por toda a extensão da costa sul-americana, retornando repetidamente aos mesmos portos. O projeto ofereceu a Darwin oportunidades para explorar, a pé ou a cavalo, sozinho ou na companhia de guias, algumas das regiões mais selvagens do mundo. Ele enviou vários engradados repletos de plantas, insetos, conchas, pedras e fósseis para a Inglaterra, e suas cartas para Henslow provocaram tanto interesse nos meios científicos que alguns extratos chegaram a ser publicados pela Sociedade Filosófica de Cambridge, em 1835. Darwin cita, em sua autobiografia, que sua coleção de fósseis também "despertou muita atenção entre paleontologistas". E quando recebeu notícia deste interesse, na Ilha de Ascenção, escalou as montanhas "aos pulos, e fiz as rochas vulcânicas ressoarem sob meu martelo geológico".

6. Brasil

A exploração empreendida por Darwin no Brasil, de 28 de fevereiro a 5 de julho de 1832, foi uma das experiências mais felizes de sua viagem. Após seu primeiro dia na Bahia, em 29 de fevereiro, registrou suas impressões da seguinte forma: "prazer em si só, porém, é um termo fraco para expressar os sentimentos de um naturalista que, pela primeira vez, vagueia sozinho numa floresta brasileira."

8. Terra do Fogo


No dia 28 de novembro de 1832, o ‘Beagle’ zarpou da Baía de San Blas para a Terra do Fogo, e em meados de dezembro já se encontrava próximo ao Cabo de São Sebastião, uma parte da Terra do Fogo desconhecida de todos que estavam a bordo. Após penetrar pelo famoso Estreito do Lo Maire, ancorou na Baía do Bom Sucesso.

9. Argentina e Uruguai

Deixando as Ilhas Falkland em abril de 1833, o ‘Beagle’ rumou para o norte, em direção a Montevidéu e Maldonndo. Darwin permaneceu em lona por várias semanas. semanas, explorando a região do Maldonado e colecionando pássaros e animais. Dos registros em seu diário consta que"por alguns réis contratei todos os rapazes da cidade para meus serviços; e poucos são os dias que não me trazem alguma criatura curiosa". No dia 29 de junho embarcou novamente, com toda sua coleção.

                                                                          

 Deixando o Brasil, o ‘Beagle’ rumou para o sul, e pesquisou a costa oriental do continente por muiltos meses, aportando reiteradamente em Montevidéu e em Buenos Aires
.-Darwin esperava impacientemente pela chegada a Bahia Blanca pois estava ansioso para explorar o território, recentemente conquistado, que servia de bastião fronteiriço contra os indígenas.

10. Terra do Fogo e Patagônia

No dia 6 de dezembro de 1833, o ‘Beagle’ deixa o porto de Montevidéu, rumando novamente à Terra do Fogo via Port Desire e Port Famine.

11. Chile

Em maio de 1834, o ‘Beagle’ toma o rumo do Estreito de Magalhães e o Canal de Madalena, descoberto havia pouco tempo. No dia 28 de junho ancorou ao largo do Cabo Turn, próximo ao Monte Sarmiento, e dois dias depois adentrou o Oceano Pacífico. O comandante FitzRoy tinha a intenção de velejar para Coquimbo, mas ventos contrários conduziram o ‘Beagle’ para a costa da ilha de Chiloé.

12. Os Andes

No dia 23 de julho de 1834, o ‘Beagle’ aporta em Valparaíso. Enquanto os marujos se recuperavam e o navio era submetido a pequenos reparos, Darwin escalou sua primeira montanha no Chile, o Sino de Quillota.
Este foi um prelúdio estimulante para suas expedições através dos Andes no ano seguinte.

13. O Arquipélago de Galápagos


No período de 16 de setembro a 20 de outubro de 1835, Darwin explorou o arquipélago de Galápagos. Encontrou fauna e flora sem termo de comparação com outras regiões, e que variavam de ilha para ilha. "Nunca pudera imaginar que estas ilhas, distando entre si cinqüenta ou sessenta milhas, e a maioria visível das demais,  formadas exatamente das. mesmas rochas, submetidas a um clima bem similar, com quase a mesma altitude, pudessem ser tão diferentemente povoadas

 14. O Pacífico e a Australásia


No dia 20 de outubro de 1835 o ‘Beagle’ tomou a direção de Taiti, iniciando o longo percurso de 3.200 milhas marítimas através do Pacífico.
15. Rumando para Casa
O ‘Beagle’ aportou na Austrália pela última vez em King George’s Sound. Lá permaneceu até 14 de março de 1836, retido pelo mau tempo. Seu curso levou-o então para o Oceano Índico, de retorno à Europa.

