O lugar do homem e de Deus sob a ótica do movimento renascentista
Em vários aspectos da vida, observamos que as oposições são capazes de fornecer sentido a
muitas de nossas experiências e escolhas. Direita e esquerda, o bom e o mau, o
certo e o errado são apenas alguns desses binômios capazes de surgirem no
cotidiano. Na História, quando estudamos atenciosamente o movimento
renascentista, essa mesma forma de compreensão surge na oposição constituída entre o Antropocentrismo e o
Teocentrismo.
O Teocentrismo é uma das noções que marcaram tipicamente a Idade Média.
Na passagem dos séculos IV e V, o teólogo Santo Agostinho realizou um estudo sobre a salvação espiritual e a
condição do homem no mundo. Por meio de suas explicações, ele determinou que o
homem fosse corrompido pelo pecado original. Desse modo, o ser humano acabava
agregando à condição de criatura inferior, imperfeita, poluída e mortal.
Observando o contexto em que produziu a sua obra, podemos ver que as
palavras de Santo Agostinho eram fortemente influenciadas pelas guerras e
invasões que demarcavam a queda do Império Romano. Com o passar do tempo, vemos
que essa perspectiva, aliada ao crescimento da própria Igreja Cristã, acabou
marcando o modo de vida teocêntrico experimentado durante a Idade Média.
De fato, no contexto do mundo feudal, a carência de instituições de ensino acabou deixando que a
Igreja assumisse o monopólio do conhecimento dessa época. De tal modo, vários
representantes do poder clerical transmitiam a noção de que a figura divina
estava acima do homem. Não por acaso, a busca pela
salvação espiritual acabou tendo maior espaço nos escritos e comportamentos do
medievo.
Passando a falar do Antropocentrismo, sabemos que muitas pessoas o
identificam como uma das ações que marcam a Renascença e o próprio desenrolar
da Idade Moderna. Ao colocar o homem no centro das coisas, a postura
antropocêntrica manifestava-se em obras de arte nos tratados filosóficos. Isso
significa dizer que os sentimentos, formas e instituições humanas eram pensadas
e observadas com grande atenção.
Notando essa mudança de posição, muitos podem dizer que o
Antropocentrismo tenha nascido como uma resposta contrária aos modos de agir e
pensar da Idade Média. Prosseguindo nesse tipo de argumentação, o
comportamento subordinado e místico do religioso homem medieval, seria trocado
pela figura de um novo homem interessado em falar de seus problemas e das demais coisas terrenas.
Apesar de lógico, esse argumento não reflete as condições históricas
vividas já na Idade Média para que o Antropocentrismo fosse possível. Já no
século XII, podemos ver que o diálogo com as ideias greco-romanas, que são de
grande traço antropocêntrico, começavam a se desenvolver em alguns escritos da
época. No século seguinte, Santo Tomás de Aquino, influenciado por Aristóteles,
registrava que o homem deveria ser posto com uma criatura privilegiada ao ser dotada de razão.
Com isso, vemos a configuração de um contexto medieval em que o
Antropocentrismo já se desenvolvia enquanto possibilidade de compreensão do
mundo. Assim sendo, determinar que o Teocentrismo fora dominante em toda Idade
Média ou que o Antropocentrismo seja uma ruptura com a figura divina, renega
todo um processo em que a forma de se comportar do homem se transforma
gradualmente.
Teocentrismo; Deus no centro do universo
Antropocentrismo; homem no centro do universo
Tecnocentrismo; técnica no centro do universo
Teocentrismo; Deus no centro do universo
Antropocentrismo; homem no centro do universo
Tecnocentrismo; técnica no centro do universo
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