A mulher assumiu diferentes lugares e
significados ao longo de toda a Idade Média.
PODCAST - Mulheres na Idade Média
Ao falar sobre a situação da mulher no passado, muitos empreendem um
discurso linear em que muitos fatos, experiências e valores históricos são
simplesmente deixados para trás. Não raro, as mulheres têm o signo da submissão
reservado a uma leitura equivocada, em que a suposta e recente libertação
feminina tem seu valor fortalecido por essa interpretação negativa. No caso da
Idade Média, ainda tida como o tempo das “trevas”, temos a impressão de que a
religiosidade aparecia para reforçar ainda mais esse tipo de leitura
superficial.
Nos fins da Antiguidade, a figura da
mulher era colocada em muitas situações de superioridade em relação à população
masculina. Em muitas culturas, a mulher era vista como um ser especialmente
capaz de realizar certos encantamentos e receber favor das divindades. Sob o
olhar do próprio Cristianismo primitivo, vemos que os relatos sobre Jesus
Cristo reforçam a ideia de que o Messias valorizava imensamente a participação
feminina em importantes eventos e que seu lugar não poderia ser desconsiderado.
Durante a propagação do Cristianismo, essa aura mágica e poderosa do feminino foi combatida por diversos clérigos que reafirmavam a igualdade entre homens e mulheres. Em termos gerais, tomando os gêneros como criaturas provenientes de uma mesma divindade, a suposta superioridade feminina era vista como uma falsidade que ia contra a ação divina. Com isso, o antigo discurso o qual a Igreja apenas detraiu a mulher, não correspondia às primeiras formulações que pensavam o lugar do feminino.
Na medida em que o celibato se tornou uma das exigências mais importantes da organização hierárquica da Igreja, notamos que a desvalorização feminina se põe como estratégia de manutenção da organização eclesiástica.
Durante a propagação do Cristianismo, essa aura mágica e poderosa do feminino foi combatida por diversos clérigos que reafirmavam a igualdade entre homens e mulheres. Em termos gerais, tomando os gêneros como criaturas provenientes de uma mesma divindade, a suposta superioridade feminina era vista como uma falsidade que ia contra a ação divina. Com isso, o antigo discurso o qual a Igreja apenas detraiu a mulher, não correspondia às primeiras formulações que pensavam o lugar do feminino.
Na medida em que o celibato se tornou uma das exigências mais importantes da organização hierárquica da Igreja, notamos que a desvalorização feminina se põe como estratégia de manutenção da organização eclesiástica.
Eva, vista como a
grande responsável pelo pecado original, é uma das justificativas que
aproximavam a mulher do pecado. Do mesmo modo, era a mulher que pedira a cabeça
de São João Batista e que descobriu o segredo de Sansãoe o entregou para a sua
humilhante morte.
Contudo, já na Baixa Idade Média, vemos que esse processo de desvalorização, sedimentado pela Primeira Mulher, se transformava com a visão da Virgem Maria como um meio de renovação. Encarando diversos desafios em prol do jovem salvador, essa mulher determinava a constituição de outro olhar sobre o feminino. Não por acaso, vemos que o culto mariano, a canonização de mulheres e a reclusão nos conventos se elevam significativamente com esse tipo de reinterpretação.
Tendo em vista a condição
demasiadamente sagrada da Virgem Santa, a figura de Maria Madalena também era
colocada como uma possibilidade mais acessível aos cristãos daquela época. A
mulher poderia se arrepender dos seus pecados e, desse modo, se firmar como uma
figura positiva. De fato, vemos que a suposta reclusão feminina não
correspondia à existência de algumas mulheres intelectualizadas e independentes
que circularam durante a Idade Média.
Sendo um período histórico tão extenso, não teríamos condições próprias de abarcar todas as possibilidades de constituição da imagem feminina nesse tempo. Contudo, por meio dessa breve consideração, notamos que as mulheres assumiram papéis que extrapolaram os antigos preconceitos ainda reservados ao medievo. Sem dúvida, as mulheres medievais são muitas, variadas e dinâmicas, como as manifestações do tempo em que viveram.
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