16.  O Problema das Espécies


O período mais ativo da vida de Darwin na Inglaterra começou imediatamente após seu regresso da expedição do ‘Beagle’. Para ele, não havia nada de mais remoto do que a aposentadoria "numa pacata paróquia". Embora tivesse então vinte e poucos anos, tomou seu lugar entre os principais cientistas de sua época.

17.  O Grande Debate

O grande debate sobre a origem da vida foi iniciado pelos geólogos britânicos em meados do século XIX. Inevitavelmente, os conceitos de tempo foram alterados com os avanços nos conhecimentos. Enquanto Darwin encontrava-se a bordo o ‘Beagle’, grassava a controvérsia entre aqueles que tentavam reconciliar as descobertas geológicas com a Bíblia e aqueles que, liderados por Lyell, refutavam a interpretação literal das Sagradas Escrituras com base em evidências cientificas.
O interesse do público foi despertado particularmente pelas dramáticas descobertas de fósseis de monstros pré-históricos na Europa e na América. Os fatos que deviam ser esclarecidos eram quando essas criaturas extraordinárias habitaram a Terra eporquê se extinguiram.

18. Casamento


Ao debater consigo mesmo se deveria ou não casar-se, Darwin elaborou uma lista de prós e contras. Como solteiro, argüia, ele poderia perseguir suas pesquisas científicas sem o peso de preocupações domésticas. Mas os dons e encantos de sua prima Emma Wedgwood preponderaram sobre os contras, e a 29 de janeiro de 1839 celebrou-se o casamento de ambos.

19. Down House


Em 1842, os Darwins mudaram-se para seu lar permanente, Down House, no povoado de Downe, condado de Kent. A alegria de Darwin teria sido completa não fosse a doença que o tornou semi-inválido para o resto de seus dias. Contudo, o entusiasmo pelo trabalho científico operava como um analgéstico, e Darwin desfrutava animadamente da companhia de seus familiares e amigos. Encontravam-se todos lá, segundo Hooker,"para discutir questões em qualquer ramo de conhecimento biológico ou físico".

20. Darwin e os Evolucionistas


A especulação filosófica sobre a evolução data dos gregos antigos,,
mas até o século XVIII era desprovida de bases científicas. Os principais evolucionistas da época, o avô de Darwin, Erasmus, além de Buffon e Lamarck, viam-se tolhidos pela insuficiência de evidências e devido à poderosa oposição que suas opiniões causavam.
A essência da teoria do neto foi expressa por Erasmus Darwin em verso:
 fist fom minute,unseen by apheeric
glass,move on the mud, or piece the
waterymass, these as successive generations
bloom, new powers acquire, and larger limbs
 assume. ( primeiras formas diminutas,
invisíveis ao vidro esférico,
 movem-se na lama,
 ou cortam a massa aquosa,
 estás com o florescer de sucessivas gerações,
 adquirem poderes novos, e membros de maiores proporções. )

21. A Origem das Espécies

Darwin não perdeu mais tempo com hesitações acadêmicas. Em julho de 1858 iniciou um trabalho para a Sociedade Linnean que veio a constituir A Origem das Espécies, publicado no ano seguinte por John Murray. Marcou história, expondo o mecanismo básico da evolução: a seleção natural.
Darwin havia acumulado tantos fatos para fundamentar sua teoria que seus argumentos eram difíceis de refutar. Mas a implicação de que todos os seres vivos descendem de um ancestral comum insere o Homem no esquema evolutivo, dando início a uma das maiores controvérsias científicas, e cujos efeitos se fazer sentir até os nossos dias.

22. Últimos Anos


Após a publicação de ,4 Origem das Espécies, Darwin aparentemente abandonou os estudos evolucionistas, dedicando-se à área menos controversa das plantas e minhocas. Na realidade, porém, continuou a acumular evidências para sua teoria na vida das plantas, acreditando que estas se prestavam mais adequadamente às suas experiências do que os animais. Em 1876 Darwin redigiu uma curta autobiografia, dedicada a seus filhos, em que registra suas atividades científicas. Suas investigações e experiências levaram-no a fazer muitas descobertas importantes, pelo que é hoje considerado como um dos pioneiros não apenas da teoria da evolução como também no campo da taxionomia dos percevejos, do comportamento animal, da genética, da fisiologia vegetal e da polinização ecológica.

23. Reconhecimento


Darwin viveu o suficiente para ver sua teoria da evolução ganhar aceitação geral. É de Huxley a queixa irônica de que "será um mundo monótono. As idéias que os homens desprezavam há 25 anos logo serão ensinadas nos livros escolares". No dia 19 de abril de 1882 Darwin faleceu em Down, e foi sepultado próximo à tumba de Isaac Newton, na Abadia de Westminster. Huxley, Hooker e Wallace carregaram seu caixão. Sua maior realização foi ter lançado as bases da biologia moderna.

Fonte:

sábado, 26 de maio de 2012

A América pré-colombiana

                                                                                 

História da América Pré-Colombiana - Período Clássico


Vídeo sobre o Período Clássico das civilizações ameríndias antes do contato com os europeus. Destaque para as culturas Maia e Moche. Realizado para a disciplina de História da América Pré-Colombiana da UFRGS.

Os habitantes da América pré-colombiana não são naturais do continente, são alóctones.
 O provável caminho percorrido por esses homens, originários da Ásia, em direção à América foi o que passa pelo estreito de Bering.

 Mas há outras possibilidades, como a travessia do Pacífico usando-se as ilhas existentes entre a Ásia e a América do Sul.



Na época da descoberta da América, existiam sociedades complexas divididas em classes sociais com um Estado estruturado e dominador, que impunha tributos. 
Na América Central, destacaram-se as civilizações Maia e Asteca e na região andina, os Incas.

A Civilização Inca

A civilização Inca surgiu no século XII, quando houve uma reunião de povos sob o comando do grupo quíchua ou inca, na região peruana de Cuzco. 

Estabeleceu-se um poder político em que o imperador investiu-se de autoridade religiosa, sendo visto como um semideus pelos seus súditos.

 A sociedade era hierárquica, tendo no topo da escala o soberano inca, depois seus parentes, os funcionários e os sacerdotes, formando a elite.
 Abaixo estavam os camponeses.

                                                              

Império Inca (Tawantinsuyu em quíchua; na realidade inca era apenas o imperador) foi um estado-nação que existiu na América do Sul de cerca de 1200 até à invasão dos conquistadores espanhóis e a execução do imperador Atahualpa em 1533.

O império incluía regiões como o Equador e o sul da Colômbia, todo o Peru e a Bolívia, até o noroeste da Argentina e o norte do Chile.

 A capital do império era a atual cidade de Cuzco (em quíchua, “Umbigo do Mundo”).

 O império abrangia diversas nações e mais de 700 idiomas diferentes, sendo o mais falado o quíchua.

A população vivia em pequenas comunidades agropastoris, localizadas em aldeias, formadas por famílias, os Ayllus, sob a chefia de um Kuraka (cacique).

                                                          
Machu Pichu, no Peru, pertenceu ao Império Inca.

A sociedade inca era uma sociedade de servidão coletiva, que se dava principalmente mediante a mita, o trabalho forçado dos aldeões na realização das obras públicas e outros serviços.

Texto e Contexto
A Mita

“Inspecionamos em Chinchao [no atual Peru] 33 índios que estavam encarregados das folhas de coca; eles chegam aqui vindos de todas as colônias...” (Ortiz de Zuñiga. Visita de La Província de Huánaco, Peru, 1562.)

Os mitaios eram também os responsáveis pelo trabalho nas terras cultiváveis, na expansão imperial, construindo terraços agrícolas e canais de irrigação. 

Também construíam os caminhos públicos, pontes, edifícios, templos, etc. As mulheres trabalhavam na tecelagem e os homens no exército, como militares.

A Religião Inca

A religião era dualista, constituída de forças do bem e do mal. 

O bem era representado por tudo aquilo que era importante para o homem como a chuva e a luz do Sol, e o mal, por forças negativas, como a seca e a guerra.
                                                              

Cena de Sacrificio da sociedade Inca. Códice de Magliabechiano. Séc. XVI.

Os incas ofereciam sacrifícios tanto humanos como de animais nas ocasiões mais importantes, maioria das vezes em rituais ao nascer do sol.

 Grandes ocasiões, como nas sucessões imperiais, exigiam grandes sacrifícios que poderiam incluir até duzentas crianças. 

Não raro as mulheres a serviço dos templos eram sacrificadas, mas a maioria das vezes os sacrifícios humanos eram impostos a grupos recentemente conquistados ou derrotados em guerra, como tributo à dominação.

Os incas acreditavam na reencarnação. Aqueles que obedeciam à regra, ama sua, ama llulla, ama chella (não roube, não minta e não seja preguiçoso), quando morressem iriam viver ao calor do sol enquanto os desobedientes passariam os dias eternamente na terra fria.

Os incas também praticavam o processo de mumificação, especialmente das pessoas falecidas mais proeminentes.

 Junto às múmias era enterrado uma grande quantidade de objetos do morto. De suas sepulturas, acreditavam, as múmias mallqui poderiam conversar com ancestrais ou outros espíritos.

A Civilização Maia
                                                                
                                                                
A civilização maia, ocupando uma vasta região da América Central, atingiu seu apogeu entre os séculos III e XI, organizando-se em cidades-estados.

                                                                  
                                                                 
Pirâmides de Comalcalco, sul do México.

A civilização maia foi uma cultura mesoamericana pré-colombiana, com uma história de 3000 anos.

Contrariando a crença popular, o povo maia nunca “desapareceu”, pois milhões ainda vivem na mesma região e falam alguns dialetos da língua original.

O predomínio social cabia a uma elite militar e sacerdotal, de caráter hereditário, comandada pelo Halach Uinic, responsável pela administração e cobrança de impostos.

 Nos arredores das cidades ficavam as aldeias de camponeses submetidos à servidão coletiva.

Os Maias construiram enormes piramides nas grandes plataformas onde se realizavam cerimônias públicas e ritos religiosos. 

Sendo grandes construtores, os Maias construíram também os palácios, geralmente muito decorados, próximos do centro das cidades e hospedavam a elite da população.

Os Maias desenvolveram um sistema de escrita (chamada hieroglífica por sua semelhança com a escrita do antigo Egito, com o qual não se relaciona) que era uma combinação de símbolos fonéticos e ideogramas.

 É o único sistema de escrita do novo mundo pré-colombiano que podia representar o idioma falado no mesmo grau de eficiência que o idioma escrito.

A Civilização Asteca
                                                                   
                                                                  

A civilização asteca (1325 até 1521) foi uma civilização mesoamericana, pré-colombiana, que reuniu um império que se estendia desde o México até o sul da Guatemala, com uma população de 12 milhões de pessoas.

 A capital eraMexihco-Tenochtitlán (hoje Cidade do México).

Os astecas eram um povo indígena da América do Norte, pertencente ao grupo nahua.

Os astecas também chamados de mexicas(daí México) migraram para o vale do México (ou Anahuác) no século XIII.

estrutura política era centralizada, sendo o imperador a maior autoridade asteca. O imperador dirigia a casta sacerdotal e as atividades religiosas, políticas e militares, o que se denomina de império teocrático de regadio.

                                                            
                                                              
Piramide de la Luna, Cidade asteca de Teotihuacan.

A sociedade era dividida em camadas rígidas, sem mobilidade social, tendo no topo os nobres e sacerdotes, seguidos peloscomerciantes (os pochtecas), e na base os grupos populares e escravos (prisioneiros de guerra).

Texto e Contexto

“Dois principales [caciques] em cada calpulli convocam o povo a providenciar o pagamento do tributo ou a obedecer ao que o governante tenha ordenado...” (Alonso de Zorita. Breve y Sumaria Relación, 1536.)

A posse da terra era comunal, cabendo às aldeias coletivas, chamadas de calpulli (“Grande casa”), o direito de uso da terra para o cultivo.

 Parte da produção servia para a sobrevivência das aldeias e o restante para pagar tributos ao Estado, sustentando os governantes.

 Era o predomínio da servidão coletiva.
A soma dos membros do calpulli (urbano e rural) formava o grupo social dos macehualtin. Em sua maioria, a forma de vida envolvia uma economia de auto-subsistência dentro de cada calpulli e obediência total a suas autoridades.

Além disso, os aldeões tinham que pagar os tributos, servir ao exército e executar outros serviços ao Estado.

Na agricultura, as sociedades mesoamericanas praticavam o cultivo sazonal (por estações do ano), empregavam fertilizantes em suas plantações e tinham sistemas de irrigação (rega artificial).

Os astecas também criaram os chinampas, um tipo de canteiro flutuante, que eram estruturas artificiais de junco, cobertas com terra fértil, fundeadas no leito dos lagos por meio de estacas de madeira. Nos chinampas, os mexicas cultivavam flores e legumes frescos.

Outros elementos de grande importância na economia asteca do México antigo eram as praças de mercado e o comércio praticado pelos pochtecas, ou comerciantes. 

Os pochtecas, que faziam parte do calpulli, eram organizados em associações de comerciantes que possuíam, cada uma, seu diretor, chamado de pochtecatloque (“chefe dos pochtecas”).

Os mesoamericanos produziam objetos de pedra, como martelos, machados, facas. A madeira era utilizada para fazer furadores, flechas, dardos, clavas e a coa, ou vara de cavar usada na agricultura.

O ouro, a prata, o cobre e o chumbo, além de pedras semipreciosas, eram os metais conhecidos pelos mesoamericanos.

religião era politeísta, havendo uma variedade de deuses, com práticas que envolviam toda a população, sendo comum o sacrifício humano.

 A religião demandava sacrifícios humanos em larga escala, particularmente ao deus da guerra, Huitzilopochtli.

Apesar de sacrifícios humanos serem uma prática constante e muito antiga na Mesoamérica, os astecas se destacaram por fazer deles um pilar de sua sociedade e religião. 

Segundo mitos astecas, sangue humano era necessário ao sol, como alimento, para que o astro pudesse nascer a cada dia. Sacrifícios humanos eram realizados em grande escala; algumas centenas em um dia só não era incomum.

 Os corações eram arrancados de vítimas vivas, e levantados ao céu em honra aos deuses. Os sacrifícios eram conduzidos do alto de pirâmides para estar perto dos deuses e o sangue escorria pelos degraus.

Os sacrifícios humanos eram realizados principalmente com escravos capturados em guerra. Para os astecas, a guerra era sagrada, pois por meio dela se obtinham os cativos para o sacrifício humano, elemnto de ligação entre a comunidade e o Estado.

 De fato, o sacrificio humano cerimonial e a guerra para prear cativos para os ritos sacrificiais eram as atividades centrais da sociedade mexica, o próprio ponto central de sua vida social, religiosa, política e militar.

Texto Complementar

O sol e o sacrifício

Huitzilopochtli (divindade asteca) é ao mesmo tempo o deus da guerra e uma manifestação do Sol, senhor do mundo. (...) O Sol tem fome e sede. 

Só a carne dos inimigos o nutre, só o sangue dos inimigos mitiga sua sede; para saciá-lo é preciso oferecer-lhe regularmente vítimas sacrificiais escolhidas entre os prisioneiros.

 Assim se explica por que a história dos Astecas é uma longa enumeração de guerras: era-lhes necessário renovar incessantemente seu estoque de cativos.

LEHMANN, Henri. As Civilizações pré-colombianas. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1965.

O Inca

O Inca, soberano supremo, é ao mesmo tempo uma divindade e transmite poder a seus filhos.

 Na presença dele humilham-se até os mais altos e nobres dignitários. Os direitos de vida e morte sobre seus súditos são absolutos, qualquer que seja o nível social deles. Religião, mitos, lendas e história foram deliberadamente fabricados por especialistas, visando a divinizar o Inca, fazendo com que sua vontade e seus excessos aparecessem como vontades de um deus.

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